domingo, 5 de março de 2023

É Verão! Temporais Atípicos e Extremos no Litoral Paulista

 

Litoral Paulista
Imagem capturada na Internet
Fonte: Conexão Planeta (Fotos Públicas)


Embora, o evento ao qual me refiro neste post tenha ocorrido no mês passado (fevereiro), optei por mencioná-lo, pois – todo ano - o filme se repete, sob o mesmo enredo e atores... 

É claro que levando em consideração os habituais elementos do cenário, tais como: verão quente; índices pluviométricos elevados; áreas de riscos (declividade acentuada); ocupações irregulares e desordenadas; descartes inadequados de lixo; manutenção de políticas públicas falhas quanto às ações mitigadoras ou soluções definitivas aos problemas de mesma natureza, entre outras adversidades, só contribuem para os eventos sucessivos, anuais.  

Refiro-me às fortes chuvas que atingiram o litoral paulista nos dias 18 e 19 do mês passado (fevereiro), em pleno feriadão de carnaval, quando o número de turistas esperado era alto na maioria das cidades litorâneas do nosso país.  

As chuvas foram intensas tanto no litoral Norte quanto no litoral Sul do estado, assim como os efeitos das mesmas nas cidades mais atingidas.

Embora, estejamos na estação do ano mais chuvosa (verão) e as chuvas intensas sejam bastante comuns, eventos extremos, em 24 horas, são raros 

Em razão disso, os temporais registrados no litoral de São Paulo (sobretudo no litoral Norte) foram bastante atípicos em relação aos outros verões paulistas, considerado o mais intenso da história do Brasil, tendo o registro de acumulado de chuva em 683 mm em 24 horas 

Até então, o município de Petrópolis, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, detinha o registro de maior acumulado de chuva no país, em 24 horas, com 530 mm, ocorrido em 2022.   

De acordo com a Defesa Civil, na época, as cidades mais afetadas pelas chuvas e que os governos municipais decretaram estado de calamidade pública foram:  

. Bertioga: 683 mm, cuja a média de fevereiro é de 347 mm;

. São Sebastião: 627 mm (média de fevereiro: 303 mm);

. Guarujá: 395 mm (média de fevereiro: 234 mm);

. Ilhabela: 337 mm (média de fevereiro: 303 mm);

. Ubatuba: 335 mm (média de fevereiro: 290 mm);

. Caraguatatuba: 234 mm (média de fevereiro: 287 mm). 


Imagem capturada na Internet
Fonte: G1


 

As imagens abaixo foram capturadas do 












Embora, o município de São Sebastião tenha apresentado o segundo maior índice de acumulado durante 24 horas, atrás de Bertioga, que bateu o recorde nacional (683 mm), a cidade de São Sebastião foi a mais afetada pelas chuvas (o nível de chuvas que caiu – em 24 horas – foi o dobro do esperado para o mês de fevereiro), tendo registro de diversos pontos de deslizamentos de terra (encostas), alagamentos de vias de acesso, bairros que ficaram isolados e muitas mortes em consequência das precipitações, principalmente, nas praias Barra do Sahy, Juquehy, Camburi e Boiçucanga.

Na época, a Prefeitura de São Sebastião, além de decretar estado de calamidade pública no município, cancelou o carnaval da cidade. Trechos da estrada Rio-Santos e da Rodovia Mogi-Bertioga também foram interditados.  

De acordo com a CNN, as chuvas causaram 64 óbitos em São Sebastião e 01 em Ubatuba e, ainda, 2.251 pessoas ficaram desalojadas e 1.815 desabrigadas.

Sob este mesmo contexto, não devemos esquecer que a conjunção de fatores naturais e de derivações antrópicas (humanas) agravam a situação socioambiental durante e após um evento de precipitação pluvial (chuva), sobretudo, de caráter intenso e/ou extremo. 

As condições climáticas do nosso país (predomínio do clima tropical) favorecem as temperaturas e os índices pluviométricos elevados. Consequentemente, as chuvas intensificam a ação do intemperismo químico, atribuindo às encostas – em face à declividade - um alto grau de instabilidade, as classificando como áreas de riscos, propícias a deslizamentos de terras.  

Por outro lado, sob o caráter antrópico, a remoção da cobertura vegetal vai contribuir para a retirada da proteção natural do solo e, com isso, este poderá ficar encharcado pelas águas das chuvas, aumentando a sua susceptilidade aos deslizamentos de terra e outros processos erosivos. Ainda mais em áreas de declive moderado a acentuado 

E mais, a situação de baixa renda de grande parcela da população brasileira, bem como o nosso Sistema Nacional de Habitação, deficitário, forçosamente, levam a ocupações irregulares e desordenadas em encostas e em outras áreas de riscos.  

Vale ressaltar aqui que, no âmbito de área de risco, devemos englobar também o sopé da encosta e toda a extensão da superfície que a rodeia, pois estas também vão ser atingidas por todo material do deslizamento 

Imagem capturada na Internet
Fonte: Nova Escola

Com tudo isso, anualmente, a nossa geografia, associada às chuvas típicas do verão converge para este caos socioambiental, o qual - volto a repetir - poderia ser evitado e/ou amenizado se o Poder Público brasileiro atuasse como deveria atuar.   

E é por isso que eu repito: mais uma vez, o mesmo filme se repete...

 

Fontes de Pesquisa 

. Chuva intensa e prolongada atinge o litoral de SP (2013) – G1  

. DUARTE, Marcella: Choveu dois meses em um só dia no litoral de SP; veja como medição funciona (2023) – Tilt 

. Número de mortos em chuvas no litoral norte de SP sobe para 65 (2023) – CNN  

. PERES, Sarah: Chuva que atingiu litoral de SP é a mais intensa da história (2023) – Poder 360

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