quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tragédia na Região Serrana: o número de mortos aumenta a cada dia

 Teresópolis - Imagem capturada na Internet
 (Fonte: Último Segundo - Foto: Marino Azevedo/AP Photo)


De acordo com o que foi noticiado no Portal G1, ontem, o número de vítimas das últimas chuvas e deslizamentos que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro é de 841 mortos. Infelizmente, este número tende a crescer, uma vez que as autoridades locais contabilizaram mais de 500 pessoas desaparecidas.

O município mais atingido foi o de Nova Friburgo, com 401 mortos, seguido por Teresópolis (344), Petrópolis (67), Sumidouro (22), São José do Vale do Rio Preto (06) e Bom Jardim, com uma vítima fatal.

De acordo com a Defesa Civil Estadual, os desabrigados, ou seja, aqueles que perderam tudo e necessitam de abrigos públicos chegam a 12.293 pessoas e os desalojados, aqueles que estão na casa de vizinhos ou familiares, é na ordem de 12.281.

A situação geográfica (serra), o sítio das cidades (nos vales), a declividade e as condições do solo e meteorológicas (pluviosidade elevada) associadas à estação do ano constituem elementos favoráveis para o desencadeamento de desastres naturais e sociais, tendo em vista a ocupação humana e, principalmente, desordenada nas áreas afetadas.

Como podemos verificar, a quantidade de água não só atingiu as encostas e as moradias construídas nestas ou no sopé destas, como o seu fluxo intenso e a grande velocidade varreram todo o curso dos rios e riachos, localizados no vale, destruindo totalmente e/ou parcialmente áreas de cultivos e habitações ao longo deste.
A força da enxurrada foi tão violenta que alterou a geografia da maior parte dos pontos atingidos na Região Serrana, modificando o curso dos rios, preenchendo vales com lama (sedimentos) e abrindo cicatrizes nas encostas. Os engenheiros do Exército (Instituto Militar de Engenharia - IME) estão trabalhando no mapeamento das áreas, identificando os pontos críticos, a fim de estabelecer medidas na solução dos problemas.


Teresópolis - Imagem capturada na Internet
(Fonte: Último Segundo - Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo)



Só para se ter uma ideia da gravidade, o Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres da Organização das Nações Unidas (ONU), sediada na Bélgica, classificou o desastre natural e social da Região Serrana do Rio de Janeiro entre os dez piores deslizamentos do mundo nos últimos 111 anos. Este também foi considerado o segundo maior do mundo no último ano, o terceiro maior da década e o pior de toda a história do Brasil .

A constatação dos especialistas, segundo a publicação na Revista Veja, não é novidade para muitos brasileiros, mesmos aqueles desprovidos de conhecimento técnico e científico. Segundo os mesmos, problemas semelhantes ao que aconteceu na Região Serrana do Rio já vêm sendo registrados, há anos, em outros pontos do território brasileiro e as explicações incidem na “falta de vontade política e de investimentos”.


Isso não é novidade para ninguém. Eu só acrescentaria ainda a falta der conscientização da população, que mesmo tendo conhecimento a diversos eventos similares, insistem em sobrepor às condições geológicas e naturais do terreno, impróprias, para a ocupação humana, construindo moradias a revelia dos riscos reais e de sua sobrevivência (e de seus familiares).

Como era esperado, os problemas de saúde começaram a ser registrados nos municípios afetados pela tragédia. Já foram registrados seis casos de leptospirose, doença provocada pelo contato com a urina de rato, sendo cinco casos em Nova Friburgo, município mais afetado pelos deslizamentos (e com o maior número de mortos) e um caso em Teresópolis.

Além disso, a população principalmente de Nova Friburgo vem sofrendo problemas respiratórios em consequência da poeira suspensa no ar, nas principais via de acesso e de trânsito, pois como tempo está seco, a lama que encobriu a cidade gerou uma densa poeira. Para evitar maiores complicações, muitas pessoas estão fazendo uso de máscaras.

Até quando veremos casos iguais a estes que aconteceram na Região Serrana do Rio? Eu mesma presenciei e registrei neste espaço, post do dia 15 do m6es em curso,  situações de risco em Penedo, distrito do município de Itatiaia, localizado na região sul do estado. Quais foram as medidas tomadas pelo Poder Público a fim de evitar novas tragédias? Nenhuma! Até porque o que está em jogo é o poder do dinheiro, o poder econômico do turismo e das construções de chalés e hotéis para os inúmeros turistas que para lá se dirigem.

Até quando, vamos presenciar tal imprudência, descaso e insensatez?


Fontes:

. Portal G1 (diversas edições)

4 comentários:

  1. olá prof. Marli, que bom que vsê é a nossa professora esse ano!
    Estou muito feliz de ter aulas com vsê !
    Acho a sua aula muito interessante .
    E como eu disse pra senhora hoje : adoro estudar coisas relacionadas a geografia. principalmente coisas naturais (como: furacões,aquecimento global, astronomia, etc.)
    Adoro ler seu blog .
    Beijos ;*

    Dayanne Fonseca Dantas .T. 1901

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  2. Dayanne,

    Na verdade, sou eu que fiquei feliz por pegar vocês novamente. Pena que alguns alunos sairam do grupo, mas adorei pegar a turma este ano.

    Eu sei que você gosta de Geografia, mas não esqueça que ela não aborda apenas estes aspectos. Afinal, a Geografia é uma ciência Humana e, por isso, o seu estudo sempre estará voltado para os interesses do homem (sociedade).

    Beijos

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  3. Inicialmente parabenizo-a pelo Blog. Sou Licenciado em Geografia e acho que o problema da região serrana do RJ me parece mais complexo do possa aparentar. Com relação a responsabilidade do setor público (é até certo ponto confortável colocar a culpa nas autoridades) entendo que é apenas um componente de um conjunto de fatores que podemos listar como causais. Não disponho de dados meteorológicos suficientes para construir um modelo que possa descrever se existe alguma mudança climática em curso, mas o fato que o IPCC já previa eventos desta natureza como consequências das mudanças climáticas desde 1997, se não me engano. Sendo assim, a análise geomorfológica da região afetada somada à megaprecipitação ocorrida naquele fatídico dia surgem como, ao meu ver, fatores preponderantes para o elevado numero de óbitos (muito maior do que o oficial) ocorridos. O relevo muito acidentado, a litologia, a predominância de de cambissolos nas áreas de encostas, a configuração das microbacias hidrográficas concentrando fluxo hidráulico em vales apertados, juntamente com eventos climáticos do tipo ocorrido, formam uma receita letal em áreas habitadas. Estas chuvas de 2011 contribuíram para a quebra do paradigma de que tragédias deste tipo só aconteciam em zonas mais pobres e de ocupação irregular. Basta ver as fotos da Praça do Suspiro em Friburgo ou do Vale do Bonfim em Petrópolis para termos a exata dimensão. Por fim, acho que a solução ou tentativa de mitigação dos efeitos de uma nova chuva nas proporções da de 2011 passaria por um estudo sério de classificação de risco, segundo novos critérios, no sentido ao menos de alertar a população do risco existente e/ou propor soluções de engenharia que conferissem maior resistência às construções e visassem amenizar o poder de destruição das águas.

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  4. Obrigada, Márcio Faro, por sua visita oa Blog, comentário e contribuição ao entendimento dos aspectos interligados a este fato em si.

    Volte sempre! Abraços

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