domingo, 15 de agosto de 2010

Mais de 90 mil queimadas registradas nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil



Região Centro-Oeste - Imagem capturada na Internet
(Fonte: G1 - Foto: Ed Ferreira/AE)

Recentemente, postei acerca dos incêndios florestais na Europa, principalmente, em Portugal e na Rússia. Agora é a vez das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil serem manchetes de jornal em decorrência dos incêndios.

O Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso são os estados mais afetados, mas apesar deste período do ano ser comum a prática de queimadas nas regiões citadas, o poder de destruição foi devastador. Muitos moradores perderam tudo, inclusive, a própria casa.  Eu não recordo de algo parecido ter acontecido anteriormente. Posso até estar enganada, mas realmente não lembro.

Em ambos os continentes, o tempo seco e as temperaturas elevadas foram os fatores principais para o início do fogo e, consequentemente, de um incêndio, cuja propagação foi favorecida pela ação dos ventos. Certo? Não, pois há uma grande diferença entre os dois casos, ou seja, o fogo que vem se alastrando nas regiões Norte e Centro-Oeste do país tem outra origem, bem distinta daquele que acomete ao território português e russo.


Esta época do ano é muito comum, nas regiões Norte e Centro-Oeste, a prática de queimadas, que consiste em uma técnica rudimentar para fins de preparo da terra para o cultivo (agricultura) e/ou para renovar as pastagens. Ela é realizada tanto nas áreas agrícolas ou de pastagem, como também nas ocupadas pelas florestas, devendo – neste último caso – haver inicialmente o desmatamento.


Do ponto de vista agrícola, esta técnica é ultrapassada, pois o solo perde nutrientes, assim como os microrganismos presentes neste. Perdendo os microrganismos e os nutrientes, após alguns plantios, a produção vai caindo gradativamente até chegar ao ponto de o solo ficar estéril.


De acordo com o que foi noticiado, do início de agosto até ontem (14/08) foram mais de 90 mil queimadas registradas nas regiões Norte e Centro-Oeste, o que representa um aumento, em relação ao ano passado, de mais de 500% .


É algo bastante preocupante, não? Mas tudo tem a ver com as condições climáticas desta época do ano e as técnicas rurais ainda resistentes e em prática nestas regiões.

Como eu já mencionei aos alunos do 8º e 9º anos, é muito difícil ensinar para os alunos da região Norte do país, os efeitos do movimento de translação da Terra (ao redor do Sol) na definição das quatro estações do ano, bem como suas respectivas características. Isso se dá pela localização geografia desta região (da faixa de terras a qual se localiza) e de outras particularidades, que os faz afirmar que – este período – é verão para eles.

Como muitos sabem, eu morei dois anos e meio em Araguaína, no norte do estado do Tocantins e aprenderam, também, que a Zona Tropical ou Intertropical, na qual a maior parte do país está localizada (baixas latitudes) tem como característica climática principal, a ocorrência de duas estações do ano: uma quente e chuvosa (verão) e a outra menos quente e seca (inverno).

É claro que não devemos esquecer que outros fatores, como a altitude, as correntes marítimas, as massas de ar e a disposição de relevo vão responder pela grande diversidade de climas no país (seis tipos climáticos).

Porém, a ocorrência de duas estações bem definidas, uma úmida e seca, ocasiona certa confusão na assimilação dos conceitos acerca das estações do ano, principalmente, para aqueles que moram no Norte do Brasil.


A temperatura elevada predomina o ano todo, só havendo certa alteração devido aos elevados índices pluviométricos (de chuvas) durante o período de 22 de setembro a 21 de março, que corresponde, na verdade, às estações de “primavera” e o “verão”. Para a população local, esta época de chuvas (primavera/verão) é – na concepção deles – o período do inverno.

Inclusive, eu até comentei que um dos presentes de casamento que eu ganhei (da minha irmã mais velha) havia sido uma secadora de roupa e, também, que o máximo que eu usei, no Tocantins, como agasalho foi uma jaqueta jeans, no período das chuvas e por estar na rodoviária, de madrugada, esperando o ônibus que vinha de Belém com destino para o Rio de Janeiro.


Como citei, para a população desta região, neste momento, estamos no verão, ou seja, período quente e seco. É a época das queimadas e de ir às praias, sejam estas litorâneas ou fluviais (de rios).


Nesta época e devido às queimadas, muitas das vezes, até a aterrissagem de aviões fica impedida pela falta de visibilidade em razão da forte capa de fumaça sobre a localidade, onde o aeroporto se encontra localizado.

E ainda, não devemos esquecer, que o Brasil está no ranking dos países que mais contribuem para o aquecimento global, justamente, por causa das queimadas (emissões de dióxido de carbono).


Para saber mais, acesse AQUI!

4 comentários:

  1. Eu achei muito interessante você, professora postar sobre esse assunto. Porque muitas pessoas se preocupam com isso, inclusive eu. Só que tem uma coisa, eu sei que tem muitas pessoas se preocupadam com isso mas, as causas desses problemas foram por causas naturais(calor, vento, influências climáticas, etc.) ou será que foram causados por ação do homem?

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  2. João, como eu mencionei, as queimadas são provocadas pelo homem. O que você pode também ter, numa situação como esta - de altas temperaturas e de forte estiagem (seca) - é o fogo ter iniciado devido a incidência dos raios solares ou, também, quando - por exemplo - alguém joga cigarro acesso no mato seco ou qualquer outro tipo de chama.

    De acordo com algumas reportagens, o incêndio no Parque Nacional das Emas (sudoeste de Goiás) foi provocado por um curto circuito em uma fazenda vizinha ao Parque.

    Eu já passei por estradas no Tocantins, que a chama descontrolada invadia a pista, colocando os veículos em perigo constante.

    Apesar das queimadas serem realizadas de forma "mais ou menos" controlada, os ventos acabam interferindo e causando a expansão e o descontrole do fogo.

    Adorei a sua visita. Beijos

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  3. Além de ser um tecnica totalmente antiquada, pois deixa o solo improdutivo, também interfere na camada de ozônico. As pessoas são muito ignorantes à respeito disso, se não, figem.

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  4. Tamiris

    Realmente, a queimada é uma técnica bastante rudimentar e antiga. Há certa mistura entre a ignorância e a falta de recursos econômicos para uma alternativa mais correta. Além disso, o controle e a vigilância por Órgãos oficiais, cujas penalidades podem ser estabelecidas, não ocorrem como deveriam ocorrer.

    Há falhas de ambas as partes!

    Beijos

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