sábado, 26 de agosto de 2023

Morte da Líder Quilombola e Ialorixá Maria Bernadete Pacífico: A Mãe Bernadete

Sede do Quilombo Pitanga dos Palmares
Fonte: Aratu On
Foto: Orlando Rosa (TV Aratu)

Ainda sob clima de euforia, desde o final do mês passado (julho), em razão do reconhecimento oficial da terra quilombola de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis, município da Costa Verde do estado do Rio de Janeiro, as comunidades quilombolas sofreram, em geral, um baque muito grande com a notícia do assassinato de Maria Bernadete Pacífico ou Mãe Bernadete (72 anos), matriarca e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (Bahia), no dia 17 de agosto.

Líder Quilombola, Bernadete Pacífico
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1 Bahia
Foto: Conaq

A referida líder comunitária e Ialorixá foi assassinada com 12 tiros (execução), quando estava com quatro crianças em sua casa, sendo três destes, seus netos. De acordo com diferentes reportagens acerca do respectivo caso, no momento da execução, mãe Bernadete foi afastada das crianças.  

Só em pensar nessa cena e nas que se sucederam, as imagens que nos vêm à cabeça são aterrorizantes. 

Assim como muitos líderes de comunidades quilombolas, Maria Bernadete Pacífico ou Mãe Bernadete (72 anos) vinha sofrendo diversas ameaças de morte, situação esta que a levou a fazer parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal, executado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), em 2017. Justamente, após o seu filho, Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo ter sido assassinado dentro da área do quilombo, em 19 de setembro do mesmo ano (2017). 

Fábio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1/Globo Bahia

Ele foi surpreendido e morto por homens armados, quando estava dentro do carro, na frente da escola do Quilombo Pitanga dos Palmares. 

Fabio Gabriel Pacifico, na época, exercia a função de líder do Quilombo e, desde o seu assassinato, sua mãe passou a lutar pela identificação e prisão dos responsáveis do seu homicídio. O que não deve ter agradado, nem um pouco, aos envolvidos no crime, com certeza!  

Mediante as ameaças que vinha sofrendo, por causa de suas cobranças acerca da apuração do assassinato de seu filho, assim como de outras, podemos constatar que pouco adiantou fazer parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), pois ela acabou sendo outra vítima, talvez, do mesmo grupo e do mesmo mandante...  

Em reportagem televisa e impressa, muitos membros da comunidade quilombola alegaram que a proteção prestada era muito falha, tal como argumentou David Mendez, advogado da família,  

Era uma proteção falaciosa.

Como é uma proteção sem Polícia Militar?

Sabe como era a proteção?

Uma viatura ia lá em horário indeterminado,

às vezes de manhã, às vezes de tarde, e falava:

‘Oi, dona Bernadete, tudo bem com a senhora?’.

Uma proteção para inglês ver”. 

(CORREIO, 2023)

Infelizmente, Mãe Bernadete foi morta antes do caso de seu filho ter sido concluído. Agora, o assassinato de ambos se encontram em processo investigativo.  

De acordo com as autoridades policiais, várias linhas de investigação estão sendo consideradas, tendo em vista que a sua execução pode estar ligada à grilagem de terra, à especulação imobiliária, sobretudo, de interesse industrial ou até mesmo à ação de grupos de tráfico de drogas. Eram diversos interesses sobre a área do Quilombo Pitanga dos Palmares e, a todos, Mãe Bernadete lutava contra. Segundo David Mendez, advogado da família:  

"As mais recentes ameaças diziam 

à extração ilegal de madeira.

Lá é uma APA e dentre as muitas brigas 

que Dona Bernadete capitaneava,

ela era uma espécie de delegada da comunidade, 

com autoridade moral.

Então ela não deixava que nenhuma bandidagem ou

que nada errado se criasse.

Ela batia de frente com facção criminosa,

batia de frente com extração ilegal" 


E, por isso, não restam dúvidas que era uma tragédia já anunciada... E os fatos e as estatísticas confirmam!  

Bernadete Pacífico foi a 11ª vítima quilombola assassinada no estado da Bahia, segundo dados da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) 

De acordo com a CONAQ, o seu filho Fabio Gabriel Pacifico dos Santos foi a primeira vítima registrada neste levantamento do estado da Bahia. 

