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Fonte: Gazeta do Povo
Texto modificado em 28/05/2018 às 10h15 (imagem)
Como é de praxe, eu tento mostrar aos alunos, fatos do nosso
dia a dia, da nossa realidade sob ótica do conhecimento geográfico. Quem foi ou
é, atualmente, meu aluno, já me ouviu dizendo que desde o momento em que
acordarmos, estamos vivenciando a Geografia. Até porque a sua área de
abrangência integrativa, sistêmica e interdisciplinar, permite compreender não
só as partes, como as redes de conexão entre estas na compreensão de um todo
integrado.
E é a partir de um fato em si, hoje, por qual o país e a população brasileira estão passando, que podemos entender as partes, as suas conexões e o processo como um todo...
Na atual conjuntura, o país está enfrentando uma crise de grande impacto sobre todos
os setores da economia, o qual – além de nos pegar como vítimas em
potencial, também – nos possibilita perceber a dimensão e a rede de conexão
existente sob os combustíveis fósseis, sobretudo, o petróleo e os combustíveis
derivados de sua destilação (diesel e gasolina). Além disso, os efeitos destes
sobre os demais setores, cujas implicações já são bastante perceptíveis a nível
de produção na agropecuária e nas indústrias, bem como nas atividades do comércio e prestação dos serviços à população (transportes, escolas, hospitais etc.).
Traduzindo melhor... São fortes impactos na ECONOMIA e no contexto social. E não há como desvencilhar o setor energético da economia
e do próprio desenvolvimento de um país. Sua integração é estratégica e
fundamental, estando presente em nosso dia a dia.
Qualquer anormalidade ou tensão que venha ocorrer no âmbito
deste desencadeará sérios problemas em cadeia, sob efeito dominó, aos demais setores
da economia, em suas principais atividades e, consequentemente, aos diferentes
segmentos da população.
Estou me referindo à greve
dos caminhoneiros, que atinge todo o
território nacional, que já dura 7 dias. O motivo da paralisação foi o alto
preço do diesel, que é um combustível, derivado do petróleo, o qual é muito utilizado
no setor de transportes, como em caminhões,
tratores, locomotivas, carros de passeio, embarcações, entre outros veículos.
Esse problema do preço alto do óleo diesel nos remete ao fato
que o principal modal de transporte no
Brasil é o rodoviário, sendo os caminhões o meio mais expressivo no carregamento de cargas em todo o nosso território. Essa preferência em
detrimento a outros modais, como o ferroviário e o marítimo, por exemplo, remonta
a década 50 (Século XX), quando do início
do processo industrial no país, com o desenvolvimento da indústria automobilística, a abertura
e pavimentação das rodovias.
Só para se ter uma ideia, no Brasil, mais de 60% das mercadorias
são transportadas por caminhões. Enquanto, outros países,
inclusive, com maior extensão territorial optam pelo modal ferroviário, mais
adequado.
Essa nossa dependência quanto ao modal rodoviário tem vantagens, mas as desvantagens superam os benefícios que ele oferece. Entre as suas desvantagens pode-se mencionar:
- É o segundo mais caro modal de transporte (o
primeiro é o aéreo);
- O elevado consumo
de combustível e o alto preço deste;
- Elevados índices de roubo de cargas
e de acidentes;
- As altas despesas de manutenção dos veículos;
- Os congestionamento diários, sobretudo, nas áreas
urbanas, na hora do rush;
- Os impactos ambientais quanto à poluição atmosférica e sonora;
- O desgaste físico e psicológico
do motorista;
- As condições regulares a
precárias de conservação das malhas
viárias (federal, estadual e municipal), que além de danificar partes dos
veículos, aumenta o consumo do combustível, entre outras desvantagens.
O acréscimo contínuo dos preços cobrados ao consumidor sobre
os combustíveis é decorrente do aumento
do dólar e do preço do petróleo.
Mas, o que mudou mesmo foi a nova política de reajustes dos preços impetrados pela
Petrobras, em vigor desde julho do ano passado (2017).
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Fonte: Economia - G1
Antigamente, o Governo Federal fez uso de um mecanismo para
driblar e tentar segurar o aumento da inflação, em cima dos combustíveis,
fazendo com que as oscilações do mercado internacional fossem repassadas de
forma defasadas aos preços dos combustíveis no país, os quais favoreciam os
consumidores brasileiros.
No entanto, essa diferença de valores – sob essa política de
controle da inflação do país - causou grande prejuízo à Petrobras, inclusive, sendo
apontada como uma das principais responsáveis pelo alto nível de endividamento
da referida empresa estatal.
Desde o ano passado (2017),
a política de reajustes de preços dos combustíveis mudou, no país, configurando-se
desfavorável aos consumidores de combustível, podendo ser ajustada diariamente ou a qualquer momento.
Embora todos os países tenham acesso aos mesmos preços
do petróleo nos mercados internacionais, há diferenças nos valores cobrados dos
combustíveis, em cada nação, decorre dos impostos que são atribuídos a estes,
na venda. O preço médio varia de estado para o estado, refletindo
principalmente as diferenças de alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços) e custos de transporte.
