Imagem do meu acervo particular
Chuva em Brás de Pina, 2016
Mais um ano...
A mesma estação, as chuvas e os temporais típicos do verão, as enchentes, as inundações, os alagamentos, as quedas de árvores, os deslizamentos de terras, os sistemas de sirenes em comunidades de áreas de risco, as perdas de bens materiais e, o mais grave, as perdas de vidas...
A mesma situação caótica que perdura em nossas cidades há anos, sobretudo, nos municípios fluminenses (Rio de Janeiro) e em São Paulo.
Por diversas vezes, aqui no Rio de Janeiro, comentei e registrei fotos desta realidade na capital, onde moro e por quais passei. E chega a ser impressionante a discussão entre diferentes agentes acerca do (s) verdadeiro (s) culpado (s): a própria população civil; o lixo descartado de forma incorreta; a ocupação desordenada por parte da população; os poucos investimentos dos governos (municipal, estadual e/ou federal) ao tratamento destas questões; a ineficácia das empresas de serviços públicos (limpeza e dragagem dos rios, coleta regular de lixo doméstico etc.); o nosso clima predominante (Tropical); a estação do verão; as mudanças climáticas; o fenômeno El Niño, entre outros.
Na verdade, todos têm a sua parcela de culpa para este quadro caótico e histórico. As mudanças decorrentes da própria evolução urbana mediante o aumento da população nas cidades, a pavimentação asfáltica, a ineficiência do sistema habitacional e de outras obras públicas para atender as necessidades básicas da sociedade contribuíram de forma negativa, assim como as mudanças climáticas que já estão ocorrendo, impactando severamente a população local, principalmente, as mais carentes.
Embora, bem menos intensas e impactantes que os eventos meteorológicos
da semana passada (13 e 14/01), que provocaram a morte de 12 (doze) pessoas, na
Baixada Fluminense e na cidade do Rio de Janeiro, as chuvas que caíram na
madrugada deste último domingo (21/01), também, causaram alagamentos e
inundações nas mesmas áreas.
“Dormir
não tem como, é impossível.
Cada
ano que chega se repete
de
uma forma mais forte do que outra”
(Adailton
Gonçalves, vítima das chuvas de hoje,
morador
de Belford Roxo – G1/Globo)
Temporal do dia 13/01/2024 - Avenida Brasil alagada Imagem capturada na Internet Fonte: Último Segundo |
Temporal do dia 13/01/2024 - Duque de Caxias Imagem capturada na Internet Fonte: UOL |
Com tudo isso, as previsões assinalam um agravamento no caos socioambiental sempre após um fenômeno extremo ou não. Cabe a todos, nós, termos a consciência da gravidade e dos riscos eminentes, agindo de forma responsável e cobrando, também, ações políticas dos nossos governantes.
Todavia, não devemos esquecer das responsabilidades de cada um:
- População civil, principal segmento afetado por estes impactos ambientais e que, também, atua como responsável direto e/ou indireto acerca destes;
- O descarte de lixo de forma inadequada e solto, nas ruas, nos rios e etc., entupindo bueiros e galerias de águas pluviais, indo parar nos rios etc. Muitos rios se encontram assoreados e suas águas transformadas em verdadeiros “valões” devido ao lançamento direto, entre outros materiais, de esgoto;
- A ocupação desordenada por parte da população, em áreas de riscos tanto nas encostas quanto nas margens ou proximidades de rios, correndo sérios riscos de sofrer com os eventos de deslizamentos de terra, enchentes e inundações;
- Os governos (municipal, estadual e/ou federal) acerca da elaboração e cumprimento de Planos de Contingência, visando não só a prevenção de eventos extremos e/ou anormais, como também o seu tratamento, visando o seu controle e a implementação de ações necessárias para contornar toda a situação caótica configurada;
- Fiscalização e maior cobrança acerca do desempenho das empresas de serviços públicos (limpeza e dragagem dos rios, coleta regular de lixo doméstico e outros) e, sobretudo, da Defesa Civil, que atua não só por ações preventivas, mas – também – socorristas e assistenciais;
- O nosso clima predominante é o Tropical, que é quente e úmido (chuvoso). E a estação do verão, que se potencializa estas características nesta época do ano;
- As mudanças climáticas como consequências das emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera, que aumentaram nas últimas décadas devido as atividades antrópicas. Daí termos eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes, tais como chuvas fortes e ondas de calor, além de ondas de frio extremo no hemisfério Norte;
- O fenômeno El Niño, que provoca o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, próximo da linha do equador, aumenta a umidade e torna os eventos meteorológicos mais intensos. Ele altera a circulação dos ventos e a formação das chuvas em diferentes regiões do planeta. De acordo com os especialistas da área, os seus efeitos se intensificaram a partir de dezembro do ano passado (2023) e sejam sentidos até o próximo mês (fevereiro).
Como vimos, desde o ano passado (2023), o fenômeno El Niño vem
desencadeando desequilíbrios no clima em todo o nosso país, como – por exemplos
– na região Sul do Brasil houve a ocorrência de ciclones extratropicais, que
atingiram diversas de cidades e causaram mortes. Na região Norte, o rio Amazonas
sofreu a maior seca em 43 anos. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste houve
recordes de temperaturas elevadas, com sensações térmicas superando os 50ºC no
Rio de Janeiro (Poder 360).
A situação é muito séria... E um fato, já mencionado por mim – neste espaço – é o fato que as muitas áreas de conhecimento, como a Geografia, a Geologia e outras não são levadas muito a sério quanto as suas respectivas contribuições científicas e técnicas na hora de planejar e executar obras urbanas.
Estes eventos são de caráter regular devido à estação do ano (verão) e/ou ocorrem de forma excepcional. Em ambas situações, estes são tragédias anunciadas em razão da falta de medidas políticas preventivas e de controle mais eficazes e rápidos, capazes de amenizar os efeitos nefastos à população local.
Os levantamentos e os estudos (pesquisas) realizados pelas Universidades e/ou Instituições públicas e/ou privadas precisam ter uma maior aplicabilidade social e, quando os mesmos se propõem a isso, suas análises e dados não são considerados e aplicados pelos governos, seja qual for a sua esfera de abrangência (municipal, estadual e federal).
E as Universidades estão prontas a “somar”, a contribuir, tal como se manifestou e se dispôs a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
“A
Universidade Federal do Rio de Janeiro coloca
sua
expertise à disposição das autoridades e da sociedade
para
amenizar o sofrimento da população
e apoiar futuras ações em prol da melhoria
da
qualidade de vida dos moradores
do
estado do Rio de Janeiro,
em
especial da Baixada Fluminense. ”
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