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Imagem capturada na Internet Fonte: Carta Capital |
Isso, realmente aconteceu comigo... Posso não estar lembrada das palavras corretas do diálogo, mas foi – mais ou menos – neste sentido como este transcorreu. A primeira pergunta que o aluno me fez, em relação ao meu esposo, me surpreendeu muito...
Certo dia, no início da minha aula,
quando estava explicando aos meus alunos a respeito do trabalho de pesquisa do 1º bimestre (fevereiro – março –
abril), um aluno levantou
o dedo e me indagou:
- Professora, a senhora apanha do seu marido?
Prontamente, eu respondi:
- Eu não! De jeito nenhum! Por que você está me
perguntando isso?
- É porque a senhora, todo ano, passa trabalho
sobre a mulher, sobre a Lei Maria da Penha e da violência contra a mulher.
- Eu passo, porque este tema é muito importante e deve ser trabalhado nas escolas, principalmente com vocês, jovens. A violência contra a mulher é uma questão cultural do nosso país. Vivemos em uma sociedade ainda patriarcal e machista, onde o homem se acha o senhor absoluto da verdade e da mulher, que é tratada como inferior a ele, devendo ser obediente e atender todas as suas ordens.
Eu sempre tive a preocupação de contextualizar o papel da mulher brasileira ao longo dos séculos e o seu papel na sociedade e no mercado de trabalho. Mencionando outros temas conexos, como o Dia Internacional da Mulher (08 de março); o Dia Nacional da Mulher (30 de abril); a Lei Maria da Penha; a violência doméstica; o feminicídio, entre outros.
Além de acreditar que a legislação referente à violência contra a mulher ainda não se mostre com a devida rigidez, considero a educação com um grande poder de mudanças positivas a esse respeito. Daí eu sempre pedir este tipo de trabalho no 1º Bimestre, por ocasião destas duas datas, Dia Internacional da Mulher (08 de março) e o Dia Nacional da Mulher (30 de abril).
E mais uma vez, neste espaço, confirmo a importância de trabalharmos o contexto da violência doméstica nas escolas. Até porque muitos dos alunos são testemunhas e convivem com esta dura realidade dentro de suas próprias residências.
Como sempre enfatizei que o aluno precisa ser ouvido, saber que as pessoas se importam com ele e que podem ser ajudados, eu sempre procurei manter uma conversa acolhedora e franca a respeito disso.
E ao longo dos anos em que dei
aula no Ensino Fundamental II e Médio, alguns desabafos deles me
marcaram muito, como por exemplo:
- Eu queria que minha mãe se separasse do meu pai, pois ele é muito violento com ela. Ela vive chorando. Acho que ela não separa dele por
causa de mim e do meu irmão mais novo;
- Meu pai é muito grosso e, quando ele chega bêbado em casa, ele
xinga e bate em todo mundo;
- Minha mãe é muito boba, sofre com ... e ele não é nem o nosso pai.
As estatísticas comprovam os fatos e as mídias estão aí para informar e fazer um tipo de alerta à população, em geral.
Em 2024, o Brasil registrou um crescimento da violência contra as mulheres, batendo recorde histórico quanto aos casos de feminicídios, que são as mortes de mulheres pelo fato de serem mulheres e, também, de mortes de crianças e adolescentes.
Esse aumento do número de vítimas de feminicídio se deu em 11 estados brasileiros, os quais – juntos - totalizaram 757 feminicídios, representando 50,7% do total dos registros em todo território nacional:
. Região NORTE (07 estados):
- Amazonas;
- Roraima.
. Região NORDESTE (09
estados):
- Alagoas;
- Maranhão;
- Piauí.
. Região SUL (03
estados):
- Paraná.
. Região SUDESTE (04
estados):
- Espírito Santo;
- Rio de Janeiro;
- São Paulo.
