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quarta-feira, 3 de abril de 2024

O que é Mito e o que é Verdade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

 

Símbolo do Autismo
Imagem capturada na Internet
Fonte: Conautismo

Em razão da Campanha Abril Azul, muitos artigos estão sendo publicados na Internet e em outros meios de comunicação acerca do referido distúrbio, inclusive, como meio de promover o seu conhecimento e a conscientização das pessoas acerca deste. 

Em razão desta gama de reportagens, eu selecionei uma – publicada por Lara Castelo no Estadão – que trata dos Mitos e Verdades sobre o Autismo. 

Segue, abaixo, a transcrição na íntegra da mesma, com numeração e alguns destaques assinalados por mim. 

1. “Autismo é doença”

MITO: O transtorno do espectro autista é uma condição de origem genética para a qual não há cura, remédio ou tratamento. Quando se fala em tratamento, ele é direcionado para as comorbidades que podem surgir a partir do quadro, como ansiedade e depressão. 

2. “Autismo é hereditário”

MITO: Apesar de ter origem genética, isso não significa que o TEA seja hereditário. 

Segundo o neuropediatra Abram Topczewski, presidente do Núcleo de Orientação para o Transtorno do Espectro Autista (Notea), que atende pessoas com TEA em situação de vulnerabilidade, a condição tem relação com uma mutação genética que independe de parentesco e pode acontecer com qualquer um. 

O especialista destaca ainda que, além da causa genética – que é a mais determinante –, há fatores ambientais que podem aumentar as chances de alguém ter TEA. “Uso de álcool, tabaco e drogas durante a gestação, idade avançada do pai e exposição à poluição são alguns deles”, descreve. 

3. “Autismo pode ser causado por falta de afeto”

MITO: Antigamente, chegou-se a cogitar que a falta de afeto materno pudesse ser uma das causas do autismo – essa hipótese ganhou o nome de “teoria da mãe geladeira”. Hoje, contudo, essa relação foi totalmente descartada e considerada sem fundamento científico. 

4. “Existem diferentes graus de autismo”

VERDADE: Há três graus de autismo que variam de acordo com a necessidade de suporte do paciente. 

No grau 1, a pessoa tem necessidade de suporte; no 2, ela precisa de suporte substancial; e, no 3, de suporte muito substancial. 

O nível é determinado no momento da avaliação. Ao longo da vida, dependendo de eventuais desconfortos emocionais, pessoas do nível 2 podem migrar para o nível 3 ou, ainda, para o nível 1. 

Importante destacar também que não se usam mais os termos “leve”, “moderado” ou “severo” para categorizar a condição. 

5. “Exames de laboratório ajudam no diagnóstico”

MITO:  O diagnóstico do TEA acontece exclusivamente por meio de exames clínicos, de acordo com Topczewski. “Isso acontece através da observação e do monitoramento das etapas de desenvolvimento da criança por um especialista. Portanto, exames laboratoriais, como os de sangue, não têm função”, diz. 

6. “Adultos podem ser diagnosticados com autismo”

VERDADE: Como há diferentes graus de autismo, é possível que a condição passe quase despercebida por anos e só seja confirmada na idade adulta. 

7. “Há tratamento para autismo”

MITO: Como TEA não é uma doença, não há cura ou tratamento para a condição. Em contrapartida, existem terapias capazes de melhorar a qualidade de vida e promover a independência dos pacientes, segundo Topczewski. 

“É importante contar com um tratamento psicológico”, destaca o médico. Ele ainda cita a relevância de atividades artísticas, esportes, entre outras. “Além de estimularem o desenvolvimento do paciente, elas podem despertar talentos e elevar a sua autoestima”, justifica. 

Em alguns casos, os pacientes com TEA podem se beneficiar de acompanhamentos neurológico ou psiquiátrico. “Há distúrbios relacionados ao TEA, que necessitam acompanhamento profissional, como depressão, ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo (TOC)”, exemplifica. 

8. “Crianças com autismo devem ser matriculadas em escolas especiais”

MITO: É importante que as crianças com TEA sejam acompanhadas individualmente na escola. Isso não quer dizer, porém, que elas devam frequentar uma escola que só atenda pessoas com transtornos cognitivos — muito pelo contrário. 

De acordo com Topczewski, para estimular o desenvolvimento de todas as crianças, e não só daquelas com TEA, é essencial garantir o contato com quem é diferente. “Dessa forma, elas aprendem sobre a realidade e inclusão”, pontua.


 Fonte de Pesquisa:

CASTELO, Lara: Confira 8 mitos e verdades sobre autismo - Estadão

Campanha Abril Azul: Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Imagem capturada na Internet
Fonte: Hospital Santa Mônica

 

Ontem, dia 02 de abril, foi comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Data bastante importante, sobretudo, para nós – educadores – que lidamos com vários alunos portadores de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, também, com os seus respectivos responsáveis. 

