sábado, 30 de setembro de 2023

Desastres Naturais que Marcaram Setembro de 2023 - Parte II

Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo

 

Dando continuidade a outros desastres naturais que marcaram este mês (setembro), vejamos:

. MARROCOS (08 de setembro): Um forte terremoto atingiu o centro do Marrocos. Foi o mais devastador em décadas no país, desde 1960.  

O tremor atingiu os arredores de Marrakech (cidade histórica, Patrimônio Mundial da Unesco), com magnitude de 6,8 na escala Richter, segundo os serviços geológicos dos Estados Unidos. Já o Centro Marroquino de Pesquisa Científica e Técnica registrou magnitude de 7,0. 

O abalo sísmico ocorreu pouco depois das 23 horas (hora local). O seu epicentro foi na Cordilheira do Atlas, a cerca de 71 km a sudoeste de Marrakech.  

E o seu hipocentro (ponto no interior da crosta) foi a 18,5 Km, considerada uma profundidade relativamente rasa.  

Em razão da baixa profundidade e das ondas sísmicas percorrem camada menor de rochas, não houve como absorver o seu impacto. Com isso, os seus efeitos foram mais intensificados, causando grande devastação na superfície. De acordo com especialistas, quanto mais superficial, maior é o seu impacto.  

Associado a isso, a maioria das construções – casas de tijolos de barro, pedra e madeira em áreas montanhosas - contribuiu para os efeitos destrutivos nas cidades atingidas. Daí, também, o elevado número de feridos e de mortos decorrentes.  

De acordo com o Boletim divulgado pelo Ministério do Interior do país, no dia 12/09, foram cerca de 5.530 feridos, mais de 2.900 mortes e centenas de desaparecidos.  

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 300 mil marroquinos tenham sido afetados por este terremoto. 

Réplicas foram registradas após este evento principal, sendo o primeiro tremor secundário - de magnitude 4,9 - sentido 19 minutos após a ocorrência deste. De acordo com as fontes de pesquisa, ao menos, 20 foram registrados.  

A Cordilheira do Atlas, situada no noroeste da África, se estende por Marrocos, Argélia e Tunísia, cobrindo uma extensão de 2.400 km. Ela separa as terras costeiras tanto do mar Mediterrâneo quanto do oceano Atlântico do deserto do Saara 

A referida cordilheira consiste em um Dobramento Moderno, tendo sido formada pelo encontro de duas placas tectônicas: a placa Euroasiática (ao norte) e a placa Africana (ao sul). Daí ela ser uma área de instabilidade tectônica (zona sísmica). 


Imagens da Localização da Cordilheira do Atlas
Imagens capturadas na Internet
Fonte: Wikipedia 


Contudo, nesta região de Marrocos (na costa do Oceano Atlântico), eles são bastante incomuns, além de nunca ter ocorrido terremoto de magnitude superior a 6,0 em um raio de 500 Km em torno do epicentro atual, pelo menos, desde quando os registros sísmicos passaram a ser disponibilizados (1900). 

A região de maior atividade sísmica fica a nordeste, próximo à fronteira das placas tectônicas Euroasiática e a Africana 

Certamente, na região afetada, nem as edificações foram construídas à prova de terremotos desta magnitude, assim como as autoridades e nem a população esperavam e se encontravam preparadas para o seu enfrentamento.  

Imagem capturada na Internet
Fonte: Brasil de Fato
Foto: Fethi Belaid/AFP

Imagem capturada na Internet
Fonte: Observador

No passado, o país já enfrentou fortes terremotos, como - em 2004 - quando um sismo de magnitude 6,3 na escala Richter atingiu a cidade de Al Hoceima, no nordeste de Marrocos, causando a morte de 628 pessoas ou em 1960, quando outro sismo (magnitude 5,7) sacudiu Agadir, cidade do sul do país, na costa do oceano Atlântico, matando 12 mil pessoas. 

