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Foto de Luís Marcos
A Encefalopatia Espongiforme Bovina,
doença conhecida como “mal da vaca louca”,
voltou a ser manchete nos jornais e nas mídias em geral, recentemente, porém
não no Reino Unido (Europa), onde ela
surgiu – pela primeira vez – na década de 90.
O caso "clássico"
desta enfermidade, tal como ocorreu no Reino Unido e em outros países europeus,
é preocupante e pode ser transmitida ao homem, seja por consumo da carne
contaminada ou por transmissão humana através do sangue (transmissão
materno-infantil, por exemplo). O animal - acometido pela doença - sofre
principalmente descontrole motor, não conseguindo ficar de pé.
Na época, além de cerca de quatro
milhões de cabeças de gado terem sido abatidos (mortos), dezenas de pessoas foram a óbito por ingestão de alimentos contaminados
(carne bovina).
Desta vez, os episódios registrados foram em território brasileiro, não se tratando de algo
novo, tendo em vista que outros casos já tinham sido registrados em nosso país.
Todavia, em nenhum destes e, até em
relação a estes últimos, as ocorrências foram da doença
clássica, tal como a ocorrida na Europa. Ainda
bem!
Os dois casos, isolados,
foram registrados - na semana passada - em duas
regiões brasileiras (Sudeste e Centro-Oeste), sendo detectados, cada
qual em um frigorífico, localizado,
respectivamente, nos municípios de Belo
Horizonte (Minas Gerais) e de Nova Canaã do Norte (Mato Grosso).
Segundo o Canal Rural,
a suspeita da doença foi durante a inspeção ante-mortem
(com os animais ainda vivos, antes do abate), tratando-se de vacas de descarte,
ambas de idades avançadas.
Os respectivos animais foram isolados para os devidos exames,
enquanto o abate do rebanho no frigorífico foi suspenso. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA):
“Todas as
ações sanitárias de mitigação de risco
foram
concluídas antes mesmo da emissão
do resultado
final pelo laboratório de referência
da
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE),
em
Alberta, no Canadá.
Portanto,
não há risco para a saúde humana e animal.”
(Agência Brasil, 2021)
O resultado confirmou
a enfermidade, na 6ª feira passada (03/09)
e o Brasil notificou - oficialmente - à Organização
Mundial de Saúde Animal (OIE), que descartou
a atribuição de status oficial de risco ao nosso
país em relação à respectiva doença, devido ao fato desta ter sido detectada como casos atípicos do Mal da Vaca Louca:
“Desta forma, o Brasil
mantém sua classificação
como país
de risco insignificante para a doença,
não
justificando qualquer impacto no comércio de animais
e seus
produtos e subprodutos.”
Segundo o próprio Ministério,
os casos atípicos da doença acontecem,
esporadicamente, de maneira espontânea, não estando associada ao consumo de
alimentos contaminados.
Na década de 90, a alegação da causa
principal do Mal da Vaca Louca, no Reino Unido, foi a substituição
da ração vegetal por outra a inclusão de proteína
animal (vísceras, ossos, carnes etc.).
Sendo assim, segundo especialistas do Setor, a doença da vaca louca atípica se mostra menos perigosa, uma vez que a mesma surgiu do
próprio organismo do animal, ou seja, em decorrência da mutação do príon, que se encontra presente,
naturalmente, no cérebro de vários mamíferos, inclusive, no do homem. E
não, por ingestão de ração com proteína animal (esta pode até ocorrer, mas com
teor muito insignificante).
Contudo, o príon ao
adotar uma forma anormal, é capaz de se
multiplicar de maneira excessiva, tornando-se patogênico.
Ela é uma doença degenerativa,
que atinge o sistema nervoso do gado.
Recebe o nome de Mal da Vaca Louca
porque, entre os seus sintomas, observa-se
a agressividade dos animais e a falta de coordenação motora.
Ela é causada por um tipo de
proteína chamada príon, a
qual sofre mutação, tornando-se fatal para os animais.
É uma doença que atinge também
os seres humanos, sobretudo, pelo consumo de carne contaminada. A doença ataca o cérebro progressivamente, no entanto,
esta pode permanecer dormente por décadas.
Hoje, em dia, a doença mais
comum em humanos é conhecida como Nova
Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), que é também letal. Entre
os sintomas estão a perda de memória, dificuldades locomotoras e visual,
cansaço e rápida perda de peso.
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Como mencionei, no início, estes dois não são os primeiros casos da doença Encefalopatia Espongiforme Bovina atípica,
registrados em nosso país. Em mais de duas décadas de vigilância a esta enfermidade
nos rebanhos brasileiros, contando com estes últimos, somam cinco casos, todos do tipo atípico. Ainda bem que nenhum deles
correspondeu à doença clássica, pois
esta atinge os animais mais jovens e os danos tanto ao rebanho quanto aos
humanos são mais efetivos.
No entanto, mesmo sendo do tipo “atípica”,
os casos são preocupantes, pois além dos danos ao próprio animal, mexe com a
balança comercial.
Em 2020, o Brasil se destacou no mercado
mundial, ganhando importantes posições entre as nações produtoras e exportadoras de carne bovina,
sendo o país que possui o maior rebanho,
assim como o maior exportador de carne bovina
do mundo.
“Quando
falamos em rebanho bovino separadamente,
o estudo
observou que o país,
em 2020,
passou a ser o que possui o maior rebanho do mundo
e também
o maior exportador”
(Pesquisador Elísio Contini,
AGROEMDIA, 2021).
Daí o aumento do interesse pela carne brasileira no mercado mundial
e, ao mesmo tempo, a preocupação em razão destes dois casos atípicos da doença
em território nacional.
Em decorrência destes casos e por razões de protocolo
sanitário firmado entre os dois países, as exportações
para a China, principal compradora da carne brasileira, ficaram suspensas temporariamente.
De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o
frigorífico de Belo Horizonte foi interditado.
Mediante o parecer oficial acerca dos resultados obtidos,
caberá às autoridades chinesas, a avaliação quanto às informações e a decisão à
retomada das exportações.
Fontes de Consulta
. Brasil explica caso de
vaca louca em reunião na OMC – Folha de São Paulo
. Brasil é o 1º exportador
mundial de carne bovina e o 4º produtor de grãos – AGROEMDIA
. Doença surgiu na
Inglaterra, na década de 1980 – Folha Ribeirão
. Ministério confirma
casos de vaca louca em Mato Grosso e Minas Gerais – Agência Brasil
. Ministério da
Agricultura confirma casos atípicos de ‘mal da vaca louca’ em MT e MG – Canal Rural
. Vaca louca: por que
novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990 – BBC News
. Vaca louca: relembre a
doença que ficou conhecida nos anos 80 e 90, após surto no Reino Unido – PortalG1/AGRO