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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval carioca: origem e evolução

 Entrudo de rua no Rio de Janeiro registrado por Debret - Brincadeiras com pó e seringa com líquido - Imagem capturada na Internet (Fonte:  Terra)



Cidade Maravilhosa
Cheia de Encantos Mil...
Cidade Maravilhosa,
Coração do meu Brasil!

Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n'alma da gente...
És o altar dos nossos corações
Que cantam alegremente!

Este é um trecho do Hino da nossa cidade, Rio de Janeiro, composto pelo baiano Antônio André de Sá Filho, mais conhecido como André Filho.
Na verdade, ele é uma marchinha de carnaval que foi gravada, em 1934 (Odeon), na voz de Aurora Miranda (irmã de Carmem Miranda) e do próprio compositor (André Filho). No entanto, ela só fez sucesso no carnaval do ano seguinte (1935), assim como faz até hoje.  

Em 1960, ela passou a ser o hino oficial do estado da Guanabara (hoje, município e capital fluminense). A Guanabara existiu no período de 1960 a 1975, sendo extinta quando houve a fusão do referido estado com o estado do Rio de Janeiro.

Sua letra, além de referenciar os encantos da cidade, destaca a alegria e o gênero musical típico da cidade, o samba, considerado patrimônio cultural do Brasil a partir de 2007.

Embora, o carnaval carioca tenha obtido o título de o maior do mundo pelo Guinness World Records (o Livro Guinness dos Recordes), em 2010, ocupando a posição, anteriormente alcançada, por Salvador, o carnaval não é originalmente carioca e, muito menos, brasileiro.

É claro que hoje, diferentemente dos primórdios do carnaval em nosso país, este evoluiu e se adaptou, adquirindo peculiaridades - de cada região e/ou estado - reconhecidas mundialmente, seja pelo ritmo musical, seja pelos blocos de rua, pelas brincadeiras, pelos trios elétricos, pelos bailes ou pelos desfiles das escolas de samba.

Toda esta evolução teve como ponto de origem, a influência portuguesa no período colonial. De acordo com diversas fontes de pesquisa, o carnaval surgiu no século XI, na Europa, por ocasião das celebrações da chegada da Quaresma, cujo início se dá na 4ª feira de Cinzas e se estende até as comemorações da Ressureição de Cristo, no Domingo de Páscoa.

Durante a sua evolução, não podemos esquecer, também, das contribuições italiana e parisiense através da introdução de máscaras e dos bailes de fantasia. De onde se justifica a preferência por fantasias de pierrô, colombina e arlequim nos bailes de antigamente.

A tradição portuguesa data do século XV e a forma de se comemorar a chegada da Quaresma era através de brincadeiras, como jogar água e pó nas pessoas, por exemplo. Essa brincadeira recebia o nome de entrudo, que significa “início” (em relação à Quaresma).

No final do século XVIII, esta forma de celebração já era praticada em todo o território nacional, com pequenas diferenças locais.

Havia o entrudo de rua e o entrudo familiar. O primeiro, também denominado de entrudo popular, acontecia nas principais vias públicas, sob forte controle policial, pois as brincadeiras eram – em geral - grosseiras e até temidas por muitos, pois as mais habituais eram lançar pó nos rostos das pessoas e/ou banhos de água, misturada ou não com urina.

De uma maneira geral, o público que participava do entrudo de rua (ou popular) era de nível mais baixo, incluindo neste, os escravos e os libertos.

Já o entrudo familiar acontecia no interior das residências da parcela da sociedade de maior poder aquisitivo e social, ou seja, a elite. A brincadeira habitual consistia em jogar, um nos outros, limão de cheiro,  isto é, era um limão de cera contendo um líquido perfumado no seu interior (ou laranja de cera). Segundo o artigo publicado O Significado, foi esta brincadeira que deu origem ao conhecido lança perfume.

Com a presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro e o temor da elite brasileira em sair de casa às ruas durante esta período do ano, várias tentativas surgiram a fim de acabar com o entrudo de rua, considerado muito grosseiro e violento, mas nem mesmo a importação dos bailes e dos passeios de máscara foi capaz de por fim, de imediato, às festividades populares do carnaval de rua.

As primeiras mudanças no carnaval do Rio de Janeiro aconteceram com a formação das sociedades carnavalescas, no século XIX (1830), além de iniciativas da baixa classe média e, também, das elites cariocas em brincar o carnaval, sem confrontar o entrudo de rua, surgem grupos organizados formando os ranchos, as grandes sociedades.   

Com o entrudo familiar extinto, durante décadas, o evento mais importante do carnaval das elites cariocas passou a ser os ranchos ou as grandes sociedades nas vias públicas, tendo ainda os clubes carnavalescos (grupos de amigos e parentes) que eram encarregados de organizar os bailes nos salões. Todos estes baseados no modelo de carnaval de Paris (França), com os bailes de máscaras e à fantasia.

