quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Sem comemorações: 10.994 brasileiros morreram lutando contra a Aids em 2022

 

Imagem capturada na Internet
Fonte: Tatoli

Amanhã, se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids e, embora, tenhamos alcançado alguns avanços acerca do tratamento da doença, os dados referentes a mesma e ao número de infectados não são motivos oportunos à comemoração. 

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado, hoje (30/11), foram 10.994 mortes registradas em 2022, em consequência da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), transmitida pelo vírus HIV. 

A Aids é caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas, que se manifestam e podem levar à morte devido à imunidade baixa. 

Há muitos casos de pessoas positivas para o vírus HIV, que vivem anos sem apresentar sintomas (assintomáticas) e sem desenvolver a doença. No entanto, estas podem transmitir o vírus por diversas maneiras, sendo as principais formas de contágios: por relações sexuais desprotegidas (sem uso de preservativo masculino ou feminino, por exemplo), pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou, até mesmo, de mãe para filho, quer seja durante o período da gravidez quer seja através da amamentação. 

Segundo o respectivo Boletim do Ministério da Saúde, no ano passado, foram registrados 43.403 casos com HIV. Do total de mortos (10.994 pessoas), os negros representam quase o dobro de brancos entre estas vítimas fatais. Sendo 61,7% de pessoas negras (47% pardos e 14,7% pretas). Os brancos constituíram 35,6% desse total. 

A maior incidência dos casos de infecção pelo HIV é entre homens, tendo idade entre 25 e 39 anos. 

A região Sudeste lidera a estatística com 203 mil casos, seguida pelas respectivas regiões: Nordeste (104 mil casos), Sul (93 mil), Norte (49 mil) e Centro-Oeste (38 mil). 

Estima-se que, no Brasil, haja um milhão de pessoas vivas com HIV. 

De acordo com Draurio Barreira, Diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde, a questão social também exerce grande impacto nas estatísticas de HIV, havendo uma queda mais proeminente entre os casos em brancos de maior escolaridade.   

Hoje, a testagem para detecção do HIV, na avaliação do Ministério, é o principal gargalo no que se refere a este quadro no país, pois testa-se pouco no Brasil. 

Para tentar reverter esta situação, o Ministério da Saúde planeja distribuir 4 milhões de testes a fim de detecção conjunta do HIV e da sífilis. 

A pessoa ao receber o diagnóstico positivo de contaminação de HIV, precisa começar o tratamento com medicamentos antirretrovirais (ARV), que impedem a multiplicação do vírus no organismo, assim como, também, evitam o enfraquecimento do sistema imunológico da vítima. 

Igualmente importante é a profilaxia, sobretudo, para aqueles sujeitos à exposição ao risco do contato com o vírus, ou seja, o emprego de medidas preventivas ou atenuantes da doença. 

Com isso, considera-se a profilaxia pré e pós exposição. Ambas são oferecidas, gratuitamente, pelo Sistema de Saúde do nosso país, mas há registro e reclamações sobre a dificuldade de acesso. 

A Profilaxia Pré-Exposição versa sobre a tomada de comprimidos antes da relação sexual, a qual permite a preparação do organismo para enfrentar um possível contato com o HIV. 

A Profilaxia Pós-Exposição, por sua vez, faz uso de medicamentos às pessoas foram submetidas a situações de risco de contágio, como - por exemplo - violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional (contato com material possivelmente contaminado). 

O Ministério da Saúde tem como meta alcançar que mais de 200 mil pessoas tenham acesso a profilaxia de Pré-Exposição por ano até 2026. 

Hoje, 73 mil pessoas fazem uso de medicamentos de profilaxia, 45% a mais do que em 2022, quando 50 mil tiveram acesso. 

A população branca é o segmento que mais acessa a profilaxia Pré-Exposição, representando 55,6% do total, enquanto os demais segmentos são: população parda (31,4%), preta (12,6%) e indígena (0,4%). 

Entre as pessoas com HIV e que recebem tratamento, o percentual de pessoas brancas é maior (89%) em comparação aos negros (86%) e aos indígenas (84%). 

Em termos de escolaridade, mais de 90% de pessoas com alta escolaridade recebem tratamento, sendo que este índice cai para 85% com pessoas com baixa escolaridade. 