Diversos líderes mundiais prestaram solidariedade e ajuda ao governo e ao povo marroquino. Mas, de acordo com as mídias, apesar das diversas ofertas de ajuda dos países, o governo de Marrocos falhou por não solicitar, formalmente, assistência, que é um pré-requisito para assegurar a mobilização e o atendimento de equipes de resgate externas.  

A dinâmica interna da Terra é uma verdadeira “caixinha de surpresa”. Nem sempre os sinais são visíveis ou sentidos... Ainda mais quando ela está prestes a ser sacudida por um ou mais terremotos! 

"A única maneira de proteger as pessoas contra terremotos

é através de construções à prova de terremotos"

(Fabrice Cotton, professor de Sismologia do

Centro de Pesquisa Geográfica em Potsdam, Alemanha).

Fontes de Pesquisa: 

. Cordilheira do Atlas – Wikipedia 

. MARCOLINO, Aline: Entenda o que causou o terremoto no Marrocos (2023) – Poder360 

. Número de mortos no terremoto no Marrocos sobe para 2.901; ajuda externa segue travada por governo – G1/Globo 

. Número de mortos após terremoto no Marrocos passa de 2.800 – Poder360 

. O que se sabe sobre terremoto no Marrocos que já deixou mais de 2,8 mil mortos – BBC News Brasil 

. VERGIN, Júlia: Cordilheira dobrada: por que terremoto no Marrocos foi tão devastador - DW

Desastres Naturais que Marcaram Setembro de 2023 - Parte I

 

Desastres naturais sempre nos surpreendem, pois – em geral – somos pegos de surpresa. Mas, dois, três ou mais fenômenos naturais ocorrendo consecutivamente em diversos pontos do mundo é assustador.  

De forma negativa, o meio ambiente e a sociedade sofrem direta e/ou indiretamente os efeitos dos seus impactos. 

Entre os desastres naturais mais comuns podemos destacar, tanto os causados por agentes endógenos, como vulcanismo, terremotos e a formação de tsunamis quanto aqueles gerados por agentes exógenos, como são ciclones, furacões, tornados, inundações e deslizamentos. 

Neste mês de setembro, pudemos observar alguns destes, entre os quais destaco: 

Ciclone Extratropical
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo
Foto: Reprodução/Regional and Mesoscale Meteorology Branch


. BRASIL (04 de setembro) 

Um ciclone extratropical se formou sobre o oceano Atlântico, após a passagem da frente fria e atingiu a Região Sul do Brasil, provocando muita chuva, fortes rajadas de vento e até queda de granizo. Os estados mais afetados foram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina 

Muitas cidades sofreram temporais, enchentes, danos nas redes elétricas, quedas de árvores e de galhos, destelhamentos de casas e de estabelecimentos comerciais, entre outros problemas. 

De acordo com o Boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), divulgado no último dia 20/09, no período de 1º a 19 de setembro, os volumes de chuvas - registradas no Rio Grande do Sul - ficaram em torno de 450 milímetros (mm). 

Não restam dúvidas as destruições causadas pelo ciclone extratropical e as enchentes no Rio Grande do Sul foram as mais devastadoras, principalmente, na região do Vale do Taquari, a qual é constituída por trinta e seis municípios. 

Classificado como o segundo maior desastre natural do Rio Grande do Sul, em número de vítimas fatais, ao todo foram 49 mortos e 09 desaparecidos, segundo dados divulgados no último dia 20/09. 

De acordo com Portal do G1, a principal causa das mortes na região foi por afogamento. Mediante a subida do nível de água dos rios, muitos carros, casas e pessoas foram levadas pelas correntezas.

Cidade de Muçum, no Vale do Taquari
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo
Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini


Além da influência do Aquecimento Global, que tem colaborado para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos (formação mais rápida e mais impactante), os especialistas concordam que o fenômeno El Niño está potencializando ainda mais a força das precipitações pluviais (chuvas), justamente pelo aumento da umidade (aquecimento das águas do oceano Pacífico). 

