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sábado, 9 de julho de 2022

O Analfabetismo Geográfico e a Importância da Geografia no Dia-a-Dia

 

Austrália
Imagem capturada na Internet
Fonte: Pixabay

Confundir-se é natural do ser humano, mas ser analfabeto geográfico é bem diferente, ainda mais quando o erro implica em consequências mais sérias, sobretudo, em termos espaciais e financeiras 

Há tempo estava procurando esta reportagem, abaixo relacionada, pois cheguei a comentar com os meus alunos por ocasião de uma dinâmica acerca do analfabetismo geográfico. Tópico já publicado neste espaço por duas vezes. Trata-se de um caso específico (há outros) ocorrido no ano de 2007 e publicado no Portal G1 – Planeta Bizarro 

Caso em questão...  

Na intenção de visitar sua namorada na cidade de Sidney, na Austrália, Tobi Gutt, um jovem alemão (21 anos) comprou uma passagem aérea, pensando em aproveitar o período de quatro semanas junto a esta.  

Contudo, o mesmo se confundiu quanto à localização da referida cidade em seu país de origem e, ao invés de selecionar Austrália, este assinalou Sidney, em Montana, nos EUA.  

"Tive minhas dúvidas, mas não quis dizer nada" (...)

"Perguntei a mim mesmo se era possível voar à Austrália

passando pelos Estados Unidos."

(Portal G1, op cit)  

Esta pequena falha, talvez sem querer ou por simples desatenção, causou sérios problemas ao mesmo. Primeiro, porque o seu desembarque se deu a 13 mil quilômetros da cidade australiana homônima (destino certo de sua viagem pretendida). Segundo, suas peças de vestuário não estavam de acordo com a estação do ano local. Enquanto, no hemisfério Sul - onde se encontra localizada a Austrália - era Verão, no hemisfério Norte era Inverno 

Já no desembarque, foram sentidos os efeitos das estações do ano invertidas nos hemisférios, uma vez que Tobi Gutt estava vestindo uma camiseta e calça curta, imaginando ter chegado em terras australianas. Só que o mesmo encontrou uma outra realidade, isto é, um inverno rigoroso em solo estadunidense.  

Segundo a reportagem no Portal do G1, o jovem alemão fez escala na cidade estadunidense de Portland, em Oregon, seguindo depois para Billings, em Montana, para só depois, embarcar para voo ao seu destino final, isto é, Sidney 

Foi, justamente, nesta parada entre Billings e Sidney, Tobi Gutt percebeu que havia cometido um erro de localização geográfica 

Ele passou três dias no aeroporto de Billings e, com a ajuda financeira arrecadada entre amigos e parentes da Alemanha, no total de 600 euros, este conseguiu comprar uma nova passagem para o seu destino verdadeiro, que era Sidney, na Austrália.  

Ainda bem que este caso, um tanto conturbado geograficamente, foi resolvido e deve ter tido um final feliz. 

Fonte: Turista tenta ir a Sidney (AUS) e acaba em Sidney (EUA) - Portal G1/Planeta Bizarro

domingo, 5 de abril de 2015

Analfabetismo Geográfico - Parte II


 Imagem capturada na Internet
 
 
Tal como, comentei na postagem anterior acerca do mesmo tópico, o “Analfabetismo Geográfico” não é um problema exclusivo dos EUA, sendo verificado entre os habitantes de muitos países, inclusive, entre os brasileiros.

Eu selecionei alguns exemplos, publicados nas mídias, os quais não envolvem apenas questões de localização geográfica, mas outros saberes geográficos.

1˚ Caso: Em 2003, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva cometeu uma grande gafe, por ocasião da viagem e visita à Namíbia, país africano, localizado na porção Sul do continente. 
 
 O ex-presidente Lula na Namíbia
Imagem capturada na Internet
(Fonte: UOL Notícias)
 
Em seu discurso, na capital do país (Windhoek) e, ao lado do ex-presidente da Namíbia, Sam Nujoma, Lula proferiu: "Estou surpreso porque, quem chega a Windhoek, não parece que está num país africano. Acho que poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta cidade.”
 
Ao ser puxado pelo próprio presidente da Namíbia, ele continuou o seu pronunciamento, fazendo uma analogia com os países sul-americanos: “A visão que se tem do Brasil e da América do Sul é que somos todos índios e pobres” e, depois, com a intervenção do seu tradutor, completou: “A visão que se tem da África é de que são todos pobres”.


2˚ Caso: Em 2011, o baterista da Banda Restart, Thomas Alexander, cometeu uma grave gafe acerca da população amazonense (região Norte do Brasil).

Imagem capturada na Internet para fim ilustrativo
 

Em entrevista a um veículo de comunicação, o referido jovem foi indagado sobre em qual cidade ele gostaria que o grupo tocasse e ele respondeu que gostaria de tocar no Amazonas (...) no meio do mato... 

Para piorar, mais ainda, a situação, ele diz que desconhece se tem público no Amazonas e que nem sabe se tem gente, civilização. 

