“Há tradições que não podem permanecer congeladas no tempo,
enquanto a sociedade muda.
As coisas mais degradantes devem ser abolidas.”
Frase de um deputado do partido nacionalista catalão Convergência e União acerca da proibição das touradas na Catalunha, Espanha (Fonte: Opinião e Notícias)
A respeito da proibição das touradas em Catalunha, região autônoma na Espanha, aprovada ontem e com entrada em vigor a partir de janeiro de 2012, estou postando um artigo publicado no Jornal Público (Lisboa, Portugal), na data de hoje. Vale a pena conferir! O artigo foi transcrito na íntegra.
A maioria dos deputados nacionalistas votou a favor da proibição
Gustau Nacarino/REUTERS (Fonte: Jornal Público)
Catalunha repudia "fiesta nacional" e proíbe touradas
Por Nuno Ribeiro
A plataforma Prou! conseguiu a abolição das corridas de touros mas foi preciso abrir uma excepção para as largadas.
O Parlamento da Catalunha decidiu ontem proibir as touradas a partir de Janeiro de 2012. Por 68 votos a favor, 55 contra e nove abstenções os deputados catalães aboliram as corridas de touros, culminando um processo iniciado em 11 de Novembro de 2008 quando o hemiciclo regional autorizou a tramitação de uma Iniciativa Legislativa Popular sustentada num abaixo-assinado com 180 mil assinaturas.
"Os problemas da Catalunha já acabaram", ironizavam no final da votação os defensores das touradas. "Continuaremos às portas das praças de touros porque a proibição só entra em vigor em 2012 e até que seja anulado todo e qualquer mau trato aos animais a Catalunha não será Europa", anunciavam, por seu lado, os defensores da proibição. Para estes, terminavam quase dois anos de contestação às corridas de touros, depois de, em Abril de 2004, a Câmara de Barcelona ter aprovado uma recomendação pedindo o fim das touradas.
No entanto, para os triunfadores a vitória é parcial. A plataforma Prou! ganhou a proibição das touradas mas teve de admitir excepções específicas: as correbous e os bous embolats, largadas de touros muito populares na Catalunha, mantêm-se no calendário dos festejos.
Entre os parlamentares que votaram a favor da abolição está a grande maioria dos deputados nacionalistas, à excepção de sete eleitos da Convergência e União que se manifestaram contra e seis que se abstiveram. Também três parlamentares socialistas se juntaram aos abolicionistas, enquanto outros três se abstiveram.
Os votos contrários vieram da totalidade dos grupos do Partido Popular (PP), da plataforma Ciudadans e de 31 dos 37 deputados do Partido dos Socialistas da Catalunha.
Entre eles, José Montilla, presidente da Generalitat, o Governo regional catalão: "Votei contra porque acredito na liberdade, preferia que não tivesse sido uma imposição legal, pois a continuidade dos touros devia ser uma decisão tranquila dos cidadãos", afirmou Montilla.
Defensores vão recorrer
Apesar da votação de ontem, nem tudo está decidido. Os defensores das corridas de touros anunciaram que vão interpor um recurso junto do Tribunal Constitucional.
Por outro lado, o PP já tem em agenda, para Setembro, a apresentação de moções nas Cortes espanholas - Parlamento e Senado - nas quais solicita ao Governo socialista de Rodríguez Zapatero que inicie os trâmites para que as corridas de touros sejam reconhecidas pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. E daí, promover a sua manutenção e, portanto, anular as consequências da votação de ontem do Parlamento da Catalunha.
"Não se podem contrapor questões de identidade à liberdade dos cidadãos", considerou Mariano Rajoy. O líder dos "populares" espanhóis referia-se ao facto de a proibição das touradas aparecer num contexto que pretende singularizar a Catalunha da prática da denominada "fiesta nacional", como são apelidadas as corridas de touros em Espanha.
Esta é um ato que nunca aceitei, desde mais nova. A Espanha sendo um país desenvolvido aceitando isso mostra que é um país que preserva tradições, mais este tipo de tradição eu não gostaria de ter. Além de muitos touros serem mortos, machucados, as pessoas que montam também sacrificam sua vida. Ainda bem que existem pessoas que dizem não à crueldade, pois 55 pessoas ainda votaram a contra.
ResponderExcluirTamiris,
ResponderExcluirEu também concordo com você e com a frase do deputado, citada no início do post ("Há tradições que não podem permanecer congeladas no tempo,enquanto a sociedade muda. As coisas mais degradantes devem ser abolidas").
O mesmo digo para as corridas populares nas ruas (a população e os touros), que não foi proibida. Considero um absurso menor, mas inaceitável.
Eu já presenciei a chamada "farra do Boi" na Lagoa da Conceição, em Florianópolis (capital de Santa Catarina) e fiquei indignada, pois o boi corria desesperadamente, assustado e o povo vinha, logo atrás.
Realmente, este tipo de tradição precisa ser abolido.
Beijos