Espaço que transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem acerca do universo de abrangência da Geografia e de outras áreas de conhecimentos.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
30 de Abril: Dia Nacional da Mulher
Comentando, primeiramente…
Imagem capturada na Internet (Google)
Estou há tempo para retomar as postagens. Sei que há muitos tópicos a serem abordados neste espaço, alguns – inclusive - a pedido de meus alunos, mas como os próprios são testemunhas, estive e ainda estou super gripada (e com sinusite) e terminando de aplicar as avaliações. Na escola noturna, o primeiro Conselho de Classe (COC) foi ontem, o segundo será hoje. Na escola do diurno, o COC está agendado para a semana que vem.
Além destes fatores todos, mal estar em consequência da gripe e sinusite; provas; correções; atualizações dos Diários de Classe (de ambas as Unidades Escolares), anteontem (28/04) e ontem (29/04) estive com os alunos separando os donativos da Campanha de Solidariedade aos desabrigados pelas chuvas na cidade do Rio de Janeiro e municípios vizinhos.
Estou atrasada com relação às postagens sobre a Mulher, tal como mencionei por ocasião do Dia Internacional da Mulher, que é comemorado no dia 08 de março. E, hoje, comemora-se o Dia Nacional da Mulher.
Mas, como o tema é bastante rico e eu – ainda – não consegui postar todos os tópicos referentes a este, não irei interromper a sequência de matérias, a qual tenho como proposta para este espaço.
Inclusive e não esquecendo de mencionar as ideias declaradas e publicadas pelo clérigo iraniano Hojatoleslam Kazem Sedighi, que afirmou que a ocorrência e o aumento dos sismos no país (terremotos) são consequências das atitudes promíscuas das mulheres do Irã, que não estão se vestindo e nem tendo atitudes de modo recatado. Nossa! É preciso rever alguns conceitos, não?!
São muitos assuntos... E para ser sincera, o meu dia precisaria ter 36 horas, no mínimo e, além disso, não sentir sono. Mesmo assim, acho que seria pouco para poder atualizar o Blog e acompanhar em tempo, quase real, os acontecimentos.
Uma professora já me questionou se eu tenho ajuda de outra pessoa nas publicações do Blog. Tenho, eu mesma!
Conto sim, com algumas sugestões de alunos e da minha própria filha acerca de temas interessantes para a publicação neste espaço. Muitas das vezes, a discussão começa na sala e prossegue aqui.
Por este fato da minha “equipe” se resumir em uma pessoa só, nem sempre posso cumprir com o que planejei, mas o fato em si não impede que eu publique e discuta depois.
Ah, e já ia me esquecendo... Hoje também é o Dia da Baixada Fluminense. Meu abraço aos amigos da E.E. Assis Chateaubriand, em Duque de Caxias.
Estes foram os meus recados!
terça-feira, 27 de abril de 2010
Curso de Extensão da Fundação Cecierj
As inscrições deverão ser feitas pela internet, no site da Fundação Cecierj - Extenão
Campanha para os desabrigados das chuvas do Rio II
Para minha surpresa, hoje, ao passar pelo portão principal (a entrada do 2° segmento é pelo portão lateral) a caixa de coleta dos donativos para os desabrigados das chuvas estava bastante cheia, com sacos e caixas no chão.
Nos dias anteriores, vários donativos foram recolhidos, mas em nenhum momento o resultado foi este. Muito legal, o envolvimento e participação da nossa Comunidade Escolar. E é, por esta razão, que ninguém tem dúvida! A Escola Municipal Dilermando Cruz é uma Escola Solidária!
Vamos contribuir, pois a Campanha vai terminar na próxima sexta feira (ou na quinta).
domingo, 25 de abril de 2010
Campanha para os desabrigados da chuvas do Rio de Janeiro
E, por falar em Campanha, a nossa campanha aos desabrigados pelas chuvas que atigiram diversas comunidades em nosso município, Niterói, São Gonçalo e outros continua até esta semana. Espero poder fazer a entrega das doações na sexta-feira (30/04) ou, no máximo, segunda feira (03/05).
Como era de se esperar, a nossa Comunidade Escolar (E.M. Dilermando Cruz) é bastante solidária e aderiu a Campanha.
Ainda não fizemos a separação dos donativos, que consistem em roupas (cama, mesa, banho e vestimentas) e calçados.
