domingo, 20 de dezembro de 2015

Final do Ano Letivo de 2015: Sucesso ou Fracasso Escolar?

Imagem capturada na Internet para fins ilustrativos


O ano letivo de 2015 acabou e as férias chegaram... Para muitos alunos, ou melhor, para a maioria deles, a premiação por um desempenho – no mínimo regular – as férias foram antecipadas e bem merecidas, mas – para outros – o período ainda exigiu atenção, estudos em casa e até em aulas de 2ª Época, como constava na rede municipal de Educação do Rio de Janeiro.
 
Eu não estaria comentando sobre isso, neste espaço, se o mesmo não se configurasse como algo repetitivo, do qual alertei aos meus alunos durante o ano inteiro, a cada encerramento do bimestre diante dos resultados – por eles – alcançados, sobretudo, para aqueles que não levaram a sério o processo educativo.
 
E tal como mencionei em cada período, essa falta de maturidade no seu próprio processo de aprendizagem resultou - por parte de alguns alunos - em comportamentos equivocados e inadmissíveis diante da falta de iniciativa e/ou conscientização da importância de se empenhar melhor aos estudos e à atenção às aulas, assim como às atividades pedagógicas propostas e aplicadas durante o ano. E, igualmente grave foi a infrequência de alguns discentes, muitas vezes, ignorada pelos responsáveis, mesmo quando os mesmos foram convocados à Unidade Escolar para tomarem ciência dos fatos.
 
Choros, incessantes pedidos de trabalhos extras, de ajuda com pontos, entre outras solicitações, tornam-se comuns neste final de ano. Pedidos feitos pessoalmente ou até por meio das redes sociais e, quando não, acompanhados por “lembrancinhas” de Natal.
 
Tudo à espera de um milagre...
 
Milagre este que estava ao alcance de todos na forma mais simples de acontecer, isto é, pela seriedade e compromisso pelo seu próprio processo de construção do conhecimento. Processo este apoiado pela atenção às aulas presenciais, aos questionamentos elucidados junto ao professor, à realização das atividades pedagógicas, bem como aos estudos orientados em casa e/ou de forma autônoma por iniciativa dos alunos.
 
Reprovação nunca significou um deleite para qualquer professor, muito menos para mim. Pelo contrário, caminhamos lado a lado com o aluno em busca do melhor caminho a viabilizar um efetivo processo de ensino-aprendizagem, capaz de atender a ambas, as partes, mas na intenção sobremaneira de facilitar a aprendizagem e a promoção do mesmo para o ano e/ou série escolar subsequente.
 
Enquanto, no âmbito deste universo, uma parcela muito reduzida de alunos consegue perceber a gravidade a tempo de reverter a sua situação, infelizmente, como em todos os anos letivos acontecem, outros não apreendem as nossas orientações e alertas quanto aos próprios riscos de fracasso escolar verificados e/ou acumulados periodicamente, a cada bimestre, sendo fadados à reprovação.
 
E o que vemos no final do ano é um quadro passível de não existir, mas que por falta de maturidade do próprio aluno e acompanhamento de muitos responsáveis há de se repetir, anualmente, sob o mesmo cenário (escola) e protagonistas (alunos), sem deixar de mencionar os demais elementos envolvidos direta e/ou indiretamente, o professor e os responsáveis.
 
Encerro as minhas atividades, consciente que – embora tenha tido inúmeras falhas - eu busquei diversas formas para promover o ensino e facilitar a aprendizagem dos alunos e, o resultado foi positivo, não só em termos estatísticos quanto qualitativos expressos nas aprovações e notas finais.
 
É uma pena que muitos alunos não consigam perceber que o processo ensino-aprendizagem só é obtido e construído, quando ambas as partes envolvidas se interagem, ou seja, quando a relação aluno x professor caminham sob a mesma direção, visando o sucesso escolar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Crônica do Primeiro Amor


Há tempo não compartilho mensagens e/ou crônicas neste espaço. E por isso, embora outros tópicos sejam prioritários, resolvi publicar uma crônica que fala de algo que mexe com as emoções, com os sentimentos e, sobretudo, com as decepções de não ser correspondida e, pior, ser ferida por palavras e atitudes daquele que consegue bater mais forte o nosso coração.
 
