Jerônima Mesquita Imagem capturada da Internet (Fonte: GeneAll.net) |
Parabéns a todas as mulheres brasileiras, pois, hoje, comemoramos o DIA NACIONAL DA MULHER.
Falar desta data comemorativa é discorrer a vida e a influência da mineira Jerônima Mesquita, que muito contribuiu às causas femininas e outras de caráter coletivo, no início do século XX.
Filha do Barão do Bonfim (José Jerônimo de Mesquita) e da Baronesa do Bonfim (Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita), Jerônima Mesquita nasceu na cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, no dia 30 de abril de 1880.
Pelos seus feitos em prol da situação política e social da mulher brasileira em meio a uma sociedade predominantemente machista, oito anos após o seu falecimento, ocorrido em 1972, o então Presidente da República, João Figueiredo, sancionou a Lei n.º 6.791/80 que instituiu a data 30 de abril (dia do seu nascimento) como Dia Nacional da Mulher.
Vivendo na Europa e se dividindo entre a França e a Suíça, ela presenciou a eclosão da I Guerra Mundial (1914) e, nesta época, ingressou como voluntária na Cruz Vermelha de Paris e, depois, na respectiva Instituição da Suíça.
Ela contribuiu diretamente na implantação do Escotismo no Brasil, divulgando propaganda deste, bem como na Fundação de uma Associação de Escoteiros em São Paulo.
Ao retornar ao Brasil, esta não se conformou com a
situação
preconceituosa que a mulher
brasileira era submetida. Engajou-se em diversas atividades de assistência social e
beneficente, tendo em vista a situação caótica da capital do Brasil,
a cidade do Rio de Janeiro.
Junto com sua mãe e a amiga Stella Guerra Durval, Jerônima participou da Associação das Damas da Cruz Verde, oferecendo assistência às vítimas das epidemias que afligiam à cidade do Rio de Janeiro, nesta época, tais como a febre amarela, a peste bubônica, a varíola, gripe espanhola, além da fome e outras doenças agravadas pela subnutrição do povo.
Destacou-se, também, como uma das fundadoras da matriz do Hospital Pró-Matre, unidade hospitalar beneficente a gestantes carentes, pobres, localizada na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro (hoje, desativado).
Foi uma das fundadoras da Federação das Bandeirantes do Brasil, em 1920.
Sua importância ultrapassou às questões assistencialistas, uma vez que ela também colaborou, ativamente, em movimentos sufragistas, isto é, pelo direito ao voto feminino.
Amiga de Berta Lutz, ela participou da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) desde a fundação da entidade (1922) e presenciou a legalização do direito ao voto feminino, que foi assegurado através do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932.
Apesar desta vitória na política, a conquista ainda não era completa, pois o referido Código só permitia o direito ao voto às mulheres casadas (com autorização do marido), às viúvas e às solteiras, maiores de 18 anos, com renda própria.
Somente em 1946, o voto feminino passou a ser obrigatório e sem restrições.
Em 1962, o Poder Legislativo promulgou a Lei n° 4.121,
que alterou vários artigos do Código Civil Brasileiro e, entre estes, concedeu
às mulheres, o direito
de trabalhar fora do lar sem a autorização do marido ou paterna; em caso
de separação
do casal, o direito à guarda do filho; instituiu ainda o usufruto e o
direito real de habitação à mulher etc. Esta Lei ficou conhecida
como o “Estatuto
da Mulher Casada”.
Em entrevista concedida, antes de falecer, Jerônima Mesquita confessou a sua felicidade diante da referida lei e de outras tantas mudanças em termos do papel e da importância da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.
Jerônima Mesquita faleceu no Rio de Janeiro, em 1972.