segunda-feira, 30 de março de 2015

Período de Paz Armada: Guerra Fria

 
   
Ordem Mundial Bipolar após II Guerra Mundial
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativos
(Fonte: Guerra Fria)
 
 
 Texto atualizado em 30/03/2015 às 07h51
 
Desde agosto de 1945, quando – na intenção de forçar a rendição do Japão - os EUA lançaram duas bombas atômicas (nucleares) em seu território, sendo primeiro na cidade de Hiroshima, no dia 06 de agosto e a segunda, em Nagasaki, no  dia 09 do mesmo mês, atingindo o seu objetivo e assinalando o final da II Guerra Mundial (1939-1945), a humanidade poder constatar o poder de destruição em massa deste armamento e passou a viver sob o temor de um futuro conflito direto, capaz de envolver países que possuíssem esse tipo de material bélico (armas nucleares).

O mesmo temor e preocupação que perdurou durante a chamada Guerra Fria, período conhecido pelo embate indireto entre os EUA e a antiga URSS, cada qual possuindo o seu arsenal nuclear e suas respectivas zonas de influência (países aliados).  

Com o fim da II Guerra Mundial e a vitória dos Estados Unidos da América (EUA) e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS ou CCCP), a nova Ordem Mundial tornou-se bipolar, isto é, o mundo passou a se estruturar e a se organizar, em termos político, econômico e militar, a partir da influência entre ambas, as superpotências, a qual vigorou até o final da década de 1980 e início dos anos 90 do Século XX.

 

Imagem do meu acervo particular

(Fonte: Geografia, Sociedade e Espaço, W. Vesentini)

 
No entanto, essa disputa também envolvia sistemas político-ideológicos distintos, totalmente contraditórios em seus fundamentos teóricos e de prática. De um lado, os EUA que lideravam e defendiam o sistema Capitalista, que sempre almejou o lucro, tendo como base uma economia de mercado e a divisão da sociedade em classes sociais, entre outros aspectos. Do outro lado, a URSS na liderança do sistema Socialista, que baseava-se na economia planificada, no unipartidarismo (partido único) e, inicialmente, na construção de uma sociedade mais igualitária.
 
Neste cenário pós-guerra, a Europa – palco das duas Guerras Mundiais - ficou dividida politicamente: a Europa Ocidental (capitalista) e a Europa Oriental ou do Leste (socialista).
 
Vale ressaltar, aqui, que essas expressões (“Ocidental” e “Oriental”) não possuem uma conotação de localização geográfica, isto é, em relação ao ponto de referência longitudinal, a partir do Meridiano de Greenwich, pois a sua base é meramente ideológica, discriminando os países do bloco capitalista (Europa Ocidental) dos demais, pertencentes ao bloco socialista (Europa Oriental ou Leste Europeu). Tendo, ainda, como fronteira geopolítica, a chamada Cortina de Ferro.
 
Cortina de Ferro foi uma expressão empregada, após a II Guerra Mundial, pelo então, primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, em razão desta divisão geopolítica no referido continente, entre os países de formação capitalista e aqueles sob a influência da União Soviética (socialistas).
 
Diante da ameaça de expansão do Socialismo na Europa, em razão da localização geográfica da URSS, da situação caótica dos países europeus arruinados pela II Guerra Mundial e dos riscos eminentes da influência soviética sobre os mesmos, inclusive, países do bloco capitalista, em 1947, o presidente Truman (EUA) deu início à uma política de contenção da expansão socialista, a qual ficou conhecida como Doutrina Truman.
 
Esta política marcou o início de uma grande disputa geopolítica e militar entre ambas potências envolvidas (EUA x URSS) não só a nível continental (Europa) como a nível mundial, gerando um período de grande tensão no mundo inteiro, em razão de ambas conterem arsenal nuclear, isto é, ela marcou o início da Guerra Fria.
 
O termo Guerra Fria consiste no fato de que - na realidade -  não houve um embate direto entre as referidas potências (EUA X URSS). Elas, no entanto, se tornaram patrocinadoras de diversos conflitos envolvendo países sob a influência de uma ou de outra, os quais foram financiados, abastecidos de armamentos, de reforços e outros tipos de ajuda – cada qual– conforme os seus respectivos interesses (a favor do Capitalismo ou do Socialismo).
 
