domingo, 30 de abril de 2023

30 de Abril: Dia Nacional da Mulher em Homenagem à Mineira Jerônima Mesquita

 

Jerônima Mesquita
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Fonte: Geneall.net

Ontem, dia 30 de abril, comemorou-se o Dia Nacional da Mulher. Data criada no dia 09 de junho de 1980, pelo então Presidente da República, João Baptista de Oliveira Figueiredo, sob a Lei Nº 6.791 

Ela foi criada sob o contexto de uma personalidade brasileira de grande protagonismo no universo social e político feminino, Jerônima Mesquita, que muito contribuiu às causas femininas no Século XX.    

Sendo escolhido o dia e o mês de seu nascimento (30 de abril) como data-homenagem ao Dia Nacional da Mulher, em reconhecimento à sua importância no processo das conquistas das mulheres brasileiras, assim como por seu papel filantrópico aos mais necessitados e carentes. 

De família rica, Jerônima Mesquita nasceu na cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, no dia 30 de abril de 1880

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Fonte: Água Viva e São Martinho

Era filha de José Jerônimo de Mesquita e Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita, respectivamente, Segundo Barão e Baronesa do Bonfim.

Pais de Jerônima Mesquita
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Fonte: Leopoldinense

Tendo residência também no Rio de Janeiro, então a capital do Brasil (segunda capital brasileira, do período de 1763 a 1960), todo ano, sua família alternava a sua estada entre a fazenda Paraíso, distante 11,5 Km do centro da cidade de Leopoldina (MG) com a Rua Haddock Lobo, n° 176, no bairro Tijuca, no município do Rio de Janeiro.   

Vale ressaltar aqui que há controversas - nas fontes bibliográficas - quanto ao bairro carioca de sua segunda residência. Alguns apontam o bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio e outros assinalam o Flamengo, na Zona Sul.  

Com apenas 15 anos de idade, no dia 23 de setembro de 1895, seu pai - José Jerônimo – falece. Por imposição de sua mãe, na condição de viúva, após um pouco mais de um ano da morte de seu pai, Jerônima Mesquita se casa no dia 10 de novembro de 1896, com o seu primo, Manoel Miguel Mesquita, no Rio de Janeiro.  

Este era filho do Barão de Itacuruçá e da Baronesa Francisca Eliza de Mesquita, que era sua tia por parte de pai. O casal passa a morar, também, no bairro da Tijuca. 

No ano seguinte, em 16 de agosto de 1897, nasce o único filho do casal, Mário Mesquita.  

Contudo, após 3 anos de casados e estando Jerônima Mesquita com menos de 20 anos, eles se separam de forma amigável, em 11 de janeiro de 1900 

A separação consensual deles é decretada, sob a denominação de “divórcio”, sendo confirmada pela Corte de Apelação no dia 16 de agosto do mesmo ano 

Com a separação, Mário Mesquita, filho do casal, estando com um pouco mais de 2 anos, fica sob a guarda da mãe. Jerônima Mesquita, após a separação, nunca mais se casou.

Segundo o memorialista Kenneth Lynch Light (sobrinho de Jerônima Mesquita) e citado por NOGUEIRA (2015),  

“o casamento fora arranjado com o objetivo de

preservar e ampliar o patrimônio da família.”

De acordo com as fontes de pesquisa, Mario Mesquita foi casado com a norte-americana Louise Hall, com quem teve uma única filha, Maria Luísa de Mesquita Hall, que nunca se casou e sempre viveu na Califórnia (EUA). Mario Mesquita, no entanto, faleceu em um acidente de trânsito, em razão da neve e do gelo, nos Estados Unidos. 

O divórcio do casal é reportado como uma das causas que levaram a Baronesa Maria José Villas Boas a deixar o Brasil para morar na Europa, por alguns anos, com todos os seus cinco filhos: Jerônima Mesquita; Francisca de Paula de Mesquita; Maria José de Mesquita e Bonfim (condessa Morcaldi); Jeronimo José de Mesquita e Antonio José de Mesquita e Bonfim.

Viveram na França por 10 anos até o início da I Guerra Mundial (1914). Dividida entre França e Suíça, Jerônima Mesquita ingressou como enfermeira voluntária na Cruz Vermelha de Paris, em 1918 e, depois, na respectiva Instituição na Suíça 

Ao regressar ao Brasil, com a experiência que viveu na Europa e, em particular, na França, Jerônima Mesquita não se conformou com a situação preconceituosa que a mulher brasileira era submetida, sob uma forte estrutura patriarcal e machista. 

Além de se tornar uma ativista na luta dos direitos da mulher, ela se engajou em diversas atividades de assistência social e beneficente, tendo em vista a situação caótica em que a população da capital do Brasil (cidade do Rio de Janeiro) enfrentava quanto às condições precárias de saneamento básico e às epidemias da época. 

Participou da fundação da Cruz Vermelha no Brasil (Rio de Janeiro), que oferecia assistência aos doentes e refugiados e, também, dos Pequenos Jornaleiros, instituição voltada para meninos órfãos e/ou carentes.  

Junto com sua mãe e sua amiga Stella Guerra Durval, Jerônima Mesquita participou da Associação das Damas da Cruz Verde, oferecendo assistência às vítimas das epidemias que atormentavam à população da cidade do Rio de Janeiro, na época, como a varíola, a febre amarela, a peste bubônica, a gripe espanhola, além da fome e de outras doenças agravadas pela subnutrição do povo 

Destacou-se, também, como uma das fundadoras da matriz do Hospital Pró-Matre, unidade hospitalar beneficente a gestantes carentes, pobres, localizada na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente, na Praça XV, que – hoje – se encontra desativado. 

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Fonte: Movimento Bandeirante - São Paulo

Foi também uma das fundadoras da Federação de Bandeirantes do Brasil, em 1919, cujo nome original era Associação das Girl Guides do Brasil, por qual dedicou sua vida. O Movimento Bandeirante visava oferecer uma educação pioneira, capaz de valorizar a importância do papel da mulher em promover nas mudanças na sociedade. Por seu trabalho e dedicação, Jerônima Mesquita recebeu o título de Chefe Fundadora do Movimento Bandeirante brasileiro. 

Direta e indiretamente, ela contribuiu para a implantação do Escotismo em nosso país, divulgando propaganda deste e incentivando a sua criação. Assim como, também, colaborou na Fundação de uma Associação de Escoteiros em São Paulo 

Sua importância ultrapassou às questões assistencialistas, uma vez que ela também colaborou, ativamente, em movimentos sufragistas e feministas, isto é, em movimentos reivindicatórios à participação ativa das mulheres na política, concedendo-as o direito de votação e de serem votadas (candidatas) 

Junto com suas amigas Bertha Lutz e Stela Guerra Duval, ela foi agente ativa na luta pelos direitos da mulher. Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922. 

Jerônima Mesquita foi uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, participando ativamente do movimento sufragista de 1932 e presenciando a legalização do direito ao voto feminino, que foi assegurado através do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932.  

Apesar desta vitória na política, esta não era completa, pois o referido Código Eleitoral só permitia o direito ao voto às mulheres casadas (com autorização do marido), às viúvas e às solteiras, maiores de 18 anos e com renda própria.  Somente em 1946, o voto feminino passou a ser obrigatório e sem restrições 

Em 14 de agosto de 1934, ela, Bertha Lutz e Maria Eugênia lançaram um manifesto à nação, chamado de Manifesto feminista. 

Em 1947, ela fundou - ao lado de um grupo de companheiras - o Conselho Nacional das Mulheres (Rio de Janeiro). 

Em 1962, com a promulgação da Lei N° 4.121, vários artigos do Código Civil Brasileiro foram alterados e, entre estes têm-se: a concessão, às mulheres, do direito de trabalhar fora do lar, sem a necessidade de haver a autorização do marido ou do pai (às solteiras); em caso de separação do casal, o direito à guarda do filho à mãe; o usufruto e o direito real de habitação à mulher, entre outros direitos. Esta Lei ficou conhecida como o “Estatuto da Mulher Casada”. 

Jerônima Mesquita, em entrevista concedida, antes de falecer, confessou a sua felicidade diante da referida lei e de outras mudanças em termos de conquistas e da importância do papel da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.  

Ela faleceu no dia 11 de dezembro de 1972, aos 92 anos, na cidade do Rio de Janeiro, em consequência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de cardiopatia hipertensiva.

Pelos seus feitos em prol da situação política e social da mulher brasileira em meio a uma sociedade predominantemente machista, oito anos após o seu falecimento (1972), o então Presidente da República, João Figueiredo, sancionou a Lei n.º 6.791/80 que instituiu a data 30 de abril como Dia Nacional da Mulher em sua homenagem.  

“Jerônima destacou-se por sua atuação como feminista, sufragista e assistente social. Foi uma mulher de fibra que não se deixou intimidar pelas regras sociais elaboradas e impostas pelos homens. De família rica, dedicou sua vida a ajudar mulheres que tinham muito menos que ela. Andou entre doentes e ajudou a aplacar a dor dos feridos durante a I Guerra Mundial. Buscou justiça através da igualdade de homens e mulheres perante a lei. Sua luta e de suas companheiras, como Bertha Lutz possibilitaram que muitos avanços sociais e políticos fossem conquistados pelas mulheres brasileiras. ” (Natania Nogueira)


Fontes de Consulta:

 . Diversos artigos meus, publicados Blog;

 . Jerônima Mesquita – Geni

 . Jerônima Mesquita. (2010) -  Água Viva e São Martinho, Estadode Minas Gerais

 . Jerônima Mesquita - Wikipédia

 . NOGUEIRA, Natania: Jerônima Mesquita e o Voto Feminino – História Hoje

 . NOGUEIRA, Natania: Jerônima Mesquita: uma leopoldinense na luta pelos direitos da mulher no Brasil (2015) - Leopoldinense

sábado, 29 de abril de 2023

1985: Tragédia em Armero e a Jovem que Virou Símbolo do Desastre Natural e da Negligência do Governo

Cidade de Armero coberta por hahar
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Fonte: Wikipedia
Foto: 
Jeffrey Marso, USGS 


Como prometi no post anterior, eu irei iniciar esta publicação – referente à tragédia ocorrida em novembro de 1985, na Colômbia, com relação à erupção do vulcão Nevado del Ruiz - com a reportagem da época do Jornal Nacional, reportada pelo âncora Cid Moreira.  


Recentemente, não lembro a data certa, eu liguei a TV no canal “Curta!” e assisti – já em andamento - um documentário sobre a cidade de Armero, na Colômbia. O trecho do documentário que eu comecei a assistir consistia no depoimento de moradores (sobreviventes) que perderam tudo, no dia 13 de novembro de 1985, quando o referido município foi soterrado e, praticamente, sumiu do mapa em consequência de um enorme lahar (fluxo de lama e de detritos de rochas vulcânicas).  

Essa exibição desse documentário no referido canal deveria estar relacionada aos sinais de atividades sísmicas do vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia (Cordilheira dos Andes), no final do mês de março deste ano.  

Tentei rever o respectivo documentário, desde o seu começo, mas eu não tive sucesso em minhas buscas, tanto no âmbito do site quanto da Programação do Canal Curta. Mas, a minha curiosidade era grande e procurei pelo nome do município, Armero. E, para minha surpresa (até então, eu desconhecia o caso abordado no documentário), este foi considerado a terceira maior tragédia natural da América do Sul e a segunda em terras colombianas.  

Mais triste ainda foi saber as circunstâncias e o desfecho da história da jovem Omayara Sánchez Garzón, de 13 anos, que comoveu o pais e o mundo, tornando-a símbolo do desastre natural e, ao mesmo tempo, da negligência do governo local e nacional.

Omayara Sánchez Garzón
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Fonte: Portal Amazônia
Foto: Reprodução/Daily Facts

Semanas antes da erupção, o vulcão Nevado del Ruiz (5.400 metros de altitude), que faz parte do chamado “Círculo de Fogo do Pacífico” (ou Cinturão de Fogo), deu sinais de atividade vulcânica.  

Vulcão Nevado del Ruiz
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Fonte: Painel Global

Devido a esse registro de atividade do Nevado del Ruiz que, a princípio, estava adormecido quase de sete décadas, as autoridades do município avisaram sobre os riscos de uma erupção ao Governo Federal e aos membros do Congresso. Mas, as autoridades federais estavam muito ocupadas e envolvidas com outro problema emergencial, o enfrentamento com os “guerrilheiros del M-19” que, dias antes, haviam tomado o Palácio da Justiça. 

Com isso, os alertas quanto aos altos riscos de haver erupção vulcânica e esta atingir as cidades nos arredores do vulcão, não foram levados a sério, como deveriam ter sido. Resultado, nenhuma medida foi tomada, nem mesmo a de evacuação das cidades, pelo Governo Federal e/ou pela Prefeitura de Armero, teve sucesso, pois quando tentaram, bem mais tarde, os sistemas de comunicação estavam desligados, o que impossibilitou a emissão de alerta a toda a população. 

No entanto, os sinais da atividade vulcânica não deixavam dúvidas (ou deixavam?). De acordo com as fontes de pesquisa, além do forte cheiro de enxofre, relatado por sobreviventes, houve precipitação de cinzas vulcânicas, evidenciando que o vulcão adormecido estava prestes a “explodir”. Só que estas ocorrências já vinham acontecendo há cerca de um ano, sem que houvesse uma erupção propriamente dita. Contudo, no dia 13 de novembro de 1985, a dinâmica interna da Terra foi mais violenta e o Nevado del Ruiz explodiu!                           

A primeira erupção ocorreu às 21h09, expelindo milhões de toneladas de fragmentos de rocha e lava. Na segunda erupção, ocorrida por volta das 23h30, as altas temperaturas da lava derreteram as geleiras e as chamadas neves eternas que cobriam o cume do vulcão, gerando uma grande quantidade de lahar (fluxo de lama e de detritos de rochas vulcânicas), que desceu pelas encostas e atingiram 12 cidades situadas na base do vulcão. 

Entre os municípios, o mais atingido foi Armero, situado a 48 Km de distância do vulcão, que foi praticamente soterrado pela avalanche de lama (lahar).

Município de Armero
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Fonte: Medium
 

Só para se ter uma ideia do poder de destruição de sua atividade vulcânica, a população total do município de Armero, na ocasião, era em torno de 28 mil habitantes e, com este episódio natural (vulcanismo), morreram mais de 21.000 pessoas.

Vista aérea de Armero destruído por lahars 
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Fonte: USGS


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Fonte: Semana



Cidade de Armero
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Fonte: Medium/Casos em Crise e Desastre


Imagem capturada na Internet
Fonte: Portafolio

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Fonte: Portafolio

Em Chinchiná, importante centro cafeicultor do país, conhecido como o "coração do café" da Colômbia, localizado do outro lado das montanhas, morreram cerca de 2.000 pessoas, por conta de outro lahar. No total, as erupções vulcânicas do Nevado del Ruiz, em novembro de 1985, mataram cerca de 25 mil mortos. 

Vale ressaltar aqui, que existem controvérsias nas fontes de pesquisa acerca do número de vítimas fatais, assim como a população absoluta de Armero, na ocasião. 

Como não houve nenhuma ordem para evacuar as cidades, localizadas na base do vulcão, a população se manteve em sua residência, seguindo as orientações dadas pela Defesa Civil local. 

Por volta das 23h30, Armero foi atingido por um enorme lahar (fluxo de lama e detritos vulcânicos). A cidade ficou praticamente coberta de lama (soterrada). Não só houve grandes perdas materiais como, também (e mais lamentável), perdas humanas e feridos. 

Um caso a se destacar, aqui, foi o da jovem Omayara Sánchez Garzón, filha de Álvaro Enrique e Maria Aleida, que foi encontrada viva e consciente, mas presa aos escombros do imóvel de sua família, submersa até quase ao pescoço. 

Sua situação era bastante difícil e bem dramática...  

Para pedir ajuda aos socorristas, que faziam uma varredura nas áreas afetadas pelos lahars, Omayara estendeu sua mão e acenou para fora dos escombros. Os socorristas conseguiram abrir espaço para a cabeça da jovem para que a mesma pudesse respirar melhor, só que – infelizmente – eles não tiveram a mesma sorte em removê-la, pois a jovem se encontrava presa aos escombros de sua casa e, também, suas pernas estavam cercadas pelos braços da tia, falecida em consequência da tragédia. Ela só ficou livre da cintura para cima. 

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Fonte: Medium


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Fonte: Impala


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Fonte: Medium


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Fonte: Portafolio
 

Local do túmulo de Omayra
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Fonte: AFP Correspondente
Foto: Luís Acosta/AFP


Os socorristas observaram que a tentativa de a remover, a colocaria também em risco de afogamento, pois a água cobriria o seu rosto totalmente. No momento, não havia bomba de sucção de água.  

Com tamanha dificuldade em seu resgate, uma das alternativas cogitadas foi a de amputar-lhe as pernas, mas não haviam equipamentos cirúrgicos imprescindíveis tanto no procedimento propriamente dito quanto no caso dos efeitos da amputação dos membros inferiores. Em razão disso, os médicos presentes concordaram que a solução mais humana era deixá-la morrer.

Mesmo vivendo esta situação crítica, Omayara – quase sempre se mostrava otimista - conversava com os socorristas e outras pessoas presentes, cantava, pediu doces, refrigerantes e até concedeu o seu registro em fotos e uma entrevista a um escritor.   

É claro que houve momentos de choro e de oração, quando sua resistência era posta à prova conforme o tempo passava e as tentativas de salvá-la fracassavam.  A jovem Omayra Sánchez só tinha 13 anos 

A realidade de sua família não era menos trágica, tendo em vista que, além de sua tia, que morava no mesmo imóvel deles, o seu pai também morreu em consequência da erupção do Nevado del Ruiz. 

Sua mãe e seu irmão sobreviveram à tragédia. A mãe se salvou, pois antes do episódio, ela viajou - a negócios - para Bogotá, capital do país. A menina chegou a gravar mensagens para toda a família, como à sua mãe:

 "Mamãe, se você me ouve,

quero que reze para

que tudo termine bem" 

O drama vivido pela Omayara Sánchez, acompanhado pela imprensa nacional e internacional, durou 60 horas, mas – conforme as horas passavam – sua saúde física e mental mostrava sinais de desgaste e de esgotamento 

Na terceira noite, segundo fontes de pesquisa, ela teve alucinações e balbuciou, ainda confusa, frases referentes ao fato de estar atrasada para a escola e de uma prova de matemática.  

Após essas 60 horas de forte resistência, um tanto quanto heroica, no dia 16 de novembro, às 10h05, sua saúde piorou e a jovem Omayara Sánchez Garzón veio a óbito 

Por ter estado muito tempo dentro da água, possivelmente, a causa de sua morte foi por hipotermia (quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35°C) ou por gangrena (em consequência de ter ocorrido a morte do tecido corporal em razão da interrupção do fluxo sanguíneo). 

Todos que acompanharam o drama, vivido pela jovem colombiana, não tinham nenhuma dúvida a quem atribuir a responsabilidade da morte de Omayara Sánchez, ou seja, às autoridades. E a indignação popular quanto ao papel omisso das autoridades tanto em termos de prevenção quanto em termos de enfrentamento de desastre natural deste tipo foi marcada em uma faixa exposta em um funeral de várias vítimas da tragédia, em Ibague, capital do Departamento de Tolima:

"O vulcão não matou 23 mil pessoas.

O governo matou". 

Embora, o prefeito de Armero, Ramón Rodriguez, tenha solicitado ajuda do Governo Federal, alegando que o vulcão era uma verdadeira "bomba relógio", ele mesmo não tomou a providência de evacuar a cidade. 

Daí a jovem Omayara Sánchez Garzón ter se tornado o símbolo do Desastre Natural (vulcão Nevado del Ruiz) e da Negligência do Governo. 

Era uma tragédia anunciada, mas que poderia ter sido evitada! 

E é por este episódio ocorrido há cerca 38 anos, que a preocupação da população e das autoridades colombianas voltou a aumentar, desde o final do mês de março deste ano, pois o conhecido "Leão Adormecido", isto é, o vulcão Nevado del Ruiz vem dando sinais e aumento de suas atividades.

Afinal, ele continua ativo, bem ativo!


