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O Sul do Brasil e, mais especificamente, Santa Catarina está vivenciando uma situação catastrófica e, a sensação de dor é, ao mesmo tempo, de impotência mediante a combinação dos fatores meteorológicos e geográficos da região sobre a população.
Eu tive a oportunidade de conhecer Santa Catarina e, entre os seus diversos municípios, conheci as principais cidades do Vale do Itajaí (conhecido como vale europeu), como Blumenau, Joinville, Nova Trento, Brusque, Jaraguá do Sul, Gaspar entre outras.
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Blumenau
Blumenau
Brusque
Pomerode
Joinville
Eu morei quase três anos na Grande Florianópolis (São José, no continente) e conheci várias cidades por intermédio de trabalhos de campo com os professores da UFSC (Mestrado em Geografia), principalmente na região Oeste (Chapecó, Treze Tílias, Concórdia etc) e, com os meus pais, porção leste, quando estes foram me visitar e passaram alguns dias comigo.
Por isso, além de compartilhar com todo o sofrimento do povo catarinense, por ter conhecido estas cidades, tenho certa noção da proporção dos estragos das chuvas.
Noção esta, nada difícil de se perceber através das imagens, principalmente, da região do Vale do Itajaí, as quais as mídias - a todo instante - mostram e informam a respeito dos danos e perdas humanas.
Para entendermos toda a tragédia, temos que levar em conta, tal como alguns estudiosos destacam, não só um fator ou dois, mas a combinação de fatores, principalmente, meteorológicos, geográficos e ambientais.
O pesquisador Carlos Nobre do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em entrevista ao Fantástico, hoje, atribui à situação catastrófica do estado catarinense tanto aos fatores meteorológicos e geográficos, quanto aos efeitos do Aquecimento Global, que estariam causando mudanças nos padrões climáticos de Santa Catarina.
Efeitos estes diretamente associados aos períodos de chuvas torrenciais e de seca, que vem sendo registrados, desde 2006, no referido estado.
De acordo com os Institutos de Pesquisa e de Climatologia do país, os fatores meteorológicos responsáveis pelas fortes e constantes chuvas, que vem castigando o estado de Santa Catarina, são a atuação de um sistema de Alta Pressão sobre o oceano Atlântico, na região Sul, e a ocorrência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, no Sudeste.
Os ventos úmidos e constantes provenientes do mar ao se chocarem com o relevo montanhoso, elevaram-se e, a medida que se resfriaram e condensaram, formando nuvens carregadas, provocaram fortes chuvas na região.
Por sua vez, na região Sudeste, a existência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, impede a passagem e/ou a rápida dissipação dos diversos sistemas climáticos, concentrando as chuvas em determinadas regiões.
Atrelado a estes fatores meteorológicos temos os de ordem geográfica e ambiental.
Como sabemos, as cidades mais castigadas se encontram localizadas no Vale do Itajaí e, esta região por ser um vale, se encontra associada a um rio: o rio Itajaí (e sua bacia). O sítio urbano das principais cidades ergueu-se a partir das margens do rio, ou seja, o rio Itajaí corta as cidades.
Este aspecto ligado ao crescimento urbano já denota riscos por ocasião de chuvas fortes, maior vazão do rio e, consequentemente, da ocorrência de enchentes.
Tanto é verdade que, em razão das enchentes da década de 80, a população se deslocou para áreas mais elevadas, ou seja, para as encostas. Áreas consideradas, também, de risco por causa da instabilidade do terreno face ao desmatamento e à ocupação humana, que representam pré-requisitos para o desencadeamento de deslizamento de terras.
Um outro aspecto agravante das encostas, na região do Vale do Itajaí, diz respeito não só a instabilidade do terreno em face de sua declividade, mas também quanto à composição do seu solo, que por ser argiloso, se mostra muito vulnerável e susceptível a movimentação por deslizamento ou solifluxão.
Segundo o professor Júlio César Wasserman, da Universidade Federal Fluminense (UFF), as encostas do Vale do Itajaí sofreram o processo solifluxão, que se traduz em uma movimentação lenta do solo, numa vertente.
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Os prejuízos nos diversos setores da economia e de estrutura urbana (ruas, casas, pontes, rede de abastecimento de água, rede de esgoto etc.) são incalculáveis, pelo menos, no momento.
Mas, com persistência, fé e apoio das pessoas e dos diferentes instâncias de governo (federal, estadual e municipal), a situação poderá mudar daqui alguns meses ou anos, como a recuperação total do Porto de Itajaí, por exemplo, previsto para dois anos.
Voluntários e Doações - SOS Santa Catarina
No entanto, a perda maior ninguém conseguirá recuperar: a perda humana, a de parentes e/ou amigos. Talvez, esta possa ser apenas aliviada, com a FÉ, mas deixará ainda cicatrizes, profundas e inesquecíveis.
Vídeo Fantástico (30/11/08)
Vídeo: Carlos Nobre (INPE)
Não temos como ignorar a gravidade
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