Guerra Fria: charge mostrando, à esquerda, o líder da URSS, Nikita Kruschev 
e, à direita, o presidente dos EUA, John Kennedy.
Imagem capturada na Internet (Fonte: História por Imagem)
 

Ainda no mesmo ano (1947), o Secretário de Estado norte-americano, George Marshall, anunciou um plano de ajuda financeira para a reconstrução e reestruturação econômica dos países afetados direta e/ou indiretamente pela guerra. Esse Programa de Recuperação Europeia, conhecido como Plano Marshall ficou restrito aos países da Europa Ocidental e a alguns países asiáticos (Japão, Coreia, Formosa, Filipinas).
 
Embora, a União Soviética e os países do Leste Europeu tenham sido convidados, Josef Stalin – então Dirigente da URSS - não permitiu a participação de nenhum país sob o seu controle a aceitar o referido Programa.
 
Inicialmente, os recursos foram destinados à aquisição de alimentos, fertilizantes e rações, mas logo depois, os mesmos foram utilizados para obtenção de matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas. Os países conseguiram se recuperar, mas – sem dúvida nenhuma – quem mais prosperou com o referido Programa foram os Estados Unidos.
 
Neste cenário pós-Guerra, a Alemanha também ficou dividida em quatro áreas, cada qual comandada e administrada pelos EUA, Grã-Bretanha, França e URSS. Em 1949, os países capitalistas (EUA, França e Grã-Bretanha) fizeram um acordo para integrar suas três áreas formando a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) e, pelo lado soviético, a Berlim Oriental, passou a se integrar à República Democrática da Alemanha.
 
Até o ano de 1961, os cidadãos berlinenses não eram impedidos de circular de um lado para o outro da Alemanha dividida, porém com o agravamento da Guerra Fria e mediante a grande ocorrência de migrações de berlinenses do lado oriental para o ocidental, o governo socialista da Alemanha Oriental decidiu construir um muro dividindo os dois setores, criando leis que proibiam a passagem das pessoas para o setor ocidental da cidade.
 
Conhecido como o Muro da Vergonha, o Muro de Berlim é considerado o maior símbolo da Guerra Fria. Sua construção começou no dia 13 de agosto de 1961, sem respeitar casas, prédios ou ruas e, muito menos, as famílias. Para dificultar a fuga, o muro possuía cercas elétricas e valas, além de cerca de 300 torres de vigilância. A ordem era impedir e até mesmo matar quem tentasse ultrapassa-lo.

Imagem capturada na Internet para fins ilustrativos
Construção do Muro de Berlim (Alemanha)
 
Outra medida tomada por ambas as potências, neste período, foi a formação de alianças militares com o objetivo de fortalecerem os laços com os seus aliados, bem como de se protegerem de possíveis ameaças do inimigo.

Em 1949, liderada pelos EUA, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, pelo lado da URSS, em 1955, foi assinado o Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental, conhecido como Pacto de Varsóvia.

E, ainda, neste período era bastante comum a exposição de arsenais bélicos, inclusive, nucleares em desfiles militares por ambos os lados. O objetivo principal era mostrar a supremacia nesta custosa guerra a partir de seus armamentos nucleares e/ou mísseis de grande precisão etc.

 


Desfile militar com o supertanque Objeckt 271 ou 2A3 Kondensator 2P na URSS
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativos
Fonte: TecMundo) 
 
Entre outros aspectos, a Guerra Fria se caracterizou pelo desenvolvimento de tecnologias de ponta, da corrida armamentista, da corrida aeroespacial, sendo também marcado pela “caça às bruxas” e às redes de espionagem, como a CIA (Central Intelligence Agency, em português, Agência Central de Inteligência/1947 - até hoje) e a KGB (Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, em português, Comitê de Segurança do Estado/1954-1991).
 
Ficou conhecido como o período da chamada Paz Armada, uma vez que os EUA e a União Soviética nunca chegaram a um embate direto, com uso de armamentos, mesmo cada um tendo suporte para isso, configurando-se mais como um longo período de tensão mundial.
 
