Texto atualizado em 03/03/2020 às 16:25
Dando continuidade à postagem anterior, a respeito da situação do nosso país, mediante aos casos confirmados e de mortes pelo Novo Coronavírus, infelizmente, o que foi feito até agora, seja a nível de medidas governamentais seja a nível participação direta da população seguindo as orientações e os protocolos de prevenção e combate ao Novo Coronavírus surtiu efeitos ineficientes.
Uma vez que continuamos a ver discursos desprovidos de um embasamento científico, planejamentos falhos em ações preventivas mais rígidas, o início tardio da Campanha de Vacinação e a sua morosidade em termos de programa e de número de doses disponíveis em nosso país, a falta de conscientização e de respeito às pessoas, por parte de uma parcela significativa da população que age como se o período da pandemia tivesse acabado, entre outros. Daí praias cheias de banhistas, shows e festas lotados, aglomerações em bares, nas ruas etc.
O resultado disso tudo começou a ser materializado nos hospitais e nos cemitérios, expressos no desespero e nas dores de familiares. Configurando-se em um nível de criticidade da pandemia da Covid-19 jamais visto, até hoje, em nosso país.
Com os números em alta de contaminação e sem perspectiva de baixarem, o país está enfrentando uma situação incabível, que é o colapso do nosso Sistema de Saúde.
Afinal, mais e mais pessoas diagnosticadas com a Covid-19 precisam ser internadas e as taxas de ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tanto em hospitais públicos quanto em privados, estão altas. Em determinadas cidades do país não há nem mais vagas. E as projeções é de um cenário fatídico, sobretudo, agora – em março - por conta das aglomerações durante o carnaval.
Na última 6ª feira (26/02), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nota, alertando sobre a questão do nosso sistema de saúde estar colapsando em quase todo o território nacional.
A situação é tão séria que, na 2ª feira passada (01/03), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) divulgou uma carta, na qual solicita, em caráter de urgência e no âmbito nacional, a adoção medidas restritivas, justamente, para impedir o avanço acelerado do Novo Coronavírus e as altas taxas de contaminação.
No referido documento, o Conass recomenda o cumprimento de toque de recolher em todo o país, a ser implementado nos sete dias da semana, no período das 20h às 6h. E indica outras medidas necessárias para contemplar o que foi denominado, pelo Conselho, de “Pacto Nacional pela Vida”.
As medidas relacionadas visam impedir o agravamento e o colapso do sistema público e/ou privado de Saúde.
“Entendemos que o
conjunto de medidas propostas
somente
poderá ser executado pelos
governadores e prefeitos se for estabelecido
no Brasil
um ‘Pacto
Nacional pela Vida’ que reúna todos os poderes,
a
sociedade civil, representantes da indústria e do comércio,
das
grandes instituições religiosas e acadêmicas do País,
mediante
explícita autorização e determinação legislativa
do Congresso Nacional”.
Assinado pelo Presidente do Conass e Secretário de Saúde do estado do Maranhão Carlos Lula, o documento é defendido em razão da “ausência de uma condução nacional unificada e coerente” diante da conjuntura pandêmica, por qual estamos passando e das previsões de taxas mais altas de contaminação no Brasil.
O Sistema de Saúde de muitos estados brasileiros está em processo para tal quadro, sendo verificado que algumas cidades já colapsou. E o país não consegue mudar a direção de sua política. Ele permanece com recordes sucessivos de número de óbitos, tendo também o de novos casos ascendente.
O início tardio da Campanha de Vacinação no país e todos os problemas que a nortearam, como a falta de seringas e, sobretudo, do número de doses insuficientes, resultantes de planejamentos falhos, na demora do processo de fechar os acordos e a burocracia desnecessária diante da urgência que a pandemia impõe são fatores que contribuem no agravamento da situação do nosso país.
Não sei se os números, abaixo, mudaram em decorrência de novas atualizações, mas o levantamento publicado pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (26/02) e de diferentes fontes, mostra que em 17 capitais brasileiras, as taxas de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 já chegaram a 80% ou mais.
Treze Unidades Federativas (12 estados e o Distrito Federal), apresentam cerca de 96% de sua capacidade de leitos da UTI ocupados. E mais agravante, em Porto Velho, capital de Rondônia, a taxa já atingiu os 100% de ocupação, obrigando a transferência dos pacientes com a Covid-19 para outro estado.
O mesmo aconteceu em Florianópolis (Santa Catarina), que por causa
do seu Sistema de Saúde totalmente colapsado, teve que transferir pacientes para hospitais da região metropolitana de Vitória (Espírito
Santo), em reportagem do Estadão, publicado no Microsoft News.
