E, por falar em data comemorativa, na 5ª feira passada, dia 27 de maio, foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica. Importante bioma brasileiro, considerado Patrimônio Nacional (Constituição Federal, 1988) e reconhecida como a maior Reserva da Biosfera do planeta, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO.
Considerada como uma das florestas mais ricas em biodiversidade (espécies da flora e da fauna), a Mata Atlântica se estende por 17 estados brasileiros: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Região Sul; Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, na Região Sudeste; Bahia, Alagoas, Sergipe, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí, na Região Nordeste; Goiás e Mato Grosso do Sul, na Região Centro-Oeste.
Mas, apesar dos títulos de grande biodiversidade, de Patrimônio Nacional e de Reserva da Biosfera, a Mata Atlântica carrega o estigma de um Hotspot, constando na lista dos 34 Hotspots do mundo, juntamente com o Cerrado.
Hotspots em inglês significa “pontos quentes” e, este termo de cunho ambiental foi criado, em 1988, pelo ecólogo e cientista inglês, Norman Myers, da Oxford University.
Hotspots correspondem às áreas de grande biodiversidade, mas que se encontram sob alto risco de degradação ambiental (já devastada e/ou tendendo a se agravar).
Diferentemente do outro Hotspot brasileiro, o Cerrado, cuja principal
causa da devastação incide sobre a expansão do
agronegócio da soja na região, a destruição
da Mata Atlântica é mais antiga
e de causas mais diversificadas.
O longo processo de ocupação e uso do solo na faixa litorânea do nosso país, a partir da chegada dos colonizadores portugueses, traçou a história predatória deste importante bioma brasileiro, o qual sofreu grandes impactos inerentes aos grandes Ciclos Econômicos do nosso país.
Inicialmente houve a exploração do pau-brasil (planta nativa da Mata Atlântica) pelos colonizadores, mediante o alto valor do corante vermelho extraído deste (sua madeira também era aproveitada). Os indígenas foram submetidos ao trabalho escravo de corte e de transporte da madeira.
Além do surgimento dos primeiros povoados e, posteriormente, de cidades, sua cobertura vegetal também deu lugar à importantes monoculturas, como a da cana-de-açúcar e a do café, principalmente.
E, por séculos e séculos, a ocupação humana aumentou e se concentrou na faixa litorânea às custas da devastação da Mata Atlântica.
Outros marcos da história do Brasil ocorreram nesta faixa geográfica, tais como o processo de industrialização e de urbanização, os quais promoveram, respectivamente, o seu desenvolvimento e elevou a concentração da população ao longo do litoral. Inclusive, a maior concentração demográfica do país vive nesta faixa, assim como a localização das duas principais metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro.
As duas primeiras capitais do Brasil também marcaram este processo histórico, tendo Salvador, na região Nordeste, como a 1ª capital do nosso país, em 1549 e, Rio de Janeiro, como a 2ª capital, em 1763.
Como se pode observar, as formas
de uso e exploração do solo verificados, ao longo dos séculos, na faixa
litorânea do nosso país justificam o nível de devastação que esta sofreu, colocando-a
como “o bioma mais ameaçado do país”.
Imagem capturada na Internet
(Fonte: Danilo Eco)
E as últimas informações divulgadas acerca da mesma, não são nada animadoras...
De acordo com os últimos dados apresentados no “Atlas da Mata Atlântica” (Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE), entre 2019 e 2020, a devastação da Mata Atlântica se intensificou em 10 estados brasileiros, a saber: Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Região Sul; Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, na Região Sudeste; Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte, na Região Nordeste; Goiás e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste.
De acordo com o referido documento, a área destruída da vegetação nativa da Mata Atlântica, no período entre outubro de 2019 a outubro de 2020, foi de 130 Km2, o que equivale a 13.053 hectares. Isso representa uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2018 a 2019, quando o total desmatado foi de 145,0 Km2 (14.502 hectares).
No entanto, em relação ao período de 2017 a 2018, esse último dado – mesmo tendo registrado uma redução - representa um aumento na ordem de 14,5%. Veja a tabela abaixo (INPE, 2020), sem os dados referentes ao período de 2019 a 2020.
Observe que os dados de 2017 a 2018 corresponde ao período de
em que houve o menor registro de desmatamento
da Mata Atlântica.
De qualquer forma, na situação em que se encontra a Mata Atlântica em termos de vulnerabilidade e de riscos de devastação total, a continuidade da prática de desmatamento é, sem dúvida, inadmissível. Até porque esta prática afeta direta e/ou indiretamente não só a biodiversidade da Mata Atlântica em si, como toda a sua dinâmica de funcionamento, mexendo na regulação do clima e, consequentemente, na disponibilidade e qualidade da água.
De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, atualmente, restam 12,4% da mata original deste bioma.
Fontes:
. Desmatamento de Mata Atlântica
cai 9% no país em 2020 – O Presente
. Desmatamento da Mata Atlântica cresce em 10 estados do Brasil –
. INPE dá apoio técnico a atualização do Atlas da Mata Atlântica –
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - INPE
. Relatório Anual 2019 – SOS MataAtlântica
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