O quadro epidemiológico da nossa população em termos de contaminação por HIV e do desenvolvimento da Aids é muito sério e preocupante, ainda mais quando a pessoa é assintomática (não apresenta sintomas), não faz tratamento e não toma os devidos cuidados para que não haja contaminação pelo vírus em terceiros. 

Segundo Draurio Barreira, 

"O grande desafio é combater o estigma e a discriminação,

fazer com que essas pessoas tenham portas abertas

não só no sistema de saúde, mas também 

na sociedade civil,

para ter acesso não só ao tratamento,

mas ao diagnóstico e à profilaxia."

 

Fonte de Consulta 

. RODRIGUES, Paloma Rodrigues: Cerca de 11 mil brasileiros morreram de Aids em 2022; negros são quase o dobro de brancos – G1/Globo

Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra na Eminência de se tornar Feriado Nacional

 

Zumbi dos Palmares
Imagem capturada na Internet
Fonte: Galileu

"Zumbi dos Palmares foi um dos maiores democratas

que nos encontramos na luta 

de um povo por sua liberdade.

Um homem que conseguiu manter a chama viva,

ardente nos nossos corações, nas nossas veias, 

nas nossas almas,

que fez com que esse Brasil pudesse reconhecê-lo

como herói da pátria brasileira, não herói dos negros.

(...) Não é apenas um feriado qualquer.

É uma história do Brasil"

(Deputada Benedita da Silva, PT-RJ)


Só falta, agora, o Chefe do Executivo, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aprovar o Projeto de Lei que transforma, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em feriado nacional. Mas, eu não tenho dúvidas que ele, assim, o fará... E, com certeza, eu ficarei feliz não só por sua aprovação, mas – sobretudo – pela importância de sua sanção à história do povo brasileiro.  

Desde 2017, o Senado aprovou um Projeto de Lei (PLS 482/2017) - de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) - de tornar o Dia Nacional da Consciência Negra em feriado nacional. No entanto, a aprovação ainda faltava passar pela Câmara dos Deputados e, depois, ser sancionada ou vetada pelo presidente da República 

E, como foi publicado, ontem, dia 29 de novembro, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei, que institui o dia 20 de novembro - Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra - em feriado em todo território do Brasil, ou seja, em feriado nacional 

Ao todo, na Câmara dos Deputados foram 286 votos a favor e 121 contrários ao respectivo Projeto de Lei. Apenas as bancadas dos partidos Novo e Partido Liberal (PL) sofreram pressão e foram orientados a votarem contra o respectivo projeto.  

Como o referido Projeto de Lei já foi aprovado pelas Casas Legislativas do Congresso Nacional, ou seja, pelo Senado Federal, em 2021 e, agora, pela Câmara dos Deputados, o projeto segue para sanção do presidente da República, tal como assegura a Constituição Federal.

Como mencionei na postagem anterior, acerca do feriado do dia 20 de novembro (VEJA AQUI!), em 10 de novembro de 2011, a então presidente em exercício, Dilma Rousseff, sancionou a Lei n° 12.519, a qual instituiu o dia 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. No entanto, caberia a cada Unidade Federativa estabelecer ou não a referida data como feriado, ou seja, caberia a decisão de tornar o dia em feriado aos governos municipais e estaduais. 

Hoje, dos 26 estados brasileiros, apenas seis decretaram a data como feriado estadual, a saber: Alagoas (1997); Mato Grosso (2002); Rio de Janeiro (2002); Amapá (2007); Amazonas (2010) e São Paulo (2023). 

cidade do Rio de Janeiro foi o primeiro município brasileiro a instituir o Dia Nacional da Consciência Negra, como feriado municipal, em 1999. E, em 2002, por intermédio, foi sancionada como feriado estadual pela então governadora Benedita da Silva (Lei nº. 4.007).   

Nos estados do Acre, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia e Sergipe, o Dia da Consciência Negra não consta como feriado em nenhum dos seus municípios (feriado municipal).  

Vale lembrar que no Distrito Federal é decretado ponto facultativo e, com isso, as repartições públicas distritais não funcionam.  

Os estados que só tem feriado municipal na capital, são: Roraima (Boa Vista); Santa Catarina (Florianópolis); Goiás (Goiânia) e Paraíba (João Pessoa).  

De acordo a Fundação Cultural Palmares, publicado no site da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em 1.260 municípios brasileiros, o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra está presente no calendário.  

