DESCASO... Esta é a palavra mais apropriada para retratar a situação dos moradores da Região Serrana do Rio de Janeiro. Além da ocupação desordenada e, sobretudo, em áreas de risco (encostas) que evidenciam a falta de planejamento prévio e controle das autoridades locais, na última 5ª feira (12/01), fez um ano que muitas cidades da referida região sofreram deslizamentos de terra e enchentes (nas áreas mais baixas e planas) devido às chuvas do mês de janeiro.
Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Sumidouro foram as cidades mais afetadas...
Mais de 900 óbitos, tendo – até hoje - corpos desaparecidos (soterrados), que acabaram sendo sepultados naturalmente. Sua magnitude e efeitos foram tão avassaladores que o episódio foi classificado como a maior tragédia climática da história país.
Transcorridos 365 dias... Pouco foi feito em prol da população e das cidades atingidas, mas as marcas ficaram tanto materialmente quanto psicologicamente. Muitos escombros e áreas destruídas pela força das águas permaneceram inalterados ao tempo e a maior parte das famílias ainda não conseguiu ter a sua nova casa de forma definitiva.
Das 75 pontes afetadas diretamente pelas forças das águas pluviais e/ou pelo movimento de terra, na época, apenas uma foi recuperada, segundo o balanço apresentado nos principais veículos de comunicação.
Muitas justificativas foram prestadas, inclusive, quanto aos recursos financeiros destinados às cidades atingidas... Há quem se refira à "indústria da enchente" (em alusão à chamada "indústria da seca" sob o antigo caso do Nordeste brasileiro), onde se verifica a preferência pelas obras emergenciais do que pelas preventivas. Afinal, como as primeiras não necessitam de licitação, as possibilidades de desvio de verbas são bem maiores.
Um ano e ainda nada concluído do episódio climático ocorrido em janeiro de 2011. As três esferas do governo (federal, estadual e municipal), que teriam por obrigação não apenas destinar verbas para a recuperação das cidades, mas também por acompanhar e cobrar o seu repasse legal e a sua aplicação direta para os fins pretendidos, falharam e em alto grau. Para muitos, isso já era esperado...
E para completar a situação dos moradores da região, de acordo com uma reportagem da BBC Brasil acerca do município de Teresópolis, a procura por psicólogos em dezembro passado (2011) subiu em cerca 247% em relação ao mês de janeiro do mesmo ano.
Movidos pelo medo de uma nova tragédia, que é algo previsível devido à época das chuvas, a topografia local e a ocupação humana em áreas de riscos, os sintomas mais comuns entre as pessoas que foram afetadas diretamente, no ano passado, tanto pelas enchentes quanto pelos desmoronamentos, são a depressão e a síndrome do pânico, segundo a Secretaria da Saúde do respectivo município.
Eu até acredito que estes problemas de ordem psicológica atinjam também aqueles que não sofreram diretamente os efeitos nefastos das fortes precipitações pluviométricas no início do 2011, assim como as populações das demais cidades vizinhas, acima mencionadas. Afinal, em todos estes municípios há em comum, a situação urbana em relação à Serra dos Órgãos (trecho pertencente à Serra do Mar), o sítio urbano acidentado com forte declividade, ocupação e uso do solo desordenado e sem controle, as condições meteorológicas em decorrência das características do verão (chuvoso) e de ordem orográfica (chuvas de relevo) que provoca uma maior concentração de chuvas numa face da encosta, a falta de vegetação e a forte susceptilidade à erosão.
Janeiro de 2012... Quase nada foi concluído em termos de recuperação das áreas atingidas no ano passado, assim como em termos de medidas de prevenção a novos episódios de fortes chuvas.
Não é à toa que a população de Teresópolis está
preocupada e muitos moradores estejam buscando manter um nível de equilíbrio
emocional com o auxílio de profissionais na área da Psicologia... Quem passou
pela tragédia do ano passado, direta e/ou indiretamente, há de convir que é
algo preocupante e sério, capaz de desestruturar o emocional de qualquer um...
Ainda mais com o caos urbano instalado após as chuvas de 2011 e nada ter sido
reparado no transcorrer do ano, antes da chegada do novo verão. É puro DESCASO!
Descaso com a vida humana; descaso com a infraestrutura e identidade da
cidade... Descaso com o dinheiro público!
. BBC Brasil
. Jornal O Globo (impresso, várias edições)
Professora,aqui e o lucas wirth eu achei um absurdo a o topico (Região Serrena do RJ:permanência do caos versus chuvas de verao).
ResponderExcluirNao sei como constroem casas na decida de um morro de barro,os riscos
de desabaento é 100%!
Eu acho q as pessoas poderiam trocar de casa antes que aconteça uma tragédia.
Lucas,
ResponderExcluirO maior problema é a geografia do nosso estado e, também do nosso município. Os riscos não são apenas para quem mora na encosta, mas também para quem mora no sopé desta. Afinal, o desabamento vem e pega a todos que estão próximos da encosta, na parte debaixo.
A culpa é de todos: do governo que vê o início da fixação do homem em área de risco e não faz nada; do governo - ainda - que não investe muito nos sistema de habitação a fim de atender a população mais carente; dos próprios moradores que têm conhecimento que as áreas são de riscos e suas respectivas famílias estão inseguras nestas localidades.
Colocar a culpa em um ou outro é fácil; o difícil é unir as forças para mudar este quadro a cada verão chuvoso em nosso estado.
Adorei a sua visita e comentário, beijos.