Sua falta de conhecimento e respostas causaram indignação nas fãs de Manaus, inclusive, com  diversos comentários publicados no YouTube.

Na época, eu até publiquei neste espaço. Vide a matéria e o vídeo AQUI!

 
3˚ Caso: Em 2014, em uma matéria sobre a inflação no Brasil, exibida na edição do “Jornal Hoje” (TV Globo), sob o comando Evaristo Costa e Sandra Annenberg, o mapa do Brasil apresentado na mesma mostrava Recife como capital de dois estados brasileiros. Um deles e corretamente localizado, Pernambuco, na região Nordeste e, o outro, Espírito Santo, na região Sudeste, cuja verdadeira capital é Vitória.

Imagem capturada na Internet para fim ilustrativo
(Fonte: Folha do Sertão)
 
De acordo com as fontes de pesquisa, no mesmo dia, outro erro parecido ocorreu durante uma reportagem na edição do “Bom Dia Brasil”. Tratava-se de uma matéria sobre as obras inacabadas em aeroportos do Brasil, as quais deveriam estar concluídas para a Copa do Mundo e, nesta, Curitiba (capital do Paraná) foi noticiada como sendo capital de São Paulo.

Esses são alguns exemplos exibidos nas mídias, mas outro erro geográfico a ressaltar, inclusive, bastante comum nas mídias, sobretudo, nas emissoras de TV (aberta e fechada) tem a ver com a confusão sobre os conceitos de tempo e clima cometidos na Previsão do Tempo.

Não pense que o tópico acabou, nas próximas postagens, o Analfabetismo Geográfico vai continuar em foco.
 

sábado, 4 de abril de 2015

Analfabetismo Geográfico - Parte I



 
 
O trecho do vídeo acima, capturado do trailer oficial do filme “SOS Mulheres ao Mar” (2014, Direção de Cris d'Amato, Produção de Globo Filmes), retrata muito bem a falta de conhecimento no campo da Geografia e, neste caso específico, uma deficiência em termos de localização geográfica.
 
Problemas como este e outros, no âmbito da ciência geográfica, é mais comum do que se imagina, mesmo nos dias de hoje, quando a Globalização oferece inúmeras tecnologias ligadas, sobretudo, à área da Comunicação, as quais permitem o acesso mais democrático às informações, a mapas, imagens, entre outros recursos que contribuem para o enriquecimento do ensino da mesma, em todos os níveis de escolaridade (Ensinos Fundamental, Médio e Superior).
 
Esta deficiência de conhecimentos de Geografia é reportada ao chamado “Analfabetismo Geográfico”. E, em razão da importância do estudo e do ensino da Geografia, enquanto Ciência Humana que trata o espaço geográfico e toda a dinâmica intrínseca às suas transformações ambientais, sociais, políticas e/ou econômicas, a falta de um domínio mínimo de sem sua área específica se mostra muito preocupante e grave diante de uma vida em sociedade e do mundo globalizado.
 
Na verdade e, infelizmente, a sua falta e/ou deficiência não tem nacionalidade, sendo bastante comum em muitos países, tanto desenvolvidos quanto subdesenvolvidos0, ocorrendo, inclusive, em nosso país.
 
Embora, a deficiência de conhecimentos na área de Geografia, por parte de muitos estadunidenses (EUA), seja amplamente conhecida, inclusive, com registros nas mídias e em artigos, bem como satirizada em vídeos, não se pode dizer que o problema só ocorre ou é mais grave no referido país.
 
Todavia, foi em razão da constatação desta deficiência de conhecimentos básicos nesta área científica, na maior parte da população estadunidense, que se criou nos EUA, na segunda metade do Século XX, mais especificamente nos anos 60, a expressão “Analfabetismo Geográfico (em inglês, Geographic Illiteracy).
 
Tal problema foi verificado em todos os segmentos da sociedade e, não apenas, na classe estudantil, na época. Apesar de constatar que o ensino da Geografia era precário em todos os níveis de escolaridade, do Ensino Básico ao Universitário, a maior carência foi detectada no âmbito do Ensino Básico e Médio.
 
A partir desta comprovação, a mídia estadunidense promoveu uma intensa Campanha a fim de valorizar a Geografia enquanto disciplina importante no currículo escolar, com vistas a aprimorar e ampliar o seu ensino no país, na qual obteve o apoio e a participação direta de diversas Associações ligadas à Ciência Geográfica, como a Association of American Geographers, a American Geographical Society, o National Council for Geographic Education e a National Geographical Society, além de professores da mesma área de conhecimento. Com isso, a comprovação do chamado “analfabetismo geográfico” da maior parte da população dos EUA tornou-se público, não só em território estadunidense, como em muitos outros países. Como efeito desta mobilização em prol do resgate da importância do ensino da Geografia, nos anos 90, houve mudança na grade curricular, com aumento da carga horária da mesma (VESENTINI,2009).
 