Alguns alunos já me procuraram como voluntários para a triagem e para a entrega, assim como o carro de um responsável já se encontra a nossa disposição.
Até o dia 28/04 (quarta feira), eu deverei formar os grupos de voluntários, principalmente, entre os alunos da turma 1901.
O aluno Lucas Melo da referida turma, por morar próximo à Unidade Escolar, ficou com a incumbência, diária, de recolher os donativos da caixa no final do segundo turno e guardar na Sala reservada para os donativos.
Vamos participar! Ainda há tempo e muitas pessoas ajudar.
Projeto: Amigos Transformando o Mundo
Islândia: Um Laboratório Natural de conhecimento da Dinâmica Interna e Externa da Terra
Maior detalhe - Imagem capturada na Internet - Fonte: CPRM
Aurora Boreal - Fonte: www.icetourist.is
. Islândia - Como Nasceu Nosso Planeta 1/5
. Islândia - Como Nasceu Nosso Planeta 2/5
. Islândia - Como Nasceu Nosso Planeta 3/5
. Islândia - Como Nasceu Nosso Planeta 4/5
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Projeto: Livro de Rua
Este também foi publicado, ontem, no jornal O GLOBO, só que na página 7 - Seção OPINIÃO.
Espero que o projeto dê certo aqui, no município do Rio de Janeiro, pois o hábito de ler é algo transformador e as pessoas precisam muito deste incentivo.
Só espero que as pessoas respeitem as regras e o compromisso de deixar o livro, após a leitura, em outro ou no mesmo lugar público.
Como é o próprio princípio do projeto, estou aproveitando para repassar adiante o texto da referida jornalista e membro da ONG Instituto Ciclos do Brasil.
Yolanda Stein
Se você estiver numa praça carioca, num café, num posto de saúde ou numa padaria e vir um livro sobre um banco ou balcão, não se acanhe. Pegue, folheie e, se for de seu interesse, leia. É todo seu; não precisa pagar. Mas há um compromisso: passá-lo adiante, deixando-o em algum lugar público, para outros poderem também apreciar seu conteúdo. Se a corrente não for quebrada, num futuro não tão distante, mais pessoas poderão preencher uma lacuna e desfrutar do prazer do conhecimento.
Não, não se trata de uma utopia, mas o objetivo é ambicioso. O projeto "Livro de rua", inspirado no movimento internacional "BookCrossing", pretende ajudar a transformar a cidade numa grande biblioteca sem paredes, libertando os livros de estantes empoeiradas, onde muitas vezes não passam de objetos decorativos. Um grão de areia ou uma gota d'água capaz de contribuir para melhorar os ainda baixíssimos índices de leitura e a qualidade da educação no país.
O projeto não se limita ao troca-troca entre iniciados. Seu foco são as comunidades carentes, num esforço de proporcionar o acesso à leitura em localidades com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs). Nestes tempos de tanta apologia (ou demagogia) a atitudes republicanas, a iniciativa, por sua simplicidade e despretensão, pode significar um passo à frente. Afinal, as gotas d'água formam os oceanos.
As ações do "Livro de rua", iniciativa do Instituto Ciclos do Brasil, propagam-se em três frentes. A primeira é justamente a "libertação" de livros em locais públicos, uma iniciativa de voluntários apaixonados pela leitura. Alguém deixa um livro num determinado lugar e outro o pega para ler, formando-se uma corrente.
O movimento é mais abrangente, envolvendo a distribuição de livros em praças públicas, ao lado de outras atividades, como contar histórias e recitar poesias. Recentemente, foram "liberados" 700 livros nos bairros de Anchieta e Pavuna.
Há ainda as "Bibliotecas da liberdade", espaços de leitura onde se pode colocar e retirar livros livremente, sem controles, prazos ou restrições. São pequenas estantes organizadas em lugares públicos, como escolas, associações de moradores, lan-houses, igrejas, postos de saúde. Em princípio, todos os espaços da cidade podem se tornar espaços de leitura.
São iniciativas simples, sem custo ou burocracia, uma vez que os livros provêm de doações. O sucesso depende da ação de todos. É um círculo virtuoso: aqueles que não querem mais os livros, doam; os que querem, mas não podem comprar, pegam emprestado; estes, por sua vez, os passam adiante depois de ler.
É importante cadastrar o livro no site (www.livroderua.com.br). Basta colocar o número da inscrição que se encontra na capa e o local onde foi deixado. Assim, todos terão as informações das pessoas que leram o livro, o que fortalece a corrente.