A aprovação do texto é de suma importância. Vamos aguardar a sanção do presidente da República!


"O 20 de novembro não é somente um feriado,

aqui é remorar os quase 4 séculos de luta

contra a escravidão neste país.

É rememorar a luta cotidiana das mulheres,

da juventude negra deste país,

que luta por justiça, por liberdade e por direitos.

Ter o 20 de novembro como uma data

que reverencia um herói negro, Zumbi dos Palmares,

que lutou contra a escravidão,

é reconhecer 60% do povo que estava inviabilizado e que

 pela primeira vez vai ter um feriado 

para celebrar a sua história,

a sua memória."

Fonte de Consulta: 

CLAVERY, Elisa: Câmara aprova projeto que torna Dia da Consciência Negra feriado nacional; texto vai à sanção (2023) – G1/Globo

sábado, 25 de novembro de 2023

O Cessar-Fogo entre Israel X Hamas e a Troca de Reféns Israelenses com Prisioneiros Palestinos

 

Cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas
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Fonte: Folha de Pernambuco
Foto: Mahmud Hams/AFP

Texto atualizado em 25/11/2023 às 21:45

No âmbito do conflito entre Israel e Hamas, que teve início, em 7 de outubro do ano em curso, após o ataque surpresa do grupo terrorista ao território israelense, pela primeira vez, os combates tiveram uma pausa a contar a partir de ontem, 6ª feira (24/11), às 7h no horário local (2h em Brasília).  

O “mérito” deste cessar-fogo coube ao Qatar, que se destacou como mediador principal do acordo estabelecido entre as referidas partes, incluindo também o grupo islâmico xiita Hezbollah.   

O Egito e os Estados Unidos também atuaram como mediadores, mas sem a notoriedade alcançada pelas autoridades catarianas. 

Este cessar-fogo é temporário, a princípio, de apenas 4 dias, em concordância por ambas as partes principais (Israel e Hamas). Infelizmente, a guerra está longe de acabar ou de ter um desfecho positivo. E nós sabemos, por meio das notícias que nos chegam que este confronto armado já causou a morte de mais 15.900 pessoas, segundo dados de 22/11, publicados no CNN Brasil.

Imagem capturada na Internet
Fonte: CNN Brasil
Foto: Ahmed Zakot/Reuters

No acordo de cessar-fogo ficou estabelecido, como contrapartida, que tanto Israel quanto o Hamas libertariam os reféns de cada lado, ou melhor dizendo, seria uma troca de reféns e prisioneiros, respectivamente.

Foi acordado, inicialmente, a libertação de 150 palestinos em poder de Israel e 50 reféns israelenses capturados pelo Hamas. 

Há, ainda, a expectativa do prazo de cessar-fogo ser estendido, tendo em vista que o governo israelense garantiu que daria um dia de acréscimo à esta trégua a cada 10 reféns adicionais que o Hamas libertasse, além do número inicial de 50 pessoas. 

Estima-se que existam cerca de 240 pessoas são mantidas como reféns, sendo a maioria israelense. 

Além da libertação dos reféns, Israel também consentiu a entrada de caminhões de ajuda humanitária e de combustível, por dia, na região Sul do território palestino, por meio da passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito. 

E assim foi feito, ontem, no primeiro dia do cessar-fogo... 

Como foi acordado, durante os quatro dias do cessar-fogo, 300 caminhões de ajuda humanitária e 4 de combustível seriam enviados, por dia, à Gaza. 

Segundo a Al Jazeeza (canal estatal da monarquia do Qatar), na primeira hora de vigência da trégua, três caminhões carregados de suprimentos entraram na Faixa de Gaza, sendo dois transportando combustível e o terceiro levando gás. 

Os primeiros grupos de reféns a serem libertados, tanto por Israel quanto pelo Hamas, eram constituídos, majoritariamente, por mulheres e crianças. As de origem palestina – libertadas por Israel - foram levadas à Cisjordânia, enquanto que as liberadas pelo Hamas foram conduzidas às unidades hospitalares em Israel. 

Incialmente, o Hamas libertou 24 reféns, sendo 13 mulheres e crianças israelenses, 10 tailandeses e 1 filipino. Tanto os tailandeses quanto o filipino não foram identificados, até aonde eu li. 

