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Emissão de fumaça branca na chaminé da Capela Sistina sinalizando que o novo Papa foi escolhido Imagem capturada na Internet Fonte: G1 |
Para o Conclave desta próxima 4ª feira (07/05), alguns cardeais estão sendo apontados como os favoritos, mas - de acordo com o escritor e historiador australiano Paul Collins, mestre em Teologia pela Harvard, as previsões para este Conclave não são fáceis, tendo em vista a grande diversidade cultural e geográfica dos 133 cardeais.
Além dos cardeais europeus e norte-americanos, que totalizam 67 candidatos, os demais cardeais de outros continentes dificultam esta análise, tornando “esse conclave difícil de se prever”.
A grande maioria dos Cardeais é da Europa (51), seguido pela Ásia (23), África (18), América do Sul (17), América do Norte (16), América Central (4) e Oceania (4).
As pesquisas, divulgadas nas mídias, apontam e, ao mesmo tempo, divergem acerca dos fortes candidatos a serem escolhidos para ocupar o cargo do Novo Pontífice da Igreja Católica. Tomando por base os dados divulgados pela Polymarket, que registrou até ao dia 30/04, os cardeais-eleitores favoritos são:
. PIETRO PAROLIN (70 anos)
Em sua pesquisa, este aparece como o candidato com maior chance de manter uma continuidade com o pontificado de Francisco (23%).
Italiano, ele é o atual Secretário de Estado do Vaticano. Sua carreira pastoral, curta, começou com o seu envolvimento com o Vaticano pouco após se formar, sendo nomeado ao cargo, em 2013, pelo Papa Francisco.
Ex-diplomata da Santa Sé, ele já atuou em vários países como chefe das relações da Santa Sé com a China, Israel, Coreia do Norte e Vietnã, países que possuem atritos históricos com o Vaticano.
Pietro Parolin é favorável a comunhão de divorciados e de uma Igreja mais democrática. Mas, apesar disso, é contra mulheres serem diaconisas e, também, nunca se posicionou com firmeza acerca a benção a casais de mesmo sexo, alegando ser fiel à tradição e à herança da Igreja.
. LUIS ANTONIO GOKIM TAGLE (67 anos)
Filipino (natural das Filipinas), este possui 22% de chance de ser o escolhido. Em outras pesquisas, ele até ultrapassou o Pietro Parolin.
Luis Tagle é o que mais se aproxima do perfil do Papa Francisco. Daí ele ser chamado de "Francisco asiático”. Se for eleito, ele se tornará o primeiro papa asiático da história do Vaticano.
Seus ideais são progressistas. Foi Arcebispo de Manila, sendo convidado a viver em Roma e ocupar o cargo de Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização, pelo Papa Francisco, em 2019, o que exerce até hoje.
O Papa Francisco elevou Tagle à posição de Bispo-Cardeal em 2020, indicando que ele poderia ser um possível sucessor ao papado. Assim como o Papa Francisco, ele possui extenso treinamento teológico e histórico, e posições parecidas acerca dos novos rumos da Igreja Católica.
Defende a ecologia e se mostra contrário às "palavras duras" dirigidas a fiéis LGBTQIA+.
Também se posiciona a favor da comunhão de divorciados, mas que os casos devem ser analisados individualmente (caso a caso).
Apesar de apresentar ideais liberais, ele é contra direito ao aborto ("uma forma de assassinato") e à contracepção.
. PETER KODWO APPIAH TURKSON (76 anos)
Com 17% de chance, ele poderá se tornar o primeiro papa negro e africano da Igreja Católica. Possui grande prestígio dentro da Santa Sé.
No entanto, em entrevista à BBC, em 2013, ele declarou não querer o cargo de Papa.
Em 2003 foi nomeado cardeal, por João Paulo II e, desde então, ocupa cargos estratégicos na Cúria Romana.
No período de 2009 a 2016, ele presidiu o Pontifício Conselho Justiça e Paz, que é responsável por assuntos acerca dos direitos humanos, ética social e desenvolvimento.
A convite do Papa Francisco, em 2022, ele se tornou Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
É formado em Teologia e Escrituras Sagradas, estudou em seminários locais, tanto em Roma quanto nos Estados Unidos. Fala com fluentemente latim, italiano, inglês, francês e alemão, além de línguas nativas do seu país (Gana).
Ele também possui um perfil similar ao do Papa Francisco. Em seu trabalho no Vaticano, sua postura sempre foi firme contra as desigualdades e as injustiças.
É um defensor da “Ecologia Integral”, conceito introduzido pelo Papa Francisco e atuou no atrelamento de medidas para acolhida de imigrantes e refugiados.
Em diferentes ocasiões, criticou o racismo estrutural e a marginalização dos povos africanos no mundo.
Apesar de ser ativo e de sua grande ligação progressista, ele conserva um posicionamento moderado quanto às questões doutrinárias, sendo considerado – dentro do Colégio dos Cardeais - um “homem de Centro” sendo, por isso, respeitado por conservadores e progressistas.
Sua grande habilidade em saber escutar e de buscar conciliação é vista como um ponto muito positivo, na conjuntura atual da Igreja Católica, que enfrenta desafios internos profundos, tais como:
- a perda de fiéis em algumas regiões;
- diversos escândalos de abuso e
- a crescente necessidade por reformas.
Contudo, ele se opõe às bênçãos a divorciados e, mas mudou acerca das relações homoafetivas
se posicionando agora contra a criminalização destas relações.
Em 2023,
ele também chegou a afirmar, que a homossexualidade não deveria ser tratada como crime.
