segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Trabalhando com Charges: Mobilidade Urbana

 

Como sempre faço, estou postando algumas charges sob o contexto de Mobilidade Urbana para trabalhar em sala de aula.  

Embora, eu já tenha publicado algumas por ocasião do Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro), selecionei estas, abaixo, para enriquecer as opções de imagens a serem trabalhadas com os alunos.

Aproveito para citar outra definição quanto à temática, em questão (Engenharia de Projetos, 2017) 

“A ‘Mobilidade Urbana’ refere-se às circunstâncias de deslocamento de pessoas dentro das cidades, incluindo aspectos como o trânsito de pedestres, ciclistas e veículos – seja particular, público, individual ou coletivo - e também a infraestrutura disponível para este deslocamento: porte do sistema viário, tipos de transporte público disponíveis (metrô, VLT, ônibus...), existência ou não de ciclovias, qualidade das calçadas e demais vias, dentre outros”. 

As imagens, abaixo, foram capturadas de diferentes fontes na Internet.















Caos Eterno: Sistema de Transportes Coletivos no Município do Rio de Janeiro

Imagem capturada na Internet
Fonte: Engenharia de Projetos

 

Vou iniciar este artigo com a definição de Mobilidade Urbana, tendo em vista que este é o tópico a ser abordado. E, dentre as diversas definições pesquisadas, a mais sucinta e completa que encontrei, foi:   

Mobilidade urbana é definida como a facilidade de deslocamento das pessoas e bens na cidade, com o objetivo de desenvolver atividades econômicas e sociais no perímetro urbano de cidades, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. Tais deslocamentos são realizados através de veículos motorizados e não motorizados, além de toda a infraestrutura, dentre as quais vias e calçadas, que possibilita o ir e vir cotidiano. ” (Extraída no Wikipédia).

Principalmente, porque esta não faz referência apenas ao deslocamento humano e/ou de mercadorias, ela inclui a infraestrutura, destacando as malhas viárias e as calçadas, que muitos esquecem de atribuir a importância devida.  

Ainda mais para aqueles que caminham a pé ou se deslocam até ao Ponto do transporte coletivo e, também, para os deficientes, sobretudo, os de natureza física e visual.

ARAÚJO et al (2012) afirma que a função social do trânsito permeia, essencialmente, atender e satisfazer as intenções do cidadão primando à acessibilidade, à mobilidade e à qualidade de vida. Consequentemente, problemas tanto na sua infraestrutura quanto na qualidade do meio de transporte irão interferir direta e/ou indiretamente na mobilidade e na capacidade de deslocamento.

Minha mãe (já falecida) não teve este tripé (acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida). Ela era cadeirante e o seu deslocamento de casa para a clínica de fisioterapia, localizada próximo a sua residência, era algo aterrorizante, tanto para ela quanto para nós, que a levávamos.   

Devido ao péssimo estado das calçadas éramos obrigados a conduzi-la pelas ruas, ao lado dos carros em movimentos. Era uma loucura! E o medo de sofrer ou provocar um acidente era uma constante!   




  Minha mãe
Imagens do meu acervo particular

Eu sempre dependi de transporte público para me deslocar de um ponto a outro, seja entre os limites do meu município (Rio de Janeiro), seja em termos intermunicipal (como, Rio de Janeiro-Niterói e Rio de Janeiro-Duque de Caxias) ou interestadual (exemplos, Rio de Janeiro-São Paulo e Rio de Janeiro-Florianópolis).  

Por vezes, sinto-me insegura ao subir em ônibus, pois além dos degraus de muitas linhas serem altos, muitos motoristas não têm paciência para esperar o passageiro subir direito, partindo com o veículo, com a porta aberta ou com a gente, ainda, nos degraus. Essa insegurança me causa medo em cair do veículo e, com toda a razão. 

Em razão da minha experiência e do meu cotidiano, em relação aos nossos meios de transportes, posso afirmar que os problemas referentes a mobilidade urbana são antigos, iniciados a partir do meu Ensino Médio, quando passei a estudar em outro bairro ao da minha residência. E, mais ainda, durante a minha graduação, quando já trabalhava como professora (antigo Primário) e, por isso, tive a necessidade de usar mais de um modal de transporte em meus deslocamentos diários.   