Nesta época, as fantasias importadas dos membros das mais altas elites brasileiras eram exibidas durante o trajeto das carruagens, que eram abertas, em direção aos salões. A fim de se evitar um confronto entre as partes, ou seja, entre o povo e os referidos membros da elite carioca, as diversas carruagens se organizavam em verdadeiras comitivas.

Durante o seu percurso, a população curiosa assistia o desfile e os grupos fantasiados (elite) saudava o povo lançando limão de cheiro nas pessoas. O desfile e a exibição das fantasias importadas eram, de certo modo, bastante prazerosos para a elite brasileira, distinguindo-os das demais camadas sociais.
Começava aí, o carnaval das elites...

Durante décadas, estas grandes sociedades representaram o evento mais importante do carnaval carioca (desfile nas ruas até chegarem aos salões). De acordo com as fontes de pesquisa, muitos atribuem a este desfile das sociedades o foco de inspiração para o surgimento das escolas de samba.
De acordo com as fontes de pesquisa, esta mudança na forma de folia (sociedades, ranchos) atrelada, sobretudo, à repressão enérgica da polícia ao entrudo popular (entrudo de rua), os resultados a favor das elites brasileiras começaram a aparecer e, em 1854, o carnaval carioca foi marcado pela animação e tranquilidade, com o desfile de carruagens com famílias fantasiadas, com muitos foliões usando máscaras avulsas e alguns até montando cavalos arreados.

Para alguns autores, este ano marcou o fim do Entrudo de rua, pois a campanha ofensiva contra as brincadeiras populares, violentas, já estava tendo resultados positivos.

Desde 1852, o entrudo de rua já vinha perdendo o seu espaço e a sua expressividade popular. E, ainda, devido ao rigor do Chefe de Polícia, na época, Dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, no cumprimento das leis, no combate ao crime, prostituição e, entre outros, ao referido entrudo popular, esta forma de folia acabou sendo reprimida, de vez, em 1854 (alguns autores fazem referência ao ano de 1856).

Em 1853, Mendes da Costa, fiscal da Freguesia da Candelária publicou, em todos os jornais, uma Portaria de combate ao entrudo de rua, sob determinação do Chefe de Polícia, Dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, na qual determinava:
"Fica proibido o jogo do entrudo;
qualquer pessoa que jogar incorrerá na pena de quatro a doze mil réis;
e não tendo com que satisfazer, sofrerá de dois a oito dias de prisão.
Sendo escravo, sofrerá oito dias de cadeia,
caso o seu senhor não o mandar castigar no calabouço com cem açoites,
devendo uns e outros infratores serem conduzidos
pelas rondas policiais à presença do Juiz
para julgar à vista das partes ou testemunhas que presenciaram a infração.
As laranjas de entrudo que forem encontradas pelas ruas ou estradas serão inutilizadas pelos encarregados das rondas fiscais.
Aos fiscais com seus guardas fica pertencendo a execução desta pena.
E para constar faço público o cumprimento da citada portaria.
Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1853.
(a) Mendes da Costa,
fiscal da freguesia da Candelária"

(Novo Milênio)
Em 1855, o simples trajeto das Grandes Sociedades se transformou em um evento maior, isto é, no famoso desfile de rua do primeiro Clube Carnavalesco do Rio de Janeiro e do Brasil, o Congresso das Sumidades Carnavalescas, com 80 sócios, tendo, entre estes, o romancista José de Alencar, que na época tinha 26 anos de idade.

Esta ideia de desfile nas ruas, segundo os modelos de carnaval de Paris, Roma ou Nice, partiu deste grupo de foliões e é considerado o marco histórico do carnaval brasileiro e, em especial, do Rio de Janeiro.

A partir deste, muitas outras sociedades carnavalescas se organizaram e passaram a desfilar nas ruas do centro da cidade. Em seguida, o mesmo modelo passou a ser seguido por diversas cidades brasileiras, como Recife (Pernambuco), Salvador (Bahia), Desterro (atual Florianópolis, capital de Santa Catarina), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e São Paulo (São Paulo).

Durante a segunda metade do século XIX, o desfile das grandes sociedades ainda continuava sendo a principal atração carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro e no resto do país. Mas, outras formas de folias também já aconteciam nas cidades, sobretudo, nos festejos da cidade carioca.

No final do mesmo século, em 1877, além dos grupos carnavalescos (fantasiados) serem inúmeros e desfilarem nas ruas da cidade (ranchos, sociedades ou blocos), os bailes eram promovidos nos teatros, nos clubes e salões, assim como muitas pessoas se fantasiavam e pulavam o carnaval na rua.