. Região CENTRO-OESTE (03 estados e
o Distrito Federal):
- Mato Grosso;
- Mato Grosso do Sul.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esses registros não refletem a realidade, pois os números são subnotificados. Segundo a organização, o sistema de justiça tende “a compreender o feminicídio em seu sentido restrito, ou seja, apenas quando a morte decorre de violência intrafamiliar ou doméstica” (Brasil de Fato, 2025).
Sob este contexto,
“Assim, a
morte de mulher decorrente de menosprezo
ou
discriminação que acontece fora
do
ambiente doméstico, ou a morte perpetrada
por uma pessoa que não seja conhecida da
vítima
(mais
especificamente, por alguém que não seja
seu
companheiro, ex-companheiro e familiar)
acaba não
recebendo a tipificação de feminicídio.”
Os números indicaram que as tentativas de feminicídio subiram 19%, no ano passado, enquanto os registros apontam que 1.492 mulheres foram assassinadas por motivo de gênero, o que representa o maior índice desde 2015.
E mais...
As tentativas de feminicídio
subiram 19%, enquanto os registros apontam que 1.492 mulheres foram assassinadas, no ano
passado, por motivo de gênero (maior número desde 2015). E mais...
. Cerca de 70,5% das vítimas
tinham a idade entre 18 e 44 anos;
. 63,6% das vítimas
eram mulheres negras;
. 64,3% dos crimes
ocorreram dentro de casa;
. 97% dos crimes
foram cometidos por um homem, sendo 80% pelo companheiro ou ex-companheiro;
. 48% das vítimas foram mortas
por arma branca, como - por exemplo - uma faca;
. O descumprimento de medida protetiva atingiu 18,3% dos casos de feminicídios.
Os dados de estupro totalizaram 87.545 vítimas, sendo a maioria crianças e adolescentes do sexo feminino. Isso significou que a cada seis minutos, uma pessoa foi estuprada no Brasil.
Esses dados e outros acerca da violência são do Anuário da Segurança, divulgado ontem (24/07) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Esse levantamento é realizado desde 2011, espacializando os respectivos registros criminais, os quais são realizados anualmente pelas Secretarias de Segurança Pública das 27 Unidades Federativas do Brasil (26 estados e o Distrito Federal).
O referido levantamento mostrou um aumento da letalidade policial, principalmente, no estado de São Paulo, onde os homicídios por intervenção da polícia cresceram 61%, com destaque para Santos e São Vicente.
Além disso, a violência contra crianças e adolescentes cresceu em todas as faixas etárias.
De acordo com a análise de Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os números revelam que “há uma epidemia de golpes e estelionatos e um aumento da insegurança em espaços antes vistos como protegidos, como casas e escolas”.
Os golpes e os estelionatos cresceram 408% desde 2018. Esse tipo de crime ocorre, em grande parte, via ambiente virtual e celular.
Em 2024, o Brasil registrou 2.166.552 casos de estelionatos. O crescimento foi em torno de 7,8% em um ano. São Paulo concentrou 1/3 dos casos, com taxa de 1.744 por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional foi de 1.019,2. As capitais com as maiores taxas foram: São Luís, Belém, São Paulo e Salvador.
Os estados com maiores taxas de violência por 100 mil habitantes são Amapá (45,1), Bahia (40,6) e Ceará (37,5). Os de menores taxas são São Paulo (8,2), Santa Catarina (8,5) e Distrito Federal (8,9).
Apesar dos números continuarem
altos, os crimes por roubos e furtos
de celular mostraram-se em queda (12,6%).
Fontes de Consulta
. Crimes virtuais e violência contra mulheres e crianças disparam – Poder 360
. Feminicídio aumenta em 11 estados, e Brasil registra recorde de mortes ligadas a gênero em 2024 – Brasil de Fato
. Mapa da Violência mostra recorde em casos de feminicídio no País – Carta Capital
. STABILE, Arthur: Feminicídios e mortes de crianças e adolescentes crescem em meio à queda da violência no Brasil, mostra Anuário da Segurança – G1/Globo
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