O presidente Carles Puigdemont em discurso no
Parlamento Catalão
Imagem capturada na Internet
Fonte: El País (Foto de David Ramos/Getty
Images)
Voltando à questão da Catalunha...
Apesar do próprio presidente da Generalitat (governo regional da
Catalunha), Carles Puigdemont, apontar que o dia 1º de outubro de 2017 representa
um marco histórico para Catalunha em razão do resultado do referendo realizado
neste dia (domingo retrasado), quando a maioria dos eleitores catalães (cerca
de 90%) votou a favor de sua independência em relação à Espanha, o curso desse
processo ainda se mantém indefinido.
Ontem, o referido presidente catalão – em discurso no
Parlamento – além de pronunciar sobre o resultado favorável das urnas e,
consequentemente, da condição de um Estado independente à Catalunha, ele expressou a intenção
de estabelecer um diálogo com o governo espanhol.
O que para muitos, inclusive, para o governo da
Espanha gerou muitas incertezas, tendo em vista que o discurso de Carles
Puigdemont – a princípio – não deixou claro a declaração de independência da
região. E, para confundir mais ainda e aumentar a sua ambiguidade, após o seu
pronunciamento, o referido presidente e mais os deputados catalães, favoráveis à
separação (maioria no Parlamento) assinaram um documento em que formalizaram a
sua independência.
Contudo, de acordo com um porta-voz do governo
catalão, essa declaração foi apenas um “ato simbólico”.
Independentemente de suas reais intenções, o
governo espanhol está exigindo maior clareza quanto ao posicionamento político
do presidente da Generalitat, justamente, para poder tomar as medidas cabíveis às
circunstâncias configuradas entre ambas as partes: Madri versus Catalunha.
Segundo o governo espanhol, o referendo que
ocorreu no dia 1º de outubro foi ilegal, ou seja, inconstitucional, além disso este
afirma que a própria população catalã se encontra dividida quanto ao movimento
separatista. As urnas e a manifestação popular nas ruas expressaram muito bem isso.
O número de eleitores catalães que foram às urnas, votar a favor ou contra à
separação da região da Espanha, foi na ordem de apenas 43% do seu eleitorado,
ou seja, compareceram aos postos de votação menos da metade dos eleitores.
E, ainda, mediante à declaração oficial da
independência da Catalunha, o governo central espanhol – com base no Artigo 155
da própria Constituição do país – poderá suspender a autonomia política da
Catalunha e assumir também o controle da região.
E, na hipótese do presidente Carles Puigdemont não
responder a essa requisição, o governo espanhol (junto com o Senado) poderá fazer
valer o cumprimento da lei à revelia do governo catalão.
Como se pode ver o futuro das relações entre a
Catalunha e a Espanha. De um lado, a perspectiva da Catalunha em se tornar uma República,
acatando as aspirações da maioria dos votantes do referendo (90% dos eleitores)
e, por outro lado, a não aceitação por parte do governo central espanhol sobre
a legalidade do referendo, das possibilidades tanto de independência da região
do resto do país quanto de negociar algo nesse sentido.
Tudo ainda é incerto, inclusive, se vai haver ou não
interdição do governo central na Catalunha... O que se sabe, apenas, que é certo
o agravamento da crise política entre ambas as partes.
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