Nesta época, pela manhã, eu cursava a Faculdade de Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói; lecionava em Duque de Caxias à tarde e, à noite, fazia estágio na Faculdade de Geologia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Maracanã. Vida louca!  

Com algumas diferenças diante dos meus horários tanto no Curso de Graduação (UFF) quanto no dos Projetos (UERJ), a minha rotina diária se resumia no uso dos seguintes modais de transportes: ônibus (3 vezes), barca (só uma vez para ir à UFF, pela manhã), trem (só uma vez para ir à UERJ, no final da tarde).   

É claro que este é só um recorte de tudo o que eu vivenciei, pois a minha rotina diária pouco mudou, depois. Continuei a pegar mais de um meio de transporte por dia, as distâncias eram longas e, também, o tempo que eu levava no deslocamento. 

Com tudo isso, eu pude experimentar e sofrer direta e/ou indiretamente os efeitos dos problemas de mobilidade urbana no que tange aos meios de transportes públicos. Na verdade, estes não são recentes, são de longa data e posso afirmar que pioraram muito...    

Essa discussão é muito pertinente, tendo em vista a grande importância das redes de transportes. Inclusive sua infraestrutura e qualidade são utilizadas, muitas vezes, como indicadores do grau de desenvolvimento dos países.  

Além de proporcionar a mobilidade das pessoas em seus deslocamentos diários, os meios de transportes são responsáveis por:

- Estruturar e promover a ocupação do espaço geográfico;

- Aproximar as localidades em termos de distância e tempo;

- Promover e otimizar as atividades econômicas e sociais, permitindo a implantação e distribuição das indústrias, a expansão dos mercados (intensificação das trocas comerciais) e o escoamento da produção (industrial e agrícola);

- Gerar e expandir o setor de serviços e o comércio à população;

 - Criar e ampliar as ofertas de emprego;

 - Facilitar a Divisão Territorial ou Internacional do Trabalho (DIT);

 - Quebrar o isolamento de regiões desfavorecidas.  

Como muitos têm conhecimento, o principal modal de transporte em nosso país é o rodoviário, ou seja, sobre rodas (automóveis, ônibus e caminhões), sendo este último para transporte de cargas em todo território nacional.  

Essa preferência em detrimento a outros modais, como o ferroviário e o marítimo, por exemplo, remonta desde a década 50 (Século XX), quando do início do processo industrial do Brasildurante o governo de Juscelino Kubitschek (1955 a início de 1961), o qual foi marcado pela vinda de multinacionais deste ramo industrial (automobilística), assim como a abertura e pavimentação de rodovias. 

Presidente Juscelino Kubitschek
Imagem capturada na Internet
Fonte: Mestres da História
 

Essa nossa dependência quanto ao modal rodoviário tem vantagens, mas as desvantagens superam os benefícios que ele oferece. Entre as suas desvantagens pode-se mencionar:

- É o segundo mais caro modal de transporte (o primeiro é o aéreo);

- O elevado consumo de combustível fóssil (poluente) e o alto preço deste;

- Elevados índices de roubo de cargas e de acidentes;

- As altas despesas de manutenção dos veículos;

- Os congestionamento diários, sobretudo, nas áreas urbanas, na hora do rush;

- Os impactos ambientais quanto à poluição atmosférica e sonora;

- O desgaste físico e psicológico do motorista;

- As condições regulares a precárias de conservação das malhas viárias (federal, estadual e municipal), que além de danificar partes dos veículos, aumenta o consumo do combustível, entre outras desvantagens.  

Devo ressaltar que outros fatores, intrínsecos a estes, agravaram e agravam a qualidade dos serviços e a mobilidade urbana em nossa cidade (Rio de Janeiro), sobretudo, quanto aos ônibus 

- A superlotação dos transportes coletivos;

- A redução de algumas linhas municipais;

- Intensos engarrafamentos, em geral, na hora do rush ou motivado pelos altos índices de acidentes de trânsito;

- Péssimas condições dos ônibus (veículos velhos, sem ar condicionado);

- As irregularidades nos horários e nos intervalos entre as viagens das linhas de ônibus (municipais e intermunicipais);

- O desrespeito de alguns motoristas que não param nos Pontos de embarque e desembarque dos passageiros, entre outros estorvos.  