 Imagem capturada na Internet
 

CRÔNICA DO PRIMEIRO AMOR
Elzenir Apolinário

O sino bateu e lá estava eu envolta em uma multidão assustadora e desconhecida. Meu primeiro dia de aula em uma nova escola em pleno agosto. Como era difícil encarar aquela situação, pois era nova em uma turma de alunos entrosados e unidos pelo início do semestre. Parecia um peixe fora d' água.
 
Ao entrar na sala de aula, uma surpresa: ele, aquele garoto que eu conheci na segunda série estava lá, na minha classe. Naquele momento, comecei a me ambientar e parecia que o tempo não havia passado. Mas a menina, apesar de agora ter alguns centímetros de altura a mais, mantinha aquela timidez que a tolhia de todas as formas.
 
Os dias foram se passando e o sentimento que havia adormecido começou a se aflorar. O sinal para o recreio era uma esperança de aproximação com aquele garoto nada tímido e um pouco soberbo. A escola parecia tão maior que meu corpo de menina e me separava de minha paixão secreta. O pátio era enorme e nos deixava correr à vontade em busca de alegria, descanso e brincadeiras.
 
Minha educação e inteligência despertavam tanto a atenção da professora, quanto a repulsa de colegas. Eu caminhava pensativa em meu mundo tentado entender o comportamento de meus colegas, enquanto o coração se agigantava no peito ao ouvir um certo nome.
 
Não tardou muito, certo dia, quando a professora havia saído da sala, o garoto encaminhou-se até minha carteira, eu gelei por dentro, pois ele pegou meu livro favorito e começou a insultar-me com palavras grosseiras... Que decepção!! Como ele soube da minha paixão secreta, por que sentia tanta raiva de mim? Havia apenas perguntas e uma lágrima, que num átimo teimava em se escorrer pelo meu rosto e eu tentando quase inutilmente contê-la. Quanta tristeza...
 
No outro dia apareceu na escola uma menina mais segura, que carregava não uma dor no coração, mas uma certeza de que aquele garoto não merecia seu mais puro sentimento... Ela, então, ergueu a cabeça e seguiu adiante até sua carteira, sabia que aquele seria um ano de grandes aprendizados e desafios, mas também sabia que não veio ao mundo para fugir de coisa alguma.

Fonte: Releituras de Mundo
 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Epidemia da Febre Zica versus Surto de Microcefalia em Fetos

 Mosquito Aedes aegypti
 Imagem capturada na Internet para fins ilustrativo
Fonte: BBC Brasil
 

Se já não bastasse as epidemias contínuas da dengue no país, o Brasil – no momento – enfrenta uma nova epidemia, a do Zica vírus (ZIKV), cujo principal vetor (agente transmissor) é o mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, a febre chikungunya e a febre amarela. Os seus hospedeiros, ou seja, os agentes ou organismos que abrigam o vírus, podem ser os macacos e o homem.

Embora, o principal modo de transmissão do vírus seja pelo mosquito Aedes aegypti, de acordo com a literatura científica, este pode ocorrer por transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal (antes ou depois do nascimento) e sexual, além das possibilidades por transfusão de sangue.
 
E é, justamente, a transmissão perinatal que está preocupando as autoridades da área de Saúde, como, também, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde, que emitiram um alerta a nível mundial diante do surto da doença (Zica) e do aumento de casos de bebês nascidos com microcefalia.
 
Estudos realizados pelo Instituto Evandro Chagas, órgão do Ministério da Saúde, em Belém (Pará), comprovaram a relação entre o zica vírus e os casos de microcefalia, quando foi constatado a presença do vírus em um bebê microcéfalo.
 