Além de líder comunitária e líder religiosa, Mãe Bernadete também participava da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), lutando por direitos de sua comunidade e, também, de outros quilombos, além de defender e representar a cultura popular quilombola.  

Maria Bernadete Pacífico
Imagem capturada na Internet
Fonte: Correio

Mas, os problemas de sua comunidade quilombola (Pitanga dos Palmares) ultrapassavam os domínios de ameaças diretas e/ou indiretas por conta do homicídio de seu filho, ex-líder comunitário...  

Concomitantemente às ameaças, a cobiça por suas terras e os impactos ambientais gerados e/ou a serem gerados, sobretudo, por conta da especulação imobiliária industrial, pairavam ao mesmo nível de preocupação, luta e resistência de sua população e, em especial, da liderança de Mãe Bernadete. 

Formado por 289 famílias, a área territorial do Quilombo Pitanga dos Palmares é de 854,2 hectares. Ao entorno desta e em municípios adjacentes há diversos empreendimentos bilionários, assim como propostas de projetos a serem implantados, os quais - todavia - não oferecem a devida compensação ambiental, isto é, se dispõem a contrabalançar os possíveis impactos ambientais (ocorridos e/ou previstos) com ações positivas - sem o total prejuízo ao meio ambiente e à população local – tanto durante o processo de licenciamento ambiental quanto de sua operação 

No entanto, o Quilombo Pitanga dos Palmares já sofre diversos impactos diretos e indiretos de grandes empreendimentos tanto públicos quanto privados, existentes na região. 

Como, por exemplo, o Complexo Penitenciário Simões Filho, de sistema semiaberto, construído em 2002 e situado a 4 Km do Quilombo. A sensação de insegurança é grande, tendo em vista que já houve tentativa de invasão, de fuga e de rebelião de presos. 

Rodovias e diversas atividades petroquímicas, com destaque para o Polo Industrial de Camaçari, também, devem ser levados em consideração em termos de impactos socioambientais na região.  

O Polo Industrial de Camaçari, cuja distância é de apenas 6 km do Quilombo, além de ocasionar poluição atmosférica e de outras naturezas, possui dutos que cortam (atravessam) o território quilombola, ligando o referido Polo Industrial até o Porto de Aratu, na baía de Todos-os-Santos, no município de Candeias (BA).

"No território quilombola há uma estação 

de válvula de bloqueio

que tem potencialidade de explosão

em condições normais de funcionamento.

Em caso de vazamento anormal,

essa área potencialmente explosiva aumenta,

podendo provocar poluição do ar por gases tóxicos,

ocasionando lesões, mortes e doenças respiratórias." 

(BRASIL DE FATO, 2023) 

Como se pode observar, todos esses empreendimentos, passíveis de impactos socioambientais de qualquer natureza, bem como os conflitos de terras (conflitos fundiários) que existem, faz com que a comunidade quilombola Pitanga dos Palmares esteja sujeita não só à poluição atmosférica e dos cursos de água, como também a doenças crônicas, desmatamentos, perda da qualidade de vida, riscos de explosões, violência, entre outros. 

O território do Quilombo Pitanga dos Palmares teve a sua certificação da Fundação Palmares em 2005, mas o seu processo de titulação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que assegura o direito à terra, até hoje, não foi concluído. 

A demora de sua titulação definitiva é de caráter meramente político e a situação – cada vez mais – se agrava em prejuízo à vida e a autoridade dos quilombolas sobre o seu direito ao território.  

As atividades econômicas desenvolvidas no Quilombo são voltadas, sobretudo, à pesca, à agricultura familiar e ao artesanato baseado na extração de fibras de piaçava (obtidas pelas folhas da palmeira) e que são coletadas manualmente. 

Além do emprego de piaçavas, como matéria-prima, muitas artesãs quilombolas são bordadeiras, produzindo diversas peças em Ponto Cruz (bordado em fios contados, com formato de “X”). 

A comunidade também faz parte de uma Associação de agricultores, composta por mais de 120 produtores, os quais vendem frutas, verduras e fabricam farinha para o vatapá. 