O desfile das grandes sociedades continuou, até o início do século XX, sendo o principal evento carnavalesc0 da cidade. No entanto, este começou a declinar na década de 30 e encerrando-se nos anos 50 do mesmo século.
Não podemos esquecer que foi na década de 30 (século XX) que a cidade do Rio de Janeiro passou a realizar concurso oficial de escolas de samba. Já em 1929, o Deixa Falar ganhou o concurso de grupos de samba, mas este não foi considerado para efeito de concurso oficial entre escolas de samba.

O primeiro concurso oficial de escolas de samba ocorreu em 1932, sob o patrocínio do jornal O Mundo Sportivo. Neste concurso, a escola Estação Primeira de Mangueira foi classificada em primeiro lugar, seguida pelas seguintes agremiações: Segunda Linha do Estácio e Vai Como Pode (2º lugares); Para o Ano Sai Melhor (3º lugares) e Unidos da Tijuca (4° lugar).

Neste concurso não houve classificação para todas as escolas de samba participantes, só os quatro primeiros lugares foram registrados.

A partir disso, o carnaval passou a representar uma grande expressão popular da cidade do Rio de Janeiro, reconhecido nacionalmente e internacionalmente.

Com o tempo, outras mudanças se sucederam no carnaval carioca, assim como nos de outros estados, tanto na forma de folia quanto no regulamento do desfile das escolas de samba. Mas, não restam dúvidas, todas são verdadeiras festas de alegria e de empolgação popular, sem discriminação racial, de orientação sexual, status social e/ou nacionalidade, já que a festa reúne muitos turistas brasileiros e estrangeiros.

E, nestes aspectos, não podemos deixar de lembrar que o Brasil não é país de um, mas de vários carnavais... Onde a alegria do folião, a dança, os instrumentos e a música conduzem a festa ao jeito peculiar de seu povo, de sua cultura, seja através de trios elétricos (Bahia), nos desfiles das escolas de samba (Rio de Janeiro, Porto Alegre, Uruguaiana, Florianópolis, Vitória, Manaus e São Paulo), no frevo (Pernambuco) ou em diferentes blocos de ruas.

 
Fontes de Pesquisa

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Carnaval Carioca: E.M. Dilermando Cruz em ritmo de folia

Neste mesmo clima de folia, os alunos da E.M. Dilermando Cruz se envolveram durante o recreio da 6ª feira (17/02), cujo horário foi prorrogado com este propósito. Os alunos dos anos iniciais (1º ao 5º Ano) também participaram dos festejos carnavalescos durante o intervalo do recreio deles, como atividade extracurricular.
Embora, eu não tenha os registros dos mesmos, pois estava dando aula, posso assegurar que, devido a faixa etária, a riqueza de fantasia, tanto em número quanto variedade de modelos foi bem maior entre os mais novos.
Vejamos alguns registros dos alunos e profissionais do 6º ao 9º Ano.



























Abertura do Carnaval Carioca 2012


O Prefeito Eduardo Paes e o Rei Momo - Imagem capturada na Internet
(Fonte: G1 - Foto de Bernardo Tabak)

Texto atualizado em 19/02/2012 às 08h44

Como todo mundo sabe, depois do Natal e do Réveillon, a cidade do Rio de Janeiro pulsa no ritmo do samba, da correria das costureiras com as fantasias nos barracões, dos ensaios nas quadras das escolas de samba etc.
Na última 5ª feira (16/02), o Baile Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, realizado no Jockey Club Brasileiro, foi considerado o evento de abertura do Carnaval carioca, mas somente ontem (17/02), o nosso prefeito Eduardo Paes fez a entrega da chave da cidade para a Corte Real, cortejo carnavalesco composto pelo Rei Momo (Milton Júnior), a Rainha (Cristina Alves) e as Princesas (Letícia Guimarães e Suzana Gonçalves).
 Baile Oficial da Cidade do Rio de Janeiro no Jockey Club Brasileiro 
Imagem capturada na Internet (Fonte: Bailes do Rio)

Cerimônia esta, que abre oficialmente os festejos carnavalescos da cidade e, de acordo com o quê prega a tradição, é o Rei Momo que declara a abertura oficial do carnaval, após receber as chaves da cidade, como também é ele que comanda a folia e a cidade do Rio de Janeiro durante os quatro dias da festa.
Quinta ou sexta feira, não importa, pois os turistas e, sobretudo, a população carioca quer mais diversão e alegria... Ainda mais em seu município, reconhecido como a cidade que tem o maior carnaval do mundo, segundo o Guinness World Records (o livro dos recordes) e, também, pelo samba, cujo gênero musical ganhou o título de patrimônio cultural do Brasil, em outubro de 2007.
Esperamos que a alegria contagie todos os foliões e a segurança pública seja capaz de garantir a ordem e o clima de total descontração e de confraternização na maior festa popular, sem discriminação.


Fontes:

. Bailes do Rio

. G1 (Globo.Com)

. Jornal O Globo (Edição impressa nº 28.684, 18/02/2012)