Grupo de 10 trabalhadores tailandeses
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Fonte: G1/Globo
Foto: Reuters 

Dos 13 reféns israelenses liberados, o de menor idade era a Aviv Katz (2 anos), enquanto que do grupo de idosos, a mais velha era Yaffa Adar (85 anos). Todos os eles já ingressaram em território israelense. 

Aviv Katz
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo
Foto: Reuters 


Yaffa Adar
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo
Foto: Reuters 


No mesmo dia, o grupo de palestinos liberados por Israel, era constituído por 22 mulheres (sendo duas meninas) e 15 adolescentes de até 18 anos, sendo o mais novo, de 14 anos de idade. 

O acordo fechado por ambas as partes prediz que 150 prisioneiros palestinos serão libertados, neste período de quatro dias, em quatro etapas desde que, pelo menos, 10 israelenses raptados pelo Hamas sejam entregues às forças de segurança de Israel todos os dias. 

Em suma, segundo LIMA, António Saraiva (PÚBLICO), os principais pontos estabelecidos no acordo entre Israel e o Hamas foram e já se encontram em vigência:

- A implementação de uma trégua (cessar-fogo) nos combates com duração de quatro dias; 

- A libertação de 50 reféns (sobretudo mulheres e crianças) por parte do Hamas; 

- A libertação de 150 palestinos (sobretudo mulheres e menores de idade), detidos em Israel, por parte das autoridades israelitas; 

- A extensão da trégua por mais um dia para cada dez reféns israelitas libertados; 

- A possibilidade de libertação de mais 150 palestinos detidos em Israel, se o Hamas libertar mais 50 reféns de Gaza; 

- A entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza, através do posto fronteiriço de Rafah, junto ao Egito.

Esse primeiro cessar-fogo não é o ideal, mas foi o primeiro passo para tranquilizar – em parte -  os reféns, seus familiares, aos que estavam aguardando a abertura do posto de fronteira em Rafah para pedir refúgio no Egito ou em outro país e, ao mesmo tempo, foi capaz de acender a esperança – por menor que seja – de haver diálogo entre as autoridades de Israel e da Palestina e, assim, encontrar um desfecho mais feliz tanto para o povo israelense quanto para o povo palestino. 

Assim, também, pensa o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, que declarou a este respeito na 4ª feira passada (22/11): 

É um começo. Mas tem que fazer uma diferenciação.

O Hamas está devolvendo reféns.

Israel está devolvendo prisioneiros.

Mas eu vejo de maneira otimista,

porque pode representar uma oportunidade de diálogo.

Com o Hamas não, mas com os palestinos

para a existência de 2 Estados 

que se respeitem mutuamente”.

(Poder 360)


Contudo, neste sábado (25/11), o grupo terrorista Hamas adiou a soltura do segundo grupo de reféns, após acusar Israel de não respeitar os pontos do acordo firmado entre eles, impedindo a entrada de ajuda humanitária na região Norte da Faixa de Gaza.   

A intenção do grupo – ao adiar a liberação dos reféns – era justamente forçar Tel Aviv a permitir a entrada dos caminhões de ajuda humanitária na referida região palestina. 

Só que o Primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse ter permitido a entrada de 200 caminhões no território palestino, conforme determinado pelo acordo, sendo que 50 desses teriam chegado à porção Norte, mais castigada pela guerra.

O impasse criado pelo Hamas, neste segundo dia de trégua (25/11), acabou adiando a libertação da segunda leva de reféns israelenses. Embora com certo atraso, a situação foi resolvida e acredita-se que este deverá libertar, ao menos, de 20 reféns, sendo 13 israelenses (5 mulheres e oito crianças) e 7 estrangeiros, cujas nacionalidades não foram divulgadas.   

Em troca, pelo lado israelense, serão libertados 39 prisioneiros palestinos, tal como estava previsto no acordo. 

O cessar-fogo, além de permitir a troca de reféns israelenses com prisioneiros palestinos, ele possibilitou que a ajuda humanitária entrasse em Gaza, como ocorreu ontem e hoje, quando mais de 70 caminhões carregados de alimentos, água e medicamentos conseguiram entrar no território tomado. 

Que esses quatro dias de trégua e suas respectivas fases sejam cumpridas e respeitadas por ambos os lados, pois só assim a esperança será mantida viva entre os povos israelense e palestino a um desfecho positivo quanto à criação e ao futuro de seus respectivos Estados.