O projeto "Livro de rua" obteve apoio da Secretaria de Cultura do Rio para participar do Viradão Cultural Carioca, com a montagem, no dia 25 de abril, de uma biblioteca na Praia de Copacabana, ao lado da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, no Posto Seis. Quem passar pelo local poderá levar um dos mil livros doados.
A meta é batalhar por uma sociedade justa, na qual a educação de qualidade, o acesso à cultura e a leitura não sejam privilégios de poucos, como destaca o presidente do Instituto Ciclos do Brasil, Pedro Gerolimich, ao citar o poeta Mário Quintana: "Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas."
YOLANDA STEIN é jornalista e integrante da organização não governamental
Instituto Ciclos do Brasil.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
22 de Abril: Dia da Terra
Imagem capturada na Internet (Google)
Além da data comemorativa do “Descobrimento do Brasil”, hoje, festejamos o Dia da Terra.
Como já publiquei neste Blog, a origem da escolha do dia da Terra partiu do senador norte-americano Gaylord Nelson, em 1970, por ocasião de um manifesto contra a poluição. No entanto, somente à partir de 1990, que o movimento a favor do Planeta Terra passou a ser comemorado na data de 22 de abril.
Com o passar dos anos e com uma maior conscientização a respeito das questões ambientais, muitos países aderiram e incorporaram a data ao calendário nacional.
Quando falamos de Dia Mundial da Terra devemos retroceder à história do planeta desde o seu surgimento, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Como já postei neste espaço, eu costumo dividir a história e evolução da Terra em dois períodos, como o próprio MOREIRA (1985) cita: Primeira Natureza e Segunda Natureza.
Ambos se divergem tanto em termos de escala temporal quanto de dinâmica ambiental, tendo o surgimento do homem como fator limite da passagem de um período para o outro.
Assim sendo, pode-se dizer que a Primeira Natureza (Natureza Natural) compreende o período da formação do nosso planeta (há 4,5 bilhões de anos) até, aproximadamente, 1,8 milhões de anos, quando o primeiro representante do gênero Homo (ancestral do homem moderno) surgiu na Terra.
Como se pode ver, o período da Primeira Natureza foi o mais longo e sua dinâmica ambiental foi regida apenas por fenômenos naturais, quer sejam sob a atuação de agentes internos (endógenos) quer sejam de agentes externos (exógenos) ou, ainda, na atuação sincrônica de ambos.
A Segunda Natureza se caracteriza como um período mais curto, porém muito relevante para nós, pois trata-se do tempo do homem.
Este teve início há cerca de 1,8 milhões de anos e se mantém até os dias de hoje. Sua dinâmica ambiental é caracterizada não só por fenômenos naturais, mas – sobretudo – por aqueles de derivações antrópicas, isto é, causados direta e/ou indiretamente pelo homem.
Aliado a isso, as transformações da natureza ocorreram mais rapidamente em razão do desenvolvimento das ciências e da tecnologia.
Pode-se considerar o machado de pedra como o primeiro instrumento a alterar o meio ambiente, afinal foi a partir da utilização deste, que o homem pré-histórico passou de nômade a sedentário, pois derrubou árvores para cultivar alimentos (além do registro de criação de animais na época).
No entanto, apesar de serem denominados de "predadores", suas intervenções na natureza não eram tão efetivas a ponto de causar um grande dano ambiental, visto o número reduzidíssimo de habitantes na Terra e a própria capacidade da técnica do machado de pedra.
Só que, assim como a própria evolução humana, ao longo do tempo, as técnicas se aprimoraram, a população mundial foi crescendo, ocupação do solo foi transcorrendo, povoados, vilas, cidades, as atividades econômicas foram se diversificando, a agricultura, o pastoreio, surgiram as primeiras oficinas, as primeiras indústrias, as tecnologias modernas e de ponta.
Neste processo, tanto os homens quanto as ciências e as tecnologias evoluíram. Infelizmente, esta evolução transcorreu sob um conceito dicotômico de relações entre o Homem e a Natureza.
Daí, todos os problemas gerados e perpetuados através destes valores dissociativos de uma relação, onde aos elementos naturais foram atribuídos poderes exclusivamente econômicos.
E, como até hoje, a exploração dos recursos naturais continua de forma acelerada, a ocupação e apropriação dos solos é uma prática cega, sem vistas para os riscos naturais que as áreas representam e tantos outros aspectos ligados aos problemas ambientais da Terra.
