quinta-feira, 25 de junho de 2015

Paraisópolis: uma favela encravada no Morumbi, junto a mansões e condomínios de luxo


Imagem capturada na Internet
(Fonte e Foto: Tuca Vieira
 
Texto atualizado em 25/06/2015 às 18h15

Esta foto já correu todo o Brasil e mundo afora e, mesmo sem mostra-la aos alunos da 2ª Série do Ensino Médio, mas a descrevendo por detalhes, muitos a reconheceram e afirmaram já terem visto na Internet só pela minha descrição minuciosa.
 
Trata-se da segunda maior favela de São Paulo, Paraisópolis, localizada no Morumbi, na região Sul da cidade, considerada uma das mais ricas do município.
 
A foto foi obtida no ano de 2003 pelo fotógrafo Tuca Vieira, que na época fazia parte da equipe de fotografia do jornal Folha de S. Paulo (2002 a 2009), estando cobrindo uma série de fotos sobre a cidade de São Paulo.
 
De acordo com a pesquisa realizada a respeito da mesma, quando a foto foi publicada, muitos consideraram tratar-se de uma montagem, tão grande foi o trabalho do referido fotógrafo em registrar - do melhor ângulo e bem definido - “o muro que divide os dois lados em partes iguais; cortei o céu buscando um efeito bidimensional e hipnótico”.
 
Seu tino profissional deu certo e, de acordo com o mesmo, a referida fotografia alcançou tamanho sucesso que o projetou em território nacional e internacionalmente. Ganhou prêmio e o levou a diversas exposições no Brasil e no exterior.
 
No entanto, Tuca Vieira afirma que – muitas vezes – a sua fotografia foi e é exposta e/ou publicada, inclusive, na Internet e seu nome não aparece associado à autoria da mesma. Segundo o mesmo, “o fato é que a imagem me fugiu do controle.
 
Fica claro em suas palavras, que anos atrás, tais atitudes o incomodava muito, enquanto que com o passar dos anos e a disseminação da mesma de forma descontrolada o fez refletir e chegar à conclusão que:
 
E hoje essa situação já não me incomoda.
Criada no ambiente do jornalismo, essa foto talvez me faça atingir
o que deveria ser o grande objetivo de um artista:
provocar uma reflexão sobre o mundo e não sobre a obra e seu autor.
Talvez esse seja o grande mérito da foto.
Ela se libertou do autor e do contexto original para enriquecer um debate sobre o Brasil,
sobre a América Latina, sobre a desigualdade.
Para um filho de socialista,
criado num ambiente de indignação e desejo de transformação social,
nada poderia ser mais gratificante.
Jornalismo, arte e política aqui são indissociáveis”.
 
Eu mesma já vi várias publicações da foto em diversos sites na Internet, sem os créditos devido ao seu autor Tuca Vieira, tendo um, inclusive, afirmado erroneamente de que se tratava de uma favela da cidade do Rio de Janeiro.
 
Como se pode observar, a fotografia retrata as diferenças sociais existentes dentro de um mesmo espaço, onde favela e condomínios de luxo coexistem, delimitados apenas por um muro.
 
Paraisópolis já foi comparada a algumas comunidades cariocas, como a Rocinha (São Conrado), Dona Marta (Botafogo) e Cantagalo (Ipanema), tendo em vista que – ao contrário da maioria das favelas de São Paulo que fica na periferia – esta se encontra localizada no Morumbi, um dos pontos mais nobres da capital. Há outras em solo carioca, com esta mesma localização.
 
E foi com este propósito, isto é, de construir residências luxuosas para atender a classe alta paulistana, que a divisão de uma antiga fazenda na localidade (Fazenda do Morumbi) foi realizada no início da década de 20 do século passado.
 
Com o loteamento realizado e restando ainda terrenos vazios, a partir dos anos 50 e, sobretudo, década de 70 (Século XX), várias invasões ocorreram no atual terreno, por famílias de classe social mais baixa, em sua maioria oriundas do Nordeste, na época, sem moradias fixas e atraídas pelas possibilidades de emprego na área de construção civil, bem como por melhores condições de vida em São Paulo.
 
Mesmo tendo o fenômeno da favelização iniciado, novas mansões e condomínios de luxo, fechados, foram construídos nas adjacências da favela, os quais - muitas vezes – tiveram os próprios moradores de Paraisópolis como mão de obra durante as obras de construção.
 