Fontes de Consulta 

. Guerra entre Israel e Palestinos já deixou mais de 15.900 Mortos, Mostra LevantamentoCNN Brasil 

. Hamas Adia Libertação de Reféns e Acusa Israel de Impedir que Ajuda Humanitária entre na Faixa de Gaza CNN Brasil 

. Hamas Recua e Confirma Soltura de Reféns após Dia de Impasses com Israel Acessa.com 

. LIMA, António Saraiva: Trégua, Libertação de Reféns e Ajuda Humanitária. O que é que Israel e o Hamas acordaram? - PÚBLICO

. Jornal de Israel Publica Lista com Nomes de Reféns Israelenses Libertados pelo Hamas; ACOMPANHE G1/Globo 

. Palestinos e Israelenses comemoram a volta de libertados; assista Poder 360 

. Reféns israelenses e prisioneiros palestinos soltos são recebidos com comemorações CNN Brasil 

. Retorno de Reféns a Israel dá Esperança às Famílias – Folha de Pernambuco 

. Veja quem são os 24 reféns libertados por Hamas no 1º dia de trégua na guerra – G1/Globo 

. WALTENBERG, Guilherme e PAOLA, Evellyn: Libertação de Reféns é Otunidade de Diálogo, diz Presidente da Conib Poder 360

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

20 de novembro: Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra

Imagem capturada na Internet
Fonte: Toda Matéria
Imagem: 
Valdir de Almeida e Thiago Ferraz
(Prefeitura de Barra Mansa, RJ)

 

Como todo ano, eu faço questão de enfatizar e, neste, não seria diferente... 

Hoje – 20 de novembro – comemora-se o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, definida por ser o dia da morte de Zumbi e, com isso, prestar uma homenagem a este que, durante o Século XVII (1678 a 1694), foi líder do Quilombo de Palmares.  

Localizado na Serra da Barriga, antiga Capitania de Pernambuco, o Quilombo dos Palmares era o maior do país e, atualmente, o local abriga o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, fazendo parte do município União dos Palmares, no estado de Alagoas.  

Zumbi ficou conhecido por coordenar os movimentos de resistência contra o sistema escravocrata e os ataques portugueses. Vítima de uma emboscada dos portugueses, ele foi morto em 20 de novembro de 1695 

Por toda a sua representatividade aos antigos escravos, de seu papel como líder e de resistência ao sistema escravocrata vigente no período colonial, a escolha da data foi motivada pela insatisfação e discordância quanto à única que, até então existia, como referência à população negra no país, ou seja, o dia da abolição da escravatura em nosso país (13 de maio).  

No início da década de 70, um grupo conduziu esta discussão acerca da criação de uma nova data para homenagear a população negra. Este se encontrava engajado ao movimento negro de Porto Alegre (Rio Grande do Sul).  

O poeta e professor de Língua Portuguesa, Oliveira Silveira, membro do referido grupo, foi o que propôs 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, como data mais cabível para representar a população negra brasileira.  

A nova data (20 de novembro) faz mais sentido do que a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel, que aboliu a escravidão no Brasil 

Afinal, Princesa Isabel só assinou a Lei e, nada mais, não garantindo nenhum direito ou compensação aos ex-escravos, recém libertados. Deixando-os à própria sorte em uma sociedade elitista e preconceituosa em relação a este segmento que, por séculos, foi submetido à exploração e a tratamentos desumanos por parte da população branca. 

Muitos dos ex-escravos optaram por permanecer junto às fazendas, aos seus antigos donos, exercendo trabalhos domésticos e outros de costume, em troca de prato de comida e de um espaço para dormir. 

Segundo Oliveira Silveira, a escolha do dia de sua morte, ao invés da data de seu nascimento se deu em razão da inexistência de registros históricos, fidedignos, acerca da referida data (seu nascimento) ou do início do Quilombo dos Palmares.  

Foi o Movimento Negro Unificado contra Discriminação Racial (MNUDR), criado na Bahia, em 1978, que aprovou - no final do mesmo ano - a proposta de Paulo Roberto dos Santos, um militante do Rio de Janeiro, em oficializar a data 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, em tributo a Zumbi e ao Quilombo de Palmares.  

A cidade do Rio de Janeiro foi o primeiro município brasileiro a instituir o Dia Nacional da Consciência Negra, como feriado municipal, em 1999. E, em 2002, por intermédio da Lei nº. 4.007, sancionada pela então governadora Benedita da Silva, o feriado passou a ser a nível estadual.  

