Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipédia)
Cidade
Maravilhosa
Sérgio
Magalhães
Ao comemorarmos os 450 anos do Rio de Janeiro, vale realçar
uma característica fundamental da cidade que estamos festejando.
Entre as famosas obras do prefeito Pereira Passos que deram
uma nova feição ao Rio, no início do século XX, a construção da Avenida
Beira-Mar talvez seja a de mais profunda influência.
Claro que o símbolo mais conhecido é a Avenida Central, hoje
Rio Branco. A Beira-Mar, porém, com cinco quilômetros, indo da Cinelândia a
Botafogo, foi além da função de ligação viária Centro-Zona Sul. Teve pelo menos
duas outras importantes contribuições: definiu a paisagem geocultural e uniu a
cidade e o mar.
Ao passar pela orla, criou um ponto de vista que coloca a
arquitetura da cidade em primeiro plano e, ao fundo, os grandes ícones
geográficos, Pão de Açúcar, Corcovado e Maciço da Tijuca.
Antes, visto o conjunto desde o mar, a geografia dominava a
imagem. Depois, associada à arquitetura, a geografia “culturalizou-se”. A
simbiose é a nova paisagem do Rio.
À época, as cidades não se integravam ao mar (veja o Palácio
do Catete, de frente para a terra, de costas para a água). A Beira-Mar
incorporou o mar à cidade e garantiu a praia para o uso público, um novo
conceito que Pereira Passos ainda replicou na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Criou-se um paradigma de ocupação para a costa brasileira,
onde a praia é pública e o seu acesso é livre — diferentemente, aliás, do que
ocorre nos Estados Unidos, na França, em Portugal e na Espanha, entre outros
países.
Demonstram os cronistas, o carioca sempre amou a vida no
espaço público — lugar da interação. Sua identidade é indissociável dessa
característica. A obra de Pereira Passos somou aos já então qualificados
espaços públicos interiores um novo espaço público de excelência, a praia.
É dessa soma que, na década seguinte, emerge a expressão
“Cidade Maravilhosa”, a cidade da bem-aventurança, idealizada desde a fundação.
Essa feliz expressão está fazendo o seu centenário por agora, junto com os 450
anos do Rio.
No Brasil, nós não temos os guetos étnicos, religiosos e
culturais que embasam ódios mundo afora (o carnaval é uma das evidências de
como a população pratica e quer a integração). Nós temos uma só nação, de
muitas cores e grandes desigualdades.
Mas, urbanisticamente, nas últimas décadas, de modo
descuidado, importamos a segmentação social dos shoppings, dos condomínios
fechados e do monofuncionalismo, parentes do multiculturalismo em que cada
grupo quer seu lugar exclusivo. Não é um bom caminho — está aí o mundo a
demonstrar que a segregação e a intolerância andam juntas.
Em muitas cidades brasileiras abandonamos a cidade misturada
em busca da miragem imobiliária mais ordinária. Grande parte de nossos espaços
públicos é descaracterizada pela falta de manutenção, pela perda de população,
pela violência, pelo consequente enfraquecimento econômico e pela invasão
rodoviarista. Conformam-se cidades cada vez mais difíceis.
As grandes cidades têm, mesmo, muitos problemas. Mas elas são
o motor do mundo contemporâneo. Precisam preservar o seu papel de lugar da
sociabilidade e valorizar a qualidade de vida — base sobre a qual constroem seu
protagonismo.
Para o Rio, em especial, há de haver um cuidado máximo na
permanente qualificação dos espaços públicos, matriz da sua identidade cidadã.
Praias limpas, seguras e sem poluição é uma condição cada vez
mais básica que, em uma metrópole, somente poderá ser garantida com espaços
públicos interiores igualmente seguros, limpos, bem tratados, bem mantidos, com
vitalidade econômica e social.
A grande obra de Pereira Passos consolidou um modo de vida que
encheu de orgulho a cidade e o país. É persistir no bom caminho.
Salve os 450 anos da Cidade Maravilhosa!
Fonte: O GLOBO
oi professora sou da dilermando cruz sou da 1804 achei teu brog
ResponderExcluirCidade maravilhosa com muitas qualidade
ResponderExcluirProfessora achei seu blog..
Moises turma: 1004 escola: scudese