quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O Haiti no Meio das Forças Antagônicas da Dinâmica da Natureza

Furacão Matthew no Mar do Caribe
Imagem de satélite registrada pela Nasa
Imagem capturada na Internet


Aproveitando os últimos fatos ocorridos no continente americano, sob contexto da dinâmica ambiental ou, como alguns preferem dizer a “Fúria ou Ira da Natureza”, eu chamei a atenção dos alunos sobre a situação e localização geográfica do Haiti e demais países da América Central Insular.

Enfatizei mais o Haiti em razão das correlações de dois eventos ocorridos em seu território à dinâmica ambiental da região, onde o país se encontra localizado e que agravaram diretamente as suas condições socioeconômicas, precárias, as quais o colocam como o mantém como o país mais pobre de todo o continente americano.


Se já não bastasse a pobreza por qual perpassa a grande maioria de sua população, vivendo com cerca de US$ 2 por dia, a sua localização geográfica o torna, constantemente, sujeito às instabilidades da dinâmica natural da região, tanto no que se refere a ação dos agentes endógenos (ligados ao tectonismo) quanto dos agentes exógenos (ligados ao clima), os quais contribuem de forma bastante negativa para aumentar o caos econômico e social da sua população.

Segundo um Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no dia 13 passado (quinta-feira passada), o Haiti é o país com o maior número de vítimas fatais por catástrofes naturais.

O relatório ainda destaca que os países que apresentam elevados números de mortes por desastres naturais são, em geral, subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento, levando à conclusão que as estatísticas relacionadas a esses números de mortos estão diretamente associadas ao nível de desenvolvimento do país e de renda da população.

Isso é inquestionável, pois a quase totalidade ou todos os países subdesenvolvidos (e até, muitos em desenvolvimento) não possuem equipamentos de monitoramento permanente acerca do acompanhamento e observações (prevenção) a esses eventos, sobretudo, os de caráter tectônico, muitas vezes não apresentam infraestrutura adequada e com material de qualidade em termos de construções (habitações, escolas, hospitais etc.) e nem logística eficiente para abrigar e proteger as vítimas desses eventos naturais. Daí o número elevado de vítimas fatais, seja em fenômenos ligados à dinâmica interna e/ou externa da Terra.

Não é à toa que os especialistas sempre ratificaram que quem mais sofrerá os efeitos do Aquecimento Global são as populações pobres.

O referido relatório ainda assinala que, em geral, os terremotos e tsunamis (ondas gigantes formada após um abalo sísmico no fundo do mar/maremoto) são os que causam mais vítimas fatais, seguidos pelos fenômenos relacionados ao clima.

Em janeiro de 2010, o país sofreu um forte terremoto, de magnitude 7,0 graus na escala Richter, com epicentro a 16 Km ao sudoeste de sua capital, Porto Príncipe, o que foi mais agravante, pois atingiu uma área bastante populosa e pobre. Este sismo foi considerado o mais mortal dos últimos 20 anos, que resultou na morte de mais de 220 mil pessoas no Haiti.


O Haiti se encontra localizado na porção oeste da ilha Hispaniola, do outro lado, em sua porção leste, se localiza a República Dominicana. A referida ilha está situada em um ponto de convergência (encontro) entre as placas tectônicas (placas do Caribe e a Norte-Americana), cujo movimento se faz por deslizamento lateral (a placa Norte-Americana se movimenta em direção leste-oeste, enquanto a placa do Caribe se movimenta em direção oposta). O ritmo médio do deslizamento lateral entre as placas tem sido na ordem de 8 milímetros por ano.

Ilha Hispaniola (Haiti e Rep. Dominicana)
Imagem capturada na Internet


Detalhe da Placa do Caribe, sobre a qual se encontra o Haiti
Imagem reproduzida no Adobe Photoshop


Além deste movimento entre as placas, há um sistema de falhas no país, composto pela falha Setentrional, ao norte, e pela falha Enriquillo-Plaintain Cargen, ao sul do Haiti. Esta última se estende da República Dominicana à Jamaica e foi a responsável direta pelo terremoto no Haiti, ocorrido no dia 12 de janeiro de 2010.


