Imagem capturada na Internet
Fonte: Pense o Amanhã
Para não cair na mesmice de sempre
e, também, por encontrar-me na elaboração de outros artigos, inclusive,
cobrados por alguns alunos, eu não poderia deixar de mencionar acerca da data
de ontem, na qual se comemorou o Dia da
Consciência Negra.
Data esta que não deveria ser uma específica, mas de reflexão todos os dias. Assim como, não deveria ser chamada “Consciência Negra”, pois o seu sentido é dúbio, podendo ser interpretada como um direcionamento ao negro quanto ao conhecimento de seu papel e importância na sociedade brasileira. E antes do que qualquer outro grupo de cor distinta (branca, indígena, parda e amarela), acredito que eles sabem muito mais do que estes acerca de sua importância na sociedade.
O que falta mesmo é o tripé a ser estabelecido com base no reconhecimento, na valorização e no fim do preconceito.
Como professora regente, eu repudio todas as formas de preconceito e de discriminação, onde quer que ela seja vivenciada e demonstrada. E, a escola – enquanto espaço de grande diversidade cultural – é o ambiente onde mais se manifestam estes tipos de comportamento e, ao mesmo tempo, torna-se o lugar comum para discuti-los.
O preconceito tem várias facetas, baseado em uma relação humana, desigual, marcada por um indivíduo que se acha superior em detrimento a outro que, em geral, faz parte de um grupo minoritário, isto é, em menor número.
Já a discriminação consiste na ação, isto é, na atitude movida pelo preconceito. E é justamente sob estes dois conceitos (preconceito e discriminação racial) que gostaria de tratar a data comemorativa, em questão, compartilhando uma atividade que realizei no C.E. Profª Sonia Regina Scudese, no âmbito do Projeto Étnico-Racial da Unidade Escolar, em um dia de “Sábado Letivo”.
A referida atividade teve por base
trabalhar uma letra de música contextualizada, visando não só a
leitura e a interpretação da mesma, como também ascender discussões acerca do
preconceito racial, sobretudo, aquele que se configura velado e, não, explícito.
Vale ressaltar, ainda, que a mesma fez parte do Projeto “Canto o que não Silencia”, o qual desenvolvi na E.M. Dilermando Cruz e que consistia em trabalhar letras de músicas contextualizadas a questões políticas, sociais, econômicas, ambientais e culturais (leitura e interpretação).
Data esta que não deveria ser uma específica, mas de reflexão todos os dias. Assim como, não deveria ser chamada “Consciência Negra”, pois o seu sentido é dúbio, podendo ser interpretada como um direcionamento ao negro quanto ao conhecimento de seu papel e importância na sociedade brasileira. E antes do que qualquer outro grupo de cor distinta (branca, indígena, parda e amarela), acredito que eles sabem muito mais do que estes acerca de sua importância na sociedade.
O que falta mesmo é o tripé a ser estabelecido com base no reconhecimento, na valorização e no fim do preconceito.
Como professora regente, eu repudio todas as formas de preconceito e de discriminação, onde quer que ela seja vivenciada e demonstrada. E, a escola – enquanto espaço de grande diversidade cultural – é o ambiente onde mais se manifestam estes tipos de comportamento e, ao mesmo tempo, torna-se o lugar comum para discuti-los.
O preconceito tem várias facetas, baseado em uma relação humana, desigual, marcada por um indivíduo que se acha superior em detrimento a outro que, em geral, faz parte de um grupo minoritário, isto é, em menor número.
Já a discriminação consiste na ação, isto é, na atitude movida pelo preconceito. E é justamente sob estes dois conceitos (preconceito e discriminação racial) que gostaria de tratar a data comemorativa, em questão, compartilhando uma atividade que realizei no C.E. Profª Sonia Regina Scudese, no âmbito do Projeto Étnico-Racial da Unidade Escolar, em um dia de “Sábado Letivo”.
Vale ressaltar, ainda, que a mesma fez parte do Projeto “Canto o que não Silencia”, o qual desenvolvi na E.M. Dilermando Cruz e que consistia em trabalhar letras de músicas contextualizadas a questões políticas, sociais, econômicas, ambientais e culturais (leitura e interpretação).
Sendo assim, no contexto do
Projeto Étnico-Racial do C.E. Profª Sonia Regina Scudese, a música selecionada foi
“O Meu Guri”, composta por Chico Buarque (lançada em 1976).
A riqueza de sua
letra nos leva a traçar detalhes acerca das condições de vida da mãe, antes e
após o nascimento do “Meu Guri” e, sobretudo, as atividades que ele pratica no papel
de provedor da família. E, ainda, por meio da representação
em desenho e descrição do perfil do “Meu Guri”, por cada aluno, é possível traçar
a linha de debate para as questões raciais e para o preconceito racial. Mesmo
para aqueles que afirmam que não são preconceituosos.
