domingo, 11 de junho de 2017

10 de Junho: Dia da Raça

Raça Humana
Imagem capturada na Internet
Fonte: Paperblog

 
Embora, eu tenha assinalado o dia de ontem como uma data comemorativa em relação à raça (Dia da Raça), este possui significado maior em Portugal, uma vez que - no Brasil - a referida data é comemorada no dia 05 de setembro, como Dia da Raça Brasileira. E é por esta divergência de datas e, sobretudo, por seu embasamento conceitual, que minha abordagem, neste artigo, se faz necessária.
 
O conceito de raça foi empregado, inicialmente, na classificação das espécies animais e vegetais no âmbito das Ciências Naturais, mais especificamente, na Zoologia e Botânica, respectivamente.
 
No entanto, com o passar dos séculos, esse conceito passou a significar também a descendência (ou linhagem), assinalando grupo de pessoas com um ancestral comum, cujos descendentes possuíam determinados atributos físicos semelhantes (características biológicas).
 
No final do Século XVII (1684), o francês François Bernier empregou o termo raça para diferenciar a humanidade em grupos fisicamente distintos, ou seja, de acordo com a sua diversidade, três raças foram consideradas na história de formação da humanidade: a branca, a amarela e a negra.
 
Além de sua conotação biológica, o conceito de raça também passou a ser tratado no campo das classes sociais para legitimar e justificar as relações de dominação e de sujeição travadas entre a nobreza e a plebe, por exemplo, independentemente de haver ou não diferenças biológicas entre ambas as classes. Sob esta mesma conotação atribuiu-se o conceito de hierarquia de valores entre as raças, baseado na ideia da superioridade de um grupo sobre o outro, de uma raça em relação a outra.
 
Sendo assim, embasado nesta suposta hierarquia de valores entre as três raças humanas, a branca passou a ser considerada como padrão genético superior da “raça” humana, a linhagem mais pura entre os seres humanos. E esse pressuposto serviu de base para o discurso e prática da dominação europeia em relação aos demais povos (colonialismo e o imperialismo europeu).
 
Vale ressaltar que o conhecimento de novos povos, como os ameríndios no Novo Mundo (América), os melanésios no Novíssimo Mundo (Oceania) e outros, reforçou e ampliou essa ideia de diversidade de raças para além das três consideradas.
 
Em suma, o conceito apreendido, ao longo dos séculos, distinguiu o homem em raças distintas, hierárquicas, baseado na ideia da superioridade de uma raça em relação a outra.
 
Hoje, no entanto, como é de conhecimento geral, raça só existe uma, que é a raça humana, considerando que todos os humanos pertencem à mesma espécie (Homo sapiens) e à subespécie (Homo sapiens sapiens).
 
Por isso, a partir da segunda metade do Século XX, em se tratando de grupos humanos, a palavra raça caiu em desuso, sendo substituída por outras expressões, como – por exemplos - populações, povos e grupos étnicos. No entanto, atualmente, em termos mais gerais, o termo etnia é o mais empregado e o seu conceito mais abrangente envolve os aspectos culturais. A noção de raça deu lugar à noção de cultura.
 
As mudanças engendradas a partir deste novo conceito, discordante da hierarquia biológica das chamadas raças humanas, passam pelo grifo de um novo olhar, ou seja, de um olhar de respeito às diferenças e especificidades culturais de cada grupo étnico.
 
Etnia significa grupo que é culturalmente homogêneo. Do grego ethnos, povo que tem o mesmo ethos, costume, e tem também a mesma origem, cultura, língua, religião, etc.”*
 
Sob esta perspectiva, falar de raça portuguesa (tal como é comemorado hoje) ou raça brasileira (em 05 de setembro) é um equívoco conceitual. O mais correto seria tratar as respectivas datas em menção ao povo português e ao povo brasileiro.
 
 
Fontes de Consulta
 
. MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das nocões de raça, racismo, identidade e etnia. Palestra proferida no 3º Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESB-RJ, 05/11/03.  Disponível em:
 
. Wikipédia
 

 

2 comentários:

  1. É muito bom falar desse assunto, principalmente para esclarecer que grupos diferentes, com etnias diferentes ,só mudam a cor, além de ser um assunto que gera um certo conhecimento , acaba com o preconceito que o povo tem sobre a etnia negra.
    Caio Dos Anjos Silva
    Turma 2006
    E.E Scudese

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  2. Há tanto preconceito hoje em dia que é raro de se ver uma postagem abordando esse assunto no lado positivo. As pessoas falam tantas coisas ruins e não entendem que somos todos iguais, a etnia não significa nada. Devemos amar o próximo, sendo ele como é.

    Mileny Carvalho de Araujo.
    Turma: 2006

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