Não restam dúvidas que tudo isso eleva a média de tempo das viagens na cidade.    

Não esquecendo, sob este mesmo contexto, os constantes atrasos diários e, também, as interrupções dos serviços da rede ferroviária (Supervia) - na região metropolitana do Rio - em consequência dos sucessivos furtos de cabos dos trens. 

E, ainda, o BRT, que além da superlotação, inclui a falta de veículos, a má conservação dos existentes, os acidentes constantes (geralmente por culpa de motoristas particulares e impudentes), o vandalismo nas estações e a falta de segurança tanto nas mesmas quanto no interior dos ônibus.

Um fato é notório, pouco de se fez em termos de melhoria expressiva em suas respectivas infraestruturas, principalmente, em relação à malha viária rodoviária e férrea, capaz de atenuar ou solucionar os problemas já existentes. O que mostra a falta de um planejamento urbano adequado para o espaço de circulação.   

Basta lembrar o caso da implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que interliga o Centro à Região Portuária do Rio de Janeiro.   

Desde quando o conheci, em exposição (apenas um vagão), na Cinelândia, eu imaginei que ele não seria o mais adequado para circular na região administrativa e comercial da nossa cidade (Centro).   

Poderia e posso ainda estar equivocada, porém o considero mais apropriado para uma região exclusivamente de função histórica (turística).  

Embora, o Centro da Cidade possua, em seus limites, um grande circuito históricoforte e representativo, pois fomos a segunda capital do Brasil (1763 a 1960), a abrangência de suas atuais funções - administrativa e comercial - exigem uma melhor fluidez do trânsito. O que não compete a este tipo de transporte (VLT).   

Pois bem, os efeitos impactantes e negativos deste meio de transporte e de sua malha viária (restritiva muitas das vezes) vieram à tona e, hoje, estão à vista, para que qualquer um observe e tire as suas próprias conclusões.   

interdição da circulação de carros e de linhas de ônibus, em algumas ruas, reduziu consideravelmente o movimento das pessoas e, com isso, o comércio local foi duramente afetado 

Sem os antigos fluxos de clientes e com as vendas fracas, a grande maioria dos comerciantes foi à falência 

Resultado, em meio a passagem do VLT na rua, quarteirões e quarteirões vazios e com várias lojas fechadas. Só a conservação das fachadas das mesmas traz à memória a antiga expansão e importância econômica do comércio local. 

As fotos, abaixo, são do meu acervo particular e datam de 2018.




Outro fato a ser destacado e que já foi bastante abordado em diversas reportagens televisivas, nos últimos anos, diz respeito à redução do número de linhas de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, assim como as que deixaram de circular. Tanto a redução da frota quanto o sumiço de algumas linhas comprometem diretamente a oferta de ônibus e os serviços prestados à população. Com isso, a superlotação dos veículos se torna algo inevitável.  

De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN), publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de veículos no Brasil (abrangendo todas as categorias), em 2022, era na ordem de 115.116.532 autos, sendo 7.475.503 no estado do Rio de Janeiro 

Em comparação ao ano anterior (2021), observou-se que para 2022 houve um aumento de 3.669.662 veículos no país, enquanto que no Rio de Janeiro, este foi de 179.148 veículos. Sendo assim, em termos percentuais, o aumento no número de veículos foram, respectivamente, de cerca de 2% e 1,1% 

Embora tenha apresentado um aumento (1,1%), a situação mais preocupante no quadro do estado do Rio de Janeiro, neste período de análises (2021 e 2022), diz respeito às frotas de ônibus.  

Segundo o mesmo levantamento, enquanto o número deste tipo de transporte coletivo apresentou um aumento em torno de 2,2% (15.950 ônibus) no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, este só expandiu cerca de 0,35% (155 ônibus). O que vem corroborar o pouco investimento neste setor...  

Consequentemente, quem mais sofre, com tudo isso, quer seja com os péssimos serviços prestados por este setor da economia (Setor Terciário), com os meios de transportes precários e suas respectivas infraestruturas incipientes é a grande massa da população, que precisa se locomover para trabalhar, estudar ou ter acesso a qualquer espaço pretendido.