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Fonte: Blog do Esmael
De acordo com o site GlobalPetrolPrice, publicado em 21/05/2018, o preço médio do diesel no mundo é de $ 1,o7 por litro (dólar dos EUA). Neste
ranking, o Brasil aparece na 85ª posição – numa relação de 167
países. O preço médio do óleo diesel, em nosso país, é de $ 0,98 por litro, cuja
conversão à moeda nacional sai a R$ 3,60.
Pois bem, os últimos reajustes de preço do óleo diesel serviram
como a “gota d’água” para deflagrar a
greve dos caminhoneiros. Movimento este que se organizou e ganhou maior adesão
por meio do aplicativo WhatsApp.
Nada mais justo a mobilização dos caminhoneiros, pois os preços do diesel cobrados nos Postos de
Gasolina em nosso país são altos,
mas - sem dúvida alguma – os efeitos da
greve já são sentidos nos demais
setores da economia e na sociedade,
ameaçando não só a produção econômica, mas também os serviços essenciais à população, o abastecimento de alimentos no comércio e a mobilidade
urbana, por exemplo.
A situação do país está um verdadeiro caos e, tendendo ao seu agravamento, a total colapso socioeconômico,
no caso de o Governo Federal não intervir de forma favorável a um acordo com a
categoria, a fim de acatar as principais reivindicações dos caminhoneiros.
Só para se ter uma ideia da dimensão do quadro configurado na
cidade do Rio de Janeiro, desde 6ª feira
passada (25/05), a cidade segue em “estado
de atenção”, que é o segundo nível de uma escala de três e que significa dizer
que, um ou mais incidentes impactaram a capital, provocando reflexos acentuados
em sua mobilidade urbana.
Segundo o último balanço divulgado pela Polícia Rodoviária
Federal (PRF), no começo da manhã de hoje, o estado do Rio de Janeiro
possuía ainda 24 pontos de bloqueio dos caminhoneiros nas rodovias.
E algumas áreas e serviços já se encontram prejudicados e/ou
comprometidos com a extensão do movimento de paralisação dos mesmos, a saber:
- No início da paralisação, diversos ônibus municipais e até intermunicipais
tiveram que abastecer os veículos em Postos de Gasolina das principais vias da
região metropolitana devido à falta de óleo diesel nas garagens de suas respectivas
empresas;
- Falta de combustível nos Postos de Abastecimento (a maioria
dos Postos da cidade do Rio de Janeiro e em outros municípios brasileiros,
dispôs de cordas, correntes e cones como sinalizadores para a falta de
combustíveis nas bombas);
- Redução da frota de ônibus municipais,
intermunicipais e interestaduais (muitas das quais apresentam atraso na hora do
embarque ou já não se encontram circulando mais);
- Redução da frota do BRT (Bus Rapid Transit), com registro de
algumas estações fechadas. Devido a falta de combustíveis, o horário do sistema
de transporte do BRT, que funciona 24 horas, sofreu alteração, com a suspensão
das viagens realizadas durante a madrugada (medida aprovada ontem);
- A situação de desabastecimento de alimentos nos
supermercados, feiras, restaurantes, lanchonetes, bares e outros
estabelecimentos comerciais continua crítica, afetando tantos os proprietários
dos mesmos quantos os consumidores ou clientes. Muitos restaurantes, bares e
lanchonetes não estão mais abrindo;
- Preços abusivos dos produtos, sobretudo, de alimentos
(verduras, frutas e legumes) nas feiras livres e supermercados;
- Implantação de medidas de restrições quanto à limitação do
número de mercadorias a ser comprada nos supermercados e em outros estabelecimentos
comerciais;
- Suspensão de Prova de Concurso, como foi o que aconteceu com
a aplicação da 2ª fase da Prova do Concurso da OAB, que seria realizado hoje;
- O risco de faltar água não foi totalmente descartado, pois a
falta de produtos químicos para o tratamento da água existe. A Cedae solicitou
à população para economizar água;
- Os serviços prestados pelos hospitais, sejam em termos de
atendimento com ambulância ou tratamento de pacientes estão comprometidos e em
risco de paralisação;
- A redes de fast food
McDonald’s já sofre com desabastecimento de alimentos, limitando o seu
cardápio. Eu mesma pude verificar isso, ontem, na loja da rede situada na Rua
Santo Afonso, na Tijuca;
- A Light, empresa de fornecimento de energia, está oferecendo
serviços de atendimento só em casos emergenciais (que coloque em risco a
segurança do cliente) e aqueles considerados essenciais (hospitais, escolas,
delegacias) devido à falta de combustível;
- Até o presente horário, as redes de Ensino tanto privada
quanto pública municipal suspenderam as aulas de amanhã (28/05), devendo
informar – posteriormente – as medidas para os demais dias, caso não seja normalizado.
Já rede estadual do Rio de Janeiro declarou que as Unidades Escolares
funcionarão normalmente;
- As seguintes Universidades públicas do Rio de Janeiro também suspenderam
as aulas nesta 2ª feira (28/05): a UERJ (Maracanã), UFRJ (Ilha do Fundão) e UniRio
(Urca).
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Fonte: Liberdade! Liberdade!
Fontes de Consulta
. Jornal O Globo impresso (várias edições)
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