A enorme deficiência com que o sistema escolar nos EUA apresentava, pode ser constatada em diferentes situações, envolvendo países, em razão da falta total de conhecimento das características geográficas dos mesmos (clima, idioma, entre outros aspectos intrínsecos).
 
Segundo VESENTINI (op. cit.), os soldados estadunidenses enviados para a Guerra do Vietnã (1959 a 1975) demonstravam um enorme desconhecimento da localização acerca deste país asiático, com o qual estavam em combate, imaginando - muitas vezes - que o mesmo fosse vizinho do Panamá (América).
 
Esta precariedade de conhecimentos na área geográfica também pode ser registrada, com efeitos negativos, no campo de investimentos, em dois casos envolvendo a relação comercial entre os EUA e o nosso país.
 
O primeiro caso envolveu a empresa de aviação norte-americana, American Airlines (AA), por ocasião de sua entrada no mercado brasileiro, nos anos 80 (Século XX). Desconhecendo, totalmente, o idioma oficial do nosso país, a referida empresa treinou os seus funcionários a dominarem a língua espanhola e, em termos de serviço de bordo, ofereceu refeição mexicana.
 
O segundo tem a ver com a maior rede de comércio de varejo dos EUA e do mundo, a Walmart, nos seus primeiros anos de negócios em nosso país (a primeira loja no Brasil data de 1995). Desconhecendo, sobretudo, as características climáticas e culturais do país, a empresa abarrotou as suas lojas com artigos inadequados às condições climáticas tropicais (quente e úmida) e aos nossos hábitos esportivos, com exposição para venda e grandes estoques de agasalhos para frio rigoroso, roupas para esquiar, tacos de beisebol, entre outros artigos impróprios a nossa realidade.
 
A existência de outros casos é mencionada pelo referido autor, sobre os quais, ele argumenta:
 
“Existem ainda centenas ou talvez até milhares
de exemplos semelhantes, não só em relação ao Brasil
mas também frente a inúmeros países
da América Latina, da Ásia, África e até da Europa.
Conhecer geografia, como perceberam as
autoridades norte-americanas,
é fundamental para a atuação do país no mundo,
para exercer alguma liderança no concerto das nações,
para os negócios no estrangeiro,
para a guerra e para a paz.”
(VESENTINI, 2009:81)
 
O Cartum abaixo, de autoria de Garry Trudeau, publicado no jornal The Guardian, em 1988, contextualiza o chamado “Analfabetismo Geográfico”, no caso específico, em se tratando da relação entre a Geografia e a Cartografia, em termos de localização dos países. Ficando em evidência a importância de ambas as ciências e, sobretudo, do grande auxílio dos mapas e outros produtos cartográficos como ferramentas relevantes ao estudo geográfico.
 
 Imagem capturada na Internet
 
Em 2013, sob este mesmo contexto de localização geográfica, a emissora norte americana CNN (Cable News Network) cometeu um erro grotesco em uma reportagem sobre ataques de vespas gigantes que já haviam levado 42 pessoas a óbito na China e um mapa da América do Sul, exibido no telão, apontava a localização da cidade de Hong Kong no território brasileiro, mais precisamente, no estado de São Paulo.
 
 Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
(Fonte:Bhaz)
Não é difícil adivinhar as consequências deste erro da equipe do telejornal, pois virou piada nas redes sociais e no YouTube. Para assistir, basta clicar AQUI!
 
No mesmo ano, mais um caso de Analfabetismo Geográfico envolveu uma grande empresa estadunidense no mundo virtual. Desta vez, uma empresa famosa ligada a produtos esportivos. Trata-se da Nike que ao homenagear o time de futebol Carolina Panthers da cidade de Charlotte (Carolina do Norte), colocou à venda, em sua loja on line, uma camiseta ilustrada com o logotipo do time e as iniciais NC (North Carolina), ambos dentro do mapa do estado. No entanto, ao invés do mapa do estado certo (Carolina do Norte), a estampa era do estado da Carolina do Sul.
 
Um torcedor viu o erro e comunicou a um colunista esportivo de um jornal local, que espalhou a gafe. O link logo foi retirado do ar.
 
  Mapa de localização do estado da Carolina do Norte
(Fonte: Wikipédia)

 Blusa da Nike com erro geográfico (mapa errado)
(Fonte: Exame.com)
A importância da Geografia é indiscutível, não por ser a minha área de conhecimento e de atuação profissional, mas por ser uma ciência, cujo estudo – sob uma perspectiva histórica, integrativa e interdisciplinar - percebe a dinâmica do mundo contemporâneo enquanto totalidade orgânica (social, econômica, política, ambiental e cultural).
 
Ambos, os exemplos - descritos acima - servem apenas para ilustrar o quanto a deficiência no conhecimento da Geografia ainda persiste. Na próxima postagem publicarei alguns exemplos acerca do nosso país.
 
 
Fontes de Consulta
 
 
. VESENTINI, José William. Repensando a Geografia Escolar para o Século XXI. São Paulo: Plêiade, 2009, 161 p. Disponível em PDF em: