Jerônima Mesquita Imagem capturada na Internet Fonte: Geneall.net |
Ontem, dia 30 de abril, comemorou-se o Dia Nacional da Mulher. Data criada no dia 09 de junho de 1980, pelo então Presidente da República, João Baptista de Oliveira Figueiredo, sob a Lei Nº 6.791.
Ela foi criada sob o contexto de uma personalidade brasileira de grande protagonismo no universo social e político feminino, Jerônima Mesquita, que muito contribuiu às causas femininas no Século XX.
Sendo escolhido o dia e o mês de seu nascimento (30 de abril) como data-homenagem ao Dia Nacional da Mulher, em reconhecimento à sua importância no processo das conquistas das mulheres brasileiras, assim como por seu papel filantrópico aos mais necessitados e carentes.
De família rica, Jerônima Mesquita nasceu na cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, no dia 30 de abril de 1880.
Imagem capturada na Internet Fonte: Água Viva e São Martinho |
Era filha
de José
Jerônimo de Mesquita e Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita,
respectivamente,
Segundo Barão e Baronesa do Bonfim.
Pais de Jerônima Mesquita Imagem capturada na Internet Fonte: Leopoldinense |
Tendo residência também no Rio de Janeiro, então a capital do Brasil (segunda capital brasileira, do período de 1763 a 1960), todo ano, sua família alternava a sua estada entre a fazenda Paraíso, distante 11,5 Km do centro da cidade de Leopoldina (MG) com a Rua Haddock Lobo, n° 176, no bairro Tijuca, no município do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar aqui que há controversas - nas fontes bibliográficas - quanto ao bairro carioca de sua segunda residência. Alguns apontam o bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio e outros assinalam o Flamengo, na Zona Sul.
Com apenas 15 anos de idade, no dia 23 de setembro de 1895, seu pai - José Jerônimo – falece. Por imposição de sua mãe, na condição de viúva, após um pouco mais de um ano da morte de seu pai, Jerônima Mesquita se casa no dia 10 de novembro de 1896, com o seu primo, Manoel Miguel Mesquita, no Rio de Janeiro.
Este era filho do Barão de Itacuruçá e da Baronesa Francisca Eliza de Mesquita, que era sua tia por parte de pai. O casal passa a morar, também, no bairro da Tijuca.
No ano seguinte, em 16 de agosto de 1897, nasce o único filho do casal, Mário Mesquita.
Contudo, após 3 anos de casados e estando Jerônima Mesquita com menos de 20 anos, eles se separam de forma amigável, em 11 de janeiro de 1900.
A separação consensual deles é decretada, sob a denominação de “divórcio”, sendo confirmada pela Corte de Apelação no dia 16 de agosto do mesmo ano.
Com a separação, Mário Mesquita, filho do casal, estando com um pouco
mais de 2 anos, fica sob a guarda da mãe. Jerônima Mesquita, após a separação, nunca mais se casou.
Segundo o memorialista Kenneth Lynch Light (sobrinho de Jerônima
Mesquita) e citado por NOGUEIRA
(2015),
“o
casamento fora arranjado com o objetivo de
preservar
e ampliar o patrimônio da família.”
De acordo com as fontes de pesquisa, Mario Mesquita foi casado com a norte-americana Louise Hall, com
quem teve uma única
filha, Maria Luísa de Mesquita Hall, que nunca se
casou e sempre viveu na Califórnia (EUA). Mario Mesquita, no entanto, faleceu em um
acidente de trânsito, em razão da neve e do gelo, nos Estados
Unidos.
O divórcio do casal é reportado como uma das causas que
levaram a Baronesa Maria José Villas Boas a deixar o Brasil para morar
na Europa, por alguns anos, com todos os seus cinco filhos: Jerônima
Mesquita; Francisca de Paula de Mesquita; Maria José de
Mesquita e Bonfim (condessa Morcaldi); Jeronimo José de Mesquita e Antonio José de
Mesquita e Bonfim.
Viveram na França por 10 anos até o início da I Guerra Mundial (1914). Dividida entre França e Suíça, Jerônima Mesquita ingressou como enfermeira voluntária na Cruz Vermelha de Paris, em 1918 e, depois, na respectiva Instituição na Suíça.
Ao regressar ao Brasil, com a experiência que viveu na Europa e, em particular, na França, Jerônima Mesquita não se conformou com a situação preconceituosa que a mulher brasileira era submetida, sob uma forte estrutura patriarcal e machista.
Além de se tornar uma ativista na luta dos direitos da mulher, ela se engajou em diversas atividades de assistência social e beneficente, tendo em vista a situação caótica em que a população da capital do Brasil (cidade do Rio de Janeiro) enfrentava quanto às condições precárias de saneamento básico e às epidemias da época.
Participou da fundação da Cruz Vermelha no Brasil (Rio de Janeiro), que oferecia assistência aos doentes e refugiados e, também, dos Pequenos Jornaleiros, instituição voltada para meninos órfãos e/ou carentes.
