sexta-feira, 31 de julho de 2009

Crônica: O diabo e a política



Imagem capturada da Internet

Em nenhum momento, quero ratificar uma posição apolítica de minha parte, de descrédito total à política e aos políticos do Brasil. Mas, ignorar os escândalos e as corrupções que rodeiam o universo desta e de seus membros ativos envolvidos é permanecer indiferente às causas éticas, sociais, políticas e econômicas do país.
 
Política é um tema bastante rico de ser discutido em sala de aula e eu poderia, inclusive, postar diversos textos introdutórios para conduzir tais discussões.
 
Em geral, a maior parte dos alunos não gosta de temas ligados à política, pois os consideram chatos e de difícil compreensão... Mas, à partir do momento que muitos são eleitores ou futuros votantes, cabe sim, levar a discussão para a sala de aula.
 
Não só neste aspecto, mas também para atualizá-los quanto aos problemas que vinculam a nossa realidade, no âmbito da política brasileira e quanto a importância da interação do cidadão comum nesta área.
 
A política do Brasil é, na verdade, o retrato do povo que lhe elegeu. Daí, a necessidade de tratarmos deste assunto com eles, os alunos.
 
Com relação a isso, vou postar alguns textos e crônicas acerca deste tema.
 
O DIABO E A POLÍTICA
                                                                                         Carlos Heitor Cony
 Naquela aldeia, todos roubavam de todos, matava-se, fornicava-se, jurava-se em falso, todos caluniavam todos. Horrorizado com os baixos costumes, o frade da aldeia resolveu dar o fora, pegou as sandálias, o bordão e se mandou. Pouco adiante, já fora dos muros da aldeia, encontrou o Diabo encostado numa árvore, chapéu de palha cobrindo seus chifres. Tomava água de coco por um canudinho, na maior sombra e água fresca desde que se revoltara contra o Senhor, no início dos tempos.
 
O frade ficou admirado:
 
O que está fazendo aí, nessa boa vida? Eu sempre pensei que você estaria lá na aldeia, infernizando a vida dos outros. Tudo de ruim que anda por lá era obra sua, assim eu pensava até agora. Vejo que estava enganado. Você não quer nada com o trabalho. Além de Diabo, você é um vagabundo!”.
 
Sem pressa, acabando de tomar o seu coco pelo canudinho, o Diabo olhou para o frade com pena:
 
Para quê? Eu trabalho desde o início dos tempos para desgraçar os homens e confesso que ando cansado. Mas não tinha outro jeito. Obrigação é obrigação, sempre procurei dar conta do recado. Mas agora, lá na aldeia, o pessoal resolveu se politizar. É partido pra lá, partido pra cá, todos têm razão, denúncias, inquéritos, invocam a ética, a transparência, é um pega-pra-capar generalizado. Eu estava sobrando, não precisavam mais de mim para serem o que são, viverem no inferno em que vivem”.
 
Jogou o coco fora e botou um charuto na boca. Não precisou de fósforo, bastou dar uma baforada e de suas entranhas saiu o fogo que acendeu o charuto:
 
Quando entra a política, eu dou o fora, não precisam mais de mim”.

Um comentário:

  1. Gostei da crônica, tudo bem que as vezes política é um assunto chatinho, pois é sempre a mesma coisa, eles roubando do nosso dinheiro (pago pelos impostos) e usando "adoidado" com seus luxos.
    Eu gosto de falar sobre política, pois não é um assunto pra se enconder, principalmente aqui no Brasil.

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