O crescimento de Paraisópolis se deu, sobretudo, pelo descaso público e a dificuldade da regularização dos terrenos. Em 1970, a mesma contava com uma população estimada em 20 mil habitantes e, de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE (2010), esta já ultrapassa 42.800 habitantes.

Hoje, esta é referenciada como um bairro favelizado da cidade de São Paulo, pertencente ao distrito de Vila Andrade, na Zona Sul paulistana.
 
Os investimentos do poder público (municipal, estadual e federal), com foco na urbanização e na regularização dos imóveis construídos começaram no início deste século, mais especificamente, à partir de 2005. Assim como nas áreas de Educação.
 
Os créditos ao trabalho profissional do fotógrafo Tuca Vieira, específico a esta foto de Paraisópolis, retrata o alcance de seu olhar e a arte de focar o melhor ângulo da segregação sócio-espacial existente no Morumbi, na cidade de São Paulo.
 
A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém é uma unidade paradoxal, uma unidade da desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia.
 
(Berman, Marshall, apud Daniela Mendes Cidade, em um Olhar sobre a Cidade,  2006)
 
 
Fontes de Pesquisa:
. CIDADE, Daniela Mendes. Um Olhar sobre a Cidade,  2006 (PDF);
 
. IBGE divulga levantamento impreciso sobre população de Paraisópolis
 
. Morumbi: o contraditório bairro-região de São Paulo
 
. Paraisópolis (bairro de São Paulo)
   Wikipédia;
 
. Violência em Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dica de Evento: Exposição "O Mar de Malta"


 Imagem capturada na Internet

Aproveitando tanto as comemorações dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro e o tópico Urbanização atribuído ao 2˚ Bimestre do Currículo Mínimo da 2ª Série do Ensino Médio (rede estadual de ensino), gostaria de sugerir uma Mostra de Fotografias do Rio antigo que, desde 6ª feira (12/06) está exposta no Centro Cultural Justiça Federal, no Centro.
 
Eu até comentei com as minhas turmas da 2ª Série – na terça feira passada (09/06) - sobre a mesma e que se eu pudesse os levaria. Mas, não há recursos para isso (contratar ônibus) e por ser no Centro, eu não me arriscaria a leva-los em transporte público, comum. Alguns alunos, no entanto e para minha surpresa, combinaram de ir entre eles, pois segundo os mesmos, os responsáveis deixam (turma 2005).
 
Trata-se da Exposição “O Mar de Malta” (leia-se Augusto Cesar Malta de Campos) no Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro. A mostra vai até o dia 02 de agosto (entrada livre e gratuita).
 
Augusto Cezar Malta de Campos (1864-1957) era alagoano e durante 40 anos prestou serviço à Prefeitura do Rio de Janeiro, como fotógrafo, na primeira metade do Século XX (1903 a 1943).
 
Imagem capturada na Internet
(Fonte: Alma Carioca)

Seu início de carreira como fotógrafo junto à Prefeitura do Rio foi no governo do prefeito Francisco Pereira Passos, que ao ver suas fotografias sobre as obras de seu governo na cidade, gostou e o contratou como fotógrafo documentalista da Prefeitura, cargo este - na época - inexistente e criado especialmente para ele.
 
Como é de conhecimento de muitos, a gestão municipal de Pereira Passos foi marcada pelo grandioso projeto de reurbanização, higienização (saneamento) e embelezamento do Centro da cidade do Rio de Janeiro, conhecido popularmente como “Bota-abaixo”.
 
Com isso, a função do fotógrafo Malta ganhou maior dimensão, pois além das cerimônias oficiais, este passou a registrar outros aspectos da vida da cidade, como as paisagens, os imóveis, os estabelecimentos comerciais, os prédios públicos e históricos, os moradores locais, entre outros. 
 
O seu trabalho se tornou muito importante e fundamental para a implementação das desapropriações e derrubadas das casas, dos cortiços e outros imóveis, fossem pela má conservação dos mesmos, pelas condições insalubres constatadas ou, simplesmente, para atender à classe da elite com a remoção dos moradores mais pobres do Centro.
 
De acordo com as fontes de pesquisa, em algumas fotos, Malta escrevia no verso das mesmas "pedindo picaretas”, o que significava que o imóvel deveria ir abaixo a fim de atender o referido projeto “Bota-abaixo” empreendido pela Prefeitura.
 
Outro importante fotógrafo que, também, prestou serviços à Prefeitura, Marc Ferrez (1843 -1923), teve o seu próprio estúdio, localizado na Rua São José (Centro), desapropriado pelo “Bota-abaixo” da Prefeitura, em 1903, sendo-lhe pago uma indenização devida, na época.
 
