Imagem capturada na Internet para fins ilustrativo
Fonte: UOL Notícias Internacional (Foto: Ivan Alvarado/Reuters)
A melhor sensação que um professor pode ter é quando um aluno demonstra,
por iniciativa própria, que aprendeu a matéria ou quando ele consegue fazer - no
caso da minha disciplina (Geografia) - a correlação entre o tópico abordado em
sala de aula com a reportagem do telejornal, por exemplo. E isso aconteceu...
Alguns alunos, tanto do Ensino Fundamental II quanto do Ensino Médio, assistiram os noticiários na TV e, no dia seguinte, me procuraram para comentar sobre o forte terremoto ocorrido no Chile, no dia 16/09, o qual foi sentido em São Paulo e em outras cidades brasileiras.
Alguns alunos, tanto do Ensino Fundamental II quanto do Ensino Médio, assistiram os noticiários na TV e, no dia seguinte, me procuraram para comentar sobre o forte terremoto ocorrido no Chile, no dia 16/09, o qual foi sentido em São Paulo e em outras cidades brasileiras.
Como já havíamos visto este conteúdo em sala de aula, o que
mais foi enfatizado por eles foi o fato dos tremores terem sido
sentidos aqui, no Brasil.
O terremoto no Chile, de magnitude 8,3 graus, foi no mar e ocorreu à noite, próximo à região de Valparaíso, a 232 km de Santiago (capital do país) e a 55 km a oeste da cidade de Illapel.
Em geral, o termo terremoto
é empregado quando o abalo sísmico é de grande magnitude. Já a expressão sismo é usada para qualquer vibração ou
tremor de terra.
O terremoto no Chile, de magnitude 8,3 graus, foi no mar e ocorreu à noite, próximo à região de Valparaíso, a 232 km de Santiago (capital do país) e a 55 km a oeste da cidade de Illapel.
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativo
Fonte: CidadesemFoco
Logo depois, um alerta de tsunami obrigou que um milhão de
pessoas deixasse suas residências na área costeira (Pacífico), onde as ondas
atingiram 4,5 metros de altura. O mesmo alerta foi transmitido ao Peru, ao
Havaí (EUA), Califórnia (EUA) e até à Nova Zelândia.
De acordo com os dados divulgados nas mídias, o terremoto
causou a morte de oito pessoas. Após o forte terremoto foram registradas, pelo
menos, 20 réplicas, sendo algumas de magnitude 6 graus.
Tremores foram sentidos em alguns estados brasileiros, como em
São Paulo, os quais foram registrados na capital e, também, nas cidades de Guarulhos,
Osasco, Campinas e Santos. Além destas cidades houve registro nas cidades de São
José (Santa Catarina), Fortaleza (Ceará), Belém (Pará), Porto Alegre e Santa
Maria (Rio Grande do Sul), bem como em municípios dos estados de Minas Gerais e
do Maranhão.
Os tremores foram de baixa intensidade e, por isso, não houve
registro – em nenhuma das cidades brasileiras atingidas - de danos materiais e nem de pessoas
feridas.
O Hipocentro ou foco do
terremoto se localiza no interior da crosta terrestre e este consiste na fonte
de onde partem e se propagam as ondas sísmicas. Já o Epicentro é o
ponto da superfície terrestre, onde os efeitos do mesmo vão ser sentidos e desencadeados. O Epicentro se localiza diretamente sobre o Hipocentro.
Outros conceitos que devemos distinguir são: magnitude e intensidade dos terremotos, pois ambos possuem concepções distintas.
A magnitude é uma medida quantitativa do tamanho do terremoto, estando relacionada à energia sísmica liberada no foco (Hipocentro) e a amplitude das ondas vibratórias, que se deslocam do Hipocentro ao Epicentro.
O aparelho usado para medir a magnitude dos sismos é denominado de sismógrafo. Este tem por base as ondas sísmicas que se propagam a partir do ponto de origem (Hipocentro).
A escala utilizada para quantificar a magnitude local é a Escala Richter. No seu início, a Escala era graduada de 0 a 9, mas após a ocorrência de terremotos de magnitude superior a este grau, a mesma passou a ser considerada "Escala aberta" de Richter.
Já a intensidade sísmica é uma medida qualitativa dos efeitos do terremoto na superfície terrestre. Esses efeitos são avaliados a partir da observação "in loco" tanto em termos de danos ambientais quanto de perdas humanas e materiais (construções).
Na classificação da intensidade dos terremotos, ou seja, dos seus efeitos na superfície terrestre, é utilizado a Escala de Mercalli Modificada, sobretudo no Ocidente, a qual possui 12 graus (em algarismos romanos).
Ainda, vale ressaltar que a intensidade sísmica nem sempre tem
correlação direta com a magnitude do abalo sísmico, pois um forte terremoto
pode ter - tanto uma alta intensidade quanto baixa, assim como um terremoto de
menor magnitude, também.
