quarta-feira, 1 de abril de 2009

Situação Caótica da Rede de Ensino Público Municipal do Rio de Janeiro

Desde que o atual Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a Secretária Municipal de Educação, Claudia Costin, anunciaram o fim da Promoção Automática e o início do processo diagnóstico do ensino da rede pública municipal através da aplicação de instrumentos de avaliação (provas) no mês de março, as discussões no âmbito escolar permeiam a realidade das escolas municipais, da qualidade do ensino, os fatores internos e externos envolvidos direta e/ou indiretamente no atual quadro do ensino público municipal, o papel do professor, as condições de trabalho, entre outros.

O resultado já era de se esperar, infelizmente! Mas, não posso negar – como professora da rede pública – que eu já previa um resultado negativo de grande proporção. Não saberia mensurá-lo em termos de números, mas tinha ciência que seria algo bastante expressivo.

Mediante os resultados obtidos neste processo diagnóstico, em 460 mil alunos da rede, a Secretária de Educação anunciou que as aulas de reforço e de alfabetização terão início no final deste mês, após a tomada de medidas compatíveis à escola junto com a SME/RJ.

As aulas de reforço terão a duração de oito meses, as quais poderão ser realizadas sob duas formas:

. Para os alunos que obtiveram resultados não muito graves, a estratégia recomendada é a aplicação de exercícios extras para serem feitos em casa;

. Para os alunos que apresentaram resultados muito baixos (situação mais grave), a estratégia a ser seguida será de aula extra em turno diferenciado (contraturno).

Os alunos classificados como “analfabetos funcionais”, por sua vez, serão transferidos para turmas específicas.

No entanto, estas estratégias estão longe de assegurar a total reversão do quadro atual ou, pelo menos, amenizar os níveis de dificuldades de aprendizagem, até porque, as condições de trabalho não permitem.

Primeiro, a grande maioria das turmas comporta de 43 a 50 alunos por turma, segundo, não há sala vazia no contraturno capaz de alocar uma nova turma e, terceiro, o déficit de professores na rede é ainda alto, situação esta que responde pela falta de professores em várias disciplinas.

Com relação aos exercícios para casa, esta é uma prática pela qual sempre fizemos uso, mas as maiores dificuldades que encontramos nesta rotina perpassam pela falta de compromisso dos alunos e do apoio das famílias.

É claro que não é uma situação majoritária, mas há um número expressivo de alunos descompromissados com à Educação, cujos interesses estão mais centrados em aspectos alheios e externos à esfera educacional.

Sem dúvida nenhuma, esta primeira etapa – a do diagnóstico – foi a mais fácil. O problema é articular todos os fatores e elementos humanos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, capaz de fornecer subsídios ao desenvolvimento escolar do aluno baseado nestas Aulas de Reforço e no processo de alfabetização.

Mediante a esta situação, torna-se premente que a própria Secretaria Municipal de Educação reveja as condições estruturais das salas de aula (tamanho do espaço físico da sala versus número elevado de alunos), inclusive, determinando um número reduzido de estudantes por turma. Não há como pensar em qualidade de ensino, por mais que se exija do professor, diante de uma sala heterogênea e super lotada.

O desafio é grande, mas a realidade exige e todos nós, diferentes segmentos da Comunidade Escolar, e, inclusive, de instâncias maiores (Coordenadorias Regionais e a própria Secretaria de Educação) devemos priorizar o aluno, a qualidade de ensino, o seu processo ensino-aprendizagem e, também, as boas condições de trabalho.

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