segunda-feira, 1 de julho de 2013

1º de Julho: União Europeia passa a ter 28 países-membros com a adesão da Croácia


Croácia: Bem vinda ao Clube
Imagem capturada na Internet (Fonte: Presseurop)


A partir de amanhã, 01 de julho, a União Europeia contará  com mais um país, a Croácia, passando a ter 28 países-membros.
 
Mesmo passando por uma grave crise econômica, reflexo da crise dos EUA (2008), sobretudo, na chamada Zona do Euro (os 17 países que adotaram a moeda única do bloco econômico), a entrada da Croácia para a União Europeia representa muito para o referido país, cuja história – cerca de 18 anos - se encontra atrelada à fragmentação  da antiga Iugoslávia, marcada por guerras, violência e regimes autoritários.
 
As tramitações para a adesão da Croácia ao bloco foram longas (dez anos de negociações) em razão, de um lado, pela crise por qual perpassa a União Europeia e, por outro, pelo processo de transição que o país croata ainda se encontra atravessando.
 
Para ter uma mínima noção da importância de sua entrada ao bloco econômico é preciso, antes de tudo, relembrar um pouco da história deste país. Mesmo que de forma bem sucinta, o pouco desta já justifica o longo período de negociações e o seu interesse em aderir ao grupo.
 
Intitulada e acusada de nazistas por grande parte das populações da antiga Iugoslávia, a Croácia carrega a fama de ter sido – no período de 1941 a 1945 – em plena II Guerra Mundial,  um Estado fundamentado na prática do genocídio (de judeus, sérvios, ciganos e comunistas) em campos de concentração, do racismo e do chauvinismo (sentimento ultranacionalista que leva a odiar as minorias e a perseguir estrangeiros).
 
O ódio secular entre sérvios e croatas, reprimido pelas antigas autoridades iugoslavas, tinha fundamentos nesta relação entre a minoria sérvia (cristãos ortodoxos) que foram massacrados pelos croatas nazistas (cristãos católicos).
 
Ao final da II Guerra Mundial, com a derrota dos invasores nazistas, Josip Broz Tito unificou todas as Repúblicas Iugoslavas formando um Estado comunista (Iugoslávia). Esta rivalidade e sentimento de ódio entre sérvios e croatas era contido e reprimido pelas autoridades iugoslavas.
 
 
 Imagem capturada na Internet (Fonte: Quadro de Medalhas)
 
Contudo, em 1980, com a morte de Tito, a Iugoslávia entrou em um processo de crise política e étnica, de total fragilização da união das repúblicas iugoslavas. Agravando-se, mais ainda, com a crise econômica decorrente do desmantelamento dos regimes comunistas do Leste Europeu, no final dos anos 80 e início do 90, bem como das dificuldades de adaptação à economia de mercado.
 
Na época, a Croácia era a maior e a mais desenvolvida economia das repúblicas da Iugoslávia.  O sentimento separatista era eminente e, no dia 25 de junho de 1991, após a realização de plebiscitos e a vitória esmagadora dos separatistas, a Croácia se separou da Iugoslávia.
 
Em seguida, o Exército Federal (de domínio sérvio), considerado temível e invencível, invade o seu território em favor das minorias sérvias residentes no país (aproximadamente 10% da população). Novos conflitos violentos marcam a história da Croácia, assim como a ocupação do seu território pelas milícias sérvias. Diante deste quadro, as Nações Unidas interveem militarmente para assegurar a paz.
 
A Croácia passa a ser reconhecida como um país independente em 1992 e, em 1995, ela recupera praticamente todos os seus territórios ocupados pelos sérvios, militarmente, e sem nenhuma ajuda externa.
 
Sob forte pressão internacional, a antiga Iugoslávia devolve a Eslavônia oriental, o último território croata ocupado, em 1998.
 
Na verdade, Franjo Tudjman, primeiro presidente da Croácia (1989-1999), foi o responsável pelo processo de independência do país, da recuperação dos territórios ocupados, sem nenhuma ajuda estrangeira e de prestar auxílio aos bosnianos e aos bósnio-croatas na luta pela independência da Bósnia-Herzegovina.
 
Mas, ao mesmo tempo, seu governo também não foi assinalado por princípios baseados na paz, liberdade e, muito menos, pelo cumprimento dos direitos humanos. “(...) na verdade era uma ‘democratura’ nacionalista, um Estado que roubava os seus próprios cidadãos, dissimulava crimes e tolerava discursos de ódio”*
 
O que a Croácia talvez almeje, com a sua entrada na UE, seja iniciar outra história de vida, seguindo regras comuns que assegurem – a partir de valores humanos elevados – a paz e o cumprimento dos direitos humanos. Não sabemos como será a sua trajetória e, muito menos, do próprio bloco econômico, mas a expectativa de ambas as partes envolvidas é grande. 
 
 
Fontes de Consulta
 
. Presseurop (várias edições)
 

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