No ano de 2003, o então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, incluiu a referida data comemorativa no calendário escolar, tornando obrigatório o ensino da História e Cultura Afro Brasileira (Lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003).  

Em 2008, o Governo Federal sancionou a Lei N.º 11.645 (de 10 de março de 2008), onde incluiu - nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional - a obrigatoriedade, também, da História e Cultura Indígena, além da Afro-Brasileira (estabelecida em 2003).  

Mas, foi, em 10 de novembro de 2011, que a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei n° 12.519, a qual institui oficialmente a respectiva data (20 de novembro) como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. No entanto, cada Unidade Federativa pode estabelecer ou não a referida data como feriado, ou seja, cabe aos governos municipais e estaduais, a decisão quanto a promulgação do dia como feriado. 

Desde 2017, o Senado aprovou um Projeto de Lei (PLS 482/2017) - de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) – que propõe tornar o Dia Nacional da Consciência Negra em feriado nacional. No entanto, a decisão ainda terá que passar pela Câmara Federal e ser sancionada pelo presidente da República. 

Hoje, dos 26 estados brasileiros, apenas seis decretaram a data como feriado estadual, a saber: Alagoas (1997); Mato Grosso (2002); Rio de Janeiro (2002); Amapá (2007); Amazonas (2010) e São Paulo (2023). 

Apenas nos estados do Acre, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia e Sergipe, o Dia da Consciência Negra não consta como feriado em nenhum dos seus municípios (feriado municipal e/ou estadual). 

Vale ressaltar que no Distrito Federal é decretado ponto facultativo e, com isso, as repartições públicas distritais não funcionam. 

Os estados que só tem feriado municipal na capital, são: Roraima (Boa Vista); Santa Catarina (Florianópolis); Goiás (Goiânia) e Paraíba (João Pessoa). 

De acordo a Fundação Cultural Palmares, publicado no site da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em 1.260 municípios brasileiros, o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra está presente no calendário, a saber:  

. Bahia: Sua capital, Salvador, mesmo sendo considerada a de maior população negra do país, não consta na lista, sendo feriado em apenas cinco municípios do estado: Alagoinhas, Lauro de Freitas, Cruz Das Almas, Camaçari e Serrinha; 

. Espírito Santo: É feriado em duas cidades, Cariacica e Guarapari; 

. Goiás: Além da capital, é feriado em Aparecida de Goiânia, Flores de Goiás e Santa Rita do Araguaia; 

. Maranhão: É feriado apenas no município de Pedreiras; 

. Minas Gerais: São dez cidades que contam com o feriado: Além Paraíba, Betim, Guarani, Guarani, Ibiá, Jacutinga, Juiz De Fora, Montes Claros, Santos Dumont, Sapucaí-Mirim e Uberaba;  

. Mato Grosso do Sul: É feriado apenas na cidade de Corumbá; 

. Paraíba: O feriado municipal é só na capital (João Pessoa); 

. Tocantins: Apenas na cidade de Porto Nacional que é feriado municipal; 

Não restam dúvidas quanto à importância desta data comemorativa e de sua reflexão não apenas, em termos de homenagem, mas, sobretudo, em termos de conscientização da população brasileira sobre a força, resistência e o sofrimento que o povo negro viveu no Brasil desde o período colonial.  

Não esquecendo, jamais, a sua relevância na economia colonial e imperial, em nossa cultura e na formação do povo brasileiro. 

Como consta nos registros históricos, durante o período colonial, cerca de 4,6 milhões de africanos foram submetidos ao tráfico de escravos ao Brasil para o trabalho, inicialmente, nas lavouras de cana-de-açúcar e no serviço doméstico e, posteriormente, na mineração e em outras culturas, como - por exemplo - na cafeicultura. 

Como mencionei em outra postagem, neste mesmo espaço, devido a esta sua relevância, cabe a cada um de nós, professores, independentemente de ser ou não feriado em nosso município ou Unidade Federativa, tratarmos o universo de abrangência que envolve esta data no ambiente escolar e na sociedade, quer seja a nível da importância do negro na formação do povo brasileiro, da economia e cultura do nosso país quer seja a nível de combater o preconceito, o racismo e a exclusão social.