"Há uma conexão entre as duas coisas,
mas causalidade é uma outra história.
Não podemos dizer 100% que é só o zika vírus
a causa da microcefalia,
ela pode ser atribuída a diversas questões.
Há uma conexão porque há um evidente aumento
nos casos de microcefalia no Brasil
ao mesmo tempo em que há um surto de zika no país."
 
Dr. Marcos Espinal
(Diretor do Departamento de Doenças Comunicáveis
da Organização Pan-Americana de Saúde)
 
Após a incidência dos casos na região Nordeste e de investigações sobre as possíveis causas para o aumento de recém-nascidos encefálicos, um levantamento entre os exames dos bebês e o histórico das mães revelou a associação do zica vírus com a microcefalia, pois as mães – no início da gravidez (entre o 1˚ e o 4˚ mês) – apresentaram erupções vermelhas na pele (relacionada à epidemia de Zica). Com isso, verificou-se que os casos de tinham uma vinculação com infecção congênita, quando o bebê é afetado por uma infecção da mãe.
 
Os exames realizados nos recém-nascidos, sempre deram resultados negativos quanto à presença do vírus da Zica ou o da Chikungunya, provavelmente, segundo os especialistas, porque ambas são doenças autolimitadas, ou seja, duram pouco tempo (de 3 a 7 dias) e a infecção ocorrida entre mãe e filho se deu no início da gestação.
 
A microcefalia é uma doença em que a cabeça e, ao mesmo tempo, o cérebro da criança se apresentam menores que o normal. Enquanto o bebê saudável apresenta o perímetro cefálico (circunferência da cabeça em sua parte maior), variando entre 33 cm a 37 cm, o bebê com microcefalia apresenta medida menor que 32 cm.

Antes, a medida considerada era de 33 cm, mas desde 6ª feira passada (04/12), o Ministério da Saúde mudou os critérios de avaliação, classificando o bebê como tendo microcefalia, quando este apresentar um perímetro igual ou menor que 32 cm.
 
 Imagem capturada na Internet
Fonte: O Dia
 
Com o perímetro cefálico menor, o crescimento máximo do cérebro também é afetado, pois não há o espaço suficiente para que ele se desenvolva normalmente. Com isso, suas funções ficam comprometidas e, dependendo da gravidade da microcefalia, esta pode causar como sequelasatraso mental, déficit intelectual, paralisia, convulsões, epilepsia, deficiência visual, autismo, rigidez dos músculos, entre outras.
 
Neste caso específico (doença associada à infecção por Zica vírus), a microcefalia é classificada como sendo primária, isto é, quando os ossos do crânio se fecham durante o período gestacional (até os 7 meses de gravidez). Em geral, as sequelas no bebê são mais graves.
 
A chamada microcefalia secundária ocorre quando os ossos do crânio se fecham no período final da gravidez ou após o nascimento do bebê.
 
Infelizmente, em razão de sua gravidade e por não ter cura, a criança com microcefalia pode necessitar de cuidados da família por toda a sua vida e, também, de profissionais específicos, como – por exemplo -  os fisioterapeutas e outros.
 
 Mãe e filho com microcefalia
Fonte: BBC Brasil
 
 Febre Zica
 
A doença é descrita como uma febre aguda, com sintomas similares aos da dengue, porém mais brandos. Com isso, além da febre, seus sintomas são dores de cabeça e no corpo, bem como manchas avermelhadas na pele.
 
Em geral, sua taxa de hospitalização é baixa e, tal como a dengue e a febre chikungunya, a febre Zica é autolimitada, podendo durar de 3 a 7 dias, quando – em geral – seus sintomas desaparecem naturalmente.
 
Em muitas situações, o paciente é diagnosticado com uma virose (embora seja provocada por um vírus), ficando sem saber que teve o zika vírus.  
 
O mosquito é infectado ao picar um indivíduo doente, ou seja, portador do vírus, seja este humano ou alguma espécie de macaco, durante os três primeiros dias de doença.
 
