Imagem capturada na Internet (Fonte: Tudo que rola pelo mundo você vê aqui)
Falando da importância das redes informacionais, os alunos da 3ª série do Ensino Médio trabalharam com dois textos, sendo um "A Internet do Mal", de autoria e publicado por Zuenir Ventura. Trata-se de um ótimo texto para trabalhar o lado positivo e negativo da Internet.
A
INTERNET DO MAL
Texto de Zuenir Ventura (Jornal O Globo, 23/04/2008)
A repórter Juliana Tiraboschi, da revista
"Galileu", teve uma original ideia de matéria: "Do_
mal.com". Usando personagens fictícios, entrou na internet e durante
semanas desempenhou vários papéis. Fingiu ser uma jovem deprimida à beira do
suicídio, agiu como um pedófilo em busca de pornografia infantil, simulou que
era uma menina ingênua assediada por adultos e passou-se por uma anoréxica
procurando dicas de emagrecimento. A facilidade com que obteve cumplicidade e
estímulo para comportamentos de risco ou atos criminosos a impressionou.
"Decidi me matar e quero saber qual o método menos doloroso", ela
escreveu, e em pouco tempo um internauta sugeriu um coquetel de medicamentos
por ser "mais letal e menos doloroso". Outro aconselhou uma
"overdose de barbitúrico" por sua ação rápida. Um terceiro ensinou a
preparar um explosivo capaz de "te incinerar instantaneamente". Houve
até quem se preocupasse com o preço. "Se fizer do jeito certo", ele
alegava, "o enforcamento não é tão doloroso, além de ser barato e fácil.
Só precisa uma corda".
Juliana ficou chocada. "Ninguém se mostrou perturbado,
e apenas um dos meus interlocutores perguntou qual o motivo da minha
decisão." Em outras comunidades, ela encontrou pessoas disseminando
abertamente a violência e a intolerância, como homofobia e racismo. Uma
antropóloga ouvida por ela identificou 14 mil sites de conteúdo nazista. Numa
sala de bate-papo, a repórter começou a conversar com um homem de declarados 22
anos. "Eu disse que tinha 12 anos, mas meu interlocutor não se intimidou.
’Curte falar de sexo?’, continuou. ’Sou tímida’, recuei. ’Já fez sexo?’, ele
insistiu. Respondi que não e perguntei se não me achava muito nova. ’Só pra
gente brincar, só matar a curiosidade (...). Você me mostra algumas coisinhas,
eu te mostro tudinho que você tem vontade.’ Ela concluiu que, como não há
controle, "crianças de qualquer idade poderiam estar participando da
conversa."
O resultado desse mergulho em zonas sombrias da internet
levou a jornalista a questionar: "Onde termina a liberdade de expressão e
onde começa o crime?" É bem verdade que, como ela admite, não foi a rede
que inventou essas patologias; "ela apenas facilita a conexão entre as
pessoas". Mas é crescente a influência do mundo virtual sobre o real. Em
2006, um jovem gaúcho de 16 anos se suicidou induzido por seu grupo de discussão
a inalar monóxido de carbono. No ano seguinte, em Ponta Grossa, outro jovem se
matou de forma semelhante. Nos EUA há uma infinidade de casos iguais. É um
princípio de imitação que parece funcionar para os comportamentos desviantes.
Evitar que um instrumento tão útil e poderoso como a
internet seja usado impunemente para promover o mal, eis uma das questões
cruciais dessa nossa sociedade de informação.
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