A diversidade étnico-racial do
nosso país é algo incontestável, tendo em vista a grande miscigenação na
formação da sociedade brasileira, com a união entre diversos grupos humanos,
como os indígenas (nativos do nosso país), os brancos (colonizadores europeus),
os negros (africanos que foram traficados na condição de mão de obra escrava),
os amarelos (imigrantes) e tantos outros povos imigrantes que para o nosso país
vieram e fixaram residência definitiva.
Em razão
disso, a temática em si é de uma riqueza ímpar na compreensão da formação
histórica do povo brasileiro. Todavia, entre estes grupos citados e, dentre as
diversas facetas do preconceito racial, o grupo negro é – sem dúvida nenhuma – um
dos que mais sofre preconceito e discriminação em nossa sociedade.
E,
levando em conta que o ambiente escolar, por ser um espaço de grande
diversidade cultural, social e étnico, reproduz comportamentos desiguais, sob
um falso conceito de relação de superioridade x inferioridade, marcada
sobretudo pela intolerância ao grupo de alunos negros (cor preta e parda),
discutir estas atitudes discriminatórias e, ao mesmo tempo, promover debates
acerca da importância de cada um na constituição e no retrato fiel do nosso
povo (e de sua cultura) ganham dimensões concretas, capazes de atenuar ou, pelo
menos inibir, tais comportamentos inconcebíveis nos dias de hoje.
Ainda,
neste contexto, não devemos esquecer que há mais de 12 anos, o Governo Federal
tornou – através da Lei 10.639/2003 - a obrigatoriedade do ensino de história e
cultura afro-brasileira no currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio.
Apesar de
seu reconhecimento tardio, a legislação em questão assinalou um grande avanço
nas discussões acerca da contribuição e do papel do negro na história e na
pluralidade cultural do nosso país. E, mais do que nunca, que estas discussões
necessitam perpassar pelo combate à discriminação racial, agressiva, escancarada
e/ou velada.
Sendo
assim, a escolha da atividade – em questão - foi mais que uma proposta
pedagógica, voltada para leitura e interpretação de letra de música, foi uma
tomada de decisão para trabalhar efetivamente a cidadania, o respeito à pluralidade
étnico-racial do país e, também, debater o racismo, sobretudo, o velado.
Os Procedimentos Metodológicos adotados
perpassaram pelas seguintes etapas:
. 1ª
Etapa: Leitura da letra da música selecionada (cópia reproduzida
para cada aluno e leitura individual);
. 2ª
Etapa: Audição e canto da música
(acompanhando a mesma a partir do uso de equipamento eletrônico, por duas
vezes);
. 3ª
Etapa: Análise e reflexão
crítica da letra da música por meio da realização de Atividade Dirigida (questões
pertinentes à interpretação da música em folha reproduzida para cada aluno);
. 4ª
Etapa: Reprodução do agente
principal da música por meio de desenho e descrição do seu perfil (desenho do "O Meu Guri" em folha de Papela A4 e colorido com lápis de cor, tal como
cada aluno o imaginou, assim como a descrição de seu perfil);
. 5ª
Etapa: Apresentação
individual dos resultados (desenho e perfil) para a turma;
. 6ª
Etapa: Análise final e
discussões em grupo, contextualizando a letra da música de acordo com a sua
significância real e, posteriormente, com as interpretações feitas pelos alunos;
. 7ª
Etapa: Exposição dos trabalhos no Mural da Unidade Escolar, tendo a
atenção de agrupar os diferentes desenhos do “O Meu Guri” de acordo com a cor definida
por eles, ou seja, no caso desta atividade, foram as seguintes: preta,
parda e branca.
A minha
contribuição no Mural foi apresentar a letra da música, destacando a análise
dos fatos conexos a esta.
Quanto aos resultados, como era
de se esperar, a grande maioria concebeu “O Meu Guri” de cor preta, embora a
música – em nenhum trecho de sua letra – deixa esta característica de forma
explícita. A cor parda apontou como segunda opção e, apenas quatro alunos,
desenharam “O Meu Guri” branco.
Vale
lembrar, ainda, um outro aspecto direta e/ou indiretamente associado à
determinação da cor do perfil do “Meu Guri”, que foi a sua condição social, família
em situação de vulnerabilidade social (pobreza e extrema pobreza).
______________
Observação: Em razão da extensão do presente texto, continuarei o mesmo em outra publicação (Parte II).
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