Na verdade, o grau da intensidade dos sismos vai depender da
ocorrência de outros fatores (internos e/ou externos), a saber:
- Profundidade Focal
(distância entre o Epicentro e o Hipocentro);
- Distância Epicentral
(distância angular entre o foco e a estação sismológica que registrou o sismo);
- Estrutura geológica
da área afetada, com disposição ou não de relevo na região (podendo haver deslizamento de terra e soterramento de áreas habitáveis);
- Qualidade das construções
civis (edificação com material de baixa qualidade é mais susceptível a
desmoronar).
A falta de planejamento
por parte das autoridades competentes, a inexistência
de uma Estação Sismológica local ou
próxima (monitora os sismos) e, até mesmo, as condições socioeconômicas agravam a situação nestas áreas de maior instabilidade
tectônica, sujeitas a abalos sísmicos e vulcanismo constantes.
Para ilustrar bem esta situação, basta comparar a intensidade (os efeitos) do terremoto que ocorreu em dois países distintos, o
quais se caracterizam por condições
socioeconômicas desiguais: o Haiti
(país latino-americano, subdesenvolvido) e o Japão (país asiático, desenvolvido), vejamos:
HAITI
. Data do Terremoto: 12/01/2010
HAITI
. Data do Terremoto: 12/01/2010
.
Magnitude: 7,0 (Escala Richter)
. N˚ de Mortos: 200 mil
JAPÃO
. Data do
Terremoto: 10/03/2011
.
Magnitude: 8,9 (Escala Richter)
. N˚ de Mortos: 13 mil
Os que eles têm em
comum é a localização próxima à borda
da placa tectônica de limite
convergente com outra placa, configurando-se assim em áreas de grande
instabilidade tectônica. E um dos aspectos que eles têm em incomum, já mencionado acima, é a condição socioeconômica discrepantes de ambos.
O Haiti, considerado o país mais pobre do continente americano, não investe em medidas preventivas e/ou mitigadores aos efeitos de um terremoto. E para piorar, por ocasião do terremoto de 2010, o seu Epicentro foi em uma área populosa e pobre (construções precárias) e nada mudou, praticamente, em termos de sua reconstrução e melhorias.
O Haiti, considerado o país mais pobre do continente americano, não investe em medidas preventivas e/ou mitigadores aos efeitos de um terremoto. E para piorar, por ocasião do terremoto de 2010, o seu Epicentro foi em uma área populosa e pobre (construções precárias) e nada mudou, praticamente, em termos de sua reconstrução e melhorias.
Já o Japão, que faz parte do Grupo dos 7 países mais ricos do
mundo (G7), investe em prevenção aos abalos sísmicos naturais. E, embora, os
investimentos sejam altos em termos infraestrutura, como sistema de molas (espécie
de amortecedor) nas fundações dos prédios mais modernos para absorver o abalo por
ocasião dos sismos, os fenômenos tectônicos e seus efeitos são sempre
imprevisíveis e sinalizam perigo.
Desde 1981, a legislação japonesa determina que toda e
qualquer construção a ser erguida precisa ter uma fundação resistente a fortes
terremotos. As edificações mais antigas, anteriores à publicação da referida
Lei, são aconselhados a reforçar as suas estruturas. O Governo contribui
diretamente com parte das reformas.
Mapa-Múndi com a disposição das Placas Tectônicas
Imagem capturada na Internet (Fonte: Eco4u)
Para entender a origem dos terremotos e outros fenômenos
tectônicos associados é preciso compreender a dinâmica interna da Terra e os movimentos
das placas tectônicas.
Como é possível verificar na imagem acima (mapa), a superfície terrestre se
encontra fragmentada em “pedaços”, de diferentes tamanhos. Na verdade, esses
“pedaços” são as chamadas placas
tectônicas. Estima-se que sejam 15
placas tectônicas, ao todo, as quais se encontram em constante movimento.
Sob este contexto, vale relembrar a diferença entre crosta terrestre e litosfera, uma vez que as placas tectônicas são fragmentos da
litosfera e não da crosta, apenas.
A crosta terrestre
é a camada sólida da Terra, constituída por rochas e minerais. Ela é
subdividida em crosta continental e crosta oceânica. Já a litosfera é
constituída da crosta terrestre juntamente com a parte superior do manto.
Abaixo desta tem-se o manto inferior, que é bem mais quente (com
temperaturas chegando até 870º C), o qual é chamado de astenosfera (esfera sem força, de baixa velocidade). É sobre a
astenosfera que as placas tectônicas se
movimentam.
As responsáveis pela movimentação das placas
tectônicas são as correntes de convecção
do magma. O magma ao extravasar na superfície afasta uma placa da outra, as
quais vão ser direcionadas em sentidos contrários. Se de um lado, as placas se
afastam, no outro lado, elas se encontram com outra placa.
Com isso, o movimento das placas tectônicas pode ser divergente, quando uma placa se afasta
da outra (como foi o caso da placa Sul-Americana em relação à placa Africana) e
convergente, quando o contato da
placa com a outra se faz por colisão, subducção e deslizamento lateral.
