Imagem capturada na Internet Fonte: Tatoli |
Amanhã, se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids e, embora, tenhamos alcançado alguns avanços acerca do tratamento da doença, os dados referentes a mesma e ao número de infectados não são motivos oportunos à comemoração.
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado, hoje (30/11), foram 10.994 mortes registradas em 2022, em consequência da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), transmitida pelo vírus HIV.
A Aids é caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas, que se manifestam e podem levar à morte devido à imunidade baixa.
Há muitos casos de pessoas positivas para o vírus HIV, que vivem anos sem apresentar sintomas (assintomáticas) e sem desenvolver a doença. No entanto, estas podem transmitir o vírus por diversas maneiras, sendo as principais formas de contágios: por relações sexuais desprotegidas (sem uso de preservativo masculino ou feminino, por exemplo), pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou, até mesmo, de mãe para filho, quer seja durante o período da gravidez quer seja através da amamentação.
Segundo o respectivo Boletim do Ministério da Saúde, no ano passado, foram registrados 43.403 casos com HIV. Do total de mortos (10.994 pessoas), os negros representam quase o dobro de brancos entre estas vítimas fatais. Sendo 61,7% de pessoas negras (47% pardos e 14,7% pretas). Os brancos constituíram 35,6% desse total.
A maior incidência dos casos de infecção pelo HIV é entre homens, tendo idade entre 25 e 39 anos.
A região Sudeste lidera a estatística com 203 mil casos, seguida pelas respectivas regiões: Nordeste (104 mil casos), Sul (93 mil), Norte (49 mil) e Centro-Oeste (38 mil).
Estima-se que, no Brasil, haja um milhão de pessoas vivas com HIV.
De acordo com Draurio Barreira, Diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde, a questão social também exerce grande impacto nas estatísticas de HIV, havendo uma queda mais proeminente entre os casos em brancos de maior escolaridade.
Hoje, a testagem para detecção do HIV, na avaliação do Ministério, é o principal gargalo no que se refere a este quadro no país, pois testa-se pouco no Brasil.
Para tentar reverter esta situação, o Ministério da Saúde planeja distribuir 4 milhões de testes a fim de detecção conjunta do HIV e da sífilis.
A pessoa ao receber o diagnóstico positivo de contaminação de HIV, precisa começar o tratamento com medicamentos antirretrovirais (ARV), que impedem a multiplicação do vírus no organismo, assim como, também, evitam o enfraquecimento do sistema imunológico da vítima.
Igualmente importante é a profilaxia, sobretudo, para aqueles sujeitos à exposição ao risco do contato com o vírus, ou seja, o emprego de medidas preventivas ou atenuantes da doença.
Com isso, considera-se a profilaxia pré e pós exposição. Ambas são oferecidas, gratuitamente, pelo Sistema de Saúde do nosso país, mas há registro e reclamações sobre a dificuldade de acesso.
A Profilaxia Pré-Exposição versa sobre a tomada de comprimidos antes da relação sexual, a qual permite a preparação do organismo para enfrentar um possível contato com o HIV.
A Profilaxia Pós-Exposição, por sua vez, faz uso de medicamentos às pessoas foram submetidas a situações de risco de contágio, como - por exemplo - violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional (contato com material possivelmente contaminado).
O Ministério da Saúde tem como meta alcançar que mais de 200 mil pessoas tenham acesso a profilaxia de Pré-Exposição por ano até 2026.
Hoje, 73 mil pessoas fazem uso de medicamentos de profilaxia, 45% a mais do que em 2022, quando 50 mil tiveram acesso.
A população branca é o segmento que mais acessa a profilaxia Pré-Exposição, representando 55,6% do total, enquanto os demais segmentos são: população parda (31,4%), preta (12,6%) e indígena (0,4%).
Entre as pessoas com HIV e que recebem tratamento, o percentual de pessoas brancas é maior (89%) em comparação aos negros (86%) e aos indígenas (84%).
Em termos de escolaridade, mais de 90% de pessoas com alta escolaridade recebem tratamento, sendo que este índice cai para 85% com pessoas com baixa escolaridade.
O quadro epidemiológico da nossa população em termos de contaminação por HIV e do desenvolvimento da Aids é muito sério e preocupante, ainda mais quando a pessoa é assintomática (não apresenta sintomas), não faz tratamento e não toma os devidos cuidados para que não haja contaminação pelo vírus em terceiros.
Segundo Draurio Barreira,
"O grande desafio é combater o estigma e a discriminação,
fazer
com que essas pessoas tenham portas abertas
não só no sistema de saúde, mas também
na sociedade civil,
para
ter acesso não só ao tratamento,
mas
ao diagnóstico e à profilaxia."
Fonte de Consulta
. RODRIGUES, Paloma Rodrigues: Cerca de 11 mil brasileiros morreram de Aids em 2022; negros são quase o dobro de brancos – G1/Globo