quinta-feira, 17 de julho de 2025

EUA anuncia Guerra contra o Brasil – Parte I

 

Imagem capturada na Internet
Fonte: Blog do AFTM

Desde que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, a entrar em vigor a partir de 1º de agosto, este assunto vem repercutindo na imprensa nacional e internacional, tendo em vista que – em meio às outras nações que também foram notificadas a respeito desta nova taxação – a tarifa atribuída ao nosso país (50%) é a mais alta de todas. 

Estava deflagrada a guerra entre ambas as nações... 

No dia 09 de julho (4ª feira) foi anunciada a tarifa imposta às Filipinas (20%), a menor de todas, até agora. 

Neste mesmo dia (09/07), o presidente Trump enviou uma carta pública ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmando a sua imposição quanto à tarifa de 50% sobre os produtos de exportação brasileiros e justificando a respectiva medida. 

Leia a íntegra da carta de Trumpem português - notificando o presidente Lula acerca da aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros, AQUI!

Em uma publicação no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu: 

“Diante da declaração pública feita 

pelo presidente dos EUA, Donald Trump, 

nas redes sociais na tarde desta quarta-feira (9),

é importante destacar o seguinte:

o Brasil é uma nação soberana, 

com instituições independentes,

e não aceitará qualquer forma de tutela.

Os processos judiciais contra os responsáveis

pelo planejamento do golpe

são de competência exclusiva do 

Poder Judiciário brasileiro e, como tal, 

não estão sujeitos a qualquer interferência

ou ameaça que possa comprometer a independência

das instituições nacionais”

(The Indian Express, 17/07/2025)

 

Recentemente, no dia 12/07, o presidente Donald Trump anunciou a tarifa de 30% para as importações da União Europeia e do México, com vigência também a partir de 1º de agosto. 

Lista dos 25 países já notificados pelo presidente Trump e suas respectivas taxas, até o presente momento (G1 – 12/07): 

1. África do Sul: 30%

2. Argélia: 30%

3. Bangladesh: 35%

4. Bósnia e Herzegovina: 30%

5. BRASIL: 50%

6. Brunei: 25%

7. Camboja: 36%

8. Canadá: 35%

9. Cazaquistão: 25%

10. Coreia do Sul: 25%

11. Filipinas: 20%

12. Indonésia: 32%

13. Iraque: 30%

14. Japão: 25%

15. Laos: 40%

16. Líbia: 30%

17. Malásia: 25%

18. México: 30%

19. Myanmar: 40%

20. Moldávia: 25%

21. Sérvia: 35%

22. Sri Lanka: 30%

23. Tailândia: 36%

24. Tunísia: 25%

25. União Europeia: 30% 

Sob o contexto desta nova taxação ao nosso país (50%), sabe-se que ela excede o campo econômico, sendo mais compreendido por seu viés político – o qual ficou bem claro no texto da carta - ligado à defesa de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro em face à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao atentado à democracia brasileira, ocorrido no dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, inconformados com o resultado das eleições (com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva/PT), invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), numa tentativa de golpe. 

Sob este mesmo contexto, o governo brasileiro está sendo acusado de praticar perseguição política ao referido ex-presidente e seus aliados, tal como ao chamado “caça às bruxas”. 

A alegação de seu caráter, sobretudo, político é corroborada ao atual tipo de balança comercial estabelecida entre os Estados Unidos e o Brasil, a qual – pelo lado estadunidensese mostra positiva, tendo em vista que o valor de suas exportações é maior do que o valor das importações (produtos brasileiros). 

Melhor explicando, eles ganham mais com as vendas de seus produtos do que o nosso país comprando os produtos importados dos EUA, pois além de serem de naturezas diferentes, os seus valores divergem. A maior parte dos produtos de exportação do Brasil pertence à categoria de commodities, tanto agrícolas quanto minerais. À exceção de aeronaves, ferramentas industriais, calçados, entre outros. Daí o saldo comercial dos EUA ser positivo, registrando um superavit. 

Enquanto para o Brasil, o cenário apresenta outro resultado, uma vez que o seu saldo comercial com os EUA se mostra negativo, pois o valor de compra dos produtos estadunidenses (importação) é bem maior do que aqueles que o Brasil exporta (vende) para eles. Em geral, os preços dos produtos brasileiros são inferiores, porque - tal como foi mencionado acima - o Brasil exporta diversos produtos primários, com predomínio de matérias-primas e produtos de baixo valor agregado, classificados como commodities.

