Eu no colo do meu pai (já falecido), atrás minha mãe (já falecida) e
minhas duas irmãs mais velhas.
(Imagem do acervo da família)
Hoje, embora seja um dia especial para muitos, aqui – em casa – os momentos
de alegrias se limitaram às horas das refeições, desde o café da manhã, passando
pelo almoço e lanche da noite, quando nós três estávamos reunidos à mesa (eu,
meu esposo e minha filha).
Nem mesmo a entrega do presente da minha filha ao pai foi igual ao dos
anos anteriores, pois o deste ano não foi surpresa, pois o meu esposo estava
junto na hora da compra, na intenção de escolher o que ele realmente queria.
Apesar de saber que devemos celebrar a vida e agradecer a Deus por cada
dia vivido, hoje, em minha casa, as lembranças quase dominaram o ambiente por
completo, tendo em vista a morte prematura do meu pai há 22 anos (23 anos em
dezembro) e a mais recente do meu sogro. E este por ter há menos de dois meses
foi bastante sentido, sobretudo, pelo meu esposo.
A dor da perda é algo que nos rouba a paz no coração a todo instante. Não
há como deixar de pensar e chorar, mas as lembranças dos feitos dos nossos pais,
do amor, das lições de vida e das relações estabelecidas acabam tornando-se
alívios para os corações ainda sentidos.
E foi assim, que me senti assim, hoje. E, compreendo, o estado do meu
esposo.
Por isso, gostaria de republicar uma mensagem para os Dias dos Pais, a
qual publiquei no ano de 2009, neste espaço (há 6 anos). Trata-se de uma história
verídica, da qual não tenho nenhuma informação quanto a sua origem e autoria.
Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
(Fonte: Blog do Gordinho)
PAI TÔ COM FOME!
Ricardinho não aguentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!!!
O pai, Agenor , sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em
busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um
pouco de paciência...
- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o
filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente...
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita
fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada
encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa
matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento,
lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!!!
Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido,
pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...
Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...
Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...
Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...
Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o
lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um
punhado de fubá...
Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um
manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para
seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e
necessidades...
Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:
- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até
chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que
agradecia a Deus por ter esse prazer...
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois
conversariam sobre trabalho...
Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome
já estava nas costas...
Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria,
onde havia um pequeno escritório...
Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então,
sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos
'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e
penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15
dias...
Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o
dia seguinte seu início no trabalho...
Ao chegar em casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem sentia
esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso...
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias
melhores...
No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para
iniciar seu novo trabalho...
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque
estava ajudando...
Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro
dele chamava-o para ajudar aquela pessoa...
E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador
daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus
deveres...
Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas
para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia
questão que Agenor fosse estudar....
Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras
letras e a emoção da primeira carta...
Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula...
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu
escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro...
Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica
impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante em seu primeiro
terno...
Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela
que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o
pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da
sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os
tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...
Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado
pelo seu filho , o agora nutricionista Ricardo Baptista...
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor
impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...
Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma hora,
morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...
Ricardinho , o filho mandou gravar na frente da 'Casa do Caminho', que seu pai
fundou com tanto carinho:
'Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você
me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem
preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o
pão da misericórdia para estender a quem precisar!!!'
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