Seu nome se refere à floresta Zica, localizada na Uganda, no continente africano, onde o vírus surgiu e foi identificado pela primeira vez.
 
Ele já foi encontrado na Ásia, na Oceania e, neste ano, nove países latino-americanos confirmaram a doença. Além do Brasil, Chile (ilha de Páscoa), Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
 
No Brasil, a epidemia de Zika (e, ao mesmo tempo, da microcefalia) começou na região Nordeste, mas como ele é um vírus novo em nosso país, seu alastramento é certo ocorrer em todo o território nacional, em caráter epidêmico, alertam os especialistas.
 
De acordo com os últimos dados oficiais, divulgados nas mídias, 18 estados brasileiros já têm registro da doença, como o Rio de Janeiro. E, com isso, a preocupação e medidas preventivas se tornam necessárias em decorrência não só quanto à epidemia da febre Zica, mas – sobretudo – às mulheres gestantes quanto aos riscos eminentes dos fetos desenvolverem microcefalia.

Até o final do mês de novembro foram registrados 1.248 casos de microcefalia em 14 Unidades Federativas do país, sendo em 13 estados e no Distrito Federal.

Não devemos esquecer que parte da responsabilidade a este quadro evolutivo da doença e da proliferação do mosquito Aedes aegypti se deve à população, uma vez que o mosquito, geralmente, se desenvolve em água parada e limpa, na maioria das vezes, localizadas no interior e/ou no quintal das residências.
 
Por isso, devemos cooperar, eliminando os possíveis focos das larvas do inseto, evitando o acúmulo de água em pratos de plantas, caixas de água destampadas, garrafas e pneus largados a céu aberto, sem proteção, entre outras medidas.

Mas, não restam dúvidas que o Governo brasileiro, em suas três instâncias, federal, estadual e municipal, falhou em termos de programas e campanhas de combate ao mosquito Aedes aegypti.

O país já sofre com a epidemia da dengue há anos, inclusive, com um número de óbitos altíssimo. Só para se ter uma ideia, os dados oficiais deste ano, até o final do mês de março, contabilizam cerca de 130 mil pessoas mortas em decorrência das complicações com a dengue. A febre chikungunya acometeu o país mais no ano passado (2014), mas seus sintomas são mais brandos, não levando o doente ao óbito (eu mesma fui vítima do seu vírus).

Por isso e, sobretudo, em razão do vetor transmissor de ambas ser o mesmo da Febre Zica, o governo tinha a obrigação de adotar medidas preventivas, antes, durante e depois, ou seja, de forma contínua, sem interrupções, de combate ao mosquito Aedes aegypti.

Quem mais sofre é a população que, por sua vez, precisa ser mais consciente quanto aos perigos de se criar ambientes propícios ao desenvolvimento do mosquito, a partir de suas larvas, eliminando os focos de água parada.

Os especialistas orientam às mulheres que estão tentando engravidar e que vivem em áreas consideradas endêmicas (Zica vírus), que o melhor é evitar, enquanto o número de ocorrências for elevado. E, também, até que medidas preventivas possam surtir efeitos, com a redução dos mosquitos e, consequentemente, da epidemia.
 
Agora, para as mulheres grávidas são indicadas medidas de proteção à picada do mosquito, como o uso de repelentes apropriados, mosquiteiro na cama, telas na janelas e outras ligadas à eliminação de focos das larvas do inseto, assim como seja evitada viagens a áreas com epidemia da Zica.
 