Junto com sua mãe e sua amiga Stella Guerra Durval, Jerônima Mesquita participou da Associação das Damas da Cruz Verde, oferecendo assistência às vítimas das epidemias que atormentavam à população da cidade do Rio de Janeiro, na época, como a varíola, a febre amarela, a peste bubônica, a gripe espanhola, além da fome e de outras doenças agravadas pela subnutrição do povo.
Destacou-se, também, como uma das fundadoras da matriz do Hospital Pró-Matre, unidade hospitalar beneficente a gestantes carentes, pobres, localizada na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente, na Praça XV, que – hoje – se encontra desativado.
Imagem capturada na Internet Fonte: Movimento Bandeirante - São Paulo |
Foi também uma das fundadoras da Federação de Bandeirantes do Brasil, em 1919, cujo nome original era Associação das Girl Guides do Brasil, por qual dedicou sua vida. O Movimento Bandeirante visava oferecer uma educação pioneira, capaz de valorizar a importância do papel da mulher em promover nas mudanças na sociedade. Por seu trabalho e dedicação, Jerônima Mesquita recebeu o título de Chefe Fundadora do Movimento Bandeirante brasileiro.
Direta e indiretamente, ela contribuiu para a implantação do Escotismo em nosso país, divulgando propaganda deste e incentivando a sua criação. Assim como, também, colaborou na Fundação de uma Associação de Escoteiros em São Paulo.
Sua importância ultrapassou às questões assistencialistas, uma vez que ela também colaborou, ativamente, em movimentos sufragistas e feministas, isto é, em movimentos reivindicatórios à participação ativa das mulheres na política, concedendo-as o direito de votação e de serem votadas (candidatas).
Junto com suas amigas Bertha Lutz e Stela Guerra Duval, ela foi agente ativa na luta pelos direitos da mulher. Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922.
Jerônima Mesquita foi uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, participando ativamente do movimento sufragista de 1932 e presenciando a legalização do direito ao voto feminino, que foi assegurado através do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932.
Apesar desta vitória na política, esta não era completa, pois o referido Código Eleitoral só permitia o direito ao voto às mulheres casadas (com autorização do marido), às viúvas e às solteiras, maiores de 18 anos e com renda própria. Somente em 1946, o voto feminino passou a ser obrigatório e sem restrições.
Em 14 de agosto de 1934, ela, Bertha Lutz e Maria Eugênia lançaram um manifesto à nação, chamado de Manifesto feminista.
Em 1947, ela fundou - ao lado de um grupo de companheiras - o Conselho Nacional das Mulheres (Rio de Janeiro).
Em 1962, com a promulgação da Lei N° 4.121, vários artigos do Código Civil Brasileiro foram alterados e, entre estes têm-se: a concessão, às mulheres, do direito de trabalhar fora do lar, sem a necessidade de haver a autorização do marido ou do pai (às solteiras); em caso de separação do casal, o direito à guarda do filho à mãe; o usufruto e o direito real de habitação à mulher, entre outros direitos. Esta Lei ficou conhecida como o “Estatuto da Mulher Casada”.
Jerônima Mesquita, em entrevista concedida, antes de falecer, confessou a sua felicidade diante da referida lei e de outras mudanças em termos de conquistas e da importância do papel da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.
Ela faleceu no dia 11 de dezembro de 1972, aos 92 anos,
na cidade do Rio
de Janeiro, em consequência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e
de cardiopatia
hipertensiva.
Pelos seus feitos em prol da situação política e social da mulher brasileira em meio a uma sociedade predominantemente machista, oito anos após o seu falecimento (1972), o então Presidente da República, João Figueiredo, sancionou a Lei n.º 6.791/80 que instituiu a data 30 de abril como Dia Nacional da Mulher em sua homenagem.
“Jerônima destacou-se por sua atuação como feminista, sufragista e assistente social. Foi uma mulher de fibra que não se deixou intimidar pelas regras sociais elaboradas e impostas pelos homens. De família rica, dedicou sua vida a ajudar mulheres que tinham muito menos que ela. Andou entre doentes e ajudou a aplacar a dor dos feridos durante a I Guerra Mundial. Buscou justiça através da igualdade de homens e mulheres perante a lei. Sua luta e de suas companheiras, como Bertha Lutz possibilitaram que muitos avanços sociais e políticos fossem conquistados pelas mulheres brasileiras. ” (Natania Nogueira)
Fontes de Consulta:
. Diversos artigos meus, publicados Blog;
. Jerônima Mesquita – Geni
. Jerônima Mesquita. (2010) - Água Viva e São Martinho, Estadode Minas Gerais
. Jerônima Mesquita - Wikipédia
. NOGUEIRA, Natania: Jerônima Mesquita e o Voto Feminino – História Hoje
. NOGUEIRA, Natania: Jerônima Mesquita: uma leopoldinense na luta pelos direitos da mulher no Brasil (2015) - Leopoldinense
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