quinta-feira, 23 de junho de 2011

23 de Junho: Feriado de Corpus Christi

Tapetes coloridos na cidade de São Gonçalo (RJ/ 2010)


Não levando a discussão ao patamar de outros debates, mais profundos, tais como: acerca da influência da Igreja Católica em nosso país; do Brasil ser um Estado laico, segundo a própria Constituição; da manutenção de feriados católicos em detrimento a existência de outras religiões; os gastos e desperdícios em face da situação socioeconômica de muitos brasileiros, entre outros aspectos, o meu objetivo – nesta postagem – é tratar a origem do feriado de Corpus Christi, pois muitos alunos – por desconhecerem – perguntaram a respeito da mesma, nesta semana.

E, tal como muitos perguntaram, outros também devem desconhecer... 

Pois bem, hoje se comemora Corpus Christi, feriado católico, que em latim significa “Corpo de Cristo”.
 
 
De acordo com os preceitos da religião católica, hoje, é dia de comparecimento obrigatório à missa (à exceção nos casos de doenças e outros empecilhos graves), pois é celebrada a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia (sacramento do Corpo e Sangue de Jesus), ou seja, a celebração de hoje é ao mistério da Eucaristia.

 A celebração de Corpus Christi acontece, anualmente, sempre em uma quinta-feira, em alusão à Quinta-feira Santa, quando Jesus com seus apóstolos – na última ceia (antes de ser crucificado) – pediu a estes últimos que celebrassem a sua memória comendo o pão e bebendo o vinho, os quais se transformariam, respectivamente, em seu Corpo e Sangue. Foi neste momento que Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia.

A celebração não tem um dia fixo, isto é, ela é móvel, ocorrendo 60 dias após a Páscoa, sempre em uma quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, podendo cair entre 21 de maio e 24 de junho.

De acordo com fontes de pesquisa, o início desta celebração data de 1243 (Século XIII) e aconteceu em Liège, na Bélgica, após a freira agostiniana, Juliana de Mont Cornillon, ter tido visões de Cristo, segundo a qual Jesus expressou o desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado.  

Somente em 1264, o papa Urbano IV - através da Bula Papal "Trasnsiturus de hoc mundo" - estendeu a celebração para os povos católicos. Este pediu a Santo Tomás de Aquino que elaborasse as leituras e textos litúrgicos a serem lidos durante a comemoração. Até hoje, os mesmos são usados durante a celebração. 

Foi composto o hino Lauda Sion Salvatorem (Louva, ó Sião, o Salvador), o qual ainda – hoje – é usado e cantado nas liturgias do dia pelos sacerdotes de todas as igrejas católicas do mundo.  

A festa de Corpus Christi foi decretada em 1269 e a procissão com a hóstia consagrada, transportada em um ostensório, para ser reverenciada fora da igreja, data de 1274.  

A celebração de Corpus Christi em nosso país faz parte da nossa herança cultural, pois esta foi trazida pelos nossos colonizadores, portugueses, seguindo a tradição da missa, da procissão (com a hóstia ostentada) e a adoração ao Santíssimo Sacramento.  

No período colonial, todos podiam acompanhar o cortejo, ou seja, membros de todas as classes, os senhores e seus familiares, os escravos, os militares, entre outros. 
 
A tradição de fazer tapete com folhas e flores veio dos imigrantes açorianos (ilha dos Açores, Portugal), de onde sobreviveu a cultura, pois a mesma praticamente desapareceu na parte continental. De influência açoriana, Florianópolis (capital de Santa Catarina) herdou a tradição dos referidos imigrantes.

Já o padre Márcio dos Reis, em entrevista publicada no Portal G1, afirma que a tradição de enfeitar as ruas foi feita pela primeira vez, no Brasil, na cidade de Ouro Preto (MG), por volta do ano de 1961. Segundo o mesmo, "a procissão lembra a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em busca da terra prometida".

Hoje, a tradição de se fazer os tapetes nas ruas acontece em diversas cidades brasileiras, sobretudo, em Minas Gerais e, além de atrair católicos, as ruas enfeitadas atraem turistas que gostam de apreciar a arte de confecção dos símbolos religiosos.

O material também mudou e, ao invés de flores e folhas, são utilizados sal colorido (fino e grosso), serragem, pó de café e outros materiais na composição dos tapetes.

Somente o padre com a hóstia consagrada (Cristo Eucarístico), passa pelo tapete, enquanto as demais pessoas que acompanham a procissão caminham ao lado deste.

Quem pensa que na cidade do Rio de Janeiro não há esta tradição, de confecção de tapetes de ruas, está enganado, pois - anualmente - um trecho da Avenida Chile, próximo à Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, no Centro, ele é confeccionado e é, justamente, por onde passa a procissão de Corpus Christi, no sentido Catedral - Av. Rio Branco –Candelária.

Mas, a tradição mais popular em nosso estado não é em nosso município e, sim, em São Gonçalo, distante a 30 km da nossa cidade (Rio de Janeiro).

No município de São Gonçalo, a celebração de Corpus Christi se tornou conhecido – em cadeia nacional – em razão da confecção de tapetes de ruas, aliando a religiosidade de sua população à arte popular.
De acordo com o que foi publicado, neste ano, o tapete de rua foi formado por 231 painéis, cuja extensão chegou a aproximadamente dois quilômetros. O maior tapete religioso da América Latina.
 
Tradicional tapete de sal,
com cerca de 2 km, principal via de São Gonçalo



Tapete de sal em São Gonçalo (Foto: Rodrigo Silva Vianna/G1)
Tapete de sal em São Gonçalo
Fonte: G1.com - Foto de Rodrigo Vianna


As imagens abaixo foram tiradas no ano passado, 2010, em São Gonçalo (RJ). Elas foram capturadas no site do Estadao.com.br/Blogs e são de autoria do fotógrafo Fábio Motta. Outras imagens podem ser vistas no mesmo. Acesse AQUI e confira.










 Bom feriado a todos! 


Fontes de Consulta

. Estadão.Com.Br/Blogs

. Portal da Arquidiocese de Campo Grande

. Portal da Família
 

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