Por experiência própria, a cada dia aprendo algo novo com eles e o contato permanentemente com os responsáveis é de suma importância, não restam dúvidas! 

Ainda é possível observar atitudes insensatas de muitos responsáveis e até de professores, consideradas impróprias em relação a tratamento de autistas, tais como gritar, ameaçá-los, constrangê-los na frente de outros, excesso de cobranças, criticá-los, proferir comentários negativos, entre outros. Tudo isso afeta - negativamente - a autoestima do mesmo. 

Daí a importância de nossa conscientização acerca deste transtorno, do seu enfrentamento, de suas necessidades e possibilidades, capazes de subsidiar uma relação mais harmoniosa e positiva entre as partes. E é, justamente, com este intuito que a Campanha “Abril Azul” merece a nossa atenção e divulgação. 

Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Campanha “Abril Azul”, ocorre todo ano, desde 2008, com o objetivo principal de dar maior visibilidade e conhecimento sobre o Autismo, sobretudo, promover a conscientização e a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado por algum grau de comprometimento na capacidade de comunicação, na linguagem, na interação social e no comportamento (repetitivos ou metódicos). Podendo haver, também, uma hipersensibilidade sensorial e desenvolvimento motor atrasado. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Este termo, Transtorno do Espectro Autista (TEA) passou a ser empregado, em 2013, por ocasião do lançamento do 5° Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-5, na sigla em inglês), produzido pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês), que englobou todos as variações de autismo. Assim sendo, o termo “espectro” abrange desde as manifestações de autismo mais leve até a mais severa, isto é, desde o nível 1 ao nível 3. 

O TEA se manifesta na infância, ou seja, nos primeiros anos de vida. Contudo, o trabalho de diagnóstico por um profissional só é feito entre os 4 e 5 anos de idade, pois, na maioria dos casos, durante os primeiros cinco anos de vida, suas condições são aparentes. O transtorno tende a persistir nas fases da adolescência e adulta. 

Em geral, os indivíduos portadores de TEA apresentam, frequentemente e ao mesmo tempo, outros transtornos associados, como depressão, ansiedade, epilepsia, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). 

A causa do autismo ainda é desconhecida. No entanto, acredita-se que a fatores genéticos estão ligados ao seu desenvolvimento. Estudos indicam outras possíveis causas, a saber: desordens metabólicas; infecções virais; lesões na formação do cérebro; complicações no parto ou na gravidez. 

De acordo com especialistas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não tenha cura. Contudo, existem medicamentos que podem ser administrados e que minimizam consideravelmente os seus sintomas. 

Em relação ao TEA, não se fala em tratamento,

mas em formas de reduzir as comorbidades

e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Isso pode se dar através de auxílio psicológico,

atividades lúdicas ou, eventualmente,

acompanhamento neurológico e psiquiátrico”.

(ESTADÃO, 2024)  

Estima-se que no Brasil existam cerca de 2 milhões de brasileiros com algum nível de autismo. No entanto, muitos ainda não têm diagnóstico. 

Entender a patologia ainda é um grande desafio para muitas pessoas, principalmente aquelas que convivem e/ou lidam com quem a tem. 

O autismo apresenta diferentes níveis, isto é, ele pode se manifestar de forma leve até a mais severa. 

Sintomas do Autismo

O indivíduo portador de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode apresentar uma série de sinais, sendo alguns mais evidentes que outros, os quais podem ser:

- Dificuldades em interagir socialmente (socialização);

- Introspecção (os autistas costumam se isolar);

- Alterações no comportamento:

Na fase infantil: repetição de movimentos ou falas continuamente; evita gestos de afeto, como beijos e abraços; tem atitudes agressivas. 

Na fase adulta: observa-se as seguintes alterações: fica mais tempo em casa; desenvolve sintomas de ansiedade; demonstra interesse apenas por determinadas atividades; dificuldades na comunicação (é comum que eles não se expressem verbalmente e sejam resistentes à comunicação). 

Se o portador do TEA não for tratado de maneira apropriada, o indivíduo autista pode ter o seu desenvolvimento intelectual amplamente comprometido, podendo ainda isolar-se socialmente e não conseguir ser inserido no mercado de trabalho. 

O diagnóstico precoce permite minimizar bastante os efeitos do transtorno e, em algumas situações, o indivíduo consegue até ter uma vida normal. 

Como foi dito anteriormente, em geral, os primeiros sinais do Autismo se manifestam entre os 3 e 5 anos de idade e, nesta faixa etária, há o início do processo de ensino-aprendizagem da criança (creche e escola), ou seja, período essencial para o seu desenvolvimento. Em razão disso é preciso colocar em prática, desde cedo, atividades que estimulem a sua fala, sua interatividade, a socialização, a coordenação motora, entre outros aspectos. 

