Através de um protesto silencioso, realizado na tarde do último domingo (18/07) na praia de Copacabana, 19 crianças e adolescentes (a maioria da rede pública municipal de ensino) se organizaram sob um cenário de uma sala de aula.
Além da disposição de 20 carteiras escolares (do tipo universitária), o cenário contava com um quadro negro que continha a reprodução do artigo 3º da Declaração Universal dos Direiros Humanos (“Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”) e um homem com as mãos amarradas, simbolizando a situação de impotência do professor diante da violência.
Todos os 19 alunos presentes apresentavam lágrimas pintadas de vermelho no rosto e a única cadeira vazia, manchada de vermelho (representando sangue), com uma cruz branca apoiada em seu assento, representando o aluno ausente, ou seja, vítima da violência urbana.
Este aluno ausente, representado pela cruz, infelizmente, simbolizava o estudante Wesley Guilber Rodrigues de Andrade, de 11 anos de idade, que morreu dentro da sala de aula, no dia 16 do mês em curso (6ª feira), em consequência de bala perdida no CIEP Rubens Gomes, no bairro Costa Barros (município do Rio de Janeiro).
Naquele dia e na hora errada aconteceu um confronto entre policiais e traficantes das comunidades Quitanda e da Pedreira, no bairro.
Além deste ato em Copacabana ter sido um protesto acerca do fato ocorrido com o referido estudante, o número de carteiras (20) representavam as 20 pessoas, aproximadamente, que são assassinadas por dia na cidade.
Lembrei quando fui professora do CIEP Clementina de Jesus, em Campo Grande (Rio de Janeiro) e durante uma aula na turma 505, uma aluna foi atingida por um objeto na cabeça, vindo da parte externa e que quebrou a janela.
O barulho em si assustou a todos nós (eu e os alunos), mas quando eu vi o sangue na cabeça da aluna e esta abaixar a cabeça devido o impacto, gelei! Pensei, logo, em bala perdida, mas graças a Deus não foi. Havia sido uma pedra atirada de dentro da escola.
Não conseguimos identificar o seu autor, mas apesar da gravidade do ato, o fato do incidente não ter sido uma bala perdida, já nos aliviou um pouco.
Na verdade, de um modo geral, incidentes deste tipo são comuns no Grande Rio. Mas, não resta dúvida, que estes são mais corriqueiros no interior e nas proximidades de comunidades.
O SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino) declarou que vai entrar com uma representação na Justiça contra a Prefeitura do Rio por crime de responsabilidade neste caso da morte do estudante Wesley Guilber.
O Sindicato alega que a entidade já fez e tem feito várias denúncias, assim como cobranças ao governo municipal sobre os problemas de insegurança nas escolas.
Até quando iremos presenciar ou tomar conhecimento de casos como estes, de forma pacífica, inerte, como se fosse algo isolado ou extrapolado a nós?
Fonte: G1.RJ
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