segunda-feira, 19 de junho de 2023

Oceanos em Risco

Imagem capturada na Internet
Fonte: Casa e Jardim

 

Texto modificado em 21/06/2023 às 8:35

“Há séculos, os oceanos oceupam um papel central 

na vida da humanidade.

Hoje, os oceanos estão completamente integrados

aos estudos e debates sobre as alterações climáticas globais,

conservação da biodiversidade e

preservação da própria vida no planeta.”

(LOPES, Maria Margaret: 2021)


No último dia 08 de junho comemorou-se o Dia Mundial dos Oceanos. Esta data foi criada, oficialmente, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2008, a contar – no entanto - a partir do ano seguinte, isto é, em 2009 

Os oceanos consistem em vastas extensões de águas salgadas, profundas, que cobrem grande parte da superfície terrestre.  

. Área da Superfície Terrestre: 510 milhões de Km

. Terras Emersas (continentes e ilhas): 149 milhões de Km2 ( 29%)

. Terras cobertas de Água: 361 milhões de Km2 ( 71%)

Como é de conhecimento de todos, a Terra possui seis continentes: Ásia, América, África, Antártida, Europa e Oceania (em ordem decrescente de extensão territorial) e cinco oceanos: o Pacífico (o mais extenso); o Atlântico (o mais importante por ser o mais navegado e por ligar os países mais ricos do mundo); o Índico (apresenta as temperaturas mais altas); o Glacial Antártico (o mais aberto e formado pela junção das águas dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico) e o Glacial Ártico (o menor de todos).  

Imagem do meu acervo particular

Em razão da Terra conter cerca de 71% de sua superfície coberta de água, algumas designações são empregadas em referência à ela, como - por exemplo - Planeta Água, Planeta Azul ou Planeta Oceânico 

Yuri Gagarin, cosmonauta da antiga União Soviética (URSS), primeiro homem a ir ao espaço - a bordo da nave Vostok 1 - e viajar na orbita da Terra, em 12 de abril de 1961, em plena Guerra Fria (embate indireto entre os EUA e a URSS), ao avistar o nosso planeta, no espaço, proferiu uma frase que ficou eternizada: A Terra é azul! 

Cabe aqui, no entanto, uma observação importante, que esta expressão, assim como as demais – acima citadas - não se aplica exclusivamente aos oceanos e, sim, a todos os corpos líquidos existentes na superfície terrestre, mas – sem dúvida - os oceanos se destacam tanto pelas grandes áreas que ocupam (a maior parte dos 71% considerados) quanto pelos volumes de água.  

Os oceanos são de fundamental importância, direta e indiretamente, para o planeta e para a humanidade, tendo em vista que eles:  

- Abrigam uma ampla e rica biodiversidade (ecossistema marinho); 

- São fontes de diversos recursos, sobretudo, em termos de alimentos para o homem; 

- Apresentam uma gama de variedade de recursos minerais nos assoalhos oceânicos, como o petróleo e nódulos ricos em manganês e outros metais (cobalto, níquel, cobre etc.);  

- Possibilitam o aproveitamento das correntes marítimas e das oscilações das marés (altas e baixas) como forma de energia renovável e limpa (maremotriz); 

- Representam importante fonte de trabalho e de subsistência para muitas pessoas que lidam com a exploração e o comércio dos respectivos recursos marinhos, movimentando a economia local, regional e nacional;  

- Através de rotas de navegação e dos meios de transportes marítimos promovem a circulação de pessoas e/ou de mercadorias, assim como, também, a comunicação entre pontos distantes;  

- Contribuem para a precipitação pluvial (chuvas) em razão da evaporação de suas águas; 

- Possuem a capacidade de regular a temperatura e o clima do planeta;  

- São responsáveis pela absorção de parte dióxido de carbono (CO2) produzido e lançado na atmosfera;  

- Produzem mais da metade do oxigênio disponível no planeta por meio dos plânctons e fitoplanctons. 

Contudo, apesar de toda a sua importância em termos de suporte de recursos naturais; de abrigarem ecossistemas ricos em biodiversidade; de serem reguladores naturais das condições climáticas do planeta; serem fonte de trabalho e de sobrevivência de muitas comunidades pesqueiras e da sociedade em geral, entre outros aspectos, os oceanos não estão livres de impactos negativos decorrentes das ações antrópicas (humanas).  

Lixo, esgoto doméstico não tratados, resíduos industriais, agrotóxicos e fertlilizantes agrícolas e vazamento de óleos (petróleo) são os principais agentes poluidores dos oceanos e mares. E as correntes oceânicas acabam atuando como agentes dispersores destes poluentes, espalhando-os para longas distâncias, o que dificulta a remoção dos mesmos.  

Ao mesmo tempo, que as correntes oceânicas atuam com dispersoras de lixo em diferentes pontos dos oceanos. Os detritos, por sua vez, podem ser acumulados em determinadas partes dos mesmos, formando as chamadas “ilhas de lixo”. Tal como já ocorre em diversos pontos dos oceanos da superfície terrestre.  

A grande Ilha de Lixo, localizada na parte Norte do oceano Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia (EUA), é o maior exemplo e prova dos efeitos nocivos das ações humanas em não tratar o lixo e lançá-lo nos mares (e oceanos).

Imagem capturada na Internet
Fonte: Iberdrola

Além desta, estima-se que outras concentrações de detritos, similares, ocorram em outros pontos dos oceanos, todos carreados pela dinâmica das correntes oceânicas. 