Movimento divergente das placa Sul-Americana e a Africana
Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
(Em nota, a fonte explica que as cores vermelhas
assinalam as áreas onde foram encontrados
os mesmos tipos de rochas e fósseis)
As áreas de convergência de placas tectônicas caracterizam-se por maior instabilidade tectônica, onde se verifica a grande ocorrência de vulcanismo, abalos sísmicos (terremotos e maremotos), formação de cadeia de montanhas dobradas, fossas submarinas etc.
Nesse movimento divergente, a placa Sul-Americana se
move, em média, três centímetros para o oeste, enquanto a placa Africana se movimenta
no sentido leste, sob a mesma medida. Com isso, verifica-se um maior
distanciamento entre os continentes, a expansão do fundo oceânico e do oceano
Atlântico. Este, por sinal, se expande cerca de seis centímetros por ano.
Enquanto, a placa Sul-Americana se afasta da placa Africana, a
sua borda a oeste se encontra em movimento convergente
à placa Nazca. O contato entre ambas é por subducção. E é, justamente, nesta
borda (oeste) que se encontra localizado o Chile
(assim como outros países sul-americanos).
Por ser uma área de convergência de placas (encontro), toda a
costa pacífica da América do Sul é caracterizada por uma grande
instabilidade tectônica, sujeita a terremotos de magnitude elevada, cuja
intensidade também pode ser alta e, por isso, ter um efeito devastador na
superfície (perdas materiais e humanas, entre outros aspectos).
Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
Daí, a ocorrência – em seu território – de atividades vulcânicas e
abalos sísmicos (terremotos e maremotos), sem esquecer da disposição da
Cordilheira dos Andes, que é um exemplo de Dobramento Moderno, gerado pelo
contato de ambas placas tectônicas.
Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
Fonte:
Fontes de Pesquisa
Fonte: Wikipédia
No caso de movimento convergente ser do tipo colisão, o
exemplo a ser destacado é o encontro das placas Indo-Australiana e a
Euroasiática, que causou a formação da Cordilheira do Himalaia, onde está
localizado o pico culminante da Terra, o Monte Everest (8.848 m).
Imagem capturada na Internet para efeito ilustrativo
(Imagem modificada no Adobe Photoshop)
No caso do contato por deslizamento
lateral, as duas placas tectônicas se movimentam em direções opostas, ao
longo de um sistema de falhas, denominadas de "falhas
transformantes".
O exemplo clássico de deslizamento lateral é o que ocorre
ao longo da Falha San Andreas, na
região costeira da Califórnia (EUA), envolvendo a placa Pacífica (a oeste)
e a placa Norte Americana (a leste).
Imagem capturada na Internet e modificada (Adobe Photoshop)
para efeito ilustrativo. Fonte: Geografalando
No caso do nosso país, o movimento
vinculado à borda leste da mesma (porção junto ao oceano Atlântico) é divergente, ou seja, a placa Sul-americana
está em movimento de afastamento da placa Africana. Daí, estarmos em uma situação de estabilidade tectônica.
Mas, ao contrário do que muitos pensam, as ocorrências
de terremotos em nosso país não são raras. Eles ocorrem, sim, mas são de baixa magnitude e
intensidade. Na maioria das vezes, os efeitos (intensidade) na superfície são
imperceptíveis ao homem.
A não ocorrência de terremotos de grande magnitude e
intensidade devido a dois fatores, que lhe imprime esta certa estabilidade
tectônica, a saber:
Segundo o pesquisador Marcelo Bianchi, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), os tremores sentidos em nosso país foram reflexos da movimentação das placas tectônicas ocorrida no território chileno.
- A localização geográfica do nosso território, mais ou
menos, no meio da placa Sul-Americana, isto é,
em região intraplaca, distante das bordas da mesma;
- O movimento
divergente (afastamento) da placa Sul-Americana em relação à placa Africana.
Como já comentei com as turmas, o Brasil teve um único caso de morte provocada por efeito de um terremoto. Isso aconteceu, em novembro de 2007, na cidade de Itacarambi (Minas Gerais), quando a parede de um quarto caiu em cima de uma cama, matando uma criança de 5 anos, que dormia naquele momento. De acordo com o que foi publicado na ocasião, o material de construção era de baixa qualidade.
Segundo o pesquisador Marcelo Bianchi, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), os tremores sentidos em nosso país foram reflexos da movimentação das placas tectônicas ocorrida no território chileno.
. DOURADO, Carlos: Introdução à Sismologia. UNESP
Muito interessante a sua matéria professora.
ResponderExcluirNo japão quase todos os anos acontece esse terremoto porque o Japão se situa em uma área de zonas sísmicas e por isso que as infraestruturas do país são especialmente desenhadas para suportar os tremores.
José Luiz, verdade! Eles aprimoraram em termos de tecnologias e orientações gerais à população, justamente, para o enfrentamento de situações instáveis como estas, tão comuns no país. Um grande abraço!
ResponderExcluir