Alagamento e Destruição em Venâncio Aires (RS)
Fonte: BBC News Brasil

Formados nas médias e altas latitudes, fora dos trópicos, os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão atmosférica (áreas ciclonais). Ele é formado pelo contraste de duas massas de ar de temperaturas diferentes, isto é, uma massa quente e a outra fria. 

Como é de conhecimento de muitos, os ventos são gerados e se deslocam das áreas de alta pressão (onde existe mais ar e é mais frio/áreas anticiclonais) para as áreas de baixas pressões atmosféricas (menos ar e mais quente/ áreas ciclonais). 

Parte da sua ação é sugar toda a umidade para a região do centro da área de baixa pressão e jogar para a atmosfera, onde há a condensação e a transformação da umidade do ar em nuvens. É nesse processo há precipitação pluviométrica (chuvas) e a ação dos ventos. 

Os ciclones extratropicais costumam se formar no extremo sul do país, entre o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. 

Em comparação com os ciclones tropicais, os ciclones extratropicais se caracterizam por ventos mais fracos e de efeitos de menor duração. 

Relembrando, os três diferentes tipos de ciclones: 

. Ciclones Tropicais: conhecidos, também, como furacões ou tufões, estes se formam em regiões equatoriais (próximas à linha do equador), sobre os oceanos, retirando sua energia do calor extraído dos mares e oceanos; 

. Ciclones Extratropicais: são gerados em áreas de latitudes médias e altas, sendo formados pelo contraste de temperaturas de diferentes massas de ar (quente e fria); 

. Ciclones Subtropicais: possuem características de ambos anteriores. Tipicamente, estes se formam quando um ciclone extratropical se desenvolve sobre o oceano e encontra temperaturas na superfície do mar mais aquecidas. 

Segundo Estael Sias (meteorologista do MetSul Meteorologia), 

"Ciclones extratropicais no Oceano Atlântico

se formam toda semana, dezenas deles às vezes.

Mas é comum que se formem perto do polo sul, muito distante.

Por isso não mencionamos na previsão do tempo

- um ciclone extratropical a mil quilômetros da costa

não vai causar nenhum efeito para a população." 


Além da influência do Aquecimento Global, que tem colaborado para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos (formação mais rápida e mais impactante), os especialistas concordam que o fenômeno El Niño está potencializando ainda mais a força das precipitações pluviais (chuvas), justamente pelo aumento da umidade (aquecimento das águas do oceano Pacífico).

Formados nas médias e altas latitudes, fora dos trópicos, os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão atmosférica (áreas ciclonais). Ele é formado pelo contraste de duas massas de ar de temperaturas diferentes, isto é, uma massa quente e a outra fria. 

Como é de conhecimento de muitos, os ventos são gerados e se deslocam das áreas de alta pressão (onde existe mais ar e é mais frio/áreas anticiclonais) para as áreas de baixas pressões atmosféricas (menos ar e mais quente/ áreas ciclonais). 

Parte da sua ação é sugar toda a umidade para a região do centro da área de baixa pressão e jogar para a atmosfera, onde há a condensação e a transformação da umidade do ar em nuvens. É nesse processo há precipitação pluviométrica (chuvas) e a ação dos ventos. 

Os ciclones extratropicais costumam se formar no extremo sul do país, entre o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. 

Em comparação com os ciclones tropicais, os ciclones extratropicais se caracterizam por ventos mais fracos e de efeitos de menor duração 

Relembrando, os três diferentes tipos de ciclones: 

. Ciclones Tropicais: conhecidos, também, como furacões ou tufões, estes se formam em regiões equatoriais (próximas à linha do equador), sobre os oceanos, retirando sua energia do calor extraído dos mares e oceanos;  

. Ciclones Extratropicais: são gerados em áreas de latitudes médias e altas, sendo formados pelo contraste de temperaturas de diferentes massas de ar (quente e fria); 

. Ciclones Subtropicais: possuem características de ambos anteriores. Tipicamente, estes se formam quando um ciclone extratropical se desenvolve sobre o oceano e encontra temperaturas na superfície do mar mais aquecidas. 