Segundo o jornal O Globo que noticiou a referida Exposição (Segundo Caderno, 08/06/2015 – Pag. 04), o acervo do fotógrafo Augusto Cezar Malta - nos seus 40 anos de serviço à Prefeitura do Rio - conta com 60 mil a 80 mil imagens da cidade do Rio de Janeiro.
 
Imagem capturada na Internet
(Fonte: Alma Carioca)

 
Como se pode ver, a Mostra no Centro Cultural da Justiça Federal tem por base o mar, a orla da cidade, isto é, a relação do carioca e outros com o mar. Daí, o título da mesma “O Mar de Malta”.
 
Vale a pena visitar a Exposição e ver um pouco da história da cidade - à partir da orla litorânea - retratada em imagens de época pelo fotógrafo Augusto Cezar Malta de Campos.
 
 
Evento: Exposição "O Mar de Malta"
Local: Centro Cultural Justiça Federal
Endereço:Av. Rio Branco 241 – Centro
Informações: (21) 3261.2550
Período: 12/06 a 02/08/2015
Dias e Horários: Todos os dias, exceto as 2ª feiras – 12h00 às 19h00
Entrada: Livre e gratuita
 
Fontes de Pesquisa:
 
. Jornal O Globo (Segundo Caderno, 08/06/2015 – Pag. 04)
 
 
. Reforma Urbanística de Pereira Passos, o Rio com cara de Paris


domingo, 14 de junho de 2015

2015: Ano Internacional da Luz


 Imagem capturada na Internet (Fonte: UNESCO do Brasil)
 
Há muito tempo estou para comentar no Blog acerca do tema escolhido para o Dia Internacional do ano de 2015. A escolha foi realizada, no dia 20 de dezembro de 2013, durante a 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), com os representantes de cada país-membro.
 
O tema escolhido para este ano foi a Luz e as Tecnologias baseadas em Luz, em outras palavras, a ciência óptica e suas aplicações, sobretudo, nas áreas de energia, educação, agricultura, comunicação e saúde.
 
O objetivo principal para a escolha deste tema, segundo o Portal da UNESCO no Brasil, é “destacar a importância da luz e das tecnologias ópticas na vida dos cidadãos, assim como no futuro e no desenvolvimento das sociedades de todo o mundo”. Visando não só promover o desenvolvimento sustentável, como também encontrar soluções passíveis de subsidiar os mais diversos campos.
 
Conforme ratifica o referido Portal,
A luz exerce um papel essencial no nosso cotidiano
e é uma disciplina científica transversal
obrigatória para o século XXI.
Ela vem revolucionando a medicina,
abrindo a comunicação internacional por meio da internet
e continua a ser primordial para vincular
aspectos culturais, econômicos e políticos da sociedade mundial”.
 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Proposta de Subprojeto: Diagnóstico da E.M. Dilermando Cruz



Horário do intervalo do recreio - E.M. Dilermando Cruz
Imagem do meu acervo profissional
 
Dando continuidade a postagem anterior, mas com foco na minha proposta de atividade para contemplar o subprojeto “Valorizando a Escola” (1˚ Bimestre), eu optei por realizar um antigo projeto de minha autoria, voltado para a mesma Unidade Escolar e apresentado no Simpósio Múltiplos Letramentos na Escola Pública (UFRJ), em 22/09/2012, no Colégio Municipal Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador (RJ).
 
Embora, as intenções quanto a sua realização fossem reais e o corpo discente já estivesse a par das etapas que eles iriam trabalhar, o mesmo nunca pode ser desenvolvido mediante as grandes mudanças por quais a escola passou.
 
Como a nova e atual Gestão Escolar se mostrou aberta à recuperação da imagem da escola perante às comunidades interna e externa, eu percebi a possibilidade de desenvolvê-lo e optei em propor aos alunos a fim de contribuir para que os problemas – tanto de ordem física/estrutural quanto organizacional/comportamental - fossem detectados e discutidos por eles mesmos, os principais agentes ou protagonistas do processo educativo (os alunos) e, por fim, apresentados sob a forma de exposição.
 
