sexta-feira, 15 de março de 2019

Luto em Suzano, Luto em todo o Brasil

Escola Estadual Professor Raul Brasil
Suzano, São Paulo
Imagem capturada na Internet



Infelizmente, tivemos a notícia de mais um massacre em um espaço escolar, em nosso país. Um jovem, menor de idade (17 anos) e o outro, de 25 anos, se uniram sob um plano macabro de matar, armados com armas de fogo e branca (com o uso de uma machadinha), alunos e funcionários da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, município da Grande São Paulo.

O ataque aconteceu nesta última 4ª feira (13/03) e, de acordo com o que foi publicado nas mídias, os dois agressores haviam sido alunos da referida escola.

Além dos feridos, há um aluno no hospital, em estado grave. Morreram sete alunos e duas funcionárias, a Coordenadora Pedagógica e a Agente Escolar.

Os dois agressores também morreram, pois ao verem os policiais – de acordo com o que foi publicado nos meios de comunicação – o menor atirou no jovem de 25 anos e, em seguida, se suicidou. 

Além dessas vítimas, o tio do agressor de menor de idade, também, foi morto pela dupla, em sua loja de locadoras de carros, mais especificamente, no escritório da sua concessionária (Jorginho Veículos), pois este que cuidava do sobrinho havia descoberto o plano deles, segundo as mídias.

As motivações, pelas quais dois jovens atacaram à escola e os alunos, são desconhecidas. Mas, embora, a polícia não saiba as reais motivações da dupla, muito se comenta sobre a vinculação do ato à questão da prática de Bullying.

Essa questão foi citada, inclusive, pela mãe do menor que, apesar, de desconhecer o motivo principal, ela alegou que o filho sofreu Bullying, quando estudante da referida escola e que foi, por esta razão, que ele parou de estudar.

Com certeza, a polícia fará um levantamento e as investigações vão apurar as reais motivações dos jovens assassinos.

Um fato é evidente nisso tudo: o Bullying por si só, não é a única motivação para desencadear a vontade de matar, assim  como o fato do jovem ser viciado em games (videogames) violentos.

Devemos levar em consideração que outros aspectos psicossociais se encontram associados. Estes, na maioria das vezes, quando ocorrem, não são percebidos e/ou levados a sério por terceiros (familiares, amigos ou profissionais da escola).  

Em geral, o perfil “antisociável” do jovem não o ajuda a ter o auxílio de outras pessoas, pois este se mostra introspectivo, ou seja, ele não conversa e não se interage com muitos indivíduos, vivendo (ou ficando) mais na dele.

E, sem falar, que a fase infanto-juvenil, muitas das vezes, conturbada, gerará conflitos internos de rejeição, baixa estima e, cada vez mais, de seu isolamento no meio social.

ARAÚJO, Eliane Denise da Silveira, COSTA, André Justino dos Santos e BLANK, Blank, publicaram e discutiram os resultados obtidos a partir de um estudo realizado sobre os aspectos psicossociais de 720 alunos (de ambos os sexos) de escolas da rede pública de Ensino de Florianópolis (Santa Catarina), de idades entre 16 e 17 anos, cujo trabalho de investigação foi defendido na Dissertação de Mestrado da primeira autora.

Os referidos autores salientam, acerca do perfil dos adolescentes, o seguinte,

A adolescência constitui uma etapa crítica no desenvolvimento de cada indivíduo,
caracterizada por um período de riscos, problemas e conflitos.
Por ser esta fase um período onde o indivíduo passa
a tomar maior número de decisões e escolher por si próprio dentre
as alternativas que a vida lhe oferece e
dado que muitos padrões de comportamento adquiridos na adolescência
e problemas de saúde contraídos durante esta fase
poderão permanecer para toda a vida,
é imprescindível conhecer os hábitos de saúde dos adolescentes
e suas insatisfações como forma de prever e evitar um futuro indesejado.”

ARAÚJO, Eliane Denise da Silveira, COSTA,
André Justino dos Santos e BLANK, Blank (2009)*
Sendo ou não, o Bullying, o principal motivo do referido massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, é imprescindível que o jovem seja assistido por todos, os que o cercam em sua convivência diária, a fim de que tais possíveis conflitos internos e/ou externos não sejam desencadeados ou que, pelo menos, sejam amenizados, durante a sua vida presente e/ou futura.
Papel este que cabe a todos, inclusive, a ele mesmo – jovem introspectivo - ao ponto de este poder adquirir confiança e segurança para se “abrir” e manter diálogos com outra pessoa sobre as suas insatisfações, decepções, sofrimentos e tristezas, além dos sentimentos positivos, é claro!
Vamos debater e educar os filhos e alunos, em casa e nas escolas, respectivamente, a fim de que novas ocorrências de ataques, deste tipo, não venham a acontecer nas escolas e nem em outro espaço de convivência social.
* Araújo EDJ, Costa AJS, Blank N. Aspectos psicossociais de adolescentes de escolas públicas de Florianópolis/SC. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2009; 19(2):219-225.  Disponível em PDF

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