Além de todos estes problemas, a população de baixa renda ainda tem que driblar a situação financeira em razão do preço alto da passagem (ônibus, trem, metrô, barcas etc.). Muitos nem conseguem, sendo impedidos de ter o seu deslocamento assegurado e, com isso, perdendo várias oportunidades (emprego, estudos etc.). 

A privação do acesso aos serviços de transporte coletivo e as inadequadas condições de mobilidade urbana dos mais pobres reforçam o fenômeno da desigualdade de oportunidades e da segregação espacial, que excluem socialmente as pessoas que moram longe dos centros das cidades. Os principais impactos desta situação são sentidos sobre as atividades sociais básicas: trabalho, educação e lazer(IPEA, 2006).  

Ao sermos submetidos a um trânsito caótico, congestionado e às péssimas condições dos transportes (superlotação, atrasos constantes, suspensão do serviço, insegurança, poluição sonora e atmosférica, horários irregulares etc.) perdemos muito em termos de produtividade e, sobretudo, de saúde. Muitas das vezes, não honrando os nossos compromissos profissionais, sociais e de outra natureza. 

No final de janeiro deste ano foi divulgado o Relatório Global sobre o Transporte Público, cujo levantamento e análises foram realizados acerca do sistema de transporte público de várias cidades do mundo e, particularmente, das principais capitais brasileiras.  

Embora, o respectivo Relatório apresente dados de diferentes modais de transporte público, como metrô, trem, VLTs, barcas e outros, eu tomei por base apenas o ônibus. 

Entre outros aspectos pertinentes aos usuários de ônibus, como principal meio de transporte coletivo, foram analisados o tempo médio de viagem, o tempo médio de espera do ônibus no ponto, baldeações, a relação trajeto longo x o tempo de viagem 

Como já era esperado, a nossa cidade aparece em situação nada favorável em termos de fluidez e qualidade de vida. De acordo com o referido levantamento acerca das principais capitais brasileiras, pode-se destacar quanto ao município do Rio:  

- É a capital que apresenta o maior tempo de deslocamento no transporte público. O tempo médio gasto por viagem pelos passageiros de ônibus gira em torno de 67 minutos. O que a coloca como a quarta pior cidade do mundo em tempo médio gasto no transporte público, ficando atrás somente de Istambul (Turquia/77 minutos), Cidade do México (México/73 minutos) e Bogotá (Colômbia/71 minutos).  

No caso de haver um deslocamento por dia (durante os cinco dias semanais), o morador da cidade do Rio de Janeiro terá gasto mais de dez dias se locomovendo, ao final de um ano.  

- Quanto ao tempo de viagem e, levando em consideração os critérios para viagem curta (até 30 minutos), viagem de média duração (entre 1 e 2 horas) e viagem longa (2 horas ou mais), o maior percentual de pessoas (32,72%) gasta de 1 a 2 horas por trajeto de viagem, isto é, percorrem viagens de média duração.  

Em termos de viagens curtas e longas, as porcentagens obtidas foram, respectivamente, 19,12% e 11,73% das pessoas entrevistadas.   

Para esta análise, além do tempo de deslocamento, o Relatório considerou também o tempo de caminhada e da espera no ponto do ônibus 

- O tempo de espera do ônibus, no município do Rio, é – em média – de 21 minutos. E, em relação a este tempo de espera, 40,73% dos entrevistados classificaram a experiência ruim, pois esperam de 20 minutos a mais pela condução.  

Cerca de 12% alegaram que o tempo de espera era pouco, variando até 5 minutos. 

- Em termos de baldeação, que implica em uso de mais um transporte e maior gasto de tempo, aproximadamente, 35% das pessoas fazem viagens diretas, isto é, não precisam trocar de transporte para chegar ao seu destino final. Quase 50% dos entrevistados (47,52%) fazem duas baldeações por viagem, enquanto cerca de 13% fazem de três ou mais por viagem.   

O Relatório completo, inclusive, para fazer comparações com cidades de outros países e até brasileiras, está disponível no site do Moovit (clique AQUI).  