  Diretor Geral Prof. Harold Hobbes Silva
Imagem do meu acervo particular

Como já era previsto, um bimestre consiste em um período de tempo muito curto para a realização das etapas da proposta, em questão, uma vez que as mesmas têm por base realizar uma análise diagnóstica de toda Unidade Escolar, além da parte externa (caracterizar e diagnosticar as suas condições), promoção de discussões entre os elementos do grupo e apresentação de ações e medidas mitigadoras e/ou minimizadoras aos problemas detectados, a fim de reverter a situação configurada a um nível compatível com os objetivos de resgatar o valor da escola, como espaço de referência à Comunidade Escolar, à comunidade externa (bairro e adjacências) e junto à 4ª Coordenadoria Regional de Educação, da qual pertence.
 
Além disso, a necessidade de eu estar junto aos grupos em determinados recintos e além do horário não foi tão simples mediante à administração das minhas aulas. Sendo assim, por este configurar como um trabalho complexo e extensos, o mesmo não pode ser concluído no período pré-determinado e nem ser apresentado por ocasião da culminância do Projeto, em 15 de abril do ano em curso.
 
Muitos alunos (6˚ e 8˚ Ano) estão fechando os trabalhos agora, sendo que os da Turma 1602 se apresentam mais atrasados, pois as minhas aulas são na 5ª e 6ª feiras, dias estes que coincidiram com muitos feriados e pontos facultativos. Daí, eu ter que atrasar as atividades para dar prioridade às aulas em razão do cumprimento do Conteúdo Programático e das datas das avaliações bimestrais.
 
Os alunos foram divididos em grupos, tendo cada um líder, e a proposta de cobrir um ou dois recintos da Unidade Escolar. Além dos registros fotográficos, entrevistas foram realizadas pelos alunos a professores, funcionários, Direção e outras pessoas ligadas direta e/ou indiretamente à escola.  
 
Discussões entre os alunos da Turma 1801 em seus respectivos grupos
 

 





 



segunda-feira, 8 de junho de 2015

15 de Abril: Evento Escolar da E.M. Dilermando Cruz


 Foto da entrada da escola (parte interna)
Imagem do meu acervo particular
 
Ao retomar as atividades no Blog, depois de um grande período ausente, eu não poderia deixar de comentar acerca dos projetos desenvolvidos em uma das Unidades Escolares em que leciono, a Escola Municipal Dilermando Cruz.

Com Direção nova, a quarta, após a saída das ex-diretoras Angela Gaeta e Nanci Soares por tempo de serviço (aposentadoria), a comunidade escolar está com uma grande perspectiva de que a mesma, tal como preconizou o atual Diretor Geral Harold Hobbes Silva, volte a ser a escola de referência no bairro através de uma política de resgate aos valores instituídos há anos e que se perderam ao longo das mudanças na Gestão Escolar, na redução – gradativa – da oferta de alguns anos do I segmento e o ingresso de mais alunos às turmas do II segmento do Ensino Fundamental.

Com base nisso, os subprojetos elencados para este ano foram focados no eixo da Unidade Escolar. Embora, já tenha sido realizado o evento do 2˚ Bimestre, muitos professores estão trabalhando, ainda, as atividades pertinentes ao mesmo (dentro do bimestre).
 
O subprojeto proposto para o 1˚ Bimestre teve como temática “Valorizando a Escola” e o evento de apresentação (culminância) foi realizado no dia 15 de abril.
 
Além de contar com a presença de alguns ex-alunos, os trabalhos apresentados versaram sobre o histórico da Unidade Escolar; a biografia do seu patrono (Dilermando Cruz); Registros Fotográficos tanto de pessoas ligadas a mesma (ex-alunos, professores, funcionários etc.) quanto do espaço físico, que ao longo dos anos passou por reformas e mudanças; apresentação do hino e da bandeira da escola, entre outros aspectos.
 
A minha proposta para o 1˚ Bimestre foi realizar um levantamento e diagnóstico da Unidade Escolar e, ao mesmo tempo, propor soluções mitigadoras para os problemas identificados.
 
Em razão da escola ser grande e nem todos os recintos poderem ter acesso a qualquer horário e/ou dos alunos irem desacompanhados (sem a minha presença), os trabalhos ainda estão sendo fechados, tendo em vista que todas as atividades realizadas se mostraram muito extensas e trabalhosas ao ponto de serem desenvolvidas e apresentadas em pouco tempo.
 
Em postagem posterior, tecerei maiores explicações quanto ao mesmo.

 
 
 
 O retorno dos quadros sobre o patrono ao seu antigo lugar, 
na entrada da Escola
 
 
 
Hino da E.M. Dilermando Cruz
 

 


 

 

 

 



 

 

 




 

 

 

 
 
 



 

Professora Rosane Ayres quando aluna do antigo primário na escola


Professora Rosane Ayres em foto recente com sua turma na escola