Mas, embora ainda existam muitas lutas a enfrentar e as investigações para identificação e prisão dos respectivos autores dos homicídios, tanto de Mãe Bernadete quanto de seu filho, Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, a vida precisa seguir, pois a comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares tem noção que não vai ser nada fácil, pelo contrário! 

Após o assassinato de Mãe Bernadete, o medo tomou conta, sobretudo, entre os membros de sua família, que temem por suas respectivas vidas. 

Seu outro filho, Jurandir Wellington Pacífico, sua esposa, três sobrinhos (que estavam presentes no dia da execução da avó) e a viúva de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho (assassinado em 2017) deixaram o Quilombo, seguindo para um local secreto (desconhecido), onde se encontram sob vigilância da Polícia Militar durante 24 horas do dia

Segundo Jurandir Wellington,

"Foi uma decisão da família, se retirar do local.

Até porque foi um impacto muito grande,

os netos, meus sobrinhos viram a execução da avó.

É uma coisa muito forte.

Nós quilombolas somos resistentes,

mas tudo tem um limite". (Jornal Nacional – GLOBO)  

O corpo da líder comunitária e religiosa, Maria Bernadete Pacífico foi velado no Quilombo Pitanga dos Palmares no dia 18/08 (6ª feira) e foi sepultado no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas (Salvador, Bahia) onde o seu filho Flávio Gabriel está enterrado.  

Velório de Mãe Bernadete
Imagem capturada na Internet
Fonte: Portal A Tarde

http://
Imagem capturada na Internet
Fonte: BNews
Foto: Paulo M. Azevedo/BNews

A missa de sétimo dia (24/08) foi realizada na Igreja do Senhor do Bonfim, na capital baiana.  

Infelizmente, enquanto, as áreas remanescentes de antigos Quilombos não forem efetivamente homologadas e a comunidade quilombola não receber a Titulação definitiva, a qual que lhe concede o direito à terra, a cobiça e a exploração ilegal colocarão em risco a vida de sua população.  


Fontes de Pesquisa: 

. LACERDA, Nara: Território onde vivia Mãe Bernadete na Bahia é alvo de exploração e ataques desde o período colonial (2023) – Brasil de Fato 

. Mãe Bernadete é a 11ª quilombola morta na BA nos últimos 10 anos, aponta Conaq; relembre casos (2023) – G1/Globo 

. MOREIRA, Leo: Família de Mãe Bernadete deixa Quilombo e irá receber proteção 24h (2023) – Portal A Tarde 

. NOVAIS, Wendel de: Mãe Bernadete recebia ameaças constantes apesar de ter medida protetiva, diz advogado (2023) - Correio 

. NOVAIS, Wendel de: Grilagem, especulação imobiliária e interesse industrial: as hipóteses por trás da execução de Mãe Bernadete (2023) - Correio 

. Parentes de Mãe Bernadete deixam o Quilombo Pitanga dos Palmares, na Região Metropolitana de Salvador (BA) – G1/Globo – Jornal Nacional 

. VIEIRA, Malu: Quilombo Pitanga dos Palmares é lar de quase 300 famílias e tem histórico de conflitos fundiários, diz Governo da Bahia (2023) – G1/Globo - Bahia

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Campanha da Solidariedade: Dia D e Finalização desta Edição

 

Logotipo da Campanha da Solidariedade 
da E.M. Dilermando Cruz

A I Campanha da Solidariedade, deste ano, será encerrada amanhã (24/08), mas ainda há tempo de contribuir, doando gelatinas e leite em pó (integral).  

E, conforme o acertado, em reunião com a Turma 1705, na terça-feira da semana passada, dia 15/08, realizamos o Dia D da Campanha da Solidariedade da nossa Unidade Escolar (E.M. Dilermando Cruz). 

Os alunos da referida turma se revezaram nos dois turnos do diurno (manhã e tarde) para receber os donativos dos membros da nossa Comunidade Escolar. A dificuldade maior foi o responsável autorizar que o (a) filho (a) participasse no contraturno, isto é, no horário da tarde. Daí o menor número de alunos fora do seu horário normal (manhã). 

Divulgamos, previamente, sobre esse dia específico, por meio de cartazes, espalhados em todas as salas de aula e em outros espaços da escola (pátio interno e externo, refeitório e corredores). 