Infelizmente, a cidade do Rio de Janeiro, em especial, não oferece bons serviços à população no que tange aos modais de transportes coletivos públicos e toda sua infraestrutura de funcionamento. Em virtude disso, as condições de mobilidade urbana se mantêm muito aquém do padrão desejado e adequado.

Não há uma política pública eficaz e de amplo incentivo ao uso dos transportes coletivos público, capaz de reduzir os veículos de uso individual e motorizado.

Na verdade, isso não é um “privilégio” da nossa cidade. Com algumas diferenças esse padrão segue em todos os principais centros urbanos do Brasil.  

“Não há sinalização de que as políticas públicas adotadas no país venham alterar esse quadro no futuro, pois os incentivos à produção, venda e utilização intensa de veículos privados prevalecem sobre as medidas de estímulo ao uso do transporte público e do transporte não motorizado” (IPEA, 2016).

Enquanto o sistema de transportes públicos e de mobilidade urbana dos grandes centros urbanos não forem reformulados e otimizados, o caos no trânsito e na vida diária do cidadão irão perdurar.


Imagem capturada na Internet
Fonte:  SustentArqui
(extraído do Site Virada da Mobilidade)

Fontes de Consulta 

. ARAÚJO et al (2012): Transporte público coletivo: discutindo acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida – Scielo 

. CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de: Mobilidade Urbana Sustentável: Conceitos, Tendências e Reflexões (2016) – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/IPEA 

. Cidades: Frota de Veículos (2022) - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / IBGE   

. COSTA, Renato Gama-Rosa, SILVA, Claudia G. Thaumaturgo da e COHEN, Simone Cynamon: A origem do caos – a crise de mobilidade no Rio de Janeiro e a ameaça à saúde urbana (2013) - Scielo 

. Estatísticas do transporte público por País e Cidade (2022) - Moovit

. GOMIDE, Alexandre de Ávila: Mobilidade Urbana, Iniquidade e Políticas Sociais (2016) - Instituto dePesquisa Econômica Aplicada/IPEA 

. Mobilidade Urbana – Wikipédia  

. VIEIRA, Maria Júlia e BUONO, Renata (2023): A Vida que se perde no Transporte Público – Revista Piauí

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Grande Fenda aberta no Solo da Turquia devido ao Forte Terremoto

Drones registraram, em vídeo, a enorme fenda aberta na superfície do território turco, inclusive passando e atravessando uma rodovia, por efeito do forte terremoto que arrasou o país e a Síria, na 2ª feira passada, dia 06 de fevereiro. As rachaduras chegaram a 300 km. 

TRT é um serviço de rede pública de televisão da Turquia. 

Nota: O vídeo foi compartilhado do YouTube

 

Fonte:

. Imagens aéreas mostram fratura de 300 km causada por terremoto na Turquia (2023) – O Globo/Mundo

 

Atualizando... Número de Mortos em consequência dos Terremotos na Turquia já ultrapassa os 30 mil

Imagem capturada na Internet
Fonte: G1 Mundo
Foto: Sertac Kayar/Reuters


Como já era previsto, infelizmente, o número de mortos em consequência dos terremotos que ocorreram na região fronteiriça entre a Turquia e a Síria não para de crescer.  

O último boletim oficial, anunciado – hoje - nos telejornais (televisão) e em outras mídias, confirma que este desastre natural se configura como uma tragédia catastrófica.  

O número de vítimas fatais já ultrapassa 33 mil, sendo o maior quantitativo no lado turco, onde já somam 29.605 mortos, enquanto na Síria estimam-se mais de 3.500 vítimas fatais. 

Isso significa dizer que, no caso da Turquia, falta pouco para que este evento se torne o pior registrado nos últimos 84 anos, em seu território.  

Como mencionei e mostrei em uma tabela, publicada no Poder 360, o pior até então registrado na Turquia aconteceu em 1939. E, embora, de igual magnitude (7,8), este matou 33 mil pessoas.   

O triste é saber que, seguramente, esse número não vai parar de crescer. Não vai por causa do alto índice de edificações que desabaram, havendo, consequentemente, muitos corpos ainda soterrados. A própria Organização das Nações Unidas (ONU) fez esta predição.