Movimento das Placas por deslizamento lateral
Imagem capturada na Internet
Fonte: Apolo11.com

De acordo, com as notícias vinculadas, na época, logo depois do grande tremor de terra, dois fortes abalos ocorreram, cujas magnitudes foram de 5,9 e 5,5 graus na escala Richter, respectivamente. Depois, mais de 30 abalos ocorreram no período das 10 horas subsequentes.

Além das perdas humanas, mais de 220 mil pessoas, as perdas materiais (construções) e econômicas foram bastante significativas. A epidemia de cólera, após o terremoto, foi outro problema no país, pois provocou a morte de mais de 9.000 pessoas.  

Após esse episódio tectônico, em 2010, o Haiti também presenciou a redução de sua população, visto que uma grande onda de emigração foi desencadeada após o terremoto. Além dos vários haitianos deslocados, internamente, isto é, aqueles que migraram para outras cidades do próprio país (deslocados internos) houve um elevado número de emigrantes, que buscaram melhores condições de vida em outros países, inclusive, no Brasil.  

Estima-se que mais 45 mil haitianos vieram para o nosso país desde 2010, após o forte terremoto no Haiti. No entanto, muitos estão deixando o Brasil diante das dificuldades encontradas em razão da crise econômica por qual passa o país. 


Imagem capturada na Internet
Fonte: Pressenza 
(Crédito da Imagem: http://bit.ly/1qceOv4)

Apesar de já ter passado seis anos, o país ainda sofre sequelas deste forte terremoto, pois a reconstrução efetiva das áreas arruinadas direta e/ou indiretamente pelo episódio tectônico não foi concluída.

E, se não bastasse isso e o temor de outros abalos sísmicos, dos quais o Haiti está sujeito por sua localização geográfica entre placas tectônicas – assim como outros países da América Central (Continental e Insular), o país tem mais um agravante de conotação natural proveniente da dinâmica externa, ou seja, ligada às intempéries climáticas (agentes exógenos), pois ele está situado também na rota dos ciclones tropicais e dos furacões.

Imagem capturada na Internet


Com isso, mais uma vez, o Haiti ficou sucumbido às forças da natureza e sofreu uma nova catástrofe em consequência de um fenômeno exógeno, isto é, a passagem de um furacão.

No dia 04 de outubro, o furacão Matthew, de categoria 4 (em uma escala que vai até 5), com ventos de cerca de 230 km/h chegou ao país, trazendo - mais uma vez - um rastro de destruição, dor e sofrimento

Árvores, postes, marquises e pontes foram derrubados, assim como foram destruídas inúmeras construções (casas, hospitais, escolas etc.) e plantações. E, para piorar a situação, o número de mortos foi bem elevado, calcula-se que cerca de mil pessoas morreram e 175 mil ficaram desabrigados.

De acordo com as informações publicadas nas mídias, estes números podem aumentar, pois nem todas as áreas afetadas diretamente pelo furacão Matthew foram contabilizadas.

São mais de 2 milhões de habitantes afetados pelo furacão Matthew e necessitando de ajuda humanitária. Em muitas localidades, além da destruição das lavouras e da perda de gado, os estoques de água também foram danificados, o que aumenta consideravelmente os riscos de novas epidemias de cólera, malária e da incidência de desnutrição.

O Haiti está enfrentando seu maior desastre humanitário 
desde o terremoto de 2010” 
(Mourad Wahba, coordenador humanitário da ONU).


Danos causados pela passagem do Furacão Matthew 
Imagem capturada na Internet
Foto: MINUSTAH / Logan Abassi


Cidade de Jeremie, no Haiti
 Imagem capturada na Internet
Fonte: Revista Veja -  Foto: Nicolas Garcia/AFP 


Menina carrega galão de água após a passagem do furacão Matthew.
 Surto de cólera é mais uma ameaça à vida da população haitiana.
Imagem capturada na Internet
Fonte: Revista Veja


Resumindo a formação do Furacão

Imagem capturada na Internet


Fontes de Consulta

. Agência Brasil

. El País

. Jornal O Globo impresso (várias edições)

. Nações Unidas no Brasil

. Portal G1

. Revista Veja

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