Segundo Estael Sias (meteorologista do MetSul Meteorologia),  

"Ciclones extratropicais no Oceano Atlântico

se formam toda semana, dezenas deles às vezes.

Mas é comum que se formem perto do polo sul, muito distante.

Por isso não mencionamos na previsão do tempo

- um ciclone extratropical a mil quilômetros da costa

não vai causar nenhum efeito para a população."

 

O pior é que neste período do ano, eles são mais comuns, tendo formações sucessivas durante as semanas.  

Vale ressaltar aqui que os outros desastres naturais que escolhi para esta postagem, vou deixar para as próximas, senão esta publicação vai ficar muito extensa.

 

Fontes de Consulta:

. El Niño 2023: saiba detalhes sobre o monitoramento, previsões e os possíveis impactos do fenômeno no Brasil (2023) – Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) 

. KESSLER, Ticiano: Pelo menos 10 mil casas e prédios foram atingidos pelas enchentes no RS (2023) – Jornal da Band  

. PEIXOTO, Roberto: Ciclone extratropical: entenda como se forma e por que fenômeno se tornou mais comum no Brasil (2023) – G1/Meio Ambiente 

. Relatório aponta que 10 mil imóveis foram afetados por enchentes no RS; em Muçum, um terço dos prédios foram atingidos (2023) – G1/Rio Grande do Sul 

. Saiba quem são as vítimas do ciclone que atingiu o RS em setembro (2023) – G1/Rio Grande do Sul

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Sambaqui: Breve Resumo

 

Perfil de um Sambaqui
Imagem capturada na Internet
Fonte: Wikipédia
Foto: Thigruner


SAMBAQUI: BREVE RESUMO 

Por Marli Vieira de Oliveira da Silva


- Sítio arqueológico, pré-histórico, constituídos basicamente por várias camadas compostas de areia, terra e conchas 

- As camadas arqueológicas superpostas dos sambaquis representam sucessivas ocupações humanas, sendo que as inferiores as mais antigas e as camadas superiores as mais recentes.

- Os indígenas surgiram depois dos sambaquieiros. Daí os sambaquieiros serem considerados povos originários do nosso território. 

- Os sambaquis se encontram distribuídos ao longo de quase toda a costa litorânea brasileira, havendo também registros em ambientes fluviais (rios), ou seja, eles habitam próximos aos locais em que haviam bastante alimentos. 

- Foram por populações humanas que viveram no período de cerca de 7.000 a 1.000 anos BP. 

- Na língua tupi, sambaqui significa "tamba" (= moluscos) e "ki" (= amontoado ou depósito), ou seja, quer dizer, “amontoando de conchas”. 

- Em suas camadas são encontrados inúmeros vestígios de atividade humana, como artefatos líticos, ósseos e de conchas, restos de fogueiras, sepultamentos humanos, entre outros materiais. 

- Os sambaquis variam de pequenas elevações (de 2 metros de altura, por exemplo) até estruturas maiores, com mais de 30 metros de altura 

- Os maiores sambaquis do Brasil se encontram em Santa Catarina, nos municípios de São Francisco do Sul, Jaguaruna, Laguna e Garuva.

. Funções dos sambaquis: Habitação; Sepultamento e/ou ambos (Habitação e Sepultamento). Sob esta última função (Habitação e Sepultamento) pode-se afirmar que - no mesmo local - os sambaquieiros moravam, se alimentavam, confeccionavam suas armas e ferramentas e enterravam os seus mortos. 

- Os sambaquieiros eram povos pré-históricos, pescadores, coletores e caçadores que viviam em um determinado local por uma grande parte de suas vidas. Daí eles serem considerados, para muitos, povos sedentários. 

- Eles desconheciam a agricultura (cultivo de alimentos) e a domesticação de animais (criação). 