Problemas ambientais estes, que são reflexos também das relações homem x homem (sociais, políticas e econômicas).
Avanço da desertificação, aumento do aquecimento global, escassez ou falta de água potável, desmatamentos, queimadas, ocupações desordenadas, todos os tipos de poluição, violência no campo e nas cidades, fome, drogas, prostituição, desemprego, criminalidade etc...
Esta é a história da Terra!
Ela precisa tomar outro rumo, muito embora já seja algo irreversível em determinadas situações.
Mas, como mudar? As mudanças perpassam pelas ideias e pela atitude. E é para isso, que este data é dedicada.
Ao pensarmos na Terra, não estamos fazendo nada mais do que pensarmos em nós mesmos e nas gerações futuras.
A revolução perpassa, primeiramente, pela conscientização dos problemas ambientais, não esquecendo que o homem é um agente do meio ambiente (e, por sinal, o maior modificador deste).
E ciente deste contexto, as palavras de ordem devem seguir: a conservação, preservação, desenvolvimento sustentável, os três R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), a solidariedade, a cobrança e aplicação de EIAs (Estudo de Impacto Ambiental) de credibilidade, políticas e sanções mais severas aos infratores, valorização de valores humanos, entre tantos outros.
Apenas a critério de curiosidade, no âmbito da Escala Internacional do Tempo Geológico, as Eras Azóica, Pré-Cambriana, Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica (apenas o período Terciário) correspondem ao longo período da chamada Primeira Natureza, enquanto o período Quaternário da Era Cenozóica constitui a Segunda Natureza.
Crônica: Brasília, Um equívoco Caro
Hoje, lendo o jornal O GLOBO, pela manhã, antes de ir à clínica, pois não consegui dormir direito, à noite, em razão do meu estado (gripe), li a crônica de Carlos Alberto Sardenberg acerca da construção de Brasília.
Achei maravilhosa e cabível para postar neste meu espaço, compartilhando com todos, pois a sua análise crítica enfatiza os pontos destacados como principais motivos para a transferência da capital do Brasil, localizada na região Sudeste (cidade do Rio de Janeiro, 1763-1960) para o Planalto Central, no chamado “coração do Brasil”.
Em seu texto, o autor realça os excessos com os gastos do dinheiro público (sem falar dos empréstimos realizados...), inclusive em face de necessidade premente de outros investimentos na época; a atual vocação econômica da região Centro-Oeste baseada no setor agrário, sob o sistema plantation, principalmente, no que diz respeito ao cultivo da soja em latifúndios em resposta aos argumentos econômicos empregados como justificativas para a criação da capital.
E, mais ainda, a cultura do empreguismo de “favor” e das mudanças de setores entre as repartições, sobretudo, dos cargos de confiança autorizados por indicação. Na troca de governo “é quase impossível demitir o pessoal da administração anterior”.
É aquele antigo hábito dos nossos políticos regidos pelo chamado “rabo preso”...
Muito bom. Vale a pena ler!
Carlos Alberto Sardenberg
Esclarecimento: morei duas vezes em Brasília, gostei, meus filhos apreciaram, formamos amizades para sempre. Nada pessoal, portanto, mas Brasília é um equívoco. Nenhuma das razões que justificaram sua construção era sustentável.
Segurança, por exemplo. Na região central do país, a capital estaria mais protegida de ataques militares estrangeiros. Hoje, obviamente, com os mísseis e aviões, não faz o menor sentido. Na época, isso era previsível. Mesmo que não fosse, o principal "inimigo potencial" do Brasil, na concepção militar, era a Argentina — e nesse caso a localização de Brasília não fazia muita diferença.
Além disso, tirante a imaginação dos militares brasileiros e argentinos, convenhamos que a possibilidade de guerra era remota.
A capital levaria desenvolvimento para a região central do país. Falso.
Como uma cidade pequena e sem indústrias, como era previsto, poderia impulsionar o crescimento de uma área tão ampla e tão desabitada? A rica situação atual do Centro-Oeste deve-se à expansão da fronteira agrícola e às novas tecnologias do agronegócio, que tornaram produtivas principalmente as terras do cerrado. Isso teria acontecido sem Brasília, consequência normal do esgotamento da agricultura no Sul e no Sudeste.