Imagem capturada na Internet
Fonte: Poder 360

Os dados do Ministério do Desenvolvimento comprovam esta relação, ao mostrar que – desde 2009 - o Brasil tem registrado déficits comerciais consecutivos com os EUA, ou seja, há 16 anos, o Brasil gasta mais com as importações do que arrecada com as exportações brasileiras.

Daí ser totalmente falsa a alegação do presidente Trump que a relação comercial entre os EUA e o Brasil ser muito injusta. Na verdade, ela se mostra injusta só para o nosso lado e, não, para eles. 

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou:

Os EUA mantêm superávit com o Brasil 

há mais de 15 anos.

Somente na última década, 

o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões 

no comércio de bens.

Incluindo o comércio de serviços,

o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões.

Entre as principais economias do mundo,

o Brasil é um dos poucos países com superávit

a favor dos EUA”. 


Como o nosso país está em concordância com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), com a nova legislação, ele passa a ter instrumentos legais para contestar a ações consideradas injustas, como o caso do tarifaço de Trump. 

E foi embasado nesta legalidade, que o presidente Lula assinou - na última 2ª feira (14/07) - o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica, a qual permite que o governo brasileiro adote medidas de retaliação contra os EUA em razão de barreiras comerciais e/ou políticas estabelecidas ou a serem constituídas contra o nosso país. 

Esse decreto era a opção para o Brasil reagir ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. 

O decreto foi publicado na edição de 15/07/2025 do Diário Oficial da União. E, apesar de não citar os EUA em seu texto, foram estabelecidos procedimentos para que o Brasil possa garantir a suspensão de "concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional". 

A medida também prevê a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais - formado por representantes do governo - para discutir a aplicação de reações a eventuais tarifas. 

Muito já se especulou sobre a possibilidade do presidente Trump não aplicar a tarifa de 50% em cima dos produtos exportados do Brasil, pois ele já recuou em outras decisões tomadas, anteriormente. No entanto, embora ele tenha dito que o aumento das taxas de importação visa “proteger e fortalecer indústria dos EUA”, o seu intuito é atingir o Brasil em razão da situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta um processo criminal no Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, nada é garantido. 

Uma coisa é certa, se essa imposição de tarifa alta (50%) aos produtos brasileiros vier a ser cumprida no próximo 1° de agosto, o Brasil sofrerá uma redução severa e altamente impactante com a queda de bilhões de dólares nas exportações do país com os Estados Unidos. 

Mas, há de ressaltar – aqui – que 15% das exportações brasileiras vão para os EUA e, por conta disso, não será só o Brasil a ter prejuízo com este tarifaço imposto pelo Trump. Os consumidores estadunidenses também sofrerão com a baixa oferta e os preços elevados dos produtos. 

Os EUA também se destacam na importação de bens fabricados no Brasil, de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas. Para além dos produtos commodities produzidos em nosso país, que representam a maior parte dos produtos exportados, entre os quais se destacam o café (grãos), a carne bovina e o petróleo bruto. Os commodities possuem baixo valor agregado. O Brasil, ainda, exporta para os EUA, suco de laranja, madeira e produtos semiacabados de ferro e aço. 

Principais produtos brasileiros exportados para os EUA em 2024 (CNN Brasil, 10/07/2025)

- Café: O Brasil é o maior exportador de café (grãos) do mundo e o seu principal destino são os EUA. As exportações, no ano passado, representaram 16,7% de toda exportação do café brasileiro no mundo, somando quase US$2 bilhões de dólares. 

- Carne: Os EUA correspondem o segundo maior mercado da carne bovina do Brasil, só perdendo para a China. No ano passado, os EUA apresentaram um crescimento expressivo de 58% no volume de importações, totalizando 147 mil toneladas e US$ 867,4 milhões em faturamento. 

- Suco de laranja: Na safra 2024/25, concluída em 30 de junho, os EUA representaram 41,7% das exportações brasileiras de suco de laranja, totalizando US$1,31 bilhão em faturamento. 

Os EUA são o segundo principal comprador de suco de laranja do Brasil, ficando atrás da União Europeia, que lidera como maior mercado das exportações brasileiras do produto. 