- Importância de seu estudo: informações sobre quem eram os sambaquieiros (ou o homem do sambaqui), como eram suas vidas e costumes, bem como o meio natural da época (e seus elementos). 

- Os sambaquis são “Bens Nacionais”, protegidos pela Lei Federal 3924 de 26 de julho de 1961 (Monumentos Arqueológicos e Pré-Históricos).

 

Fontes de Consulta 

. CRANCIO, Filomena: Os sambaquis de Saquarema (2010) – O Saquá (O Jornal de Saquarema) 

. GUIDA, Victor: Você sabe o que é um sambaqui? – Arqueologia e Pré-História 

. KNEIP, Lina Maria et al: Coletores e Pescadores Pré-Históricos de Guaratiba, Rio de Janeiro (1985) – UFRJ/UFF 

. KNEIP, Lina Maria et al: O Sambaqui de Manitiba I e Outros Sambaquis de Saquarema, RJ (2001) – Documento de Trabalho – 5: 1-91. Departamento de Antropologia/ Museu Nacional - UFRJ 

. OLIVEIRA, Nanci Vieira de; FUNARI, Pedro Paulo A ; MARIA, J. B. M. . Preservação e Conservação de Sítios Arqueológicos no Estado do Rio de Janeiro: Arqueologia em Angra dos Reis e Educação Patrimonial (2007). Apresentação de Trabalho/Comunicação 

. PINTO, Lilian Cardoso e Silva Costa: Arqueologia dos Sambaquis de Sernambetiba e Amourins (Recôncavo da Baía de Guanabara, RJ): Um Histórico das Pesquisas Zooarqueológicas - Rio de Janeiro, Museu Nacional, UFRJ, Departamento de Geologia e Paleontologia, 2012, x, 43pp. – Monografia de Especialização em Geologia do Quaternário (em PDF)

Texto: Você sabe o que é um sambaqui?

Para complementar as minhas explicações orais aos alunos que trabalharam sobre Sambaqui e os Povos Sambaquieiros (Grupo sob a minha responsabilidade), eu usei o texto abaixo, o qual compartilho neste espaço, de forma íntegra (exceto os negritos, que foram aplicados por mim).

Embora, implícito no texto (mas, talvez não perceptível para o aluno), eu ressaltei que os sambaquieiros eram povos coletores, pescadores e caçadores

 

Você sabe o que é um sambaqui?

                                                         Victor Guida

 

Ao longo de boa parte do litoral brasileiro, é possível que você encontre montes próximos a praias e lagoas que parecem ser feitos de conchas e areia. Alguns são enormes com mais de 40 metros de altura, outros são bem pequenos e não passam de 2 metros. Você já pode ter estado em cima de algum e não ter percebido o que era, ou então já parou observando de longe um desses montes e se perguntou o que era aquilo e como foi parar ali. 

Distribuição de sambaquis pelo Brasil
Imagem: Maria Dulce Gaspar

Acontece que essas estruturas, chamadas de sambaquis, são construções humanas feitas há tempos por grupos que ocuparam a costa do Brasil. As evidências arqueológicas mais antigas sugerem que grupos, conhecidos como sambaquieiros, teriam começado a erguer esses montes cerca de 8.000 anos atrás. O ápice da construção de sambaquis foi ocorrer somente alguns milênios mais tarde, entre 4.000 e 2.000 anos atrás, período ao qual pertencem a maioria dos sambaquis descobertos. Apesar de estarem presentes há tanto tempo na costa e de se estenderem por grandes regiões, essa prática cultural passou a não ser mais feita por volta de 1.000 anos atrás, e isso foi concomitante ao aparecimento de outros grupos no litoral. 

Mas afinal, o que de fato são sambaquis, qual a importância deles para as populações que os construíram e o que se sabe sobre essas populações? A arqueologia e suas áreas afins podem nos ajudar a responder essas questões e a compreender melhor quem eram os sambaquieiros. 