Fontes:

. CUYLER, Rebeca: A destruição da cidade colombiana de Armero durante a erupção vulcânica de 1985 do Nevado del Ruiz (2018) – Medium/Casos em Crise e Desastre 

. Omayra Sánchez – Wikipédia  

. Omayra Sánchez: A menina símbolo de tragédia com 23 mil mortos por vulcão na Colômbia (2021) – O Globo  

. SÁNCHEZ, Felipe: A ressurreição da cidade colombiana que ficou enterrada na lama – El País  

. Tragédia de Armero - Wikipédia

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Alerta de Atividade do Vulcão Nevado del Ruiz Eleva a Preocupação de Todos

Vulcão Nevado del Ruiz
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Fonte: GZH

Texto atualizado em 29/04/2023 às 8h40

Com cerca de 5.400 metros de altitude, localizado na Cordilheira dos Andes, na Colômbia, o vulcão Nevado del Ruiz, conhecido como "Leão Adormecido", voltou a ser notícia nas mídias e a ser motivo de preocupação das autoridades do país, desde o final do mês de março deste ano, quando deu sinais de atividade, com a ocorrência, além do fraturamento de rochas no seu interior,  de emissões de gás, vapor e cinzas 

No dia 29 de março de 2023 foram registrados mais de 11 mil movimentos sísmicos (terremotos). Após a constatação deste aumento de sua atividade, os especialistas do Serviço Geológico Colombiano elevaram o nível de alerta para a categoria laranja, que significa a possibilidade de haver uma erupção vulcânica em dias ou semanas.

Em 2012 e 2015, ele também já havia dado sinais de atividade, mas – felizmente - não houve erupção em nenhuma dessas ocasiões.   

Transcorridos, praticamente, um mês da divulgação do aumento do estado de alerta do mesmo (a completar no próximo 30 de abril), o vulcão Nevado del Ruiz não entrou em erupção, o que não tranquiliza – a princípio – as autoridades colombianas e a população do país ou, mais especificamente, das cidades adjacentes a sua base. Pois, tranquilidade, tranquilidade mesmo, não há! Ainda mais sendo o vulcão Nevado del Ruiz!  

Basta recordar a tragédia ocorrida em 1985, sob esta mesma conjuntura, isto é, sob os mesmos fatores dinâmicos de sua estrutura interna, quando ele deu sinais de atividade semana antes, como o forte cheiro de enxofre, fumaça e chuva de cinzas vulcânicas. E, na época, o governo – que se encontrava envolvido com outros assuntos também relevantes e emergenciais - não deu a devida importância aos alertas dos especialistas quanto aos riscos eminentes de haver uma erupção vulcânica.  

Resultado, as cidades não se prepararam e não houve evacuação da população das 12 cidades situadas na base do referido vulcão e, no dia 13 de novembro de 1985, o Nevado del Ruiz sofreu duas erupções seguidas. A elevada temperatura da lava derreteu o gelo e a neve eterna da parte alta do vulcão, desencadeando um enorme lahar (fluxo de lama e de detritos de rochas vulcânicas), que soterrou quase por completo a cidade de Armero, matando mais de 25.000 pessoas em toda a área de sua influência.  

De acordo com o Boletim do Serviço Geológico da Colômbia (SGC), segundo reportagem do O Globo, no dia 5 deste mês (abri), mais de 2.600 terremotos - que chegaram a atingir 3,9 de Magnitude - foram registrados na localidade. Em virtude disso e como medida preventiva, o presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu que os prefeitos das cidades adjacentes ao vulcão apressassem a retirada de cerca de 7.500 pessoas que vivem nas áreas de influência do vulcão.  

Geologicamente, o Nevado del Ruiz é um estratovulcão, isto é, ele foi formado pelo acúmulo e solidificação de diversos fluxos de lava a partir das erupções vulcânicas. Vulcões deste tipo apresentam uma forma cônica, sendo íngremes, com uma pequena cratera no cume. Em geral, suas erupções são violentas (explosivas) e catastróficas. Entre outros exemplos de estratovulcões tem-se o Krakatoa (Indonésia), Kilimanjaro (Tanzânia) e o Vesúvio (Itália).  

Classificação de acordo com a sua forma
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Fonte: Conceitos do Mundo

Na próxima publicação, explanarei melhor esta tragédia do Nevado del Ruiz de 1985. 


Fontes:

 . Colômbia alerta sobre risco de erupção do vulcão Nevado del Ruiz (2023): GZH  

. Presidente da Colômbia pede retirada de 7.500 pessoas por ameaça de erupção em vulcão (2023): O GLOBO  

. Vulcão: Conceitos do Mundo

. Vulcão na Colômbia volta à atividade, e governo vê risco de erupção (2023): G1 

. Vulcão Nevado del Ruiz, Colômbia (2023): Painel Global