sábado, 19 de agosto de 2023

Verão no Hemisfério Norte: Temperaturas Extremas, Seca, Incêndios Florestais e Migração Forçada

 

Phoenix (Arizona), em 18/07/2023
Imagem capturada na Internet
Fonte: G1 Globo
Foto: Patrick T. Fallon - AFP

Texto modificado em 19/08/2023 às 09h15


Lembro-me, desde a época da graduação, tanto nas aulas da faculdade de Geografia quanto nas apresentações em Congressos, Simpósios e outras Conferências no âmbito das Geociências e do Meio Ambiente, que esta questão do aumento da temperatura da Terra e as mudanças climáticas eram dadas como certas em um futuro próximo e, consequentemente, os prognósticos eram extremamente preocupantes em razão de seus impactos no planeta.

Isso tudo em decorrência do Aquecimento Global...  

O pior é que este futuro tão nefasto não está próximo, ao contrário, ele já chegou e seus efeitos já podem ser observados e sentidos, tanto por nós, seres humanos, quanto pelos animais e vegetais. Por fim, direta e/ou indiretamente, o planeta todo está sentindo, com algumas variações, os efeitos do aumento da temperatura da Terra. 

São as mudanças climáticas que tanto se falou e que, hoje em dia, se fala de forma mais contundente ... 

Estamos na Era de Mudança Climática! Sob a terrível perspectiva de vir a ser o “novo normal” das condições climáticas do mundo.

Sob o contexto da dinâmica ambiental, além do aumento da temperatura ser resultante do Aquecimento Global, outro fenômeno, também, contribui para a sua elevação, o fenômeno El Niño e, também, o aquecimento das águas do oceano Pacífico, colaborando para a alteração dos padrões atmosféricos em diversas regiões do mundo.

No hemisfério Sul, a estação do ano vigente é o inverno, desde o dia 21 de junho, e, é bem perceptível, que as temperaturas estão mais altas, tornando o nosso inverno mais quente, ameno 

Já no hemisfério Norte, a estação é o verão e, as condições climáticas estão mais severas, com registros de temperaturas extremamente elevadas e baixa umidade. 

Diferentemente dos padrões normais da respectiva estação do ano, as ondas de calor estão ocorrendo no hemisfério Norte – de uma forma geral - com maior intensidade, frequência e estão mais prolongadas.   

Piazza del Popolo (Roma, Itália), em 18/07/2023
Fonte: G1 - Globo
Foto: Remo Casilli o Reuters

De acordo com os especialistas, estas ondas de calor extremo que marcaram, sobretudo, o mês de julho (considerado o mais quente), tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, no norte da África e na Ásia são decorrentes das mudanças climáticas, ou seja, são consequentes do Aquecimento Global. 

De acordo com o Serviço de Monitoramento das Alterações Climáticas Copernicus, ligado à União Europeia, julho foi o mês mais quente de todos os tempos de registros, no mundo. Sua temperatura média foi de 16,9 ºC, isto é, 0,33 ºC acima do recorde anterior, datado em julho de 2019. 

Segundo Carlos Buontempo, diretor do Copernicus, as recentes estatísticas indicam que as temperaturas do mês de julho não têm precedentes há milhares de anos.  

Em suas análises incluem o uso e medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo. 

Neste ano (2023), o dia 6 de julho foi registrado como o mais quente, com uma temperatura média global de 17,08 ºC 

No referido mês, a temperatura da Terra foi 0,72 ºC acima da média global registrada entre os anos de 1991 e 2020. 

Além disso, verificou-se – também - um recorde de altas de temperaturas nos oceanos, a cerca de 10 metros abaixo da superfície, em média, a água ficou 0,51 ºC mais quente do que o recorde anterior.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ações mais ativas aos líderes globais a esta situação de calor extremo mediante aos riscos à saúde e à vida, enfatizando em sua postagem no Twitter, 

“A crise climática não é um alerta. Ela está acontecendo”.

A Agência das Nações Unidas (ONU) que observa e acompanha os potenciais recordes de calor da Terra é a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O seu Secretário-Geral, advertiu em nota: 

"Fenômenos meteorológicos extremos

têm importantes repercussões

na saúde humana, nos ecossistemas, na economia,

na agricultura, na energia e no abastecimento de água." 

Isto é fato e bastante preocupante!

Por outro lado e, ao mesmo tempo, as temperaturas altas e a baixa umidade estão provocando o aumento de incêndios florestais em vários países. 

Estados Unidos, Canadá, Grécia, Itália, Portugal, Croácia, Rússia, Espanha, Tunísia, Argélia e outros países sofreram com os incêndios florestais, neste verão, em razão dos recordes de calor.