Dizia-se ainda que a concentração da administração pública em um único local, mais ou menos isolado e protegido das pressões populares, daria mais tranquilidade e eficiência ao governo. Falso de novo.
A única eficácia que resultou disso foi uma cultura de defesa e promoção dos funcionários públicos, incluindo a prática da isonomia, pela qual benefícios e vantagens vão sendo transmitidos em cadeia pelas diversas repartições.
Um novo governo consegue nomear a sua turma para os cargos de confiança. Mas é quase impossível demitir o pessoal da administração anterior. Em jogo de auxílio mútuo, as pessoas vão sendo acomodadas pelos inúmeros cargos à disposição — e esse é um efeito direto da concentração dos órgãos e proximidade entre os colegas. Ficar — essa é a arte de cada troca de governo em Brasília.
A situação já estava assim delineada quando a Constituição de 88 completou o equívoco. Concedeu autonomia política ao Distrito Federal e uma generosa e paternal dependência econômica. A União ficou responsável pelas despesas de segurança, educação e saúde, sendo que as transferências para o DF são automáticas.
A receita tributária federal cresceu muito da Constituição para cá, de modo que o governo de Brasília recebe um dinheirão de graça. Por que os funcionários do DF ganham bem e seus policiais são os mais bem pagos do país? Ora, porque seus governantes simplesmente podem topar os aumentos e mandar a conta para a União. Fazem a distribuição dos benefícios com o dinheiro dos contribuintes do país inteiro e arrecadam votos.
Em 1957, o então presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, antecipou o problema básico de uma capital isolada: "Sem vigilância ou apenas vigiados de longe, governantes e legisladores irão pensar de preferência em si mesmos, nos seus bons negócios, em tirar rapidamente o máximo de vantagens do seu exílio no deserto." A ida para o deserto já trazia vantagens.
Funcionários só aceitavam a transferência para a nova capital com vantagens salariais e de carreira.
Resultado: hoje, a cidade, sem outra força econômica além dos contracheques distribuídos pelo governo, tem a maior renda per capita do país. Sem que isso tenha qualquer relação com a eficiência do governo.
Dizem que só a construção da capital já representou um forte impulso ao crescimento econômico. É verdade que a construção civil puxa a expansão.
Mas o efeito seria o mesmo se o dinheiro público fosse aplicado em ferrovias e portos, por exemplo.
Além disso, a pressa de JK levou a desperdícios e preços elevados.
Tudo considerado, Brasília foi um programa de governo, destinado a eleger JK cinco anos depois da inauguração, e que deixou um imenso ônus para o país. Foi tão insensato quanto seria hoje levar a capital para o Norte, para proteger e desenvolver a Amazônia.
Sem contar o maior pecado: ter iniciado o processo de destruição do Rio de Janeiro.
Bannerão e Cronologia dos Fatos mais importantes da história de Brasília
21 de Abril: Aniversário de Brasília
Imagem capturada na Internet (Wikipedia)
“Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”
(Juscelino Kubitschek, Brasília, 2 de outubro de 1956)
“O presidente da República, acompanhado de sua esposa e filhas, antes de embarcar para Brasília, na manhã de ontem, esteve no Palácio do Catete, onde se despediu de todos os funcionários que não foram transferidos para a nova Capital do país. A cerimônia foi simples, sem qualquer protocolo. O chefe de Govêrno fez questão de reunir no seu antigo gabinete de trabalho todos os servidores do Catete independente de sua categoria funcional e abraçou um a um.”
(Correio da Manhã, 21/04/1960)
Estes dois fragmentos de textos nos transportam a dois momentos históricos que antecederam, respectivamente, à construção e à inauguração de Brasília como a 3ª capital do Brasil.
Hoje, 21 de abril, Brasília está comemorando meio século de existência, ou seja, o seu 50° aniversário. A cidade esteve em festa, o dia inteiro e não é para menos, não?
Apesar da ideia da transferência da capital do país, do Rio de Janeiro para a região do Planalto Central ser bastante antiga, prevista inclusive em três Constituições Brasileiras (a de 1891, de 1934 e de 1946), coube ao então presidente da República – Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK) - realizar esta empreitada, prometendo e assumindo o compromisso durante sua Campanha eleitoral.
Este fato transcorreu no dia 4 de abril de 1955, durante o seu comício na cidade de Jataí, em Goiás, no qual foi questionado quanto ao seu posicionamento quanto ao artigo 4º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição vigente (1946).