 

Imagem capturada na Internet
Foto: Ilyas Akengin/AFP

Imagem capturada na Internet
Foto (reprodução reportagem TV Globo)


Imagem capturada na Internet

Fonte: DW

A meio tanta desolação e tristeza, notícias de retiradas de sobreviventes dos escombros aliviam um pouco a dor em meio ao cenário de grande devastação


Imagens capturadas na Internet

Daí as buscas prosseguirem... Contudo, estes casos não se igualam em termos proporcionais às vítimas fatais. 

Segundo as mídias, milhares de pessoas estão desaparecidas e, quanto aos feridos, estimam-se que esses sejam mais de 70 mil 

A Turquia e a Síria contam com a solidariedade de mais de 70 países, inclusive, o Brasil, que enviaram ajuda humanitária e equipes de resgate.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Devastação na Turquia e na Síria: Terremoto de Magnitude 7,8 na Escala Richter

 

Pai segurando a mão de sua filha de 15 anos, morta,
nos escombros (cidade de Kahramanmaras, Turquia)
Imagem capturada na Internet
Fonte: Portal G1
Foto: Adem Altan/AFP


Quando iniciei a minha primeira aula na rede municipal de ensino, no dia 06/02 (2ª feira), neste ano, eu nem imaginava a dimensão do desastre natural que estava para ser revelada com o passar das horas daquele dia...  

E que ainda continuou e continua, com o passar dos dias...  

Como sempre faço no primeiro dia de aula, inicialmente, fiz a minha apresentação à turma 1705 (e, depois, às demais, também). Em seguindo passei para os Informes Gerais (Regras de Convivência Escolar, Método de Ensino, Uso de Celular, Caderno, Apostila do Rio Educa, Avaliações, entre outros aspectos pertinentes a minha prática de ensino).  

Ao discorrer sobre os Instrumentos de Avaliação (Teste; Trabalho de Pesquisa ou Atividade Dirigida e Prova), chamei atenção do Teste Relâmpago que, junto com a frequência integral bimestral, faz parte dos chamados “Pontos Extras”.  

Citando exemplos de perguntas que poderiam cair entre as 10 questões do respectivo Teste (conteúdo de Geografia do 7° Ano e do 6° Ano; Atualidade e uma pergunta banal/boba), eu mencionei sobre o terremoto noticiado, naquela manhã, como opção de atualidade.  

Eu não citei o nome do país, pois a questão era justamente esta, isto é, identificar o país euroasiático (com território tanto na Europa quanto na Ásia), que havia sofrido um forte terremoto na madrugada do dia 06 de fevereiro, o qual ocasionou 600 vítimas fatais e 3.000 feridos. Eu havia ouvido a notícia no telejornal da manhã, antes de sair de casa rumo à respectiva Unidade Escolar.  

Contudo, eu desconhecia a magnitude deste (Escala Richter) e que a Síria, em sua região fronteiriça com a Turquia, havia sido afetada também pelo mesmo sismo.  

Como era esperado, nenhum aluno soube responder, naquele momento, pois a notícia havia sido divulgada bem cedo, mas – mesmo assim – fiz uso desta como exemplo de questão de atualidade 

Pois bem, conforme as horas foram passando, o número de mortos só aumentou e, ao longo da semana, tive que retificar a resposta com todas as turmas acerca tanto da dimensão do desastre natural quanto do aumento de vítimas fatais.  

Na última 4ª feira (08 de fevereiro), os boletins oficiais dos dois países já contabilizavam mais de 15 mil mortes (informação obtida às 20h58), sendo a maior parte na Turquia.  

Como eu já previa, os números aumentaram mais ainda, alcançando um número, indiscutivelmente, assustador... 

Segundo as mais recentes contagens oficiais e publicadas, hoje,  no Portal G1 (10/02), o número de mortos nos dois países superou a marca das 21 mil vítimas fatais, de acordo com os seguintes registros:    

. Turquia: 18.342 mortos;

. Síria: 3.162 mortos. 

Infelizmente, a tendência é desses números aumentarem ainda mais...  

O primeiro terremoto, de magnitude 7,8 na escala Richter, teve o seu epicentro na província de Gaziantep, no Sul da Turquia, na fronteira com a Síria e, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o seu hipocentro ocorreu a uma profundidade de 24,1 Km.  