Cumprimos como sempre foi feito em campanhas anteriores... Alguns alunos da turma responsável pela Campanha da Solidariedade (1705), em acordo e autorização dos professores do dia (3ª feira) ficaram no pátio da Unidade Escolar, mais especificamente, na frente da Sala Ramona, recebendo os donativos tanto dos alunos quanto dos professores e funcionários. 

Como é de conhecimentos de muitos, a expressão “Dia-D” foi utilizada inicialmente sob caráter militar, sendo empregada a partir da I Guerra Mundial (1914-1918) para ressaltar que um “importante ataque ou operação” seria realizado.  

Contudo, a nossa intenção em assinalar o Dia D da Campanha da Solidariedade não tem nenhum sentido análogo à guerra, a um conflito armado. Pelo contrário! 

O seu objetivo principal é unificar, em um dia específico, todas as ações altruístas em prol da Campanha através da entrega de donativos daqueles que ainda não participaram, mas anseiam em contribuir. 

E, também, como já mencionei em postagem anterior acerca de outra Edição da Campanha da Solidariedade, o “D é em alusão à Doação, à Dedicação, a Dilermando (Unidade Escolar) ”. 

Os alunos selecionados para participar do evento, no pátio da escola, no 1 Turno (manhã), com as devidas autorizações dos demais professores foram: 

- Ana Eloiza Carvalho de Melo; 

- Kauã Oliveira Silva; 

- Leandra Soares de Oliveira; 

- Leonardo Francisco Alves. 

 Da direita para esquerda, Kauã Oliveira, Leandra Soares,
Ana Eloiza Carvalho e Leonardo Francisco

Já os alunos do 2° Turno (tarde), embora não tivessem esse problema de pedir autorização dos professores do dia, o maior empecilho foi a dos responsáveis, já que os mesmos ficariam direto na escola até às 15h30 e, muitos se mostraram preocupados com a segurança deles ao retorno para casa. 

Mediante a esta situação, apenas dois alunos se ofereceram a participar e foram autorizados pelos seus respectivos responsáveis, os quais foram: 

- Ana Clara Teixeira Balbino; 

- João Gabriel Paz Farias Mororó. 


  Da direita para esquerda, Ana Clara Teixeira e
João Gabriel Paz

Durante o evento e, infelizmente, a nossa mascote da Campanha da Solidariedade, a LETINA ("mistura de leite e gelatina") teve uma de suas pernas descolada, o que a impediu de ficar de pé na mesa, o tempo todo, como é de costume fazermos. 

Não foi culpa de ninguém e o aluno Francisco Wladimir Moura Leitão, que a confeccionou, tomou ciência do fato. 

Embora, o quantitativo arrecadado tenha sido muito aquém do esperado, muitos membros da Comunidade Escolar entregaram donativos nos dias subsequentes.  

Na próxima 2ª feira (28/08), à tarde, iremos concluir as etapas finais, triagem, contagem, separação dos donativos e fechamento das caixas a serem entregues às duas Instituições beneficiadas por este Projeto, a saber: 

           . Hospital Mário Kroeff (Penha Circular);

. Casa de Apoio à Criança com Câncer São Vicente de Paulo (Irajá) 

Mesmo tendo marcado o encerramento desta Campanha para amanhã, a entrega dos donativos só será feita no final deste mês.

Outros registros fotográficos...

Manhã: 











Tarde:



sábado, 19 de agosto de 2023

Verão no Hemisfério Norte: Temperaturas Extremas, Seca, Incêndios Florestais e Migração Forçada

 

Phoenix (Arizona), em 18/07/2023
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1 Globo
Foto: Patrick T. Fallon - AFP

Texto modificado em 19/08/2023 às 09h15


Lembro-me, desde a época da graduação, tanto nas aulas da faculdade de Geografia quanto nas apresentações em Congressos, Simpósios e outras Conferências no âmbito das Geociências e do Meio Ambiente, que esta questão do aumento da temperatura da Terra e as mudanças climáticas eram dadas como certas em um futuro próximo e, consequentemente, os prognósticos eram extremamente preocupantes em razão de seus impactos no planeta.

Isso tudo em decorrência do Aquecimento Global...  