O referido Artigo dizia...
“Art 4º - A Capital da União será transferida para o planalto central do Pais.
§ 1 º - Promulgado este Ato, o Presidente da República, dentro em sessenta dias, nomeará uma Comissão de técnicos de reconhecido valor para proceder ao estudo da localização da nova Capital.
§ 2 º - O estudo previsto no parágrafo antecedente será encaminhado ao Congresso Nacional, que deliberará a respeito, em lei especial, e estabelecerá o prazo para o início da delimitação da área a ser incorporada ao domínio da União.
§ 3 º - Findos os trabalhos demarcatórios, o Congresso Nacional resolverá sobre a data da mudança da Capital.
§ 4 º - Efetuada a transferência, o atual Distrito Federal passará a constituir o Estado da Guanabara.”
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (Fonte: Wikipedia)
Já como presidente do Brasil (1956-1961), ele não mediu esforços e nem os cofres público para fazer valer a Constituição brasileira, a sua promessa de campanha e a vontade de muitos.
A Lei n° 2.874, que determinava a transferência da capital federal foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por JK em 19 de setembro de 1956. Esta Lei também criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), empresa responsável pelas obras da construção de Brasília.
No mesmo ano, um dos Diretores da Novacap, o Coronel do Exército Ernesto Silva, assinou o Edital do Concurso do Plano Piloto (março de 1957), que foi publicado no Diário Oficial da União no dia 30 de setembro de 1956.
O caminho foi traçado...
Participaram e concorreram 26 projetos. Na fase inicial, 16 destes foram eliminados e entre os projetos finalistas estavam o de Lúcio Costa, de Nei Rocha e Silva, de Henrique Mindlin, o de Paulo Camargo, o de MMM Roberto e o da firma Construtec.
E o Plano Piloto de Brasília, vencedor, foi o do arquiteto e urbanista Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro Lima Costa (Lúcio Costa).
O seu projeto urbanístico para a nova capital do Brasil apresentava uma forma inspirada pelo sinal da Cruz. O formato da área, por sua vez, foi comparado ao de um avião, embora algumas fontes de consultas aleguem que o arquiteto refeitava esta comparação, dizendo que a sua ideia perpassa à forma de uma borboleta.
Imagem capturada na Internet (Wikipedia)
Lúcio Costa contou também com o apoio e parceria do arquiteto Oscar Niemeyer, que foi o responsável pelos projetos de todos os edifícios públicos de da nova capital.
Em fevereiro de 1957 foram iniciadas as obras da construção da terceira capital do Brasil, a única planejada, a mais moderna e interiorizada, distante dos grandes centros urbanos, localizados principalmente na costa litorânea do país.
A parceria entre Lúcio Costa e Oscar Niemeyer era antiga. Na década de 30 (século XX), Lúcio Costa foi Diretor da Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), onde estudou o jovem Oscar Niemeyer. Depois, eles trabalharam juntos em outros projetos de arquitetura.
A proposta de Lúcio Costa baseou-se em técnicas avançadas em termos dos eixos rodoviários, eliminando os cruzamentos através de retornos em desnível.
O seu traçado se fundamentava sob dois eixos de circulação, que se cruzam na região central de Brasília:
- o Eixo Monumental, que divide a cidade entre os lados Sul e Norte, é onde se encontram os prédios governamentais, centro cívico e administrativo, o setor cultural, o centro comercial e de diversões;
- o Eixo Rodoviário, ao longo do qual ocorrem as áreas residenciais.
O lago Paranoá é artificial, ou seja, foi criado pelo homem com as funções de área de lazer, paisagística e para amenizar a baixa umidade do ar, principalmente, nos meses mais secos (agosto e setembro).
A história da construção de Brasília não deve ser focada apenas nos nomes dos personagens ilustres da época, que direta e/ou indiretamente fizeram parte do planejamento, das articulações políticas e financeiras, bem como do seu desenvolvimento, como o próprio Presidente JK, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Bernardo Sayão, Israel Pinheiro, Ernesto Silva e tantos outros.
Neste contexto, o mérito também deve ser atribuídos aos famosos “candangos”, que vieram de todas as regiões do país, mas - sobretudo – do Nordeste. Estes chegavam de caminhão, ônibus e carroça e trabalharam sob uma jornada de trabalho ininterrupta, dia e noite.
Tanto foi que as obras “terminaram” em aproximadamente 3 anos e meio.
