Ciclo da Violência
Imagem capturada na Internet
Dando prosseguimento a esta questão do aumento e agravamento dos
casos de violência contra a mulher, neste período da Pandemia da Covid-19, o
Juiz Titular da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar do Mato Grosso, Jamilson
Haddad, resumiu de forma bem clara a situação atual (Consultor
Jurídico):
“O medo
da pandemia paira na população em geral e agrava o medo. O medo
enfraquece a capacidade da pessoa, gera paralisação. A dificuldade
para fazer uma denúncia contra o companheiro agora é maior, mais
estressante. Essa mulher tem um medo qualificado. Ela tem medo de adoecer,
de sair de casa, tudo isso somado ao medo natural de romper com um ciclo
conhecido”
Medo de romper ou sair definitivamente
do “Ciclo conhecido”, ou seja, do Ciclo da Violência que
ela está habituada a sofrer sob uma relação abusiva, na qual o abusador pode
ser o seu esposo, o seu companheiro, o seu pai, o seu filho ou qualquer outra
pessoa sujeita a provocar situações conflituosas com a vítima. Manipulando-a e
a controlando frequentemente, além das ameaças e/ou agressões físicas.
De acordo com a psicóloga norte-americana Lenore
Walker, as agressões cometidas, no âmbito doméstico e sob
um contexto conjugal, fazem parte de um ciclo
constantemente repetido, o chamado Ciclo da Violência que
é caracterizado por três fases.
A definição mais apropriada, ao meu ver, seria “Círculo
de Violência”, pois a ideia de ciclo pressupõe-se que o
que teve início chega a um fim, enquanto a de “círculo”,
não se pressupõe isso! Mas, quem sou eu para discutir isso agora...
FASES DO CICLO DE VIOLÊNCIA (doméstica e familiar)
1ª FASE: Aumento da Tensão
Por motivos fúteis, o agressor se mostra tenso e irritado,
podendo ter acessos de raiva e ameaçar a vítima, entre outras atitudes abusivas.
É bastante comum, nesta fase, que a vítima negue a situação e esconda das
pessoas. Segundo Lenore Walker, esse período de tensão pode durar
dias, meses ou anos e, com o seu agravamento passará à Fase 2.
2ª FASE: Ato de Violência
O agressor, descontrolado, materializa toda a tensão acumulada
(durante a 1ª Fase), sob diferentes tipos de violência (física, psicológica,
sexual, moral ou patrimonial).
Nesta fase, em geral, a vítima não reage, fica paralisada. A
tensão psicológica é muito grande, além do medo e do ódio, ela sente vergonha,
pena de si mesma, solidão, entre outros sentimentos, capazes de provocar ansiedade,
insônia, fadiga constante, perda de peso etc.
Nesta fase e, em virtude da situação mais agravante, a vítima
pode tomar certas decisões que permitam o seu distanciamento do agressor, tais
como buscar ajuda, abrigar-se na casa de amigos e parentes, denunciar, pedir a
separação ou até mesmo, em casos extremos, atentar contra a sua própria vida
(cometer suicídio).
3ª FASE: Arrependimento e
Comportamento Carinhoso
Nesta fase, também conhecida como “lua de mel”, o agressor se
mostra arrependido e amável com a vítima, na intenção de conseguir a
reconciliação e, para provar suas intenções, este afirma até que vai mudar de
comportamento.
A mulher, em geral, confusa, sente-se pressionada a conservar
o relacionamento. Na maioria das vezes, impulsionada por causa dos filhos ou em
razão da sociedade (dar satisfações de sua vida).
Caracteriza-se por um período relativamente calmo. A
constatação dos esforços e as mudanças de atitude do agressor faz a vítima se
sentir otimista e feliz. E, em face do remorso manifestado, ela acaba se
sentindo responsável por ele, estreitando mais ainda a relação de dependência com
ele.
É bastante comum, nesta fase, haver um misto de sentimentos
que acabam confundindo a vítima, como a ilusão, o medo e a culpa. E, como viver
sob um círculo ou ciclo repetitivo, a tensão volta e, depois, a violência
doméstica, tal como as fases iniciais.
Os especialistas advertem que, em alguns casos, a violência
doméstica pode acontecer sem seguir esta ordem sequencial das fases e até
terminar em Feminicídio (homicídio qualificado da mulher).
Daí a importância do rompimento do Ciclo da Violência pela
própria vítima, se libertando desta relação abusiva e doentia do seu agressor.
Fonte de Consulta: Instituto Maria da Penha
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