Já é sabido e regulamentado que o estudo em escola de ensino regular aumenta as chances do aprendizado, tendo em vista que o contato diário com outras crianças também serve como estímulo ao autista. 

A matrícula de indivíduos autistas nas escolas está prevista na legislação brasileira, especificando melhor, Lei Berenice Piana, tal como explica a advogada e ativista do grupo Mundo Azul (PA), Flávia Marçal, 

“A Lei Brasileira de Inclusão é muito clara sobre a

discriminação de estudantes em razão da sua deficiência.

O artigo 98 proíbe as escolas de recusar, 

cessar ou atrasar essas matrículas.

Portanto, as escolas não podem proceder dessa maneira,

sob pena de estarem cometendo um crime”.

(LIMA, 2024) 

Ademais, de acordo com especialistas, para potencializar os resultados obtidos no ambiente escolar, pode-se recorrer ao atendimento educacional especializado como estratégia, paralela, ao ensino regular, o qual poderá oferecer subsídios fundamentais aos aspectos mais comprometidos pelo transtorno. 

Com o suporte necessário, as crianças autistas podem desenvolver talentos específicos em certas áreas do conhecimento. 

Graus do Autismo

Atualmente, de acordo com sua gravidade, considera-se o Autismo sob três níveis, os quais – antigamente – eram classificados – em ordem crescente – de Leve, Moderado e Severo:                                                                                        

. Nível 1

Denominado, também, de Asperger, verifica-se a introspecção e dificuldade na comunicação, porém, o comprometimento é menor. Movimentos descoordenados e o foco em apenas um assunto ou atividade de maior interesse são bastante comuns. 

Tais comprometimentos podem demorar, mais tempo, para serem diagnosticados. 

. Nível 2

A interatividade social é baixa, há dificuldade ou ausência de comunicação verbal, assim como determinadas atitudes e movimentos repetitivos ficam mais em evidência. Os comprometimentos oscilam com as características tanto do nível 1 quanto no nível 3. 

. Nível 3

Caracteriza-se por desencadear maior interferência nos diversos aspectos, tanto do nível 1 quanto do nível 2. Consta como grave o déficit cognitivo e as habilidades para convívio social, tornando imprescindível um suporte grande para atender as necessidades individuais do indivíduo portador do TEA. 

Não é fácil... Muitas das vezes, o Transtorno do Espectro Autista impõe uma carga emocional e econômica considerável sobre os portadores do TEA e suas respectivas famílias, sobretudo, para aqueles que se enquadram nos níveis 2 e 3 (grau moderado e severo, respectivamente). 

A falta ou precariedade de serviços e apoio especializados são os grandes entraves. Por isso, toda e qualquer forma de intervenção visando os cuidados e acompanhamento adequado de crianças e/ou jovens autistas é de suma importância para minimizar os efeitos de seu grau de comprometimento, assegurando – tanto para os portadores de TEA quanto para os seus cuidadores e família - um impacto positivo para o bem-estar e qualidade de vida. 

Mercado de trabalho

Como foi dito, anteriormente, o Transtorno do Espectro Autista se não for tratado de forma adequada pode limitar enormemente a capacidade do indivíduo na realização de suas atividades diárias, como também em sua interação social. Podendo intervir, negativamente, tanto em suas conquistas educacionais e sociais, quanto nas oportunidades de emprego.  

A entrada de autistas no mercado de trabalho consiste, ainda, em um grande desafio em razão dos obstáculos existentes mediante ao próprio desconhecimento dos empregadores acerca das capacidades do autista. 

Por isso, a desinformação e o preconceito, ainda, consistem nos maiores problemas existentes na relação entre o empregador e o candidato à vaga de trabalho. 

Daí ser imprescindível o apoio da família em todo o seu processo educacional, sendo fundamental a sua co-partipação tanto em termos de contribuição no seu desenvolvimento pleno quanto na minimização das interferências da patologia em sua vida.   

Do mesmo modo, deve-se contar com o apoio de profissionais qualificados e uma instituição médica de referência, isto é, que tenha um setor voltado ao atendimento de Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Enquanto, alguns indivíduos com TEA se tornam capazes de viver de forma mais independente, outros – no entanto - tendo suas limitações, irão necessitar de cuidados e apoio ao longo da vida.  

Em razão disso tudo, torna-se fundamental ressaltar a importância da Campanha “Abril Azul”. Vamos divulgar!


Fontes de Consulta

. Abril Azul mês do Autismo: entenda mais sobre esse transtorno – 2019 – Hospital Santa Mônica 

. ABRIL AZUL - Mês de Conscientização sobre o Autismo – Hospital das Forças Armadas (HFA) 

. CASTELO, Lara: Entenda por que o autismo é considerado um espectro – 2024 - Estadão 

. LIMA, Célia Fernanda: Autismo: escolas não podem negar o direito à educação - 2024 – LUNETAS 

. Transtorno do espectro autista – Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)