Imagem capturada na Internet

Só a nível de esclarecimento...  

Hipocentro corresponde ao ponto, no interior da crosta terrestre, onde se tem o foco do terremoto (de onde se origina os abalos sísmicos), já o Epicentro é o ponto da superfície terrestre atingido pelo terremoto.  

Este tremor aconteceu quando a maioria da população ainda estava dormindo, ou seja, pegou as pessoas de surpresa (desorientação inicial e pouco tempo para tomar as devidas providências) e, como agravante do quadro, muitos edifícios desabaram após terem suas estruturas colapsadas, soterrando milhares de pessoas. Tremores secundários foram sentidos, posteriormente, em toda a região.  

De acordo com o que foi noticiado a este respeito, até a última 4ª feira (08/02), mais de 3.700 prédios desabaram no país e, em consequência disso, as buscas por sobreviventes iriam continuar, uma vez que muitas pessoas ainda se encontravam soterradas, nos escombros.  

Imagem capturada na Internet
Foto: BBC

Quanto ao número elevado de edifícios colapsados após os terremotos, uma grande parte deles, sobretudo, os mais recentes, apresentavam problemas quanto aos regulamentos de segurança contra terremotos, ou seja, deveriam ser à prova de abalos sísmicos e não eram. Assim como, a Turquia concedeu anistia a muitas edificações que não cumpriram o que determina as normas de segurança.  

Como é de conhecimento da grande maioria, toda área de grande susceptilidade e vulnerabilidade a eventos tectônicos, sobretudo, abalos sísmicos, tem que seguir certos regulamentos de engenharia anti-sísmica, capazes de prevenir ou mitigar os efeitos do terremoto, tais como estruturas internas de aço, amortecedores eletrônicos ou de molas que dissipam os tremores de terra, entre outras tecnologias modernas.  

Como há muito tempo não ocorria um forte terremoto na Turquia, em parte porque a falha tectônica, onde o terremoto ocorreu, se mantinha mais ou menos estável, as construções mais recentes não seguiram as normas de segurança à risca, ignorando a necessidade do cumprimento dos regulamentos correspondentes a uma área de alta sismicidade.  

As consequências destas “brechas” e falhas na legislação e fiscalizações acabaram dando no que deu: o desabamento de milhares de construções e um número elevado de mortos.  

“As normas mais recentes exigem

que estruturas em regiões sísmicas

usem concreto de alta qualidade reforçado com aço.

As colunas e vigas também devem ser distribuídas

de forma que absorvam efetivamente

o impacto dos terremotos. (BBC/Portal G1)


Este tremor do último dia 06/02 durou cerca um minuto e meio e foi seguido por mais de 90 réplicas, cujas magnitudes variaram entre 4,3 e 5,7 na Escala Richter, tendo algumas com magnitudes próximas ao primeiro e principal tremor.  

O tremor foi sentido em um raio de alcance de 250 Km, atingindo centenas de municípios. Sendo sentido, também, em Israel, Chipre e no Líbano, sem registro de vítimas.  

O segundo terremoto, de magnitude 7,5 na Escala Richter, é um tremor secundário do principal terremoto, ou seja, o anterior de magnitude 7,8.  

Considera-se tremores secundários todos os terremotos individuais, que não sejam mais fortes que o terremoto original.

Este segundo teve o seu epicentro na cidade turca de Kahramanmaras e o seu hipocentro se deu a 10 Km da superfície, profundidade esta considerada muito baixa. Por ter sido muito rasa, o impacto na superfície é pior, mais forte.  

Ao contrário de que muitos pensam, esses eventos tectônicos não são raros na Turquia, pelo contrário!  

A Turquia está localizada em uma área de grande instabilidade tectônica do Mediterrâneo. Isso se dá por ser uma área de encontro de placas tectônicas (placas convergentes). Daí os abalos sísmicos serem mais constantes 

Até a presente data, o terremoto principal da última 2ª feira (06/02/2023) é o segundo maior registrado na Turquia, tendo o pior ocorrido em 1939. Embora, este tenha registrado a mesma magnitude (7,8 na Escala Richter), o número de mortos foi bem superior, na ordem de 32 mil pessoas.  