Com o tarifaço, os analistas anteveem uma queda "drástica" na competitividade brasileira e um "risco à cadeia citrícola". 

- Petróleo Bruto: No 1° trimestre de 2024 foram destinados 4% do petróleo, exportado pela Petrobras, para os EUA (segundo principal destino). 

No âmbito global, este representou 37% das exportações brasileiras de petróleo, a qual rendeu ao país US$ 5,8 bilhões, cerca de 13% de tudo que o Brasil exportou de petróleo no mundo, em 2024. 

- Aeronaves: As exportações de aeronaves para os EUA, notadamente aviões, renderam US$ 2,4 bilhões ao Brasil, ou seja, cerca de 63% do total exportado pelo nosso país. A Embraer é a empresa com maior participação nas exportações. 

- Semifaturados de ferro e aço: O mercado estadunidense respondeu por mais de 70% das exportações brasileiras e o faturamento de suas exportações para os EUA foi na ordem de US$ 2,8 bilhões. 

 -  Materiais de construção: O Brasil exportou o equivalente a US$ 2,2 bilhões desses produtos para os EUA, o qual apresentou uma fatia elevada do total, cerca de 58%. 

 - Madeira: As exportações de produtos de madeira responderam por mais de 40% do total exportado pelo Brasil e o seu faturamento foi na ordem de US$ 1,6 bilhão.

Segundo a empresa brasileira Cogo Inteligência em Agronegócio, que oferece serviços de agronomia e de consultoria às atividades agrícolas e pecuárias, os produtos florestais brasileiros são exemplos daqueles que perderiam competitividade para outros países, como Canadá, Chile e a União Europeia. 

A Suzano, outra empresa gigante do setor de celulose, com cerca de 15% de suas exportações para os EUA, poderia enfrentar - a curto prazo - algumas dificuldades. No entanto, ela se beneficia por ter custos baixos, flexibilidade para realocar volumes e escala global, segundo relatório do Citi. 

- Máquinas e motores: Em 2024, as indústrias brasileiras de motores, máquinas e geradores tiveram um faturamento de US$ 1,3 bilhão com as exportações para os EUA. E esse segmento de produção respondeu por mais de 60% de tudo o que o Brasil exportou. 

 - Eletroeletrônicos: O mercado estadunidense é o principal destino das exportações do setor de eletroeletrônicos. As exportações brasileiras para os EUA, no primeiro semestre do ano passado, renderam US$1,1 bilhão.

Com a imposição de tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, esta medida irá acarretar a queda de bilhões de dólares nas exportações brasileiras.


Fontes de Pesquisa 

. BARROS, Paulo: Por que Trump quer taxar o Brasil? Veja tudo o que se sabe sobre a tarifa de 50% - InfoMoney25 

. CATTO, André: Trump manda carta a Lula e anuncia tarifa de 50% sobre produtos brasileiros - G1/Globo 

. Commodities lideram exportação em 25 das 27 unidades da Federação – Poder 360 

. CUNHA, Marcela e ORTIZ, Delis: Lula assina decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade após tarifas de Trump – G1/Globo 

. Decreto que regulamenta Lei da Reciprocidade assinado por Lula é publicado – G1/Globo 

. Entenda o tarifaço de Trump sobre Brasil e como impacta a economia – CNN Brasil 

. Íntegra da carta de Trump, em português, notificando a taxa em 50% ao Brasil - Poder 360 

. 'O Brasil não aceitará nenhuma tutela': Lula x Trump enquanto EUA impõem tarifas de 50% - The Indian Express 

. Quais são os 10 produtos brasileiros mais exportados para os EUA e os impactos da tarifa de 50%? – G1/Globo 

. SCHREIBER, Mariana e PRAZERES, Leandro: O que esperar após Trump anunciar nova tarifa de 50% sobre Brasil em resposta à 'perseguição' a Bolsonaro – BBC NewsBrasil 

. Tarifa de 50%: Brasil ainda segue com a maior taxa entre os países notificados por Trump; veja lista - G1/Globo 

. Taxa de Trump para Brasil 'não tem motivo econômico, fica claro que é decisão política', diz economista - G1/Globo 

. VIANA, Luana: Brasil usará Lei da Reciprocidade contra tarifaço de Trump. Entenda - Metrópoles 

. 15% das exportações brasileiras vão para os EUA; veja principais produtos – Isto É Dinheiro

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