Como explica, COELHO (2020:22),

“As variações de pressão, temperatura e salinidade são os fatores físicos formadores desses grandes fluxos de água nos oceanos. Por consequência, cada massa d’água tem uma identidade a partir de uma assinatura específica. Adicionados aos fatores citados a ação dos ventos, a presença de barreiras continentais e o movimento de rotação da terra (coriolis) promovem o transporte dessas águas. O padrão de movimento, seja de águas quentes ou frias, podem circular no sentido horário (Hemisfério Norte) ou anti-horário (Hemisfério Sul). Esse comportamento é capaz de estabelecer cinco grandes giros oceânicos: Atlântico Norte e Sul, Pacífico Norte e Sul, e no Índico (...). Esses giros possuem alta fluidez o que proporciona mudança de forma e tamanho. Supõe-se que o maior e mais conhecido giro abordado em estudos, o giro do Pacífico Norte, tenha arrastado milhões de toneladas de lixo. Os outros quatro grandes giros, menos divulgados, nos nossos oceanos também estão acumulando intensamente resíduos, e isso inclui o oceano Atlântico. ”

 

Giros Oceânicos
Imagem capturada da Internet
Fonte: Espaço Ciência Viva


Todas essas concentrações de lixos flutuantes afetam diretamente o ecossistema marinho e, ao mesmo tempo, o ser humano, quer seja em termos de consumidor final dos seus recursos marinhos (peixes, crustáceos etc.) quer seja em termos de redução do trabalho direto a este ambiente quer seja em termos de aproveitamento como área turística ou de balneabilidade e, sobretudo, como parte integrante do planeta Terra sob o contexto de sua dinâmica ambiental sistêmica e integrada.   

Além da poluição dos mares e oceanos, não podemos esquecer dos efeitos negativos da exploração predatória dos seus recursos biológicos, que coloca em risco a conservação das espécies marinhas e, sobretudo, a sua reprodução.  

A prática da pesca predatória (sobrepesca) e ilegal realizada quer seja em épocas proibidas e/ou de reprodução, quer seja com o uso de explosivos ou da captura de espécies em risco de extinção, entre outros aspectos, pode impactar diretamente os ecossistemas marinhos de forma irreversível.  

Há tempo essa situação acerca dos oceanos e mares vem se agravando sob um processo contínuo de irresponsabilidade humana e de falta de conscientização de sua importância ambiental, assim como para a população e para a economia mundial.  

E, hoje, sem dúvida alguma, entre os diferentes agentes poluidores, o que vem se destacando como o maior inimigo das águas oceânicas e da fauna marinha é o plástico 

“Atualmente, há estudos que mostram que, aproximadamente, 

13 toneladas de plástico chegam ao oceano todos os anos. 

Muitas vezes, esse plástico é ingerido pela fauna marinha, 

como peixes e tartarugas, e outros animais 

como as aves que se alimentam dos peixes, 

provocando a morte de 100 mil animais marinhos por ano, 

além de outros danos. 

Segundo dados divulgados pela ONU, 

a estimativa é que em 2050 

a quantidade de plásticos na água supere a de peixes. ” 

(Portal de Educação Ambiental, São Paulo) 

O aumento do consumo de plásticos descartáveis, nos últimos anos, sobretudo, durante a Pandemia do Novo Coronavírus, fez com que o lançamento de plásticos nos oceanos, também, aumentasse, em especial, os de proteção individual (EPIs) e outros materiais de utilização única, impactando e prejudicando ainda mais a vida marinha.  

Imagem capturada na Internet
Fonte: Veja
Foto: Nicholas Samaras 

Em 2017, sob a perspectiva de promover uma maior conscientização e a mobilização de todos em prol de mudanças de comportamento e de ações positivas ao tratamento dos oceanos, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o período - entre 2021 e 2030 - como a Década dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável 

Com o objetivo principal de mobilizar todos os segmentos (cientistas, políticos, empresários, trabalhadores e a sociedade civil) em uma única direção, isto é, voltados para conservação dos recursos naturais, em especial, dos oceanos e mares.  

Só assim, através de ações de Educação Ambiental, fortaleceremos o nosso compromisso de cidadãos responsáveis pelo meio ambiente, pelos ecossistemas marinhos, pelo desenvolvimento sustentável e por nós mesmos. 


Fontes de Pesquisa:

. 8 de Junho – Dia Mundial dos Oceanos – Portal de Educação Ambiental

. A Ilha de Plástico no Pacífico - O continente de plástico que flutua nas águas do Pacífico - Iberdrola   

. COELHO, Sheila Cristina de Souza: Origem, Distribuição e Composição do Lixo proveniente de Correntes Oceânicas em duas praias isoladas de Arraial do Cabo – RJ: UFF, 2020 – Dissertação em PDF  

. JONES, Janis Searles: Avaliando o impacto da poluição por EPI no Oceano (2021) – Mares Sem Lixo 

. LOPES, Maria Margaret: Culturas científicas sobre os oceanos na historiografia das ciências no Brasil (2021) - Scielo

. Material Didático (particular) 

. Plástico no Oceano – Espaço Ciência Viva 

. THOMAS, Jennifer Ann: Os novos riscos enfrentados pela biodiversidade dos mares (2021) – Agenda Verde/Revista Veja

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