 A Paz Armada - Charge capturada na Internet
  
No entanto, o mundo presenciou conflitos das mais diferentes naturezas financiados e orientados por ambos, com o objetivo primordial de defenderem os seus interesses. Tanto os EUA quanto a URSS procuraram recrutar, para si, o maior número de países aliados.
Como exemplos de guerras e conflitos indiretos, sob a influência tanto dos EUA quanto da União Soviética, durante a Guerra Fria, pode-se citar a Guerra da Coreia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1962-1975), a Crise dos mísseis em Cuba (1962) e a Guerra do Afeganistão (1979-1989).
 
 A disputa entre o poder de influência política, econômica e ideológica
da URSS (CCCP) e dos EUA
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativos
 
Em meados da década de 70, a União Soviética, sem capital suficiente para expandir o seu arsenal bélico, começou a apresentar propostas de desarmamento aos EUA. Situação esta, que já assinalava a crise no próprio sistema socialista.
Além disso, em razão do Socialismo Real se configurar distinto daquele apresentado por Karl Marx e Engels (Socialismo Científico), primando por um regime ditatorial, a própria população se sentia insatisfeita com o regime e a falta de liberdade.
   
Nos anos 80, a crise era eminente devido ao esgotamento do modelo socialista, a problemas da economia planificada, da ausência de liberdades democráticas e da grande diversidade étnica existente em seu território.
 
Tal conjuntura levou o presidente soviético Mikhail Gorbatchov iniciar um processo de reformas políticas e econômicas na União Soviética, em 1985, que resultou no fim do Socialismo e a fragmentação política do seu território, extinguindo a URSS.
 
Sob esta mesma conjuntura, no dia 9 de novembro de 1989, ocorreu à queda do Muro de Berlim (Alemanha), à partir da iniciativa dos manifestantes do lado soviético (Alemanha Oriental). A reunificação da Alemanha foi concluída em outubro de 1990.
 
 
Queda do Muro de Berlim
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativo
(Fonte: Revista Veja)
Não existe um consenso geral sobre a data exata do final da Guerra Fria. Alguns especialistas consideram o ano de 1989, quando ocorreu a queda do Muro de Berlim, como a data que assinala o fim da Guerra Fria. Outros autores, no entanto, consideram o ano de 1991, quando houve a dissolução do Pacto de Varsóvia.
 
 
Imagem do meu acervo particular
Fonte: Revista Veja (Edição desconhecida)
 
Com a crise do Socialismo e a fragmentação da URSS, o Capitalismo sai vitorioso, se fortalecendo ao longo dos anos e predominando como sistema político-econômico no mundo.
 
 Imagem do meu acervo particular
Fonte: Revista Veja (Edição desconhecida)
 
Com o fim da Guerra Fria e, consequentemente, com a bipolaridade que marcou o período desde o final da II Guerra Mundial, uma Nova Ordem Mundial foi estruturada, passando de bipolar para multipolar, estando o jogo de poder a economia e envolvendo os principais líderes: EUA, a União Europeia e o Japão.


Imagem do meu acervo particular
(Fonte: Geografia, Sociedade e Espaço, W. Vesentini)
 
Hoje, cinco países ainda seguem o sistema socialista, são eles:
 
1. Cuba (em processo de abertura econômica, aos moldes capitalistas, como por exemplo, a indústria do turismo. O Estado ainda controla as áreas da Saúde, Educação e Planejamento);
 
2. China (“Um governo sob dois sistemas”, isto é, um país de sistema político socialista e sistema econômico capitalisçmta);
 
3. Coreia do Norte (país socialista mais fechado e radical/ditatorial. O país insiste na obtenção de posse e testes de armas nucleares);
 
4. Laos (após quase duas décadas de isolamento, o Laos começa a abrir suas portas para o turismo, mas se mantém socialista);
 
5. Vietnã (abriu sua economia ao capitalismo, apesar de se manter socialista).
 
 
Fontes de Consulta
  
. Fontes citadas nas imagens

. Guerra Fria
 
. Material didático (particular)

. Wikipédia (várias edições)

 

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