Muitas pessoas perderam tudo e muito mais tiveram que migrar para locais mais seguros.

Mais recentemente, o Canadá e a ilha de Maui, no Havaí (EUA), tiveram que evacuar as suas respectivas populações mediantes aos riscos em que estas se encontravam expostos ao fogo. 

Tanto para o Canadá quanto para o Havaí, a estação de verão de 2023 está sendo considerada a pior temporada de incêndios florestais de suas histórias. 

Em razão da sua propagação e intensidade no território canadense, o governo solicitou apoio internacional no combate aos incêndios florestais. E o Brasil foi um dos países que enviou ajuda por meio de envio de brigadistas do Prevfogo, do Ibama. 

No dia 21 de julho, um grupo de 104 brasileiros viajou para o Canadá e atuará até o dia 22 do mês em curso (agosto) na Colúmbia Britânica. Até o fim da missão, o auxílio é em Okanagan Falls, na fronteira com os Estados Unidos. 

Yellowknife (Canadá)
Imagem capturada na Internet
Fonte: O Globo - Clima e Ciência
Foto: Jordan Straker/UGC/AFP 


A combinação perigosa das altas temperaturas, baixa umidade e grande quantidade de material para combustão (vegetação seca) é certa e propícia à devastação do território pelo fogo. 

Recentemente, no dia 11 de agosto, o Jornal O Eco publicou: 

Há 1.100 incêndios ativos no Canadá,

sendo que mais de 700 estão fora de controle.

O fogo está espalhado pelo país,

sendo que a situação é crítica na

Colúmbia Britânica (397 incêndios ativos), no oeste do país,

nos Territórios do Noroeste (226) e Yukon (138),

região que faz fronteira com o Alasca, nos EUA.

Alberta, que liderava no número de incêndios em maio,

quando o problema começou a se intensificar,

agora ocupa a quarta posição, com 95 incêndios ativos.”

Já o estado estadunidense do Havaí, os danos materiais e as perdas humanas em consequência dos incêndios florestais assinalaram o verão com a pior catástrofe natural de sua história. Mais de 100 pessoas morreram.

Ilha de Maui (Havaí)
Imagem capturada na Internet
Fonte: CNN Brasil

 



Ilha de Maui (Havaí)
Imagens capturadas na Internet (ambas)
Fonte: DW Made for Mind

As condições climáticas extremas combinadas com a ação de ventos fortes, o ar seco (baixa umidade) e vegetação extremamente seca contribuíram para provocar e alastrar o fogo.

"Com a mudança climática causada pelos humanos,

vamos vivenciar mais temperaturas extremas e mais secas

– as condições perfeitas para incêndios como o atual."

Por outro lado, este verão extremamente quente no hemisfério Norte, traz como consequências também, chuvas intensas, alagamentos, aumento da temperatura das águas oceânicas e, com isso, uma séria ameaça aos corais. 

Além destes efeitos há a preocupação das autoridades da área de Saúde para os malefícios das altas temperaturas para o ser humano, quer seja por desidratação quer seja por infarto do miocárdio (ou ataque cardíaco), podendo chegar a óbito. 

Sem dados mais recentes, ou seja, deste ano, sabe-se que - de acordo com um estudo publicado na Nature Medicine, no dia 10/07/2023 - só no verão de 2022, mais de 61 mil pessoas morreram em consequência das altas temperaturas calor na Europa. 

Este, até então, havia sido considerado o verão mais quente registrado no continente europeu. 


Fontes de Pesquisa 

. AMANTE, Angelo e FARGEDA, Emma: Agência da ONU aponta maior risco de mortes causadas pela onda de calor extremo na Europa, Ásia e EUA (2023) – CNN Brasil 

. FOTOS: Onda de calor causa incêndios e leva temperaturas ao extremo no Hemisfério Norte (2023) – G1/Globo 

. FREUND, Alexander: O que causou os incêndios florestais devastadores no Havaí? (2023) – DW Made for Mind 

. Mês de Julho é o mais quente já registrado, diz UE (2023) – ANSA Brasil

. OLIVETO, Paloma: Verão no Hemisfério Norte registra temperaturas extremas (2023) – Correio Braziliense 

. OMS alerta que temperaturas extremamente altas do Hemisfério Norte agora são o ‘novo normal’ (2023) – Bom Dia, Brasil – G1 

. PACHECO, Priscila: Fogo recorde no Canadá não para e país recebe ajuda do Brasil (2023) – Jornal (o)eco 

. TOLAN, Casey; CHAPMAN, Isabelle e DEVINE, Curt: Combinação devastadora de condições desencadeou o incêndio mortal no Havaí (2023) – CNN Brasil

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