 
Fontes de Pesquisa

. Febre pelo vírus Zika: uma revisão narrativa sobre a doença. Boletim Epidemiológico, Volume 46 N° 26, 2015 - Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde – Brasil (disponível em PDF)
 
. O que se sabe (e o que falta saber) sobre relação entre zika vírus e microcefalia
 
. OMS emite alerta global sobre zika vírus e reconhece relação com microcefalia
. Perguntas e Respostas: Microcefalia - Portal da Saúde 
 
. Zica: Descrição da Doença - Portal da Saúde 
 
. Zika, o vírus da doença misteriosa – Dr. Drauzio
. Zika pode ser ameaça maior que a dengue; saiba como se proteger 
 
. Zika vírus já está em 9 países da América Latina e em 18 Estados brasileiros 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Datas Comemorativas: Mês de Dezembro


Imagem capturada na Internet para fins ilustrativo
 

DEZEMBRO
 
1º. Dia Internacional da Luta contra a AIDS
       Dia do Imigrante
       Dia do Numismata

02.  Dia Nacional do Samba
         Dia da Astronomia
         Dia Pan-americano da Saúde
         Dia Nacional das Relações Públicas

03. Dia do Portador de Deficiência

04. Dia da Propaganda
        Dia do Pedicuro
        Dia do Orientador Educacional

05. Dia Internacional dos Voluntários para o Desenvolvimento Econômico e Social

06. Dia da Extensão Rural no Brasil

07. Dia do Oficial de Justiça

08. Dia Mundial da Imaculada Conceição
        Dia da Família
        Dia da Justiça

09. Dia da Criança Especial
        Dia do Fonoaudiólogo
        Dia do Alcoólico Recuperado

10. Declaração Universal Direitos Humanos
       Dia Internacional dos Povos Indígenas
       Dia do Sociólogo
       Dia Universal do Palhaço

11. Dia do Arquiteto
      Dia do Engenheiro
      Dia do Agrônomo

12. Dia Internacional da Criança na Mídia

13. Dia do Cego
       Dia do Marinheiro
       Dia do Ótico
       Dia do Perito de Engenharia
       Dia de Santa Luzia
       Dia do Engenheiro Avaliador

14. Dia Nacional do Ministério Público

15. Dia da Mulher Profissional de Direito (São Paulo)
       Dia do Jardineiro

16. Dia do Reservista

17. Dia do Pastor Presbiteriano

18. Dia do Museólogo

19. Dia do Atleta Profissional

20. Dia do Mecânico

21. Dia do Atleta

22. Início do Verão

23. Dia do Vizinho

24. Véspera de Natal
        Dia do Órfão

25. Natal

26. Dia da Lembrança

27. Criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP - 1939)

28. Dia do Salva-vidas
        Dia da Marinha Mercante

29. Dia internacional da Biodiversidade

30. Criação do Vale do Aço (1998)

31.  Réveillon

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Feminicídio ou Femicídio: a Violência Fatal contra a Mulher


 Imagem capturada na Internet
Fonte: GlobalVoices


“A violência contra a mulher não é um fato novo.
Pelo contrário, é tão antigo quanto a humanidade.
O que é novo, e muito recente,
é a preocupação com a superação dessa violência
como condição necessária
para a construção de nossa humanidade.
E mais novo ainda é a judicialização do problema,
entendendo a judicialização como a criminalização
da violência contra as mulheres,
não só pela letra das normas ou leis,
mas também, e fundamentalmente,
pela consolidação de estruturas específicas,
mediante as quais o aparelho policial e/ou jurídico
pode ser mobilizado para proteger as vítimas
e/ou punir os agressores.”
Julio Jacobo Waiselfisz

Um tópico que sempre trabalhei com os alunos nas escolas e, até mesmo, neste espaço, é a questão da violência doméstica contra a mulher.
 
Embora, as denúncias, a legislação, os programas políticos e instituições públicas e privadas voltadas para o atendimento às vítimas tenham crescidos em todo o país, a violência contra a mulher perpetua em nossa sociedade, com números estatísticos altos, revelando que o comportamento machista e de tratamento desigual quanto ao gênero, no país, continuam elevados em face – muitas das vezes – por falhas do próprio sistema e da falta de campanhas efetivas para mudanças de hábitos por ambas as partes envolvidas.
 
