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Depois
de muito tempo ausente neste espaço, sem publicações, justamente, por
estar atarefada com as atividades do Ensino
Híbrido em duas escolas públicas municipais (aulas presenciais e
remotas) e, em uma terceira, só no Ensino Remoto
(rede estadual), além do fechamento do período
bimestral e os respectivos Conselhos
de Classes, eu não poderia deixar de publicar algo sobre a referida
data comemorativa.
Com
relação à frase de Paulo Freire, acima
postada, percebe-se que ele foi muito sábio em suas palavras, pois, embora – hoje
– eu esteja na condição de docente de turma, jamais esqueci de muitos professores
que fizeram parte da minha vida escolar. Não foram todos, é claro! Foram aqueles
especiais, aqueles que fizeram a diferença e marcaram a minha história de vida.
E
falar do Dia do Professor, que é
comemorado, hoje, em 15 de outubro, é
falar também de Antonieta de Barros.
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Foto:
UFMG/Reprodução
E quem foi Antonieta de Barros?
E qual a relação dela com o Dia do Professor?
Devo
concordar, com alguns autores, sobre a sua condição de um ser invisível em
nossa sociedade, afinal muitos desconhecem a sua história e a sua importância
no âmbito da Educação. Desconhecimento imposto, vamos assim dizer!
Com
base na história de sua vida, podemos dizer que Antonieta
de Barros, catarinense, intelectual, negra,
professora, jornalista e deputada estadual foi uma mulher muito especial
e importante tanto na área da educação
quanto no campo político do nosso
país. E, em uma época em que o preconceito
tanto à classe quanto à cor e ao gênero
eram bastante fortes.
Antonieta de Barros nasceu em
11 de julho de 1901, em Desterro, antigo nome de Florianópolis (Santa Catarina). Sua mãe, Catarina
Waltrich, foi a única a constar no seu registro de batismo.
Segundo
o artigo da jornalista e escritora, Aline Torres,
“No imaginário popular, a verdadeira paternidade
estaria ligada à família Ramos,
uma das mais tradicionais do Estado.”
Esta
citação faz referência ao político Vidal Ramos,
cuja - casa da família em Lages (SC) - sua mãe trabalhava. Outras fontes bibliográficas
fazem menção que o seu pai, o jardineiro
Rodolfo Barros (empregado também da
família Ramos), morreu pouco depois do seu nascimento.
Além
de Antonieta de Barros, sua mãe tinha mais dois filhos, os quais sustentava
como lavadeira, serviço bastante comum,
na época, entre as mulheres negras sob
a condição de escravas libertas.
Na
verdade, de acordo com diversos registros bibliográficos, este trabalho doméstico
e outros tornou-se comum após a libertação dos escravos, quando muitos
permaneceram nas casas dos senhores em troca de comida e de um lugar para
dormir. E, posteriormente, como serviços prestados independente de morar na
própria residência. Daí esses afazeres serem desempenhados, em sua grande
maioria, pela população negra.
Na
intenção de sustentar os filhos, a mãe de Antonieta também transformou a sua
casa em uma pensão para estudantes. E,
segundo as fontes de consulta, foram estes estudantes residentes que ensinaram
à Antonieta ler e escrever. Alfabetizada, a jovem se aprofundou na leitura, se
lançando no universo dos livros.
Aos
17 anos, ingressou no curso para o
magistério na Escola Normal Catarinense,
o qual foi concluído em 1921.
Tendo
como um dos objetivos, o combate ao
analfabetismo de adultos carentes, em maio
de 1922, ela fundou – em sua casa - o “Curso
Particular de Alfabetização Antonieta de Barros”, em sua casa, o
qual era, também, voltado para a preparação de
alunos para os exames de admissão do chamado Ginásio do Instituto de Educação e
da Politécnica.
Ela
acreditava que a “educação era a única arma
capaz de libertar os desfavorecidos da servidão”.
Em
1922, a taxa
de analfabetismo em Santa Catarina
era na ordem de 65%, o qual – na época
– era um dos índices mais altos de escolarização do país, seguido por São
Paulo.
Reconhecida
como ótima professora, o seu campo de atuação não ficou restrito aos mais
carentes, o que a fez lecionar para
os filhos da elite local nos Colégio Coração de
Jesus, Dias Velho e Catarinense.
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Marieta
de Barros tinha a intenção de seguir os seus estudos e cursar Direito (Ensino
Superior), mas, em sua época, este era proibido a mulheres.
Ela
atuou como cronista em jornais e
revista, se destacando entre as mulheres da época. Em seus artigos sobre
educação, política e a condição feminina, ela usava o pseudônimo Maria da Ilha.
Em
1934, ela foi convidada e eleita Deputada Estadual pelo Partido Liberal. Sendo a primeira mulher afrodescendente
a assumir um cargo político de tamanha importância no estado catarinense e no país.
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Em
1937, em razão da ditadura
implementada no país por Getúlio Vargas, a Assembleia foi fechada. Com isso,
Antonieta voltou a se dedicar ao magistério,
tornando-se diretora do Instituto de Educação Dias Velho, além de professora de Português e Psicologia no Colégio
Coração de Jesus e Diretora no
Colégio Catarinense.
Ainda
em 1937, ela publicou o livro Farrapos de Ideias. Os lucros de sua primeira
edição (este teve três edições) foram doados para a construção de uma escola voltada
para abrigar crianças, filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa
Tereza.
Em
1948, ela foi empossada Deputada Estadual pelo PSD.
Em
12 de outubro deste mesmo ano (1948),
por meio da Lei nº 145, Antonieta
criou o Dia do Professor e o feriado escolar a nível estadual (Santa Catarina). Esta data comemorativa ao
Professor só se tornou lei nacional, 20 anos depois, em outubro
de 1963, sob a gestão do então presidente
da República, João Goulart.
Ela
faleceu em 28 de março de 1952, aos 50 anos de idade, por complicações
da diabetes, sendo sepultada no cemitério São Francisco de Assis, na capital do
estado (Florianópolis).
Segundo
as fontes de pesquisa, o Curso Particular Antonieta de Barros continuou suas
atividades até 1964.
Antonieta
de Barros representou uma ilustre personalidade
na história política e educacional a nível estadual e nacional.
Foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada estadual no país e, além disso,
conferiu um novo olhar e reflexão sobre o papel
da educação e, sobretudo, dos professores
como importantes agentes de transformação na
sociedade.
“Antonieta
de Barros representou a quebra de estereótipos relacionadas à classe social,
gênero e etnicidade, tabus que até hoje estão muito vivos na sociedade e que,
nas décadas de sua existência, estavam ainda mais. Ela ocupou espaços públicos
de fala, reforçando a presença das mulheres em espaços majoritariamente
masculinos, abrindo inéditos caminhos na história política do estado e do país.”
(Onde
está Desterro?)
Fontes de Pesquisa
.
Antonieta – Onde está Desterro?
. Antonieta de Barros - Wikipedia
.
SOUZA, Talita de. Quem é Antonieta de Barros, primeira deputada negra que criou
o Dia do Professor – Correio Braziliense
.
TORRES, Aline. Antonieta de Barros, a parlamentar negra pioneira que criou o
Dia do Professor – El País