Ao mesmo tempo, sob este contexto desumano e de caos total, há diversos registros de óbito entre aqueles que aguardam na fila de internação.
Segue, abaixo, a lista das capitais que estão com o seu Sistema de Saúde em processo de colapso devido a falta de leitos de UTI. Eu assinalei em vermelho, aquelas que estão em situação mais grave, isto é, com lotação igual ou maior a 90%. Atualizei os dados e, também, acrescentei outras capitais de acordo com a reportagem do G1.
. Região NORTE:
- Porto Velho/Rondônia (100,0%);
- Manaus/Amazonas (94,6%);
- Rio Branco/Acre (93%);
- Boa Vista/Roraima (82%);
- Palmas/Tocantins (85%);
- Belém/Pará (84%);
- Macapá/Amapá (72%).
. Região NORDESTE:
- Natal/Rio
Grande do Norte (94%);
- Teresina/Piauí (94%);
- Fortaleza/Ceará (92%);
- São Luís/Maranhão
(91%);
- João Pessoa/Paraíba (87%);
- Recife/Pernambuco (80%);
- Salvador/Bahia (83%).
. Região SUL
- Florianópolis/Santa
Catarina (98%);
- Curitiba/Paraná (95%);
- Porto Alegre/Rio Grande do Sul (80%).
. Região SUDESTE
- Rio de Janeiro/Rio de Janeiro (88%);
- São Paulo/São Paulo (76%);
- Belo Horizonte/Minas Gerais (75%);
- Vitória/Espírito Santo (75%).
. Região CENTRO-OESTE
- Goiânia/Goiás (95%);
- Campo Grande/Mato
Grosso do Sul (93%);
- Brasília/Distrito
Federal (91%);
- Cuiabá/Mato Grosso (85%).
A médica (pneumologista) Margareth Dalcolmo, professora e pesquisadora da Fiocruz (Rio de Janeiro) afirmou - em entrevista à BBC News Brasil - que “teremos o março mais triste de nossas vidas”. E os números registrados ontem (02/03) assinalam que sua previsão está certa ou que, pelo menos, é a tendência neste inicio de mês.
De acordo com a publicação do Poder 360, em 24 horas, o Brasil registrou 1.641 mortes por Covid-19. Número mais alto de mortes já atingido no país. Até a presente data, o número máximo que o país havia registrado, em 24 horas, ocorreu no dia 29 de julho de 2020, quando o número chegou a 1.595 óbitos. No entanto, como adverte o referido jornal digital, neste dia (29/07/2020), os dados de São Paulo corresponderam a de 2 dias consecutivos.
Atualizando os dados, hoje, o país contabiliza 10.646.926 casos confirmados de infecção e 257.361 mortos.
Esse contexto traduz a minha tristeza, enquanto a revolta é decorrente do comportamento totalmente errado das pessoas em se aglomerar, em não respeitar o uso de máscara, de manter o distanciamento social, entre outras medidas preventivas e de combate ao Novo Coronavírus.
Além desses, pela posição das diferentes instâncias do governo, cujas autoridades deveriam servir de exemplos de responsabilidade e comprometimento com a segurança da população. Recentemente, alguns Chefes de Estado demonstraram esses atributos no momento de serem vacinados.
Vários especialistas já disseram sobre a importância daquelas três medidas básicas para evitar o contágio pelo Novo Coronavírus: o uso da máscara, lavar as mãos e manter o distanciamento social. Mas, conforme afirma a Drª Margareth Dalcolmo (op.cit), “a única solução possível para controlar a pandemia será a vacinação, e a campanha está apenas no início, numa velocidade muito aquém do desejável.”
De acordo com os dados publicados pelo Poder 360 (02/03), em nosso país, foram administradas 9.167.367 doses da vacina, sendo 7.035.635 pessoas que tomaram a 1ª dose (até às 16:45 de ontem) e, desse montante, 2.131.732 receberam a 2ª dose.
Fontes (atualizada):
. COVID-19: Taxa de ocupação de UTIs está em colapso em 17 estados – Estado de Minas Gerais
. Covid-19: Brasil tem pior dia da pandemia com 1.641 mortes registradas – Poder 360
. Secretários estaduais de Saúde defendem toque de recolher nacional – Poder 360/Microsoft News
. 'Teremos o março mais triste de nossas vidas', prevê pneumologista da FioCruz – BBC News/Microsoft News
. 1 dia após recorde diário de mortes por Covid-19, Bolsonaro diz que 'criaram pânico' – G1/Bem Estar
. 20 capitais estão a beira do colapso devido aos leitos de UTI; veja lista – Saúde/IG
Nenhum comentário:
Postar um comentário