O pior é que este futuro tão nefasto não está próximo, ao contrário, ele já chegou e seus efeitos já podem ser observados e sentidos, tanto por nós, seres humanos, quanto pelos animais e vegetais. Por fim, direta e/ou indiretamente, o planeta todo está sentindo, com algumas variações, os efeitos do aumento da temperatura da Terra. 

São as mudanças climáticas que tanto se falou e que, hoje em dia, se fala de forma mais contundente ... 

Estamos na Era de Mudança Climática! Sob a terrível perspectiva de vir a ser o “novo normal” das condições climáticas do mundo.

Sob o contexto da dinâmica ambiental, além do aumento da temperatura ser resultante do Aquecimento Global, outro fenômeno, também, contribui para a sua elevação, o fenômeno El Niño e, também, o aquecimento das águas do oceano Pacífico, colaborando para a alteração dos padrões atmosféricos em diversas regiões do mundo.

No hemisfério Sul, a estação do ano vigente é o inverno, desde o dia 21 de junho, e, é bem perceptível, que as temperaturas estão mais altas, tornando o nosso inverno mais quente, ameno 

Já no hemisfério Norte, a estação é o verão e, as condições climáticas estão mais severas, com registros de temperaturas extremamente elevadas e baixa umidade. 

Diferentemente dos padrões normais da respectiva estação do ano, as ondas de calor estão ocorrendo no hemisfério Norte – de uma forma geral - com maior intensidade, frequência e estão mais prolongadas.   

Piazza del Popolo (Roma, Itália), em 18/07/2023
Fonte: G1 - Globo
Foto: Remo Casilli o Reuters

De acordo com os especialistas, estas ondas de calor extremo que marcaram, sobretudo, o mês de julho (considerado o mais quente), tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, no norte da África e na Ásia são decorrentes das mudanças climáticas, ou seja, são consequentes do Aquecimento Global. 

De acordo com o Serviço de Monitoramento das Alterações Climáticas Copernicus, ligado à União Europeia, julho foi o mês mais quente de todos os tempos de registros, no mundo. Sua temperatura média foi de 16,9 ºC, isto é, 0,33 ºC acima do recorde anterior, datado em julho de 2019. 

Segundo Carlos Buontempo, diretor do Copernicus, as recentes estatísticas indicam que as temperaturas do mês de julho não têm precedentes há milhares de anos.  

Em suas análises incluem o uso e medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo. 

Neste ano (2023), o dia 6 de julho foi registrado como o mais quente, com uma temperatura média global de 17,08 ºC 

No referido mês, a temperatura da Terra foi 0,72 ºC acima da média global registrada entre os anos de 1991 e 2020. 

Além disso, verificou-se – também - um recorde de altas de temperaturas nos oceanos, a cerca de 10 metros abaixo da superfície, em média, a água ficou 0,51 ºC mais quente do que o recorde anterior.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ações mais ativas aos líderes globais a esta situação de calor extremo mediante aos riscos à saúde e à vida, enfatizando em sua postagem no Twitter, 

“A crise climática não é um alerta. Ela está acontecendo”.

A Agência das Nações Unidas (ONU) que observa e acompanha os potenciais recordes de calor da Terra é a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O seu Secretário-Geral, advertiu em nota: 

"Fenômenos meteorológicos extremos

têm importantes repercussões

na saúde humana, nos ecossistemas, na economia,

na agricultura, na energia e no abastecimento de água." 

Isto é fato e bastante preocupante!

Por outro lado e, ao mesmo tempo, as temperaturas altas e a baixa umidade estão provocando o aumento de incêndios florestais em vários países. 

Estados Unidos, Canadá, Grécia, Itália, Portugal, Croácia, Rússia, Espanha, Tunísia, Argélia e outros países sofreram com os incêndios florestais, neste verão, em razão dos recordes de calor.

Muitas pessoas perderam tudo e muito mais tiveram que migrar para locais mais seguros.

Mais recentemente, o Canadá e a ilha de Maui, no Havaí (EUA), tiveram que evacuar as suas respectivas populações mediantes aos riscos em que estas se encontravam expostos ao fogo. 

Tanto para o Canadá quanto para o Havaí, a estação de verão de 2023 está sendo considerada a pior temporada de incêndios florestais de suas histórias. 