. MATTEO ZUPPI (69 anos)
Aparece com 12% de chance de ser eleito como papa. Foi Arcebispo de Bologna (Itália), após ser indicado pelo Papa Francisco, em 2015. Posteriormente, em 2019, foi nomeado a Cardeal. Atualmente, ele também ocupa o cargo de chefe da Comissão Episcopal Italiana.
Romano nato, com um sotaque regional bastante forte, ele possui sólidas raízes familiares católicas.
No Vaticano, ele faz parte da ala progressista. Reconhece a necessidade por reformas na Igreja Católica, da campanha para a democratização e a revisão de medidas retrógradas da Igreja, como a proibição da comunhão aos divorciados.
Possui uma ampla experiência diplomática, sendo visto como um hábil articulador político.
Quando Zuppi foi promovido a Cardeal, em 2015, assumindo a Arquidiocese de Bolonha, a imprensa local, na época, o comparou e se referiu a ele, empregando o sobrenome do Papa, como o “Bergoglio italiano”, devido à sua semelhança com este.
Se ele for o escolhido neste Conclave, Zuppi será o primeiro papa italiano desde 1978.
Seguindo a mesma atitude do Papa Francisco, desde quando morava em Buenos Aires, Zuppi é conhecido como um “padre de rua”, que se preocupa com os migrantes e com os pobres, não se importando com pompa e protocolo.
Ele atendia pelo nome de “padre Matteo” e, em Bolonha, às vezes, usava bicicleta, como meio de transporte, ao invés de um carro oficial.
No entanto, há um ponto negativo e bastante polêmico, que marca a sua história de vida religiosa...
Se ele for o escolhido, os conservadores possivelmente o verão com o “pé-atrás”, com certa desconfiança. As vítimas de abuso sexual, com certeza, irão se opor a sua escolha como novo Pontífice, uma vez que a Igreja Católica Italiana, a qual Zuppi lidera, desde 2022, tem se apresentado vagarosa em relação às investigações e ao enfrentamento das denúncias.
Ele está intrinsecamente associado à Comunidade de Santo Egídio, grupo católico global de paz e justiça, sediado no histórico bairro de Trastevere (Roma), onde trabalhou como padre a maior parte de sua vida.
Tal Comunidade, às vezes, chamada de a “ONU de Trastevere”, com a sua mediação, esta intermediou e pôs fim a uma guerra civil de 17 anos, em Moçambique, estabelecendo um acordo de paz, em 1992.
Tem se envolvido mais em diplomacia. Participou, recentemente, como enviado papal para o conflito entre Rússia e Ucrânia, dedicando seus em esforços para reconduzir crianças que foram deportadas para a Rússia ou para territórios controlados pelos russos.
Em outra pesquisa de opinião, conforme o site UOL Internacional, Matteo Zuppi também aparece entre os cardeais favoritos para suceder o Papa Francisco, junto com Joseph Tobin; Peter Kodwo Appiah Turkson e Pierbattista Pizzaballa.
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Para saber o perfil destes, basta acessar o link disponibilizado nas Fontes de Consulta deste artigo.
Dos 133 cardeais-eleitores que participarão do Conclave, nesta 4ª feira (07/05), sete são brasileiros, são eles:
- Arcebispo de Brasília, Paulo Cezar Costa (57 anos);
- Presidente da CNBB e Arcebispo de Porto Alegre, Jaime Spengler (64 anos);
- Primaz do Brasil e Arcebispo de Salvador, Sérgio da Rocha (65 anos);
- Arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta (74 anos);
- Arcebispo de Manaus, Leonardo Ulrich Steiner (74 anos);
- Arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer (75 anos);
- Arcebispo Emérito de Brasília, João Braz de Aviz (77 anos).
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Em minha opinião, apesar do pouco conhecimento aprofundado a
respeito do perfil e da atuação de cada candidato como um possível líder da
Igreja Católica, diante de minhas pesquisas, eu colocaria - como opção mais
coerente - o Cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle, o “Francisco
asiático”, justamente, por seu perfil e atuação muito próxima com a do Papa
Francisco.
Mas, devemos ter em mente que, alguns podem até nos
surpreender e ao mundo, também! Que a escolha seja a mais acertada, atrelando o
verdadeiro papel da Igreja com os ensinamentos religiosos, com o Estado e,
sobretudo, com os segmentos da população mais vulneráveis.
Vamos aguardar todo o processo do Conclave, na Capela Sistina,
para saber, enfim, a partir da emissão da fumaça branca, o novo Pontífice da
Igreja Católica Apostólica Romana. Que seja escolhido um Cardeal progressista, humilde,
justo, que respeite e saiba confortar e acolher as causas dos povos.
Infelizmente, entre os cardeais brasileiros, eu não ouso apontar
algum nome, embora respeite o trabalho de cada um, mas não vejo nenhum com um diferencial
em destaque.
Fontes de Consulta
. Conheça Matteo Zuppi, “padre de rua” italiano entre
favoritos para conclave – CNN Brasil
. Junção entre Igreja e Estado: qual o papel do papa como
líder do Vaticano – UOL Internacional
. LODIDA, Gabriella: Quem será o novo papa? Casas de apostas
apontam favorito antes do conclave - CNN Brasil
. LOPES, Léo: Conheça quem são os cotados para ser o próximo
papa – CNN Brasil
. Quem é o cardeal Matteo Zuppi? Conheça um dos favoritos para
se tornar papa – UOL Internacional
. Quem será o próximo papa? Os principais candidatos em uma
disputa imprevisível – BBC News Brasil
. Saiba quem é Peter Turkson, favorito para se tornar o
primeiro papa negro – Itatiaia Mundo