domingo, 2 de maio de 2021

Todos Juntos e Aglomerados: O Impasse entre a Fé e a Realidade Pandêmica na Índia

 

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Fonte: Pixabay

A situação atual da Índia é muito preocupante, não restam dúvidas! Segundo os especialistas, ela está enfrentando a 2ª onda da Pandemia de Covid-19. Os números tanto de novos casos diagnosticados quanto os de óbitos cresceram muito e de forma acelerada.  

Os hospitais estão enfrentando sérios problemas que agravam ainda mais a situação do caótica do país, tais como a falta de insumos, cilindros de oxigênio e até de equipes hospitalares, entre outros. E mais, uma grande parcela da população não respeita e não segue as medidas preventivas, tais como usar a máscara facial, manter o distanciamento social, não sair de casa e, sobretudo, evitar aglomerações.  

Aglomerações não por festas clandestinas em apartamentos, nas ruas, em coberturas ou em locais específicos para eventos, como são vistos em nosso país. Estas podem até ocorrer de forma similar aos registrados no Brasil, mas as aglomerações na Índia, tal como as mídias se reportaram, recentemente, diferem destas que citei, seja pela sua natureza seja pelo número de pessoas 

Estas são de cunho religioso e atingem de milhares a milhões de pessoas. Isso mesmo, milhões de pessoas! Milhões de pessoas aglomeradas e sem máscaras. 

De acordo com o médico brasileiro, Francisco Paquet Santos, da Gujarat Ayurveda University (Índia), essas aglomerações são as principais responsáveis pelo agravamento da pandemia no país 

Em entrevista à CNN (Cable News Network, em português, Rede de Notícias a Cabo), o referido médico ressaltou que a própria cultura indiana dificulta o cumprimento das medidas preventivas, como o distanciamento social, por exemplo, pois são bastante comuns as aglomerações nos mercados públicos e nos hospitais, bem como em locais de comida de rua. E, em geral, nestes locais, pessoas são vistas não usando a máscara. 

Ele advertiu e atribuiu o avanço e o aumento da contaminação pelo Novo Coronavírus a dois festivais religiosos que ocorreram, recentemente, em março e abril deste ano.  

No dia 29 de março houve o Holi Festival, considerado um festival de cores e voltado para o divertimento. Trata-se de uma festividade anual em que se comemora a chegada da primavera. Para a cultura indiana, o Holi simboliza a vitória do bem contra o mal. 

De acordo com o Blog Casa da Índia, a origem do Holi Festival decorre da lenda hindu de Krishna e Radha, a qual preconiza:

 A crença é que Krishna – considerado a Suprema Personalidade de Deus – era apaixonado por Radha – deusa do amor, ternura, compaixão e devoção. No entanto, Krishna se sentia mal por conta da diferença de suas cores de pele. Seguindo o conselho de sua mãe, ele então resolveu pintar de colorido o rosto, para que ficassem da mesma cor, sem distinções ou julgamentos.

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Este festival religioso, embora de cunho mais de entretenimento, mesmo com restrições devido à Pandemia, mobilizou milhares de indianos (hindus) e turistas

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O segundo festival religioso hindu, citado pelo médico brasileiro, foi o Khumba Mela, cujo ritual é de cunho mais religioso, o qual inclui também um mergulho no rio Ganges, considerado um rio sagrado na cultura indiana 

Estimativas da imprensa local calcularam cerca de 2 milhões de fiéis participantes neste ano. E especialistas na área da Saúde já estão avaliando este tipo de peregrinação religiosa como um evento "super-espalhador" da Covid-19

Hindus no rio Ganges durante o Festival Khumba Mela
Imagem capturada na Internet - Fonte: Época
Foto: Danish Siddiqui/Reuters

O Khumba Mela é considerado o maior festival religioso do mundo, ele acontece de três em três anos, mas de forma itinerante entre quatro cidades, o que implica o seu evento se repetir em uma mesma cidade a cada 12 anos.

Se já não bastasse toda essa situação, o país ainda enfrenta – em consequência disso – o surgimento de variantes contagiosas 

Como é de conhecimento geral, a forma mais eficaz de conter a Pandemia da Covid-19 perpassa pelas medidas simples de proteção, como manter o distanciamento social, o uso de máscaras, a higienização constante das mãos com água e sabão e/ou álcool em gel, evitar as aglomerações, só sair de casa se for necessário e, sobretudo, a vacinação, que ainda está a passos lentos.  

Mas, a realidade do segundo país mais populoso do mundo (Índia) é realmente muito preocupante.  

E o prognóstico não é nada animador, pelo contrário, é bem pior! Tendo em vista que as cenas dos fiéis tomando o tradicional banho no rio Ganges, sem respeitar o distanciamento social (aglomerados) e sem acessórios de proteção, ocorreram no mesmo dia em que o país superou o Brasil no ranking mundial dos países com maior número de novos casos confirmados da Covid-19.

De acordo com o Mapa Interativo da Universidade John Hopkins (dados de 02/05/2021 - 09:20), a Índia está atrás apenas dos Estados Unidos, com 19.557.457 casos diagnosticados com Covid-19. Quanto ao número de óbitos, ela ocupa a 4ª posição, com 215.542, tendo o México, o Brasil e os EUA ocupando, respectivamente, o 3°, 2° e 1° lugares.

 

Fontes 

. Devotos ignoram alta de casos de Covid-19 e comemoram festival Holi na Índia – Jornal do Comércio (JC)

. Festival religioso na Índia atrai multidões em plena segunda onda da covid-19 – Notícias UOL 

. Holi Festival: Conheça a Tradicional Festa Indiana – Casa da Índia 

. Índia: Covid-19 dispara diante de variantes, aglomerações e falta de atendimento – CNN Brasil 

. Índia: Milhões se Aglomera para Festival Hindu em Meio a Recorde de Casos de Covid-19 - Época

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