Em razão da sua propagação e intensidade no território canadense, o governo solicitou apoio internacional no combate aos incêndios florestais. E o Brasil foi um dos países que enviou ajuda por meio de envio de brigadistas do Prevfogo, do Ibama. 

No dia 21 de julho, um grupo de 104 brasileiros viajou para o Canadá e atuará até o dia 22 do mês em curso (agosto) na Colúmbia Britânica. Até o fim da missão, o auxílio é em Okanagan Falls, na fronteira com os Estados Unidos. 

Yellowknife (Canadá)
Imagem capturada na Internet
Fonte: O Globo - Clima e Ciência
Foto: Jordan Straker/UGC/AFP 


A combinação perigosa das altas temperaturas, baixa umidade e grande quantidade de material para combustão (vegetação seca) é certa e propícia à devastação do território pelo fogo. 

Recentemente, no dia 11 de agosto, o Jornal O Eco publicou: 

Há 1.100 incêndios ativos no Canadá,

sendo que mais de 700 estão fora de controle.

O fogo está espalhado pelo país,

sendo que a situação é crítica na

Colúmbia Britânica (397 incêndios ativos), no oeste do país,

nos Territórios do Noroeste (226) e Yukon (138),

região que faz fronteira com o Alasca, nos EUA.

Alberta, que liderava no número de incêndios em maio,

quando o problema começou a se intensificar,

agora ocupa a quarta posição, com 95 incêndios ativos.”

Já o estado estadunidense do Havaí, os danos materiais e as perdas humanas em consequência dos incêndios florestais assinalaram o verão com a pior catástrofe natural de sua história. Mais de 100 pessoas morreram.

Ilha de Maui (Havaí)
Imagem capturada na Internet
Fonte: CNN Brasil

 



Ilha de Maui (Havaí)
Imagens capturadas na Internet (ambas)
Fonte: DW Made for Mind

As condições climáticas extremas combinadas com a ação de ventos fortes, o ar seco (baixa umidade) e vegetação extremamente seca contribuíram para provocar e alastrar o fogo.

"Com a mudança climática causada pelos humanos,

vamos vivenciar mais temperaturas extremas e mais secas

– as condições perfeitas para incêndios como o atual."

Por outro lado, este verão extremamente quente no hemisfério Norte, traz como consequências também, chuvas intensas, alagamentos, aumento da temperatura das águas oceânicas e, com isso, uma séria ameaça aos corais. 

Além destes efeitos há a preocupação das autoridades da área de Saúde para os malefícios das altas temperaturas para o ser humano, quer seja por desidratação quer seja por infarto do miocárdio (ou ataque cardíaco), podendo chegar a óbito. 

Sem dados mais recentes, ou seja, deste ano, sabe-se que - de acordo com um estudo publicado na Nature Medicine, no dia 10/07/2023 - só no verão de 2022, mais de 61 mil pessoas morreram em consequência das altas temperaturas calor na Europa. 

Este, até então, havia sido considerado o verão mais quente registrado no continente europeu. 


Fontes de Pesquisa 

. AMANTE, Angelo e FARGEDA, Emma: Agência da ONU aponta maior risco de mortes causadas pela onda de calor extremo na Europa, Ásia e EUA (2023) – CNN Brasil 

. FOTOS: Onda de calor causa incêndios e leva temperaturas ao extremo no Hemisfério Norte (2023) – G1/Globo 

. FREUND, Alexander: O que causou os incêndios florestais devastadores no Havaí? (2023) – DW Made for Mind 

. Mês de Julho é o mais quente já registrado, diz UE (2023) – ANSA Brasil

. OLIVETO, Paloma: Verão no Hemisfério Norte registra temperaturas extremas (2023) – Correio Braziliense 

. OMS alerta que temperaturas extremamente altas do Hemisfério Norte agora são o ‘novo normal’ (2023) – Bom Dia, Brasil – G1 

. PACHECO, Priscila: Fogo recorde no Canadá não para e país recebe ajuda do Brasil (2023) – Jornal (o)eco 

. TOLAN, Casey; CHAPMAN, Isabelle e DEVINE, Curt: Combinação devastadora de condições desencadeou o incêndio mortal no Havaí (2023) – CNN Brasil