Maiores terremotos registrados na Turquia


Imagem capturada na Internet
Fonte: Poder 360

E as buscas por sobreviventes não param...  

Para piorar as condições de buscas e dos próprios sobreviventes nos escombros, o inverno rigoroso, com precipitação de neve e chuvasdificulta a ação dos socorristas e agrava a situação dos sobreviventes, que estão em risco com a demora da remoção dos mesmos.  

Se só isso não bastasse, não podemos esquecer que a referida região, no lado sírio, vive em uma situação de guerra, com o controle territorial dividido entre oposição e governo e, também, de crise humanitária com a migração de refugiados.  

A energia do terremoto que arrasou o sudeste da Turquia e o norte da Síria foi abordada, pelos sismólogos, como análoga a cerca de 32 bombas atômicas lançadas na cidade de Hiroshima, no Japão (no final da II Guerra Mundial).  

De acordo com o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália, responsável pelo monitoramento geológico da região, e publicado no Portal G1, este terremoto foi desencadeado por um deslocamento de três metros da placa tectônica Arábica -  na direção nordeste-sudoeste - em relação à placa da Anatólia.  

Na área de encontro das placas tectônicas (Arábica e Anatólia) há uma fenda no subsolo. Submetendo-se que o tipo de encontro de placas foi o de deslizamento lateral. Como deixa claro o pronunciamento do chefe do INGV, Carlo Doglioni,

“O movimento tectônico resultou

em um terremoto de magnitude 7,8,

com as placas "escorregando"

de 30 a 40 segundos”.  

Diversos países, Organizações Internacionais e outras entidades enviaram, além de ajuda humanitária, equipes de resgate, incluindo, médicos, bombeiros e cães farejadores para ajudar nas buscas de sobreviventes nos dois países afetados pelo terremoto (Turquia e Síria). Mas, o pouco tempo e as condições da estação do ano (inverno) poderão comprometer o trabalho dos agentes.  

Com esta mesma finalidade solidária, o governo de São Paulo comanda uma missão nacional e enviou, ontem (09 de fevereiro), uma equipe composta de 22 bombeiros, dois médicos militares, dois integrantes da Defesa Civil e três pastores belgas malinois e uma labradora.  

Além de São Paulo, agentes de Minas Gerais, Espírito Santo e Brasília também foram para Turquia para dar assistência nas buscas.  

As imagens, abaixo, foram capturadas da Internet


Imagem capturada da Internet
Foto: Umit Bektas/ Reuters


Todas as 8 Imagens abaixo foram capturadas da Internet
Fonte: CNN


















Todas as 04 Imagens abaixo foram capturadas da Internet






Fontes de Consulta  

. BEZERRA, Antônio Luiz Moreira: Por que o terremoto na Turquia e Síria foi tão devastador? (2023) – Assembleia Legislativa do Estado do Piauí  

. Bombeiros, médicos e cães farejadores de SP embarcam para a Turquia para ajudar no resgate de vítimas do terremoto (2023) – G1/São Paulo  

. Frio e crise política contínua dificultam resgates após terremoto na Turquia e na Síria (2023) – MSN/Folha de São Paulo  

. HORTON, Jake e ARMSTRONG, William: Turquia anistiou prédios que não cumpriam normas de segurança contra terremotos (2023) – BBC (publicado no Portal G1)  

. MILLER, Brandon:  Turquia registra segundo forte terremoto; número de mortos passa de 2,7 mil (2023) - CNN  

. Mortes no terremoto na Turquia e na Síria passam de 20 mil; ACOMPANHE AO VIVO (2023) – PortalG1  

. O Japão e a incrível Engenharia Anti-Sísmica (terremoto) – (2021) – Constru360°  

. Terremoto na Síria e Turquia: número de mortes passa de 19 mil (2023) – UOL Internacional  

. Terremoto na Turquia: a imagem de pai segurando mão de filha morta que mostra desespero de sobreviventes (2023) – BBC News Brasil  

. Terremoto na Turquia e Síria: especialista estima que 180 mil pessoas possam estar soterradas (2023) – O Globo/Época

. Veja infográficos com os dados sobre o terremoto na Turquia (2023) – Poder360