Os sambaquis são sítios constituídos basicamente por várias camadas compostas de areia, terra e conchas. A construção era um processo contínuo, sendo que alguns sambaquis ficaram ativos por milhares de anos. Dentro deles são encontrados inúmeros vestígios de atividade humana, incluindo artefatos líticos, ósseos e de conchas, fogueiras, sepultamentos humanos e diversos remanescentes de animais e de plantas. É devido às formas como foram construídos e aos vestígios neles encontrados que os sambaquis são sítios considerados bastante complexos. É também devido a essa riqueza e complexidade que temos informações sobre quem eram os sambaquieiros, como eram suas vidas e costumes. 

Sambaqui de Garopaba do Sul
Foto: Alexandro Demathé, 2010



Sambaqui da Figueirinha, em Santa Catarina
Foto: Maria Dulce Gaspar


Para começar, os sambaquieiros eram grupos caçadores-coletores que viviam em um determinado local pela maior parte de suas vidas. Possuíam grande intimidade com o ambiente marinho, o que é demonstrado pela localização dos sítios (próximos ao mar, lagoas e mangues), pelas atividades que realizavam, como canoagem e remo, e pela sua fonte principal de alimentação, os peixes. Inclusive, pesquisas apontam que sambaquieiros provavelmente possuíam diversas técnicas de pesca que incluíam o uso de rede, anzóis, armadilhas e espinhéis. Mas não só de peixes viviam os sambaquieiros. Também se alimentavam de moluscos, aves, mamíferos terrestres e aquáticos, e de vegetais (há até evidências de cultivo de alguns vegetais!!). Como podemos ver, a alimentação dos sambaquieiros era bem variada. 

Os sambaquieiros tinham uma produção bem variada de artefatos que atendiam a diversos propósitos e eram fundamentais para suas atividades de subsistência, ritos e costumes. Conchas e ossos de pequenos animais eram modificados para criação de instrumentos de pesca (ex.: anzóis), de caça (ex.: pontas ósseas) e acessórios (ex.: colares). Diferentes tipos de rocha eram utilizados na confecção de ferramentas de pedra polida, como machados, moedores e almofarizes; e de pedra lascada, como pontas de flecha e raspadores. Alguns grupos sambaquieiros também produziam esculturas líticas com formatos de animais, chamadas de zoólitos, que, apesar de pouco se saber sobre elas, demonstram sobretudo uma grande intimidade desses grupos com o ambiente marinho. 

Zoólito platiforme do Sambaqui de Imaruí,
Pescaria Brava, 1973.
Fonte: Museu do Homem do Sambaqui
"Pe. João Alfredo Rohr, S.J./Colégio Catarinense
Foto: Jefferson Garcia, 2017

Um dos aspectos fundamentais e mais marcantes dos grupos sambaquieiros é a importância dos rituais funerários. A própria construção dos sambaquis estaria centrada neles. Era comum a ocorrência de sepultamentos com acompanhamentos funerários, os quais incluíam animais inteiros e artefatos, como colares de conchas, joias, ferramentas, entre outros. Eram também realizados festins funerários durante o sepultamento e em visitas posteriores aos locais de enterramento, ocasiões em que se comia em grandes quantidades e se fazia oferendas com alguns animais. 

Croqui de um sepultamento encontrado 
no Sambaqui Morro do Ouro e seus
acompanhamentos funerários.
As setas indicam zoólitos.
Imagem: Modificado de Tiburtius; Bigarela (1960)


Como visto, os sambaquieiros eram grupos socialmente complexos e heterogêneos, com uma cultura material bastante diversa e que tinham os rituais funerários como um dos pontos centrais de suas sociedades e na construção dos sambaquis. Apesar de tanto conhecimento gerado acerca dos sambaquieiros e dos sambaquis ao longo de décadas de pesquisa arqueológica, ainda há muito a se descobrir e conhecer sobre esses grupos que ocuparam parte do nosso litoral tempos atrás.

