Entrudo de rua no Rio de Janeiro registrado por Debret - Brincadeiras com pó e seringa com líquido - Imagem capturada na Internet (Fonte: Terra)
Cidade Maravilhosa
Cheia de Encantos Mil...
Cidade Maravilhosa,
Coração do meu Brasil!
Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n'alma da gente...
És o altar dos nossos corações
Que cantam alegremente!
Este é um trecho do Hino da nossa cidade, Rio de Janeiro, composto pelo baiano Antônio André de Sá Filho, mais conhecido como André Filho.
Na verdade, ele é uma marchinha de carnaval que foi gravada, em 1934 (Odeon), na voz de Aurora Miranda (irmã de Carmem Miranda) e do próprio compositor (André Filho). No entanto, ela só fez sucesso no carnaval do ano seguinte (1935), assim como faz até hoje.
Em 1960, ela passou a ser o hino oficial do estado da Guanabara (hoje, município e capital fluminense). A Guanabara existiu no período de 1960 a 1975, sendo extinta quando houve a fusão do referido estado com o estado do Rio de Janeiro.
Sua letra, além de referenciar os encantos da cidade, destaca a alegria e o gênero musical típico da cidade, o samba, considerado patrimônio cultural do Brasil a partir de 2007.
Embora, o carnaval carioca tenha obtido o título de o maior do mundo pelo Guinness World Records (o Livro Guinness dos Recordes), em 2010, ocupando a posição, anteriormente alcançada, por Salvador, o carnaval não é originalmente carioca e, muito menos, brasileiro.
Começava aí, o carnaval das elites...
Durante décadas, estas grandes sociedades representaram o evento mais importante do carnaval carioca (desfile nas ruas até chegarem aos salões). De acordo com as fontes de pesquisa, muitos atribuem a este desfile das sociedades o foco de inspiração para o surgimento das escolas de samba.
De acordo com as fontes de pesquisa, esta mudança na forma de folia (sociedades, ranchos) atrelada, sobretudo, à repressão enérgica da polícia ao entrudo popular (entrudo de rua), os resultados a favor das elites brasileiras começaram a aparecer e, em 1854, o carnaval carioca foi marcado pela animação e tranquilidade, com o desfile de carruagens com famílias fantasiadas, com muitos foliões usando máscaras avulsas e alguns até montando cavalos arreados.
Para alguns autores, este ano marcou o fim do Entrudo de rua, pois a campanha ofensiva contra as brincadeiras populares, violentas, já estava tendo resultados positivos.
Desde 1852, o entrudo de rua já vinha perdendo o seu espaço e a sua expressividade popular. E, ainda, devido ao rigor do Chefe de Polícia, na época, Dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, no cumprimento das leis, no combate ao crime, prostituição e, entre outros, ao referido entrudo popular, esta forma de folia acabou sendo reprimida, de vez, em 1854 (alguns autores fazem referência ao ano de 1856).
Em 1853, Mendes da Costa, fiscal da Freguesia da Candelária publicou, em todos os jornais, uma Portaria de combate ao entrudo de rua, sob determinação do Chefe de Polícia, Dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, na qual determinava:
"Fica proibido o jogo do entrudo;
qualquer pessoa que jogar incorrerá na pena de quatro a doze mil réis;
e não tendo com que satisfazer, sofrerá de dois a oito dias de prisão.
Sendo escravo, sofrerá oito dias de cadeia,
caso o seu senhor não o mandar castigar no calabouço com cem açoites,
devendo uns e outros infratores serem conduzidos
pelas rondas policiais à presença do Juiz
para julgar à vista das partes ou testemunhas que presenciaram a infração.
As laranjas de entrudo que forem encontradas pelas ruas ou estradas serão inutilizadas pelos encarregados das rondas fiscais.
Aos fiscais com seus guardas fica pertencendo a execução desta pena.
E para constar faço público o cumprimento da citada portaria.
Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1853.
(a) Mendes da Costa,
fiscal da freguesia da Candelária"
(Novo Milênio)
(Novo Milênio)
Em 1855, o simples trajeto das Grandes Sociedades se transformou em um evento maior, isto é, no famoso desfile de rua do primeiro Clube Carnavalesco do Rio de Janeiro e do Brasil, o Congresso das Sumidades Carnavalescas, com 80 sócios, tendo, entre estes, o romancista José de Alencar, que na época tinha 26 anos de idade.
Esta ideia de desfile nas ruas, segundo os modelos de carnaval de Paris, Roma ou Nice, partiu deste grupo de foliões e é considerado o marco histórico do carnaval brasileiro e, em especial, do Rio de Janeiro.
A partir deste, muitas outras sociedades carnavalescas se organizaram e passaram a desfilar nas ruas do centro da cidade. Em seguida, o mesmo modelo passou a ser seguido por diversas cidades brasileiras, como Recife (Pernambuco), Salvador (Bahia), Desterro (atual Florianópolis, capital de Santa Catarina), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e São Paulo (São Paulo).
Durante a segunda metade do século XIX, o desfile das grandes sociedades ainda continuava sendo a principal atração carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro e no resto do país. Mas, outras formas de folias também já aconteciam nas cidades, sobretudo, nos festejos da cidade carioca.
No final do mesmo século, em 1877, além dos grupos carnavalescos (fantasiados) serem inúmeros e desfilarem nas ruas da cidade (ranchos, sociedades ou blocos), os bailes eram promovidos nos teatros, nos clubes e salões, assim como muitas pessoas se fantasiavam e pulavam o carnaval na rua.
O desfile das grandes sociedades continuou, até o início do século XX, sendo o principal evento carnavalesc0 da cidade. No entanto, este começou a declinar na década de 30 e encerrando-se nos anos 50 do mesmo século.
Não podemos esquecer que foi na década de 30 (século XX) que a cidade do Rio de Janeiro passou a realizar concurso oficial de escolas de samba. Já em 1929, o Deixa Falar ganhou o concurso de grupos de samba, mas este não foi considerado para efeito de concurso oficial entre escolas de samba.
O primeiro concurso oficial de escolas de samba ocorreu em 1932, sob o patrocínio do jornal O Mundo Sportivo. Neste concurso, a escola Estação Primeira de Mangueira foi classificada em primeiro lugar, seguida pelas seguintes agremiações: Segunda Linha do Estácio e Vai Como Pode (2º lugares); Para o Ano Sai Melhor (3º lugares) e Unidos da Tijuca (4° lugar).
Neste concurso não houve classificação para todas as escolas de samba participantes, só os quatro primeiros lugares foram registrados.
A partir disso, o carnaval passou a representar uma grande expressão popular da cidade do Rio de Janeiro, reconhecido nacionalmente e internacionalmente.
Com o tempo, outras mudanças se sucederam no carnaval carioca, assim como nos de outros estados, tanto na forma de folia quanto no regulamento do desfile das escolas de samba. Mas, não restam dúvidas, todas são verdadeiras festas de alegria e de empolgação popular, sem discriminação racial, de orientação sexual, status social e/ou nacionalidade, já que a festa reúne muitos turistas brasileiros e estrangeiros.
E, nestes aspectos, não podemos deixar de lembrar que o Brasil não é país de um, mas de vários carnavais... Onde a alegria do folião, a dança, os instrumentos e a música conduzem a festa ao jeito peculiar de seu povo, de sua cultura, seja através de trios elétricos (Bahia), nos desfiles das escolas de samba (Rio de Janeiro, Porto Alegre, Uruguaiana, Florianópolis, Vitória, Manaus e São Paulo), no frevo (Pernambuco) ou em diferentes blocos de ruas.