domingo, 30 de maio de 2021

Mata Atlântica: Patrimônio Nacional, Reserva da Biosfera e, infelizmente, um dos Hotspots do Brasil

 

Mata Atlântica
Imagem capturada na Internet

E, por falar em data comemorativa, na 5ª feira passada, dia 27 de maio, foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica. Importante bioma brasileiro, considerado Patrimônio Nacional (Constituição Federal, 1988) e reconhecida como a maior Reserva da Biosfera do planeta, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO.  

Considerada como uma das florestas mais ricas em biodiversidade (espécies da flora e da fauna), a Mata Atlântica se estende por 17 estados brasileiros: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Região Sul; Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, na Região Sudeste; Bahia, Alagoas, Sergipe, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí, na Região Nordeste; Goiás e Mato Grosso do Sul, na Região Centro-Oeste 

Imagem capturada na Internet.
Fonte: Relatório Anual 2019 - SOS Mata Atlântica 

Mas, apesar dos títulos de grande biodiversidade, de Patrimônio Nacional e de Reserva da Biosfera, a Mata Atlântica carrega o estigma de um Hotspot, constando na lista dos 34 Hotspots do mundo, juntamente com o Cerrado 

Hotspots em inglês significa “pontos quentes” e, este termo de cunho ambiental foi criado, em 1988, pelo ecólogo e cientista inglês, Norman Myers, da Oxford University.  

Hotspots correspondem às áreas de grande biodiversidade, mas que se encontram sob alto risco de degradação ambiental (já devastada e/ou tendendo a se agravar).  

Diferentemente do outro Hotspot brasileiro, o Cerrado, cuja principal causa da devastação incide sobre a expansão do agronegócio da soja na região, a destruição da Mata Atlântica é mais antiga e de causas mais diversificadas.

O longo processo de ocupação e uso do solo na faixa litorânea do nosso país, a partir da chegada dos colonizadores portugueses, traçou a história predatória deste importante bioma brasileiro, o qual sofreu grandes impactos inerentes aos grandes Ciclos Econômicos do nosso país.  

Inicialmente houve a exploração do pau-brasil (planta nativa da Mata Atlântica) pelos colonizadores, mediante o alto valor do corante vermelho extraído deste (sua madeira também era aproveitada). Os indígenas foram submetidos ao trabalho escravo de corte e de transporte da madeira.  

Além do surgimento dos primeiros povoados e, posteriormente, de cidades, sua cobertura vegetal também deu lugar à importantes monoculturas, como a da cana-de-açúcar e a do café, principalmente.  

E, por séculos e séculos, a ocupação humana aumentou e se concentrou na faixa litorânea às custas da devastação da Mata Atlântica 

Outros marcos da história do Brasil ocorreram nesta faixa geográfica, tais como o processo de industrialização e de urbanização, os quais promoveram, respectivamente, o seu desenvolvimento e elevou a concentração da população ao longo do litoral. Inclusive, a maior concentração demográfica do país vive nesta faixa, assim como a localização das duas principais metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro 

As duas primeiras capitais do Brasil também marcaram este processo histórico, tendo Salvador, na região Nordeste, como a 1ª capital do nosso país, em 1549 e, Rio de Janeiro, como a 2ª capital, em 1763 

Como se pode observar, as formas de uso e exploração do solo verificados, ao longo dos séculos, na faixa litorânea do nosso país justificam o nível de devastação que esta sofreu, colocando-a como “o bioma mais ameaçado do país”.

Imagem capturada na Internet (Fonte: Danilo Eco)

E as últimas informações divulgadas acerca da mesma, não são nada animadoras...  

De acordo com os últimos dados apresentados no “Atlas da Mata Atlântica” (Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE), entre 2019 e 2020, a devastação da Mata Atlântica se intensificou em 10 estados brasileiros, a saber: Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Região Sul; Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, na Região Sudeste; Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte, na Região Nordeste; Goiás e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste.

De acordo com o referido documento, a área destruída da vegetação nativa da Mata Atlântica, no período entre outubro de 2019 a outubro de 2020, foi de 130 Km2, o que equivale a 13.053 hectares. Isso representa uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2018 a 2019, quando o total desmatado foi de 145,0 Km2 (14.502 hectares).  

No entanto, em relação ao período de 2017 a 2018, esse último dado – mesmo tendo registrado uma redução - representa um aumento na ordem de 14,5%. Veja a tabela abaixo (INPE, 2020), sem os dados referentes ao período de 2019 a 2020.  

Observe que os dados de 2017 a 2018 corresponde ao período de em que houve o menor registro de desmatamento da Mata Atlântica. 

Tabela: Desmatamento observado no período de 2018-2019
em comparação aos períodos anteriores (INPE, 2020) 

De qualquer forma, na situação em que se encontra a Mata Atlântica em termos de vulnerabilidade e de riscos de devastação total, a continuidade da prática de desmatamento é, sem dúvida, inadmissível. Até porque esta prática afeta direta e/ou indiretamente não só a biodiversidade da Mata Atlântica em si, como toda a sua dinâmica de funcionamento, mexendo na regulação do clima e, consequentemente, na disponibilidade e qualidade da água. 

Imagem capturada na Internet.
Fonte: Relatório Anual 2019 - SOS Mata Atlântica 

De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, atualmente, restam 12,4% da mata original deste bioma.  

 

Fontes:

. Desmatamento de Mata Atlântica cai 9% no país em 2020 – O Presente

. Desmatamento da Mata Atlântica cresce em 10 estados do Brasil – 

IstoÉ Dinheiro  

. INPE dá apoio técnico a atualização do Atlas da Mata Atlântica – 

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - INPE  

. Relatório Anual 2019 – SOS MataAtlântica

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