A construção de Brasília contabilizou mais de 200 máquinas e de 30 mil operários (candangos). A princípio, a ideia era alojar os primeiros candangos e os técnicos em acampamentos de casas de madeira e, depois, com a inauguração de Brasília, os acampamentos deixassem de existir, sendo derrubados.
O maior dele era o Núcleo Bandeirante, formado em 1956, com o nome Cidade Livre. No entanto, com o passar dos anos, este se consolidou efetivamente, tornando-se uma cidade-satélite.
Na verdade, nenhuma cidade-satélite existente em Brasília - hoje em dia - foi cogitada no projeto original de Lúcio Costa. Até porque, a sua ocupação desordenada e os problemas advindos de seu desenvolvimento caminhou e caminha no sentido inverso da modernidade a que conferiu – na época - os planos do referido arquiteto e urbanista.
Segundo os registros bibliográficos, a escolha da data da inauguração e transferência da capital – 21 de abril de 1960 – se deu em homenagem à Inconfidência Mineira. Na verdade, a sugestão da data foi do Projeto de Lei do deputado Emival Caiado (UDN - GO), que foi sancionada em 1957 pelo Presidente JK, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro (Lei n° 3.273).
Mas, quanto aos principais motivos que justificam à transferência da capital do Rio de Janeiro, no litoral para uma planejada na região Centro-Oeste, em geral, as dúvidas inexistem:
- Os riscos de haver invasões estrangeiras através do litoral (franceses, holandeses etc.). A vulnerabilidade que a capital (Rio de Janeiro) estava sujeita era bem maior, pois a sua localização é junto ao litoral;
- A transferência da capital para o interior promoveria uma melhor ocupação e desenvolvimento das áreas do interioranas do Brasil.
Sua construção teve um preço na época e reflexos durantes as décadas seguintes. Não podemos negar os bons reflexos, mas omitir os maus seria escamotear com a verdade.
Brasília se desenvolveu vertiginosamente do dia para noite: a população cresceu e os problemas também.
Hoje, ela é a 3ª cidade mais rica do país (sendo superada apenas por São Paulo e Rio de Janeiro); é tombada pela UNESCO desde 1987, o quê - de certa forma - assegura alguns aspectos quanto a qualidade de vida do Plano Piloto (há controvérsias em termos de melhorias). E, além disso, mesmo com todas as ressalvas necessárias, ela se constitui no Centro das decisões políticas do país.
É claro que em seu contexto, a construção só foi viável com o capital dos cofres públicos e aquele proveniente de empréstimos estrangeiro, o que acabou aumentando mais ainda o déficit de nossa economia e da inflação.
Hoje, os problemas não são poucos... violência crescente, principalmente, nas cidades-satélites; congestionamento no trânsito (aumento da frota de veículos); trajeto extenso entre casa-trabalho, ocupação desordenada etc.
E para completar, a expressão "corrupção" tem tudo a ver com Brasília; com a categoria política, que tem o poder de decidir sobre o país e sua gente. Mas, se a capital fosse transferida mais uma vez, esta expressão acompanharia, pois sua origem não está na relação homem x natureza, mas sobretudo, entre homem x homem.
Imagens que contam a história...
Oscar Niemeyer - Imagem capturada na Internet (Fonte: brasíliabsb)
Oscar Niemeyer - Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipedia)
Lúcio Costa - Imagem capturada na Internet (Fonte: brasíliabsb)
Reunião - Imagem capturada na Internet (Fonte: brasíliabsb)
Planalto Central - Ponto inicial em forma de cruz - Imagem capturada na Internet
Imagem capturada na Internet
Imagem capturada na Internet
Imagem capturada na Internet
Imagem capturada na Internet
Imagem capturada na Internet
Oscar Niemeyer - Imagem capturada na Internet
Núcleo Bandeirante - Candangos - Imagem capturada na Internet
Migrantes chegando em Brasília - Imagem capturada na Internet
Migrantes - Imagem capturada na Internet
Candangos na Inauguração de Brasília - HistoriaNet
Candangos na Inauguração de Brasília - HistoriaNet
Inauguração de Brasília (Sérgio Jorge)
JK e a Primeira Dama (Sarah) no Baile - Imauguração de Brasília
JK e João Goulart
JK chorando na missa da Inauguração de Brasília
. Constituição Federal de 1946
. Portal do Governo do Distrito Federal
. Wikipedia (diversas seções)