|
Imagem capturada na Internet Fonte: G1 Foto: Reuters/Susana Vera |
Hoje, pela manhã, ao visitarem as áreas afetadas pelas
últimas chuvas
excepcionais que devastaram a região de Paiporta, nos arredores da cidade de
Valência, o rei da Espanha, Filipe VI, a rainha Letizia, o premiê
socialista Pedro Sánchez e o governador conservador da Comunidade Valenciana, Carlos
Mazón, foram recebidos com lama, pedras e aos gritos de “assassinos” -
por diversos moradores - em protesto por conta das falhas das autoridades
acerca dos alertas à população da Agência Estatal de Meteorologia (Aemet), a
tempo, em relação às previsões de tempestades de alta intensidade, que ocasionou
a destruição
e inundações
nas regiões Sul e Leste do país, na semana passada.
|
Imagem capturada na Internet Fonte: EuroNews |
Como fora bem destacado, em diversos meios de comunicação, tal
incidente foi algo sem precedente para uma Casa Real, que sempre teve o cuidado
de criar a imagem da existência de uma boa relação entre os reis da Espanha e a
população.
De acordo com o governador da Comunidade Valenciana, Carlos
Mazón, a postura
do rei
Filipe VI, nesta manhã, foi exemplar, pois, mesmo enfrentando uma
situação conflituosa, agressiva nas ruas, ele não foi embora, prosseguindo a
sua visita à localidade e conversando com a população, na intenção de tranquilizá-la.
A indignação dos moradores era passível de se compreender, afinal,
Paiporta foi
uma das cidades mais atingidas pela maior enchente do século no país
e por seus efeitos catastróficos, contendo inúmeras perdas materiais e humanas.
De acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet), a tempestade que
atingiu a região de Valência foi "a mais adversa” do Século.
Além da lentidão do processo de limpeza das áreas afetadas
pelas chuvas e inundações, a falta de informações sobre o número de real de
mortos aumenta a dor da população, sobretudo, dos familiares das pessoas
desaparecidas. Acredita-se que muitos corpos estejam presos em locais
subterrâneos e no interior de veículos em estacionamentos tomados pela
lama.
De acordo com os últimos dados divulgados, o número subiu
para 217 mortos, sendo cerca de 210 na província de Valência.
As chuvas torrenciais chegaram acompanhadas de fortes ventos
que atingiram uma grande área do Sul e Leste da Espanha. Elas foram
causadas por um fenômeno
meteorológico conhecido, localmente, como Depressão Isolada em Altos Níveis
(Dana, na sigla em espanhol).
A Dana ocorre quando uma massa de ar polar muito fria colide com
uma massa de ar quente e úmido (normalmente presente no Mar Mediterrâneo).
Esse encontro de massas de ar de diferentes origens e temperaturas produz chuvas
intensas (fortes tempestades), sobretudo, no fim do verão e início
do outono, quando as temperaturas do mar estão mais elevadas.
O fenômeno Dana é, relativamente, frequente nas latitudes
da Espanha (médias latitudes), mas, na maioria das ocorrências, os impactos não
são catastróficos, tal como foi desta vez.
Os especialistas acreditam que o seu potencial destrutivo foi gerado pela mistura
das temperaturas quentes da terra e do oceano. Esta combinação vai
gerar uma frequência
cada vez maior de Danas e o aumento da intensidade das chuvas. Tudo isso
associado às mudanças
climáticas.
Segundo Friederike Otto, da Universidade Imperial College
London (Reino Unido), que lidera um grupo internacional de cientistas que estuda
a relação do aquecimento global neste tipo de evento meteorolígico,
"Sem
dúvida alguma,
essas
chuvas explosivas foram intensificadas
pelas
mudanças climáticas".
"A
cada fração de grau de aquecimento
provocado
pelos combustíveis fósseis,
a
atmosfera pode reter mais umidade,
o
que leva a pancadas de chuva mais fortes."
Sendo assim, o aumento progressivo da temperatura do Mar
Mediterrâneo é capaz de criar condições favoráveis para que haja a energia e
umidade necessárias para o desenvolvimento de Danas mais potentes.
Além do fenômeno Dana ter sido mais potente, as falhas no sistema
de alertas meteorológicos, o fato das autoridades não adotarem medidas
excepcionais e a própria situação de obsolescência da infraestrutura
urbana em lidar com eventos climáticos extremos (chuvas torrenciais,
inundações e alagamentos) agravaram as consequências das tempestades, impactando
de forma catastrófica,
sobretudo, a região de Valência, na costa leste da Espanha.
Imagens capturadas na Internet
De acordo com as notícias, em algumas áreas da costa leste espanhola,
choveu em
oito horas, o equivalente a um ano de chuva. Daí as inundações que
devastaram cidades inteiras e elevaram o número de vítimas fatais e de desaparecidos.
Resumindo, as principais causas - desta tragédia na Espanha
- apontadas
pelos especialistas foram: as chuvas excepcionais na região (embora estas sejam comuns nos meses
de setembro e outubro, as que caíram neste ano quebraram recordes); a falta de
previsão das autoridades quanto aos alertas da Agência Meteorológica
Estadual ao não adotarem medidas excepcionais a fim de ser evitado e/ou
amenizado os seus impactos; o desenvolvimento de um planejamento urbano desorganizado e
ineficaz mediante ao uso e ocupação do solo; o impacto das mudanças climáticas,
que tem contribuindo para o aumento da frequência e da intensidade das chuvas
torrenciais.
Fontes de Consulta
. 1 ano de chuva em 8 horas: a devastação provocada por
'tempestade do século' que matou mais de 200 na Espanha – BBC News Brasil
. 4 razões por que tempestade foi tão letal na Espanha – BBC News Brasil
. Autoridades espanholas emitem alerta vermelho de mais
chuvas; 217 pessoas já morreram – G1/Mundo
. Número de mortos chega a 217 e rei da Espanha é alvo de
protestos em Valência - VEJA
. O que explica maior tempestade do século na Espanha que
deixou dezenas de mortos – BBC NewsBrasil
. Reis de Espanha agredidos com lama durante visita à zona de
calamidade em Paiporta – EuroNews
. SHUBERTDA, Atika: Rei da Espanha é alvo de protestos durante
visita a Valência após cheias – CNN Brasil