Estas mudanças de hábitos, melhor dizendo, atendem tanto às mulheres (principais vítimas) em denunciarem mais as ameaças e agressões sofridas quanto aos homens (agressores em potencial da violência doméstica), mediante à conscientização quanto à igualdade de direitos e deveres de todos os cidadãos, bem como acerca da importância e do cumprimento efetivo das legislações pertinentes a estes casos de violência.
 
Além da Lei n˚11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, em março deste ano (2015), foi sancionada a Lei 13.104 (Lei do Feminicídio), que trata da violência e assassinato da mulher por questões de gênero, classificando-o como crime hediondo e com agravantes em situações específicas de vulnerabilidade, tais como, mulheres grávidas, menor de idade, com presença de filhos, entre outros.
 
Recentemente, em razão do Dia Internacional de Luta pelo fim da Violência contra a Mulher (25 de novembro), várias celebridades do meio artístico tiveram suas fotos manipuladas pelo artista italiano Alexsandro Palombo, para uma Campanha com este propósito, ou seja, contextualizar a violência doméstica contra a mulher.
 
Apoiado no slogan A vida pode ser um conto de fadas se você quebrar o silêncio. Nenhuma mulher está imune à violência doméstica. ”, a Campanha produzida pelo referido artista teve por objetivo de conscientizar e levantar a bandeira de quebrar o silêncio, a fim que muitas vítimas da violência doméstica, aquela cometida dentro de casa por agressores conhecidos ou íntimos, não se sintam oprimidas e denunciem.
 
Além disso, seu slogan e imagens expressam - direta e/ou indiretamente - que a violência doméstica pode acontecer com qualquer mulher, independente de classe social, profissão, cor, religião etc.
 
 Imagens capturadas na Internet (Fonte: BBC Brasil)


 
É claro que pesquisas realizadas em nosso país apontam o predomínio de um dado perfil das vítimas, sendo revelado que as mulheres negras são as mais expostas à agressão e, consequentemente, ao óbito decorrente da violência, assim como a faixa etária de 18 a 30 anos de idade.
 
Observa-se, ainda, em nosso país, uma alta incidência feminina no infanticídio, ou seja, entre as crianças.
 
Em 2012, o Brasil ocupava a 7ª posição em um ranking, com 84 países, em número de assassinatos de mulheres no mundo.
 
De acordo com os últimos dados divulgados nas mídias, desde 2013, o Brasil passou a ocupar a 5ª posição no ranking dos países com maior índice de homicídios femininos do mundo, em um total de 83 países analisados, sendo superado apenas por El Salvador, Colômbia, Guatemala e a Rússia.
  
Esses dados foram divulgados durante o lançamento do Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil, de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz e elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com o apoio da ONU Mulheres (Brasil) e, também, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
 
Este termo, “feminicídio” (ou femicídio) , implica no assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica, exclusivamente, por questões de gênero (discriminação), isto é, pelo fato de ser mulher. Perante à legislação brasileira, o feminicídio é classificado como crime hediondo.
 
“À semelhança de outros países da América Latina, o problema do feminicídio no Brasil está estreitamente ligado à violência conjugal: dentre as mulheres assassinadas, muitas morreram pela ação de pessoas com quem mantinham ou mantiveram um relacionamento afetivo. Esse fenômeno é conhecido como feminicídio íntimo. ” (A violência doméstica fatal: o problema do feminicídio íntimo no Brasil).
 
Mudanças deste quadro, em nosso país, perpassam pela Educação em termos de campanhas de conscientização e debates abertos acerca do mesmo a todos os segmentos da Comunidade Escolar, pela intervenção maciça das mídias em campanhas publicitárias e, sobretudo, pelo cumprimento das legislações pertinentes a esta questão e outras conexas, bem como de medidas preventivas (proteção às vítimas em risco, ameaçadas).
 

 
Fontes de Consulta
  
. A Violência Doméstica Fatal: O Problema do Feminicídio Íntimo no Brasil 

. Celebridades 'apanham' em campanha de artista contra violência doméstica
 
. Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil
 
.  Violência contra a Mulher: Feminicídios no Brasil