sábado, 5 de junho de 2010

Dôssie da África: A saga dos albinos em terras africanas



Imagem capturada na Internet (Fonte: Opinião e Notícia)

Conforme comentei com os alunos, em função do ritmo do Campeonato Mundial de Futebol (Copa do Mundo), eu vou postar alguns tópicos e curiosidades sobre o continente africano.
 
Continente este, caracterizado por uma grande riqueza seja em termos de recursos naturais seja quanto aos seus povos distintos (e aí se engloba, suas culturas e línguas). Sem esquecer, no entanto, de graves problemas políticos, sócio-econômicos e ambientais.
 
Sua herança histórica colonial representa o grande “X” da questão, que marcou e definiu os caminhos trilhados e descarrilados ao longo dos anos, respondendo pela atual situação sócio-econômica da maior parte de seus países.

Todos ou a quase a totalidade das pessoas têm certa noção das riquezas naturais e das mazelas do continente africano. Na verdade, estas últimas - em face da gravidade expostas - são as mais enfatizadas e, por esta razão, algumas pessoas se surpreendem quando vêem um centro urbano ou imagens de certos países africanos, tal como a sede da Copa do Mundo deste ano, a África do Sul.

Contudo, a todo o momento, reportagens, documentários ou até filmes são exibidos, mostrando as diversas realidades do referido continente. Não podemos falar de uma, mas de muitas realidades...

E se já não bastassem os problemas de ordem política, social, econômica e ambiental, a rica cultura dos diferentes povos africanos, por vezes, se mostra cruel e inaceitável para os dias de hoje.
 
Cultura esta, baseada em superstições nocivas a determinados animais e, o pior de todas, a seres humanos, sob os efeitos de feitiçarias e bruxarias tão comuns e praticadas em diversos países da África.

O que parecia ser uma velha prática do passado no continente em questão, não é! Sobretudo, na África Subsaariana. E, é por esta razão, que alguns fatos nos deixa estarrecidos diante de tamanha crueldade.

Estou falando dos caçadores de "zero-zero" ou "brancos malditos",como são chamados - pejorativamente - os albinos, principalmente, na Tanzânia e no Burundi, países da África Oriental, que mais cometem os tais crimes.
 
Segundo dados publicados no final do ano passado, no site Opinião e Notícias, o número de albinos na Tanzânia era de aproximadamente 200 mil indivíduos, enquanto em Burundi, a estimativa era de - pelo menos - mil albinos.

Como é sabido, os albinos têm uma anomalia congênita, caracterizada pela ausência parcial ou total de pigmentação na pele, nos pêlos (inclusive nos cabelos) e nos olhos (íris).

Além destes apresentarem uma grande vulnerabilidade e susceptibilidade ao câncer em função da falta de pigmentação e, consequentemente, da proteção da pele aos raios ultravioletas e sofrerem preconceito em razão de suas características genéticas, os albinos tornaram-se recursos (humanos e, porque não dizer, econômicos) da cobiça de pessoas gananciosas e inescrupulosas.

Acredita-se muito no continente africano, que estes têm poderes sobrenaturais, mágicos, capazes de trazer proteção e riqueza para quem usar amuletos ou beber poções que contenham partes dos corpos, pele e/ou sangue dos albinos.


E, em razão desta superstição, os albinos são caçados como se fossem “animais” e, quando pegos, são mortos e seus corpos são mutilados, a fim de que as partes de seus corpos e o seu sangue sejam comercializadas para rituais de feitiçaria.

Quando não, a sessão de barbárie é invertida, isto é, primeiramente, eles mutilam a vítima para – depois – abandoná-la a própria sorte. Em geral, as vítimas não resistem e morrem. É muita crueldade.

Os próprios feiticeiros (bruxos) da Tanzânia difundem e alimentam estas crendices, pois o comércio - para eles – é bastante lucrativo.

Só para se ter uma ideia, para a preparação de bebida com sangue e/ou partes dos corpos de albinos, segundo uma matéria publicada na Folha On Line, estes chegam a pedir valores de 20 a 30 milhões de xelins tanzanianos, ou seja, de US$ 16 mil a US$ 24 mil.

Os braços, os dedos, as pernas, a língua e a genitália correspondem às partes dos corpos mais cobiçadas e, por isso, de maior valor monetário, sendo avaliada em até US$ 3 mil cada uma.

O comércio é tão intenso que outros países africanos compram da Tanzânia e de Burundi, alimentando o tráfico de órgãos humanos.

De acordo com o Movimento Internacional Lusófono, a BBC - ao investigar alguns destes cruéis assassinatos - chegou à conclusão que, em alguns deles, a própria policia local estava envolvida indiretamente, pois recebeu quantias de dinheiro para não reprimir as ações dos criminosos, dos caçadores. Atitudes estas, do tipo “olhar para o lado” ou, vamos assim dizer, “eu não vi nada”...

Esta prática está provocando o êxodo urbano nos dois países mencionados, fazendo com que milhares de pessoas se refugiem no campo (área rural).

Vale ressaltar aqui que, embora esta prática seja majoritária na Tanzânia e no Burundi, ocorrendo inclusive a comercialização para outros países da África, há registro de caçadores e de vítimas albinas, também, em outras nações africanas, como o Quênia e o Congo.

Na Tanzânia, as atrocidades sobre os albinos vão além da preparação de poções mágicas e de amuletos. Segundo a Revista Veja (edição 2132, 30/09/2009), além dos trabalhadores de minas usarem, no pescoço, amuletos feitos com ossos moídos de albinos, pescadores usam fios de cabelo destes para tecer as suas redes a fim de obterem sucesso na pescaria.

E mais cruel, ainda, acredita-se que a pessoa que beber o sangue fresco, quente, de um albino tem a sorte em dobro e, se for de uma criança, então, o poder do feitiço é intensificado em função da pureza infantil.


Imagem capturada na Internet (Fonte: Revista Veja)
Todas as iniciativas tomadas pelo governo da Tanzânia não se mostraram eficazes no combate ao crimes associados a questão e ao tráfico de órgãos, bem como quanto à proteção das vítimas (os albinos).


Fontes de Consulta

. G1 - Globo. com

. Opinião e Notícias

. Quintus

. Revista Veja

Um comentário:

  1. no mundo de hj com tantas dificuldades, vemos seres humanos agindo como mosntros, pois nem animais matam por simples barbarie

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