Fonte: Arqueologia e Pré-História

Feira Cultural: O Sambaqui e os Povos Sambaquieiros - Turma 1705

 
Cartaz confeccionado e pregado na porta da sala


Dando continuidade à postagem anterior... O tema da Turma 1705 na Feira Cultural foi sobre “A Natureza como Suporte Físico do Homem ao Longo da História”. 

A turma foi dividida em três Grupos, cada qual contendo 13 alunos. Os membros de cada grupo foram acertados entre eles, o que eu discordei a princípio, por mais que tenha sido democrático. Afinal, esta medida resultou na formação de subgrupos, mais ou menos homogêneos, em termos de aptidões. 

O Grupo, sob a minha responsabilidade, abordou Sambaquis e os Povos Sambaquieiros. O segundo Grupo, sob a responsabilidade da Prof.ª Daniela, trabalhou com tema Etnobotânica (ramo da Botânica que estuda o papel e o uso de certas plantas na vida de determinado povo), focando as plantas medicinais de uso dos grupos indígenas. O terceiro e último Grupo, na ordem de apresentação, foi de Matemática, sob as orientações do Prof. Valter, o qual trabalhou com estatísticas acerca de dados dos dois grupos (sambaquieiros e indígenas).  

Antes de definir os tópicos a serem abordados pelos subgrupos Grupo 1 (Sambaqui e Povos Sambaquieiros), eu expliquei do que se tratavam e a principal área científica responsável pelas pesquisas destes que é a Arqueologia. Ressaltei ainda que existem outros ramos científicos que contribuem para o respectivo estudo e que auxiliam à própria Arqueologia, como Antropologia Física, História, Geografia, Geologia, a Botânica, a Sedimentologia e outros.

Como o segundo subgrupo deveria apresentar uma estrutura de sambaqui, para isso, a aquisição e/ou compra de alguns materiais foram necessários, tais como:

- Areia;

- Conchas;

- Massa de biscuit para confeccionar coquinhos;

- Tinta guache marrom;

- Imagem colorida de um Crânio;

- Ossos de frango (limpos com água sanitária);

- Carvão vegetal (para simular restos de fogueira);

- Cacos de cerâmica.

 

Os 13 alunos do Grupo foram subdivididos de acordo com os tópicos explanados por eles. Assim sendo, a sequência das abordagens foi: 

1° Subgrupo: Sambaqui

         - Definição (raiz etimológica no tupi-guarani);

         - Localização no mapa do Brasil 

           (ambiente litorâneo e fluvial);

         - “Bens Nacionais”, protegidos pela Lei Federal 3924 

             de 26 de julho de 1961;

         - Principais características dos povos sambaquieiros; 

- A importância do seu estudo;

- Arqueologia e o papel do arqueólogo.

 

2° Subgrupo: Principais características dos Sambaquis

         - Exposição de uma camada de um sambaqui;

         - Composição e funções dos sambaquis;

         - Vestígios de atividades humanas encontradas 

  nos sambaquis.

 

3° Subgrupo: Os maiores sambaquis do Brasil:

         - Destruição de muitos sambaquis (subida do nível 

           do mar e, também, pela ocupação do solo ou para 

           produção de cal);

        - Os maiores se encontram em Santa Catarina 

   (municípios de São Francisco do Sul, Jaguaruna, 

    Laguna e Garuva).

 

4° Subgrupo: Sambaquis no estado do Rio de Janeiro.


Em termos de lembrancinha aos professores-visitantes e responsáveis foi oferecido um saquinho contendo algumas conchas e um encarte, capturado na Internet, o qual descrevia o que havia “Por dentro do sambaqui”. 

Desconheço a fonte original do texto


Fotos do meu acervo particular

GRUPO N° 01


















GRUPO N° 02

No final da apresentação dos alunos,

eles ofereceram chá de Camomila aos

Professores e Responsáveis











GRUPO N° 03

Após a apresentação do Grupo,

os alunos-visitantes e demais puderam participar de um jogo de perguntas

e, como prêmio, o vencedor ganhava um doce